Perspectivas para a educação do futuro
Por Edna de Jesus Vieira | 31/05/2012 | EducaçãoRESUMO: O presente artigo retrata o que deve ser a educação nos dias atuais, baseando-nos em desenvolvimento de competências fundamentais para a educação do futuro e apresentando os principais aspectos legais que regem os processos educacionais neste início de século XXI), possibilitando assim, o desenvolvimento da autonomia, vivenciado pela ética nas propostas pedagógicas,
Identificando os saberes necessários para uma nova educação, que envolve os verdadeiros fundamentos do currículo.
Portanto, cabe ao leitor levar os conhecimentos adquiridos para a prática cotidiana e realizar as inovações necessárias.
Palavras chaves: Saberes – currículo - educação
ABSTRACT:
This article portrays what should be the education nowadays, basing ourselves on development of skills fundamental to the future of education and presenting the main aspects that govern the initiation of educational processes in this century), thus enabling, the development of autonomy, experienced by teaching ethics in the proposals, Identifying the knowledge necessary for a new education, which involves the true fundamentals of the curriculum. Therefore, the reader take the knowledge gained to practice daily and perform the necessary innovations. Key words: Knowledge - curriculum - education
INTRODUÇÃO
O presente artigo não pretende esgotar uma questão tão complexa, é apenas um exercício da organização de idéias concernentes a educação do futuro.
Neste cenário de constantes transformações sociais, compreender o homem como um ser que se encontra em um processo progressivo de adaptação e de criação com o meio, de equilíbrio provisório e dinâmico, onde é necessária a presença das readaptações, sendo que estas possibilitam uma reinvenção da humanidade, pois à medida que ocorre esta reinvenção do mundo é que se desenvolve, cada vez mais, a inteligência, a afetividade e a sociabilidade.
Assim, entende - se que estamos inseridos em um sistema complexo autoprodutor, vivo e social – que segundo Capra, caracteriza-se por desenvolver suas conexões em forma de redes e, exige, portanto, um “pensar de forma holística” – é o ponto de partida para o entendimento das relações humanas. Assim perceber os padrões que envolvem essas relações, suas estruturas e suas possibilidades, dará uma nova visão da vida sistêmica. O que implica a necessidade de os sistemas sociais precisarem ser projetados e planejados de maneira sustentável.
Portanto, é nesse panorama que está alocada a grande contribuição das propostas pedagógicas inovadoras; as quais buscam novas formas de pensar, relacionar-se, criar estruturas, padrões e conexões em diferentes dimensões, que suscitam a reforma do pensamento humano e a tomada de consciência que compreende a nossa relação com a biosfera.
Perspectivas Para a Educação do futuro
A sociedade se transforma, rompendo com paradigmas e construindo um novo aspecto sociocultural. Entender as relações nesse contexto é o ponto de partida para uma
educação que atenda aos anseios da comunidade. Neste sentido, é necessária uma educação voltada para a reflexão, a crítica, a ação e a inovação. Lembrando que nesse processo apropriar-se de conhecimentos é fundamental, sobretudo ensinar a readequação destes aos alunos.
Sob essa perspectiva, as ações individuais devem estar pautadas na concepção de sociedade como um universo onde cada um forma o todo, considerando sempre que um é interdependente do outro e necessita do outro para sua sobrevivência. A humanidade deve levar em conta as mudanças econômicas e tecnológicas, que propiciaram uma superabundância de informação e a aceleração na circulação dos conhecimentos.
Segundo Libâneo, “a organização e os processos de gestão assumem diferentes significados conforme a concepção que se tenha dos objetivos da educação em relação à sociedade e a formação dos alunos”.
Neste modelo existe o que se denomina de cultura organizacional, isto é, relações que acontecem nas instituições e que influenciam na formação de seus colaboradores, bem como no desenvolvimento da atividade profissional. Associadas às práticas pedagógicas realizadas. A cultura organizacional “diz respeito ao conjunto de fatores sociais, culturais, psicológicos que influenciam os modos de agir da organização como um todo e do comportamento das pessoas em particular”.
As organizações, incluindo as escolares formais e informais, terão que revisar seus modelos e estar continuamente aprendendo a aprender suas práticas cotidianas, sem repetição contínua das ações. Para que isso ocorra, é necessário encorajar e valorizar a criação do novo, o desenvolvimento de modelos criativos que superam as fraquezas.
Retratamos que a educação nos dias atuais baseada no desenvolvimento de competências fundamentais para a educação do futuro e apresentando os principais aspectos legais que regem os processos educacionais neste início de século XXI, possibilitando o desenvolvimento da autonomia nas propostas pedagógicas e nas formas de gestão escolar. O entendimento de que todas as organizações devem continuamente aprender a aprender remete à revisão cotidiana das praticas que envolvem a educação.
Identificar os saberes necessários a uma prática pedagógica contextualizada com realidades atuais é fundamental para construir um modelo educacional de qualidade.
Um processo de gestão escolar deve contemplar uma educação voltada para o futuro. O livro Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, de Edgar Morin nos relata que são; as cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão; os princípios do conhecimento pertinente; ensinar a condição humana; ensinar a identidade terrena; enfrentar as incertezas; ensinar a compreensão; a ética do gênero humano. A apropriação desses saberes pelo gestor escolar será fundamental para um processo que responda aos anseios sociais.
Em diferentes instâncias percebemos discussões que envolvem a educação do futuro. Profissionais de diferentes áreas começam a se envolver na possibilidade desse desenho. Muitos acreditam que, para a educação do futuro acontecer, uma das condições é o acesso ao desenvolvimento tecnológico, porém existe uma linha de pensadores que defendem a idéia de que um processo educacional que forme indivíduos para o futuro deverá, necessariamente, ter visão sistêmica.
A educação segundo Morin, muitas vezes, torna-se cega quando não compreende o que vem a ser o conhecimento humano com todas as suas nuanças e diferentes leituras. Nesse processo, há que considerar também um estudo cultural da inserção dos processos educacionais, os quais são sujeitos a erros e, em sua maioria, protegidos pelos sistemas. O conhecimento é reconstrução por meio da linguagem e do pensamento, assim existe espaço para a interpretação.
Portanto, para nos afastarmos da nossa cegueira, é necessário que a educação estude as características culturais, mentais e cerebrais dos conhecimentos humanos, bem como os sistemas que as modelam e que produzem seus sucessos e insucessos.
A educação tem a responsabilidade de desenvolver no homem uma de suas aptidões naturais, no sentido de situar as informações em um contexto e em um conjunto, estabelecendo relações mútuas e identificando influências recíprocas entre as partes envolvidas e o todo no âmbito global. Ao se pronunciar sobre esses aspectos, Morin diz que a educação do futuro deverá ser o ensino primeiro e universal, centrado na condição humana. Estamos na era planetária; uma aventura comum conduz os seres humanos, onde quer que se encontrem. Estes devem reconhecer-se em sua
humanidade comum e ao mesmo tempo reconhecer a diversidade cultural inerente a tudo o que é humano.
Com essa citação, Morin enfatiza que o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social e histórico. É necessário reconhecer a unidade e a complexidade humana, reunindo e organizando conhecimentos dispersos nas ciências.
A condição humana é a oportunidade de entender as diferentes esferas que nos envolvem e aprender a respeitar a diversidade cultural e a pluralidade dos indivíduos que se encontram ao nosso redor, que aprendem e nos fazem “aprender a aprender” cotidianamente.
Isso envolve uma mudança cultural e um movimento de consciência em quatro dimensões, sendo elas: antropológica, ecológica, cívica terrena e espiritual da condição humana, o que explicita Morin em seu livro Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro, aprofundando os conhecimentos, mas, sobretudo ampliando a compreensão da educação do futuro.
Esse mesmo pensamento é consolidado nas premissas de Platão em Ética a Nicômano. Assim, percebemos que a responsabilidade dos sistemas educacionais é desenvolver essas consciências com responsabilidade de todos aqueles que queiram garantir a sobrevida da humanidade.
Na tentativa de analisar globalmente a existência terrena, várias são as interrogações que surgem, e o que permanece é que teremos que nos preparar e as futuras gerações, para saber enfrentar as incertezas.
O destino do planeta é outra realidade para a educação. Todas as partes do mundo devem ser solidárias, sem ocultar as opressões e a dominação que devastaram a humanidade e que ainda não desapareceram, e passar a ensinar a compreensão, pois a educação deverá ensinar a mais complexa das compreensões, que é a humana, como condição de garantia da solidariedade intelectual e moral da humanidade.
Quando transmitimos informação, não podemos garantir que ela seja compreendida. Nesse processo existe a compreensão intelectual, que passa por análises objetivas, e a compreensão humana, que, em seu processo, utiliza o conceito de intersubjetividade, indo além da explicação e quanto menos obstáculos existirem, maior será a garantia de que o outro adquira conhecimento.
O planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensão mútua, as relações humanas têm que encontrar novos caminhos e se faz ainda necessário, em um processo de gestão escolar, estudar as raízes das relações humanas.
Neste contexto, busca-se a ética do gênero humano como o último saber necessário à educação do futuro. Percebe-se que indivíduo/sociedade/espécie não são inseparáveis, mas são co-produtores um do outro, num sistema adaptativo complexo.
O entendimento da concepção do gênero humano requer o desenvolvimento de autonomias individuais, participações comunitárias e sentimento de pertencimento.
No sistema democrático, a liberdade e a responsabilidade individual existem, e por isso, busca sair dos muros que o cercam e fortalecer o seu relacionamento com a comunidade em toda a sua amplitude.
Devemos formar mentes com base na consciência de que o humano é, ao mesmo tempo, indivíduo, parte da sociedade, parte da espécie. A clareza da cidadania plena. A educação deve contribuir não somente para a tomada de consciência de nosso planeta, mas permitir que essa consciência se traduza em vontade de realizar a cidadania terrena.
O conhecimento segundo Morin, não se reduz a informações, mas ele precisa de estruturas teóricas para dar sentido às informações, criar estruturar teóricas para dar sentido às informações, criar estruturas teóricas que o sustentem.
O avanço da ciência traz a idéia das incertezas, conflitos. Em um processo de gestão escolar, devemos avançar, ele, porém, deve sustentar-se em teorias estruturadas para que seja criado o novo e promovido o progresso. Além disso, os conhecimentos produzidos nos contextos das instituições escolares devem ser manipulados por todos aqueles que desejarem acessar a informação, de acordo com Morin.
A educação do futuro apresenta saberes bem distintos e inter-relacionados, sendo que planejamento escolar deve atender às demandas emergentes.
Contudo, o importante nesses processos de sistematização é que “trabalhar em conjunto, no sentido de formação de grupo, isso requer compreensão dos processos grupais para desenvolver competências que permitam realmente aprender com o outro e construir de forma participativa”.
O Currículo que se propõe
Se a educação é um processo social, que por isso, não pode ser deslocada do contexto social mais amplo em que está inserida, o currículo, enquanto procedimento educativo, também não pode ser compreendido como algo em que se mexa sem levar em conta o sistema de relações que o produz. Todo o conhecimento pode ser tecido ou construído a partir das relações de comunicação que fazem parte do cotidiano escolar, com respeito à diversidade e às especificidades, fruto das negociações que as relações dialogais propiciam. Conseqüentemente, não podemos pensar a educação em separado, como uma entidade em que se justifica em si e por si. Como afirma Morim ( 2000b,p.89),
“É preciso substituir um pensamento que se isola por um pensamento que distingui e une. É preciso substituir um pensamento disjuntivo e redutor por um pensamento complexo”.
No contexto da reflexão que aqui se apresenta, precisamos ter a compreensão de que não há como nos referirmos a currículo e avaliação sem contextualizá-los. Devemos com isso, situar o histórico, os fundamentos e a caracterização da organização curricular à luz da reflexão em que o texto nos propõe: problematizar a inevitável distância entre os fundamentos que sustentam a concepção, o compromisso e a intencionalidade de uma proposta curricular inclusiva e as possibilidades e impossibilidades sempre transitórias de sua viabilização.
A escola cidadã, enquanto Projeto Político Pedagógico que propõe uma nova organização de tempos e espaços em função da aprendizagem de todos os alunos e alunas, tentam em si mesma, a expressão de um “sonho possível”, visto que propõe formas de ser e estar sendo escola.
Contudo, vislumbrar tais possibilidades não repercute direta e automaticamente na transformação das concepções e práticas do conjunto dos educadores. Em muitas situações, essa constatação das diferenças entre o que se propõe e o que se realiza no cotidiano escolar, têm sido um argumento para questionar e melhorar a proposta curricular, pois pressupõe-se que o seu percurso de construção é um processo
dinâmico e exige esforço e comprometimento com as proposições assumidas coletivamente. Também proporciona um rico momento de discussão e engajamento com as questões educacionais, bem como uma excelente oportunidade para promover a elevação da qualidade da educação no futuro.
Neste contexto, é expressiva também a necessidade de não postergar infinitamente o significado do que trabalhamos na escola, mas dar um sentido presente ao que propomos para a educação do futuro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do trabalho proposto percebe-se que a perspectiva a qual se coloca a educação do futuro, está centrada no entendimento de que educação e aprendizagem não são um fim em si mesmas, mas são condições necessárias para a melhoria da qualidade de vida das pessoas , para o desenvolvimento comunitário e para o desenvolvimento nacional.
Retratamos que a educação nos dias atuais, se baseia no desenvolvimento de competências fundamentais para a educação do futuro e apresenta princípios legais que regem os processos educacionais neste início de século XXI, possibilitando o desenvolvimento da autonomia nas propostas pedagógicas e nas formas de gestão escolar. O entendimento de que todas as organizações devem continuamente aprender a aprender, nos remete à revisão cotidiana das praticas que envolvem a educação.
Portanto, identificar os saberes necessários a uma prática pedagógica contextualizada com realidades atuais é fundamental para construir um modelo educacional de qualidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ESTEBAN, Maria Tereza. Escola, Currículo e Avaliação. SP: Cortez, 2003 – (Série Cultura, Memória e Currículo.V.5);
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PLATÃO, O Banquete.Ed.Afiliada.3ª Edição