Poesia de Ruy Barata: Proposta Metodológica para explorar...

Por Maykon Willas Ferreira Fernandes | 17/09/2016 | Literatura

Poesia de Ruy Barata: Proposta Metodológica para explorar a Literatura no Ensino Médio.

Maykon Willas Ferreira Fernandes[1]

Resumo

Este artigo trata de uma proposta metodológica com poesias de Ruy Barata para explorar Literatura no Ensino Médio, principalmente nas escolas do Estado do Pará, considerando que este autor foi professor de Literatura, da Academia de Filosofia, Letras e Artes, atual UFPA, foi também poeta, compositor e grande músico que tratou da Amazônia e suas belezas naturais, bem como suas manifestações culturais.

Introdução

Nos últimos anos, tornou-se notável que o Ensino de Literatura no Ensino Médio não  utiliza como referência didática os autores e obras paraenses, e isto se verifica não somente a partir de uma leitura dos livros didáticos do Ensino Médio, mas também na obra “Literatura e Ensino Médio, acervos, gêneros, praticas”, de Aparecida Paiva, Juqueira de Sousa e Hercules Toledo Correia. Nesta mesma obra, de acordo com o (PNBE) Programa Nacional de Biblioteca Escolar, tornou-se evidente através dos livros selecionados pelos autores que; não há incertezas quanto a não inserção de obras literárias de autores regionais, isto porque, constatou-se o grande acervo de obras de escritores diversos, bem como Fernando Pessoa, Mario Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Cecília Meireles, Ferreira Gullar, João Cabral de Mello Neto dentre vários outros presentes nos livros didáticos selecionados para análise.

1  Descrição da Temática Poética de Ruy Barata

           Em Dissertação de Mestrado, intitulada “Ruy, Paulo e Fafá”: A Identidade Amazônica na Canção Paraense (1976-1980) Edilson Matheus Costa da Silva (2010) apresenta o contexto poético musical das décadas de 70 e 80, durante o processo de integração política e econômica da Amazônia ao Brasil pelo Governo Federal, o qual gerou profundas consequências ao imaginário dos habitantes da região, através da inclusão de difusores da comunicação, tais como Rodovias e Indústrias, principalmente pelo advento da televisão e do rádio indicando os rumos da Política e da Arte paraense.

            Silva (2010) analisa Ruy Barata como uma figura que representava a militância política da cidade de Belém, conhecido como “a memória da subversão”, tendo sido detido durante o golpe militar de 1964, quando ficou caracterizada a sua vida e a sua obra como esquerdista. Suas temáticas e suas letras, bem como seus poemas, são carregadas de questões sociais e políticas, que põe essa experiência militante. É importante notar, por outro lado, que aliado a essa postura em sua arte também há uma proposta em tratar de elementos eminentes do Pará. O poeta/letrista é a convivência do Brasil com a Amazônia, do local e do universal. (SILVA, 2010).  

 O poeta Ruy, sem dúvida alguma, foi um emérito, em seu livro da vida, principalmente relacionado a uma de suas maiores importâncias que foi sua sensacional poesia, a qual se exibe constante com águas já conhecidas e até desconhecidas, uma verdadeira miscigenação de conteúdos, uma dualidade nunca vista antes, entre alegria e tragédia, o ódio e amor, a carne e o espírito, o místico e o real. O poeta constituiu seus versos não somente para descrevê-los, mas também com a tentativa de compreendê-los e se fazer presente dentro dos mesmos, com a sua autocapacidade de conciliação com as palavras e o mundo que o circundava, além disso, essencialmente prezou pela soberana Amazônia a qual tanto amou e defendeu enquanto em vida, exaltando suas maravilhosas verdes das matas, o amarelo das águas correntes e a linguagem natural do caboclo, evidenciando assim sua grande paixão pela Amazônia, pela Arte e pela vida de forma geral.

2  Análise das Poesias de Ruy Barata que Podem Ser Usadas no Ensino Médio.

Helena

 

Da tristeza e da alegria

Somente Helena sabia,

Sabia porque sabia

do bordel à Eucaristia.

Sabia porque sabia

que a noite clareia o dia.

De tantas e tontas coisas

Sabia Helena sabia.

Regando seus muitos sonhos

penteando a maresia

lavando léguas de lodo

no limbo da poesia.

E assim costurava o caos

com a linha da fantasia

a nossa helena dos bares

aquela que mais sabia

que sabendo se lembrava

e lembrando se esquecia.

 

          Em Helena, poesia subtraída de “Antilogia”, o poeta faz alusão a uma de suas passagens de vida, especialmente a sua vida boêmica, a qual costumava se reunir com seus amigos poetas e músicos. Nesta obra, Ruy traz consigo aquelas que seriam lembranças de uma mulher chamada Helena, uma mulher que apresentava duas faces opostas de uma mesma moeda. Torna-se perceptível esta análise, a partir do quarto verso, quando fala: “Do bordel à Eucaristia”. O poeta retrata a dualidade de uma mulher que ora era cristã, ora era da vida, demonstrando assim, sua dupla personalidade no cotidiano, tanto é que aborda ainda no décimo quinto verso: “A nossa helena dos bares”, acrescentando ainda seu papel como mulher vivida, que pendura na sociedade que tudo sabe, tudo vê, tudo conhece.

[...]

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