Pirâmides e teoremas do crime
Por Edson Terto da Silva | 26/01/2011 | FilosofiaEdson Silva
Não se pode pensar em baixar índices de criminalidade sem oferecer oportunidade de ascensão social, de se viver dignamente, com oportunidades de educação, de emprego, de lazer, de inclusão. Não me venha algum teórico dizer que meio social não determina o individuo a ser ou não criminoso, argumentar que a sociedade acompanha estarrecida casos e mais casos envolvendo criminosos de alto padrão social, sem contar incontáveis crimes de colarinhos brancos, descasos e corrupção entre gente graúda de diversos segmentos sociais: "blá, blá, blá e
blá, blá, blá..."
Fatos calam argumentos. Os muitos presídios, e falam em construir tantos mais, são depósitos de maioria de jovens que perdeu a infância em lugar degradado pela falta de estrutura social. Jovens que, se no principio precisaram furtar para comer, depois continuaram para sustentar vícios ou até para fazerem acertos de extorsão com agentes, que supostamente deviam zelar pelo cumprimento da lei. Jovens que ascenderam na escala do crime, arrumaram armas, passaram aos roubos, eventualmente mataram, se envolveram em extorsão, no seqüestro, em golpes...
Enfim, tornaram-se personagens reais da estratosférica e efêmera subida da escala marginal, tão explorada (e de forma sensacionalista pelas mídias) até o último ato, normalmente resumido numa vala comum ou na fria cela, sendo que neste local, normalmente comandado por facções e interesses outros, o ex-pivete de rua se torna "soldado do crime" ou mesmo temido e poderoso chefão, capaz de ampliar sua rede criminosa de dentro da prisão.
Nesta lógica perversa, é preciso pensar e entender que a pirâmide do crime deve ser combatida mais com inteligência do que com força. Ampliar oportunidades sociais é diminuir farta mão de obra aos interesses criminosos. Combater implacavelmente grandes criminosos do tráfico, da receptação de produtos roubados, dos golpes financeiros que lesam milhares de pessoas, enfim um combate sério, no atacado, colocando e mantendo estes criminosos nas cadeias. Sem celulares, sem controle de tráfico ou quaisquer regalias nas prisões, só assim se chegará a índices verdadeiros na diminuição da violência e quem sabe a humanidade experimentaria verdadeiros dias de paz.
Edson Silva, 49 anos, jornalista da Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Sumaré
edsonsilvajornalista@yahoo.com.br