Por onde anda o amor?
Por Mário Paternostro | 22/05/2010 | ContosPor onde anda o amor?
Por onde anda o amor? Ninguém na verdade sabe como começa esse sentimento, nem de onde ele vem. Na verdade quando ele entra sabe-se que ele se abriga numa das gavetas do coração e quando ele começa a se mostrar derruba e até derrete o mais frio dos sentimentos.
Roberto conversa com Maria, sua amiga há muito tempo.
- Você já se apaixonou alguma vez, Maria?
Maria pensa e responde:
- Não sei, mas meu coração já disparou algumas vezes.
- Como assim?
- Já senti algo, mas não posso dizer se é amor.
- Mas se não for amor, o que pode ser?
- Pode ser muitas coisas: amizade, paixão, emoção, várias coisas.
- E você sabe o que é amar de verdade?
Maria não é muito experiente, mas conhece a vida e as diferenças de emoções.
- Amar é muito fácil, basta deixar o coração aberto para que ele entre.
- E como se abre o coração?
- Tem que limpar as amarguras, varrer as mágoas e tentar ser um bom anfitrião.
Roberto perguntou, perguntou, mas as respostas não lhe ensinaram o caminho pra o amor. Ele queria conhecer esse sentimento, mas não sabia onde procurá-lo.
Certo dia ele passeando pelas ruas por onde morava, começou a notar as pessoas, a ver como se comportavam os casais, a buscar nos olhares esse sentimento. Em suas andanças passou por uma rua onde só havia prostitutas, foi então que ele pensou; uma dessas mulheres será que poderia ser o meu amor e o sentimento que ela tinha seria muito grande, por isso, ela não me esperou? E por ter tanto amor e não ter me encontrado, resolveu distribuir para tantos? Ele começou a justificar a ausência do amor. Mais adiante viu uma freira e começou a divagar: acho que se o amor que eu esperava fosse de uma freira, é porque ela decidiu que o amor a Deus é maior e resolveu me trocar por ele. Antes mesmo de me conhecer, ela já se ofertou. Realmente Roberto estava procurando o amor, mas ele se esquece que ninguém o procura, ele é quem nos encontra.
Novamente Roberto encontra Maria e puxa o mesmo assunto:
- E o amor, onde ele vive?
Maria não sabe responder e balança apenas a cabeça, num gesto negativo.
- Você não sabe Maria?
- Não, eu não sei!
- Eu passei por algumas pessoas e tentei olhar diferente para cada uma delas, mas não vi fagulhas de amor em nenhuma delas.
Maria então aponta para um casal de homossexuais e diz:
- Olha aquele casal, é diferente, mas o amor faz com que ele seja igual a todos.
- Diferente só por que é do mesmo sexo?
- Sim, porque para muitos o normal é seguir a ditadura da sociedade.
- Mas acho que o meu grande amor não pode ser assim.
- Até poderia, mas cada um de vocês tomou caminhos opostos.
- Eles já se amam e a mim resta ainda a procura.
- Procure em todos os lugares, mas saiba que ele é quem vai lhe encontrar.
Roberto resolve então ir embora, mas no caminho passa por bares e vê um casal se beijando, nesse momento ele pensa: Se essa mulher era o amor da minha vida ela estava muito apressada e se entregou ao primeiro que encontrou. Se for ela, realmente eu vou ficar só! Observando tudo e todos, ele voltou para a sua busca. Foi quando no meio do caminho passou um velório, muita gente triste, muita lágrima, muita dor. Resolveu então perguntar a alguém:
- Quem morreu?
- Foi Cláudia, respondeu uma jovem chorosa.
Ele então resolveu entrar para olhar. Aproximou-se do caixão e viu um rosto de uma mulher linda e jovem. Descobriu que a jovem era depressiva e tomava remédios, nesse dia ela não tomou e por descuido da vida e atenção da morte, ela se suicidou. Ele saiu arrasado, triste e pensativo. Se ela era o meu amor, o que eu vou fazer? Está morta, morreu porque não agüentou a solidão e a longa espera de me encontrar. Ser for ela, meu coração está órfão!
A busca pelo amor começa a cansá-lo, mas ele não quer desistir. Procura em todos alguma dica, alguma coisa. Olha sorrisos e imagina que um desses pode ser o seu amor. Descobre que as pessoas andam muito apressadas e por essa sofreguidão esquecem de notar o brilho dos olhos e a denúncia do amor. Resolve sentar para descansar em uma praça e sem muito esperar senta uma jovem ao seu lado e sorri. Ele retribui o sorriso e fica olhando fixamente para ela.
- Como é seu nome?
- Joana, e o seu? Pergunta a jovem.
- O que você faz aqui?
- Nada só estou descansando.
Roberto pensa que ela também está descansando da procura do amor, mas também nota que seu coração não descompassou quando a viu. Ele resolve voltar para casa e no caminho pensa em tudo e nesses pensamentos passeia Maria. Ele percebe que ela está sempre em tudo que ele faz, vive em seus projetos, dorme em seus sonhos e acorda em sua vida. Percebe que ela tem a palavra certa e o sorriso mais feliz. Que ela também de quando em vez faz o seu coração bater mais forte. Nota também que quando ela fica muito tempo sem aparecer ele sente saudade e tem sempre vontade de ficar perto dela. Roberto nessa hora percebe que o amor pode estar bem mais perto do que se pensa, é só ter olhos para ver os sinais que ele oferece. Às vezes não precisa procurar, ele é quem encontra.