Poetas Virtuais - Hermínio Vasconcelos
Por José Nunez | 30/07/2009 | PoesiasHermínio Vasconcelos é o poeta bucólico urbano, é a passividade com a
vida, é a frouxidão moral ,é a flexibilidade moral, e o leviano e a
leveza da vida sem regras, é a moralidade individualizada e com base
apenas na índole pessoal. É o poeta do submundo, porém , é mais um
observador da vida degenerada que um homem próprio destas regiões de
baixezas morais. Este poeta simpatiza com as baixezas humanas porque vê
e reconhece nos homens este estado que está sempre escondido nas
aparências. Talvez seja um espécie de amor incondicional aos homens.
Hermínio Vasconcelos é um poeta que transitaria se quisesse entre as
mais variadas classes sociais, porém, decidiu viver entre as baixezas
humanas porque certamente reconhece em si todo tipo de inferioridade.
Este poeta representa a liberdade absoluta que tirou do homem o direito
de ter opinião e conceito de certo ou errado. É o poeta de um tempo que
em a liberdade é tanta que tudo é preconceito, de um tempo em que a ter
opinião é preconceito, formando assim a ditadura do despreconceito. O
poeta têm suas opiniões, porém, reservadas para si mesmo. Sua poesia
revela que ele vivencia e se esbalda da liberdade sexual conquistada
pelas mulheres, é neste ponto que ele se mostra mais leviano.
Frio de medo
(bucolismo urbano)
Por hoje me deixe...Largado à própria sorte.
Vista sua roupa, pegue suas chaves na estante,
Não esqueça nada que tome espaço,
Depois saia na ponta dos pés,
Não Bata à porta para não espantar
Meu quase um sono.
Por hoje me deixe...
Você já pousou em meu corpo,
Roubou meu néctar,
Agora rouba meu dinheiro
E por favor, vá embora, me deixe à deriva.
Mas não pise muito forte em meu chão,
Sou água estagnada, poeira assentada
E posso facilmente emergir.
Por hoje me deixe...
Largado nos escombros,
Sai sem abrir a porta,
Não ponha a mão em nada,
Para que não desalinhe o caos.
Por hoje me deixe...
Você já me usou, como um lenço de papel
Que se guarda no bolso,
Agora pegue o que mais desejar,
E por favor, vá embora,
Mas se esqueça lá dentro do meu coração,
Porque sou parasita e posso a qualquer hora,
Precisar de você.
Por hoje me deixe...
Não precisa fazer cerimônias,
Porque eu também não faço cerimônia...
Você já arrancou de mim o que lhe interessa,
Agora por favor, vá embora,
Sai antes que o dia amanheça,
Ou sem que à claridade entre e espante
O meu frio de medo.
Hermínio Vasconcelos