POEMAS AVULSOS

Por FELLIPE KNOPP | 20/12/2009 | Poesias

Helvétika

 

 

 

Remissivo ao verão de 2007/2008, um augúrio seco





Passara-se nosso tempo
teu e meutempo começam
como são
São ou temprano
temporão
contemporaneos
mundo insano

Vibração fugidia de uma luxação mnêmica
lastro irrastreável
dolor rarefeito
Pressão vertical da gelida pradaria
febre do caos

Insípida moribunda dos mananciais séquidos
vertigem e colisão

éter viscoroso em lua-de-queijo

A noite do porvir nas lacunas das hiâncias
o aceno contido
plataforma silenciosa
não se sabe quando outra vez
não se soube
não sebemos se se saberá
não sabemos
jamais o soubemos

Porque a raridade fusionou-se à escassez
fez-se uma mitologia de vertigo e sentimento
Helvecioso
Foi assim naquele tempo
eu mesmo vi
Uma lenda que nós dois criamos
para nós dois que a criamos
não a cremos
porque eu nos criamos
não crieu amor
Helveciosa
O mito que quiz lenda
humana

Meu coração gemeu nosso não
meu sentimento foi o nosso, helvética
naquele tempo, me lembro
eu vi

Magia não cri, tu fostes

Helvética, forasteira

Teu mês me durou mais de um ano
naqueles dias

Não tiveste vibração
a tivera por toda

Meus poemas não tiveram réplica
o que dizer de teu silêncio?
naquele tempo
Helvética

És-me toda em poema
Helvética

A memória apaga o tempo da memória
da memória do tempo
a distância
dinstante

Helvética

Três cds e saudade
naquele tempo

Qual neve me desliza à testa,
Helvética?

Foi-se que não fostes
Viera-me

a solenidade ríspida do real
sem prelúdio, sem sonho, sem ti

Helvética

FELLIPE KNOPP

 

 

28-06-2009

 

Febres e calabolsos

 

Tuas

cédulas de escombros

colunas de vosso colosso áureo

sedimentado com sangue

alhágrimas coaguladas ...

essa sedinha vulgar

que não passa de toga barata

de papel higiênico usado

vergonha eclipsada de demérito

exaltação do pífio

e nem têm a menor dimensão

do que tenho passado em toda minha vida,

a julgar, tão levianos

[opróbrios de furúnculos



alicerces de vossos templos de copropatifarias

teus filhos?



Ah! Por tão nada eles se desesperam

saem desembestados feito porcos selvagens



E vós mesmos,

quanto suportariam da situação?

[sem deplorar-se



Contemplem vossa chancela de merda emplastada

pra que tuas "niñas" abram cada vez mais as pernas

para cada vez mais cães leprosos

e teus filhos o rabo !



Contempleis vosso surto-circuito

escândalo desesperado de não-zerlar-se



A lata do lixo estará sempre aberta



Vossa jogata saltimbanca

arquebanca



cédulas de pus

em lentes de gelatina podre



Deixei de ser brasileiro

ao perceber-me que sempre aqui fui apátrida

por força das "circulunstânsias"



a comida enche o estômago

mas o estômago não esvazia a lembrança

a barriga sai da miséria

mas sai não sai da alma



enquanto o estômago permanece vazio

a alma se empanturra de estômago ...



Devora-se suas demandas

violento órgão ermo!



estrelas aeradas no prato

um soufflé de pacotes ôcos

relva



ali nenhuma agonia

lost  time

a endorfina já o dominara!



[integralmente!





... Pas de quoi !





Fellipe Knopp

 

04-07-2009

 

A Instânsia D'Ausente no Essente ou Isso desde Logos

 

Sou eu aqui

a força da esfera

pedra de toque

o bicho da espera

a fera

a feira

a fera da espera

espora

às portas do agora

soturno e taciturno

o limiar das horas

o sangue gelado

que corre e que gela

atroz e trucida

tortura singela

o bicho das horas

afere

esfera

o sangue sólido da vibração grave da visão de mundo

significantes em simbiose na artéria

o arqueiro das sete artes

corpo elipse de antimatéria

eclipse

alçapão de evocações

método e autoindução

fiocondutor de eletro-ratio

eletroestética

seiva-plúmbea

a antipoesia do anticidadão

anticristo?

anti-isto!

Antes eu do que isso

a fome, a fera e o isso

psicoupisco

um anti-nada requerido ao fisco

as nuvens do solo em clara de neve

gemas podres



(.)



ópio desmemorável



fomemora teu aniversério



essa vida é uma piada



cócóricó:

disseram certas vizinhas





galinhas de rapina

em ramas de coprófilas de criadouro





a instância da madrugada na consciescência

ou a Verdade desde os seres das cavernas



a verdade não nos diz nada?

verdade: é totalitária!



lógica grafada em carne-e-osso



Não quero teu carrocéu

de hipocampos








Fellipe Knopp

 

 

 

 

 

 

 LOQUAZEDO

Aqui por tudo que fiz
nada que quis
não pertenço a este país
este que nada me diz
o que me vês fazer assim
é o que sei de mim
por mim
posso nem ter dez casas ou sete vidas
trinta calças ou sabe-se lá quantos milhões
mas tenho inúmeros talentos
e uma honra
todas meus
sem espera do agora
da causa
ou da caça
a chuva se dissolve intémperas do solo
a colisão do alfabeta
aceleração das âncoras de cais imaginário
névoa compacta
a chuva brota da relva
onde habita a selva
sublevação de doses de nicotina
o descortinar da evasão
lástima-cal
cosmolito
farofa não é areia
faroleia !
tóxico-menta de pleromia
lixiviação afeto-circunstancivida
densa atmosferato cianeto
Didaskacos
kaos
cerol de fio de pipa-fuego
ceol das oras ogivais
urticurânio radiotelevisivo

Boom !!!

FELLIPE KNOPP

20-06-2009

 

 

 

AUGÚRIO DAS EXPRESSÕES

 

 

Sintaxe da catatonia 

no vão dos olhos

vão

todos os olhares

decupados por arestas luzernas

qual espelho

imagenns fluidas em furta-cor [opaca

a órbita do caos

pétalas de carne em copa de magmas

brasas de tormenta

uma catatonia cenrtípeta

o assovio do siêncio

nas tímidas canaletas

suando levigante: tua decomposição

fios de pulsão

circuito inedefinido

flechas encandescentes em movimentos circulares

regulando o efêmero

a intermitência das certezas

congratulando o luto do dia-a-dia

acenos turvos ao morador ausente

casa de constelações frígidas

sangue betuminoso em meia-luz

meia-sola

meia-noite

arestas do infinito

                          

                                 [necrotério das emoções

 

 

empuxo das aflições

 

das  cinzas do corpo jaz o teu pão !

 

suave adeus

feito vento da alta madrugada

 

A FOME DESTRUIVA DOS INSTANTES! 

 

 

 FELLIPE KNOPP



 

22-06-2009

 

 

PULSOS, PULSAÇÕES E PUSILÂNIMES

 

 

 

 

Noites do asfalto fino

em salivas coaguladas

carburação em fuligem de fumo

queimando parafina enluarada

sonido das lamúrias desoladas

garoando rapinas de porvir

até as galinhas quiseram voar alto

capim e cerveja

ósculos de neblina-relva

assimétricas

calígula desbotado

separatas de maldicções

amálgamas de soletude

brisas aleatórias noturnas e galvanizadas

sua corrosão catoptrônica

lendas de contos de bolso

umas guias de mameluco, resíduos de mortiferação

populações inteiras em chalés de água-funda 

 

antologias de ruas de lama

as pedras transpiram

 

fumo no copo

cinzas no copo

breu no copo

 

cópula dos ascos-aniquilados

 

 

penumbra dum raio-de-sola

alísios odores latrinos

 

solistas de calabouço

 

e um inalador de xisto

 

 

 

 

FELLIPE KNOPP


25-04-04

 

             

 

SABERE, SABORE, AMORE, AMORE

 

 

Amor de nossos lábios em nossa vida profana

Amor verdadeiro é aquele que engana

Dulce em fel de fermento e morfina

Amargo, em pranto e sangue, por ungüento-benzina

Amor, que se, não me tem, que mal tiraste

Pois dor, de que, se um mantém, a quem amaste

Sentir-se, não cabe em si, não te mostraste

Amor, que se mal pergunte, por onde andaste?

Se fugaz, voraz e pungente, enamorado

Decifra-te ou te devoras, atroz e alado

Se rebenta em corpos dormentes, se faz amado

Amor bebido, comido, fumado, cheirado

Te descubro a nudez, cerrada, em torpe ardor

Já não enxergo além de vultos, sem mais horror

E me valho de teus efeitos em meio a dor –

Dê-me um prato de bem querer e três trouxinhas de amor.

 

 

            FELLIPE KNOPP



18-10-02

 

 

 

“AMOR, A QUE VIM”

 

Não só quero possuir-lhe o corpo;

cativar-te, não mau, meu querer;

eu não quero delírios insanos;

Nem só vim a tomar-te o prazer.

 

Não só quero-te presa a meus braços,

ter-lhe a vida em mim a função.

Quero sim estreitar nossos laços,

por amor e compreensão.

 

Se dilatam teus olhos brilhosos

ao me virem chegar perto a ti.

Se abriam teus lábios, nervosos,

de alegria se põem a sorrir.

 

Me repara o jeito acanhado,

me encabula, graceja, se ri.

Eu te falo tão envergonhado:

me desculpe, não sei seduzir.

 

Tu me olhas nos olhos, vibrantes,

o meu tímido jeito te atrai.

Minha voz semigrave, queixante,

de apatia quase não me sai.

 

Tu me tocas o rosto molhado,

gesto meigo, gentil, me agradou.

O meu corpo, por ânsia, suado,

inseguro, emotivo, vibrou.

 

Arrepios, tensão, olhos, pelos,

boca seca, saliva a faltar,

tremulantes apenas por vê-lo,

o teu a meu rosto tocar.

 

Entretido ao clima atraente,

já não sei, já não lembro a que vim.

Não recordo o que dantes falara,

o que outrora quisera pra mim.

 

A teu plano engodado, enredado,

enganei-me, deixei-me levar.

Ora leve, não mais preocupado,

por momento quis-me eu enganar.

 

Teus cabelos, aos ombros, caídos,

à teu rosto realce lhe dão.

D’ouros pêlos realçam-te os olhos,

Cor castanha, de terra, de chão.

 

Alva pele, vermelha, corada,

mãos serenas velozes lhe são.

Me percorrem as pernas molhadas,

ora águia ,condor, alazão.

 

Seca boca a teus lábios beijar-lhes,

inclinando-me a tal comoção.

Ora quero os prazeres trocar-lhe,

ora quero beijar-te as mãos.

 

Não apenas tocar-lhe o corpo,

não somente tomar-te o prazer,

antes quero juntar-nos as almas,

numa troca, em essência, do ser.

 

 

FELLIPE KNOPP