Poeta Imparcialista Murilo Santiago

Por José Nunez | 18/10/2009 | Literatura

A Consistência vaporosa de sermos nós

 

Serei agora o que não fui a pouco.

Não sei se serei de fato ou tudo não passa

De uma encenação vaporosa de ser,

Mas certamente é também uma maneira

Inconsistente de ser, mesmo que vaporosa.

É certo que não serei por muito tempo,

Afinal, não tenho estações e faces lunares

Sou na verdade algo como espelhos

Que refletem e isso é tudo.

Serei o que não fui ontem;

Amanhã  nem Deus sabe.

Como é que posso saber do amanhã

Se a vida é acidental, se viver

É caminhar no escuro, é habitar o acaso.

Certeza, deixo para aqueles que dizem ver Deus,

Certeza, deixo para os puros e simples de coração,

Para aqueles que põe consistência vaporosa em tudo.

Eu sou gente suja, eu sou pagão

Tenho remorsos e medos e não me arrependo,

Por isso sempre sou outra vez o que fui outrora.

Eu sou gente suja, não sou o bom Cristão

Não tenho a verdade, a salvação garantida

Nem um infinito estoque de perdão.

O que eu sei,

É da inconsistência vaporosa de sermos nós.

 

                         Murilo Santiago

 

                               J.Nunez

O IMPARCIALISMO