Pièta: uma retrospecitiva histórica marcada pela a ascensão religiosa (séc XIII - XV d.C)

Por Guilherme Roberto Domingues | 02/09/2016 | História

Com a expansão religiosa por toda a Europa Medieval (IV-XV d.C.), a arquitetura romana sofreu grandes influências de artistas plásticos em suas representações e significados. Isso faz com que, os arquitetos, historiadores, filósofos, e antropólogos, reconstruam meios de análise crítica das fontes historiográficas.

Michelangelo Buonarroti (1475-1564)[1], é considerado nesse âmbito historiográfico renascentista, um dos principais escultores representativo do sagrado como fator preponderante na cultural material[1], é considerado nesse âmbito historiográfico renascentista, um dos principais escultores representativo do sagrado como fator preponderante na cultural material[1], é considerado nesse âmbito historiográfico renascentista, um dos principais escultores representativo do sagrado como fator preponderante na cultural material[1], é considerado nesse âmbito historiográfico renascentista, um dos principais escultores representativo do sagrado como fator preponderante na cultural material[2].

Francesco Granacci, discípulo de Domenico del Ghirlandaio, teve uma participação fundamental na carreira de Michelangelo como pintor, período em que seu pai o mandou para a escola do mestre Francesco da Urbino em Florença. Granacci apresentou-lhe uma gravura com Santo Antônio batido pelos diabos, de um Martino d’Ollandia[3], homem talentoso para aquele tempo. Buonarroti pintou a cena sobre madeira e, provido por Granacci de tintas e pincéis, executou-a com tal distinção que não apenas maravilhou quem a viu, mas apresentou também inveja.

Para Michelangelo, o artista só alcança uma beleza superior à da natureza mediante a imaginação, sendo a beleza o reflexo do divino no mundo material. Já em seus primeiros poemas fala da revelação de Deus através da beleza:

“Colui che ‘l tutto fe’, fece ogni part

E poi del tutto la più bella scelse,

Per mostrar quivi le sue cose eccelse,

Com’ha fatto or, con la sua divin’arte”.[4]

         Nessa perspectiva, o reconhecimento como artista plástico na vida de Michelangelo, se deu entre seus 24 a 25 anos, no qual realizou em um bloco de mármore, a estátua de Nossa Senhora[5], cuja obra está hoje na Madonna Delle Febre, mas que a princípio se encontrava na Igreja de Santa Petronilla, capela do Rei de França, perto da sacristia de São Pedro, antigamente, conhecida como Templo de Marte, e por causa do desenho da nova Igreja foi demolida por Bramante.

Na Pietà de Miguelangelo, Maria contempla em seus braços o corpo sem vida de Jesus Cristo. A peça esculpida quebra as regras de proporção para dar maior expressividade à obra. Nela, há uma beleza trágica, relacionada à angústia do momento. A composição triangular a postura de Maria sentada, tem como possibilidade metafórica, um profundo relaxamento e tranquilidade. Mostra também, a anatomia humana modelada pelas mãos do artista, no qual está harmonizada com a figura horizontal do Cristo, acolhida sobre os membros inferiores de sua mãe, em meio as suas amplas vestes, com a figura vertical de Maria. As proporções do corpo de Cristo na representação foram alteradas, ou seja, ele se torna menor que o corpo de sua mãe em meio ao seu manto, como se representasse uma aliança de mãe e filho.[6]

A expressão artística de Michelangelo sobre o corpo do Cristo morto não se identifica com a representação da morte bruta por ele sofrida, mas de um homem abandonado, sereno, e a fisionomia da Virgem Maria é de uma jovem com semblante de calma (Fig. n.1). No entanto, isso leva a pensar que Michelangelo tinha certa base teórica sobre as representações artísticas à época, pois na Alemanha, entre os séculos XIII e XIV foi confeccionada uma peça em madeira, denominada Mater Dolorosa (Fig. n.2). Ela surge como obra de devoção privada conhecida como Andachtsbild, ou seja, uma escultura como imagem de fotografia, considerada como representação da realidade humana, devido ao peso e volume do corpo.[7]

Na imagem (Fig. n. 2), é possível perceber que o realismo se tornou um veículo de expressão e é possível se ver na escultura os rostos angustiados (Virgem Maria e Cristo), demonstrando sofrimento, as feridas rasgadas, representação do sangue, vertida pelas feridas do dorso da mão direita, da palma da mão esquerda, do lado direito do corpo de Cristo e do dorso do pé direito. Os corpos e membros são representados de forma esquálida como se fossem bonecos, uma imagem quase caricaturesca de Maria com o Cristo morto nos braços. A inclinação mais acentuada da cabeça de Maria pode ser interpretada como sofrimento e pesar pela perda. Nesta imagem, também é possível observar que não existe preocupação com simetria, pois a cabeça do Cristo morto fica pendente, fugindo a métrica na observação triangular.

Desta forma, compreende-se que a imagem em escultura, pode conter vários significados na sua interpretação, por meio dos sinais, símbolos e indícios nela contidas, dentre os quais, a concepção de sacralização e cuidado, tendo em vista a interpretação do posicionamento de ambas. As representações apontam para o cuidado e amparo ao corpo morto.

A experiência humana é interpretada como histórica, pela associação ao passado, presente e futuro, com o uso da experiência vivida. A escultura criada de matéria prima bruta e trabalhada pela mão do artista, a princípio teria função decorativa, o que conduz a percepção do cuidado na arte, sendo está inserida na imagem pelo olhar do espectador no posicionamento de ambas. Isto implica que, as imagens se reclinam no processo continuo de posição dos sentidos, pois nascem da necessidade de simbolização, pois em momentos diferentes certas imagens com sentidos comuns são acionadas para relatar valores.

Assim os sentidos tornam à imagem um desafio de interpretação e representação para o cuidado atual, no estudo da História, o que remete a temporalidade das esculturas mencionadas, como possibilidade de uma das representações do cuidado na expressão da Arte.

Muitos historiadores, como Marina Jorge Berril, defende a tese que Michelangelo tenha recebido por essa obra quatrocentos ducados e a realizou em dezoito meses.

[1] A mãe de Michelangelo chamava-se Francesca di Neri di Miniato del Sera e di Bonda Rucellai, seu pai Lodovico di Leonardo Buonarroti Simoni. Michelangelo foi o segundo filho, batizado no dia 8, na Igreja de Santo Giovanni de Caprese, conforme anotações consignadas no diário do pai do Michelangelo, conservado no British Museum.

[2] A ideia de um Renascimento pagão ou anticristão é um exagero, porque a civilização renascentista não se colocou fora da tradição religiosa cristã. Pode-se, ao contrário, afirmar que a renovação produzida no século XV com relação à sensibilidade religiosa, com a reivindicação de parte dos humanistas de uma autonomia espiritual do indivíduo, torna-se um pressuposto significativo nos movimentos reformistas desse mesmo período. (BERRIEL, M. p. 16).

 

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