POR QUE NÃO ME UFANO DO MEU PAÍS
Por Marcelo Diniz | 14/04/2013 | SociedadeSêneca já disse que, ao sinal de tempestade, o pessimista se apavora, o otimista acha que nada vai acontecer e o realista ajusta as velas. Nosso país apresenta motivos para as três atitudes. Pessoalmente, prefiro ajustar as velas, baseado em alguns exemplos e na falta de uma palavrinha que deixei lá para o final:
UFANISMO
Corre na internet um texto ressaltando várias vantagens do Brasil em relação a outros países, conclamando todos nós a valorizar mais as coisas desse país maravilhoso em que vivemos. Duas que eu me lembro: nossas eleições são automatizadas e sabemos o resultado na hora, bem melhor do que nos Estados Unidos; nossa automação bancária é adiantada, bem melhor do que a da Austrália. Tudo bem. Mas quando eu comparo a organização do Carnaval carioca, feita por contraventores, com a organização do futebol brasileiro e os vários prêmios já conferidos aos seus dirigentes, penso que precisamos repensar nossos critérios de avaliação.
POMPA E CIRCUNSTÂNCIA
O governo vai à TV e anuncia com alarde:
- Fora com os ministros malfeitos, não haverá mais tolerância. Meses depois negocia apoio político e traz de volta o PTB e o PR.
- A gestão pública deve ser competente. E chegamos a 40 ministros, um desatino administrativo.
- A conta de luz será reduzida em quase 20%. Mas, no bolso dos consumidores, a conta de luz aumentou.
- Desoneramos os impostos da cesta básica para beneficiar os cidadãos. Como é que os preços subiram nas feiras e supermercados?
- A inflação está sob controle. E a inflação ultrapassou o limite máximo da meta.
- O país está crescendo e vai continuar crescendo. Quando fecharam as contas, tínhamos um pibinho em mãos.
- Além de tudo, maquiaram as contas públicas como se estivéssemos em um salão de beleza.
Precisamos relacionar mais? Melhor seria que o governo não requisitasse mais o horário gratuito da televisão, não desse entrevistas, ficasse calado. Até que produzisse alguma coisa boa para contar, em lugar de ilusionismos.
RESPEITO
Eu gostaria que fôssemos bons em respeito. Somos tão desrespeitosos que precisamos de um Código de Defesa do Consumidor para regular as transações mais corriqueiras: fazer valer a garantia de um produto, contratar um serviço de celular etc. Somos tão desrespeitosos que o Congresso e o Executivo são compostos de centenas de pessoas desqualificadas que a imprensa nos apresenta diariamente, fazendo falcatruas de norte a sul. Enquanto isso, o Feliciano desrespeita as minorias e essas desrespeitam todos que não concordam com elas.
O poder público é tão desrespeitoso que consegue reformar o Maracanã mais de uma vez e deixar cair a cobertura do Engenhão; sem falar nos sonhos esfarelados do Minha Casa, Minha Vida, nos desabrigados de todas as enchentes e nos desamparados de todas as secas. Até mesmo o presidente do STF, em que pese sua cultura e senso ético, já se deixou gravar duas vezes desrespeitando juízes e um jornalista.
É lógico que a lista não para por aqui. Cada um pode acrescenta-la conforme a sua experiência e observação.
RESPEITO: é uma palavrinha que a gente ouve muito nos filmes americanos. Quem sabe um dia, aqui no Brasil, a gente passe a pratica-la.