Por que as crianças fazem birra?

Por SIBELE SILVA LEAL RODRIGUÊS | 17/03/2018 | Educação

Entre 1 e 3 anos de idade, crianças estão começando a entender muito mais tudo aquilo que ouvem e veem, mas a capacidade de se comunicar é ainda muito limitada. A teima é inerente ao comportamento infantil, como uma tentativa de a criança demonstrar alguma independência e expressar certas vontades.

E essa “conduta” geralmente aparece por volta de um ano e meio de idade, quando a criança tenta conseguir o que quer através de ‘showzinhos’ – ou seja, desde cedo a mesma aprende a arte da manipulação, e, também, se pode usar a birra para conseguir o que deseja.

A grande pergunta é: como lidar com esses conflitos? E a resposta é simples: os pais devem sempre agir de maneira decisiva e sem demonstrar o mínimo de fraqueza.

Sabemos o quão é difícil enfrentar o comportamento quando ele aparece pela primeira vez, o que deixa os pais atônitos e meio sem saber como reagir. Entretanto, o papel mais indicado a esses pais nessa hora é dizer um “não” com toda firmeza - e ponto final.

Faz parte de exercer o cargo de mãe ou pai. Sem culpa, por favor!

Mas então... o que se deve fazer? Uma das táticas que sempre funciona é ficar junto do seu filho durante o chilique, e, sempre que possível, colocá-lo num “cantinho” para que possa refletir sobre o seu ato. Outra dica valiosa é jamais ceder à birra, pois a criança tem de sentir que os pais estão no controle da situação.

Ah, quando a “tempestade” passar, converse com a criança sobre o ocorrido e diga que entendeu aquela frustração momentânea em virtude disso, daquilo, etc. E faça um carinho nela (abraços, por exemplo) e diga que a ama eternamente, explicando que agora, com calma, entendeu ‘direitinho’ o que ela desejava, ensinando formas adequadas de pedir e também de lidar com a frustração quando seus desejos não são satisfeitos.         

Para criar pessoas equilibradas o ideal é que os pais impeçam o filho de impor sempre sua vontade, ou acabarão colaborando para a existência de adultos infelizes, mimados, chantagistas, irritadiços e agressivos – afinal, o mundo nem sempre dá o generoso sim dos pais.

Jamais ignore ou fale mal dos seus filhos, sobretudo quando estiver em companhia de outras pessoas, porque isso pode frustrá-los e o ato, por sua vez, não gerará nenhum benefício.

Fundamentalmente, a birra é um comportamento específico de crianças que estão aprendendo a lidar com limites e não conhecem outras formas de reagir.

Ainda nesta fase da vida, a busca pela ‘independência’ é tão acentuada que às vezes a criança faz escândalo por uma coisa que nem quer de verdade, só para ver se tem o “poder” de consegui-la.

Uma boa notícia é que esta fase é passageira e que, lá por volta dos 4 anos, as birras desaparecem; e se a criança for educada no sentido de que as birras não terão o efeito desejado, depressa a mesma deixa de recorrer às mesmas.

E, mais uma vez, entram em cena os pais: cabe a eles ajudar a criança e dar-lhe suporte e segurança, adquirindo “ferramentas” que possam gerir esse tipo de sentimento.

Uma dica nossa: tenha o hábito de conversar com sua criança desde cedo, e, quando você falar, ela com certeza vai te ouvir mais facilmente.  

Em virtude da nossa experiência de vida, saibam que seremos o guia perfeito para que nossas crianças alcancem um pleno desenvolvimento, um processo que não acontece do dia para a noite e que requererá muito tempo e também muita paciência.

Por fim, conhecendo um pouco mais o que o seu filho sente e deseja, tenha certeza que você conseguirá afastar dele atitudes ‘desonestas’; e talvez o mais importante: esteja sempre disponível a bater um papo com ele e conquiste sua confiança.

AUTORAS: Kédma Macêdo Mendonça & Luciana Maciel & Sibele Silva Leal Rodrigues, pedagogas, são professoras na rede municipal em Rondonópolis.