Por que agimos como agimos?
Por Daniel Klain | 22/06/2017 | SociedadeQuero abordar um assunto que me veio à mente do nada. Quero falar sobre as origens de nossos comportamentos habituais e da nossa conduta em meio a um ambiente de outros humanos. Então, vamos.
Às vezes, para ser sincero, queria ser igual a Pirro de Élida e, se fosse possível, a Diógenes. Contudo, sou forçado a seguir uma conduta específica, que me impede de agir com naturalidade.
Nós, seres humanos, odiamos admitir nossas origens. Com o avanço no conhecimento genético, descobriu-se a gritante semelhança, tanto anatômica quanto genética, entre nós e a maioria dos outros mamíferos, em especial os macacos e primatas. Este conhecimento, para muitos, é amedrontador e perturbador porque, realmente, é difícil aceitar que o único ser que preza realmente pela vida humana são os próprios humanos. Os religiosos, nada contra eles, não devem ter estudado muito biologia evolutiva e genética, por motivos como a privação do ensino de qualidade no Brasil. Estas crenças religiosas permanecem vivas hoje ou puro e simplesmente pela falta de conhecimento, ou por escolha, pela incapacidade de aceitar as irrefutáveis pesquisas científicas na área da origem das espécies, que incluem a nossa, Homo Sapiens.
Bom, esta foi a introdução ao assunto. Agora, vamos falar da influência histórica nos nossos comportamentos em meio a um razoável número de pessoas.
Tenho absoluta certeza que, estando em companhia de uma ou mais pessoas, nenhum indivíduo age com total naturalidade. Isto ocorre devido à influência que sofremos ao longo dos anos para agirmos, pensarmos e falarmos com uma conduta específica. Chamo esta conduta de conduta anti-naturalista humana. Só somos nós mesmos quando em ausência de "pessoas vigilantes", quando estamos livres das "amarras" da conduta anti-naturalista humana. Esta conduta foi formada pelos Sapiens porque estes não gostam de aceitar e de agir segundo as suas origens. Geneticamente, temos 98,5% de semelhança com os chimpanzés. Estes só são uma outra variação proveniente de um mamífero antigo, um pequeno roedorzinho que apareceu, provavelmente, no final do período Jurássico. Ele não desapareceu como os dinossauros porque era muito menor, por isso precisava de menos energia para se manter. Já os dinossauros, grandes como eram, tinham uma demanda energética gigantesca, condizente com os seus tamanhos. Com isso, com a escassez de recursos provocada pelo asteroide que caiu na Terra naquela época, os dinossauros sumiram, e os mamíferos não iriam perder esta chance. E assim, sem comando divino, os mamíferos cresceram, e nós, hoje a espécie Sapiens, tivemos o privilégio de "nascer".
Voltando ao assunto da conduta anti- naturalista, só vejo um Sapiens- ou humano, como preferirem- agir segundo as suas origens quando está bêbado. Este, nesta ocasião de embriaguez, esquece-se dos vigilantes à sua volta, agindo, desta forma, com um certo grau de irracionalidade e, ao mesmo tempo, de naturalidade, pois, naquele momento, ele se livra por algumas horas das amarras anti-naturalistas que já citei. Portanto, a única coisa que nos difere dos outros mamíferos é a complexidade cerebral e o andar e postura bípede, esta que ajudou em muito em nossa evolução, deixando as nossas mãos livres de galhos e prontas para escrever e fabricar ferramentas. E, não cansando de inventar crenças, dizemos , muitas vezes: Que o que nos difere dos demais animais é a nossa racionalidade ou o fato de que fomos feitos à semelhança de um Todo-poderoso. Na verdade, o que nos diferencia dos outros animais, como eu já disse, é a quantidade e as conexões de neurônios em nosso cérebro, que nos permite criar romances, dialogar, fazer piadas, inventar crenças e rituais e, o que é mais impressionante, projetar foguetes e satélites e enviá-los à orbita do globo terrestre.
Parece que o assunto acabou perdendo um pouco o seu foco principal, mas acredito que a leitura não está maçante.
Agora sim, me aprofundando no tema principal desta dissertação, comentarei melhor a respeito da influência da vigilância alheia e da racionalidade nos nossos comportamentos e ações no dia-a-dia.
Por que será que, diariamente, nos olhamos com um certo grau de indiferença? Por que seguimos a rotina? A resposta para esta segunda pergunta parece meio que lógica: para sobrevivermos. Mas não seguimos a rotina porque queremos, fazemos isso instintivamente. Como trabalhar é o único meio de sobrevivência ao nosso alcance, é isso que fazemos. Se não seguirmos essas regras, morremos. E como não queremos morrer- pois nem mesmo os religiosos tem certeza do que há do "outro lado"- trabalhamos. Esta é uma ação na qual não refletimos muito, e sabemos que ela vai fazer parte da nossa vida quase eternamente porque esta é a única via que temos para continuar vivos. Assim como os camponeses não tinham muita opção a não ser cultivar, plantar e ficar com os lucros restantes, nós também não temos muito o que fazer a respeito do trabalho. Só podemos, no máximo, melhorar suas condições. Mas ele só termina quando o nosso corpo já está degradado demais para isso, quando o estado, as empresas e a Sociedade não tem mais o que sugar de nós.
E, assim, nos aposentamos e ganhamos uma leve quantia para que não haja protestos com relação ao direito dos aposentados. É assim que atualmente funciona o sistema. Para a economia e o Estado, não passamos de máquinas de crescimento econômico e de produção de capital. Não temos importância para eles. A maioria de nós vai cumprir um ciclo comum que muitos já cumpriram: Nascer, ser educado pela conduta anti-naturalista, crescer, fazer, quem sabe, sexo e filhos, produzir capital, envelhecer e, por fim, se degradar. Agora, uma indagação: Não somos nós, a sociedade, que sustentamos a economia e a sobrevivência dos que estão com a posse do poder político-fictício do país? Então por que são eles- os poderosos que sustentamos- que nos impõem regras, e não o contrário? Acredito saber a resposta: Porque somos individualistas ao extremo e nos tratamos com muita indiferença e somos influenciados a agir de tal maneira. Sem união, não temos força, e os poderosos fazem o que quiserem e cagam na nossa cabecinha. Além, também, de ter outro motivo importante: Prezamos pelo nosso bem- estar. Não queremos nos envolver em conflitos que têm como objetivo mudanças porque temos o receio natural de nos ferir, e isso também conta muito.
Meu objetivo não foi fazer propostas para revoluções, e sim provocar algumas reflexões. Obrigado por ter lido.
Algumas indicações: História da vida-Encyclopaedia- L&PM Pocket e Evolução, também pertencente a linha Encyclopaedia e da editora L&PM Pocket.
Pretendo fazer outro texto em breve, que abordará a questão da discrepância econômica e de qualidade de vida entre países ricos e pobres. Neste texto, irei mostrar, com base no que estou aprendendo a respeito, que esta questão--dos países ricos serem ricos e os pobres, pobres-- envolve muitas áreas do conhecimento, sendo uma das principais, o que muitos não esperariam, a questão geográfica e climática dos antigos povos. Bom, então, até breve com esse texto. Ele sairá quando eu adquirir um pouco mais de conhecimento sobre o assunto.