Ponto de Equilíbrio e Margem de contribuição no aspecto empresarial.

Por Peterson de Oliveira Batista | 21/02/2017 | Adm

  1. Introdução e Objetivos:

O Objetivo deste artigo é fornecer uma descrição geral sobre o que é Margem de contribuição e como obter um Ponto de equilíbrio dentro de uma corporação.

Com a globalização e o mercado extremamente competitivo, onde uma empresa física concorre ao mesmo tempo com outras empresas físicas, autônomos, mercadores de rua e empresas virtuais na internet, a sobrevivência da empresa é uma questão crucial que envolve mais fatores além de ter bom preço, produto e prazo, exige uma administração também competitiva, dinâmica e agressiva para maximizar os lucros, maximizar a qualidade e diminuir custos, levando em consideração oportunidades, negócios, clientes, funcionários e todos os demais componentes do universo empresarial.

Visto isso, alguns dos pontos principais de uma empresa é realizar estudos e saber exatamente como é formado, calculado e obtido certos dados, como por exemplo, Ponto de Equilíbrio e Margem de Contribuição. Estes dados são referenciais para o objetivo final de todo e qualquer negócio, obtenção e maximização de lucros. Desta forma, neste trabalho, pretendemos demonstrar em linhas gerais, exatamente este estudo sobre a MC (Margem de contribuição) e PE (Ponto de Equilíbrio).

 

  1. Margem de Contribuição

Um dos principais e mais importantes indicadores dentro de uma empresa é a MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO (MC), o qual deve ser regularmente avaliado, criticado e remanejado. Ele também é chamado por Ganho Bruto ou ainda Lucro Bruto.

O nome margem de contribuição se dá pelo fato de Margem ser a diferença entre o PV (Preço de Venda) e os VC (Valores de Custo) e das despesas oriundas desta atividade/produto, que são os CV (Custos Variáveis) e DV (Despesas Variáveis). Contribuição por se tratar do quanto esta atividade/produto contribui para o pagamento das DF (Despesas Fixas) e também para gerar o Lucro.

Para se encontrar a MC, precisamos fazer a seguinte conta:

Ou seja:

+
Preço de Venda Unitário (PV)

+
Valor Total das Vendas (PVT)
-
Custo Variável (CV)

-
Custo Variável Total (CVT)
-
Despesa Variável (DV)

-
Despesas Variáveis Totais (DVT)
=
Margem de Contribuição (MC)

=
Margem de Contribuição Total (MCT)

Tabela 1 - Cálculo da Margem de Contribuição

Exemplificando: Em uma papelaria XYZ que vendeu no mês 200 Lápis nº 7 ao valor de venda de R$ 1,00 a unidade e custo referente a R$ 0,75 teremos o modelo a seguir:

+
R$ 1,00

+
R$ 200,00
-
R$ 0,60

-
R$ 120,00
-
R$ 0,15

-
R$ 30,00
=
R$ 1,00 – (R$ 0,60 +R$ 0,15) = R$ 0,25

=
R$ 200,00 – (R$ 120,00 + R$ 30,00) = R$ 50,00

Tabela 2 - Demonstrativo de Cálculo da MC

No caso da papelaria XYZ, a venda de lápis nº 7, rendeu a ela uma MC de R$ 0,25 por lápis vendido, resultando num total de R$ 50,00 no mês, de uma venda total de R$ 200,00, sendo assim, neste caso a MC, ou Lucro Bruto, foi igual a 25% e destes 25% é que deverão ser descontados os custos fixos (ou despesas fixas) e lucro líquido (utilizado para retorno de capital, investimentos e pagamento dos sócios) da empresa.

Figura 1 - Exemplo de despesas em uma empresa

 

  • Lucro ou Prejuízo

É muito importante analisarmos a MC referente a cada produto/serviço fornecido pela empresa, pois os CVs são inerentes a cada produto/serviço. Uma melhor MC está diretamente ligada as melhores negociações que puder fazer com os fornecedores para reduzi-los, assim, não será necessário aumentar a MC para aumentar os lucros. Quando o total da MC for superior ao total de DF (despesas fixas) então ela estará lucrando, caso contrário, quando a MC for inferior ao total de DF, então ela estará no prejuízo. Vendo desta maneira, obtemos que, quando a MC < 0, a receita não cobre nem os CVs, quando a MC = 0, a receita cobre os CVs e gera excedente para contribuir com as DFs (parcial ou completamente).

Esta definição é bem simples, porém complementar para adquirir-se o PE (Ponto de Equilíbrio) da empresa, como veremos a seguir.

 

  1. Ponto de Equilíbrio

Ponto de Equilíbrio, como o próprio nome já expõe, é um ponto onde duas partes estão com valores iguais, isto é, em questões empresariais, é quando as entradas (receitas) estão iguais, ou seja, em equilíbrio com as saídas (gastos). Temos 3 tipos de ponto de equilíbrio que iremos analisar a seguir, sendo eles, PEC (Ponto de Equilíbrio Contábil), PEE (Ponto de Equilíbrio Econômico) e PEF (Ponto de Equilíbrio Financeiro).

Figura 2 - Demonstração de um Gráfico definindo o PE

 

  • PEC (ponto de equilíbrio contábil)

Ponto de equilíbrio Contábil é quando se obtém 0 (zero) de lucro. Denota que no ponto em questão, todos os CF (Custos Fixos) foram supridos pela MC. Utilizando o ponto de equilíbrio é possível apurar o volume de vendas que uma empresa precisa ter para quitar todos os custos operacionais como também para definir a lucratividade em várias condições de vendas. Desta forma, o PE se torna uma importante ferramenta, onde o administrador identificará a quantidade satisfatória de vendas que necessita para não incorrer em prejuízo. O interessante é que o PEC indica a EFICIÊNCIA OPERACIONAL da empresa, onde se:

Se PEC < 0; a receita não cobrirá os custos e despesas; PREJUÍZO

Se PEC = 0; a receita cobrirá os custos e despesas, mas não obterá lucro.

Se PEC > 0; a receita cobrirá os custos e despesas e gerará excedente; LUCRO.

O cálculo do ponto de equilíbrio é bastante básico e portanto facilmente demonstrável como na forma abaixo:

+
Receitas de vendas
PV * x
-
Custo variável total
CV * x
=
Margem de contribuição total
x * (PV-VC)
-
Custos operacionais fixos
CF
=
Lucro operacional
LAJIR
-
Juros (despesas financeiras)
JR
=
Lucro antes do IR
LAIR
-
Provisão para o IR
IR
=
Lucro Líquido
LL

Tabela 3 - Cálculo do Lucro Líquido

Onde:

 

PV = Preço unitário de Venda

x = quantidade de unidades vendidas

CV = Custo unitário Variável

CF = Custo operacional Fixo

 

 

Dessa forma, o LAJIR é obtido por:

Ou, na forma algébrica:

 

Entretanto, se o PE é o grau onde as vendas da empresa precisa chegar para poder liquidar suas despesas fixas, isto é, onde o LAJIR tem resultado zero, conseguimos encontrar a subsequente equação para definir o ponto de equilíbrio, isto é, a quantidade de X satisfatória para que o lucro obtido antes de descontar os juros e IR é igual a zero:

Exemplificando, se a empresa possui CF de R$ 3.500,00 e vende seu produto tido como “carro chefe” por R$ 18,00 a unidade, onde seu CV é de R$ 8,00. Qual é a quantidade de unidades que precisam ser vendidas para que a empresa cubra suas DFs?

Se assim então, quisermos determinar o valor em moeda, multiplicamos a quantidade (x) pelo preço de unitário de venda (PV), obtendo assim:

  • PEE (ponto de equilíbrio econômico)

Análogo ao ponto de equilíbrio contábil se encontra o PEE (Ponto de Equilíbrio Econômico), porém, ele adiciona ainda o custo de oportunidade (COP) da empresa, isto é, a probabilidade da empresa através de investimentos e recursos diversos. Eis a lógica: se o empreendedor não capitalizasse na empresa, ele poderia aplicar o seu dinheiro em um investimento que renderia, por exemplo, 21% ao ano. O ponto de equilíbrio econômico considera essa margem, isto é, você só “empata” quando pagar as despesas e tiver uma remuneração compatível ao percentual que o dinheiro renderia parado no mercado financeiro.

Desta forma, através da seguinte fórmula, conseguimos o PEE:

  • PEF (ponto de equilíbrio financeiro)

Igualmente chamado de ponto de equilíbrio de caixa, desconsidera a Amortização ou a Depreciação, isto é, fatores que abatem o lucro, porém não contemplam retiradas do caixa. Isso se dá, porque algumas empresas, incluem em seus balanços, a depreciação como custo – por exemplo, se têm um ativo que valia R$ 500,00 e agora vale R$ 420,00, esses R$ 80,00 perdidos entram na lista de custos ou despesas da empresa. Para descobrir o total das vendas no ponto de equilíbrio, só precisa multiplicar a quantidade vendida pelo preço unitário de venda.

  1. Conclusão:

Administrar um negócio, seja ele do tamanho que for, pequeno, médio ou grande, exige habilidades e conhecimento para que consigamos prosperar e além disso de algumas técnicas para levantamento de dados que nem todos sabem como, onde e quando utilizar, o que acaba por levar um negócio bom e até inovador a falência. Para que isso não ocorra e assim a prosperidade ache um caminho dentro do negócio ao qual propomos trabalhar, gerir e administrar, temos as ferramentas como o cálculo da Margem de Contribuição, que nos leva a uma ferramenta mais apurada que define os diversos tipos de Ponto de Equilíbrio que estudamos neste artigo e com eles, conseguimos desenhar melhor um futuro mais seguro e promissor. É evidente que estas ferramentas são de suma importância e seu uso, correto ou errado, definirá o caminho que o negócio deverá seguir.

 

  1. Referências e Bibliografia
  2. LOBRIGATTI, Luis Alberto F.; Margem de contribuição: Quanto sobra para sua empresa?. Publicação SaibaMais, SEBRAE, 08/2004 2º EDI.
  3. de PAULA, Gilles B.; Como calcular a Margem de Contribuição de seus produtos. Artigos Treasy Planejamento e Controladoria, 11/04/2014; acessado em 19/02/2017; disponível em https://www.treasy.com.br/blog/como-calcular-a-margem-de-contribuicao-de-seus-produtos.
  4. ANDRADE, Marcio Roberto; Ponto de Equilíbrio Financeiro, Econômico e Contábil: o que é e como calcular. Gestão e Negócios, ContaAzul Blog, Publicado em 02/08/2016, acessado em 19/02/2017; disponível em https://blog.contaazul.com/ponto-de-equilibrio-financeiro-economico-e-contabil-o-que-e-e-como-calcular.
  5. GUERRA, Ernani; SONCINI, Patrícia; FRANZ, Renan; Ponto de Equilíbrio. Publicado em 14/02/2012 por Blog Finanças em Foco. Acessado em 19/02/2017. Disponível em http://financas-em-foco.blogspot.com.br/2012/02/ponto-de-equilibrio.html.