PERSPECTIVA CRÍTICO-SOCIAL DA LEITURA
Por Irineu Correia de oliveira | 19/07/2011 | EducaçãoPERSPECTIVA CRÍTICO-SOCIAL DA LEITURA
Irineu Correia de Oliveira*
Resumo
Este trabalho envolve questões sobre leitura e sua perspectiva crítico-social, colocando as questões relativas à leitura e sua prática efetiva. Assim, referimos a leitura como algo que modifica o homem, pois aqueles que não lêem estão isolados das raízes e origens de sua própria realidade histórica e cultural. A terceira parte relata sugestões de como nos tomamos leitores críticos na universidade, apontando que esta tem o seu papel fundamental na realidade. O professor e o aluno devem assumir uma postura de leitor-sujeito, de leitor-autor, dessa forma, a universidade conduzirá a sociedade na elucidação dos múltiplos aspectos da realidade, natural, social e cultural.
.
Palavras-chaves: leitura, crítico-social, leitor, ato de ler
Introdução
Este artigo, em primeiro momento trata-se de uma análise mais profunda sobre as questões relativas à leitura e suas perspectivas crítico-social. Como sabemos a leitura é uma entidade para podermos adquirir os mais variados conhecimentos.
Na discussão que pretendemos demonstrar, vamos, pois, tentar uma reflexão sobre a postura que o leitor deve assumir ao ler, relacionando esta atividade ao um processo de entendimento do mundo.
O trabalho de pesquisa, que aqui relatamos encontra suas bases metodológicas na análise de Luckesi et al (2000). Para este autor a leitura é o caminho para conhecer toda história humana, desde sua origem a sua evolução. Desconhecer a leitura está desatualizado com o cotidiano, pois, "esta realizando esse processo o indivíduo está estudando a realidade, ou seja, está compreendendo e elucidando a sua forma de ser e as possibilidades de ação com e sobre o mesmo" (Luckesi, 2000, p. 136).
Iniciamos por discussão do processo de estudar e seus conceitos, para depois, num segundo momento, analisar as condições de leitura numa perspectiva crítico-social, analisando a postura que o leitor deve assumir a lê. A última parte do trabalho, apresentamos o contato crítico entre o universitário e a leitura, abordando sugestões de como nos tornamos leitores críticos na universidade.
1. Discussões sobre o conceito de leitura
Este capítulo nos permite conhecer mais sobre as discussões do conceito de leitura, pois esta é um ato de compreensão do mundo, da realidade que nos cerca em meio a qual vivemos.
É importantíssimo reconhecer as verdadeiras posturas que deve assumir ao leitor a ler, fazendo desta atividade um processo de entender o mundo e compreender o relacionamento histórico e geográfico das pessoas. Conforme Luckesi et al (2000, p. 121) para insufruimos de todo conhecimento histórico transmitido ao longos de todos os tempos é essencial e necessário a pratica de leitura.
Segundo Luckesi et al (2000, p. 122):
"(...) Leitura é o exercício constante, reflexivo e crítico da capacidade que nos diz a realidade que nos cerca e da qual também somos parte importante".
Se uma pessoa compreender a leitura da palavra ocasionalmente, sem buscar elementos e fatores que sistemiza a realidade a realidade, nunca será de decodificar a realidade. A primeira coisa a fazer e desvendar o mundo em que queremos propor, que desvendar o mundo também implica construir, dar uma forma as fugidias sensações, emoções, reflexões sobre o mundo e sobre nós mesmos.
De acordo com Luckesi et al (2000, p. 123):
"É profundamente distorciva e discriminatória, por conseguinte, a afirmação superficial de que sabem ler apenas os que foram alfabetizados ou freqüentaram a escola, nos seus mais variados níveis e graus, como é também distorciva e discriminatória a afirmação de que são ignorantes e incultos os que não aprenderam a decodificação das palavras".
Essas afirmações manifestam de uma discriminação totalmente manipulada pela política e pela ideologia social. Todavia, na maioria das vezes, essas pessoas chamadas de analfabetas são mais capazes de codificar a realidade, que aquelas que conheceram e decodificaram mecanicamente a palavra.
A reflexão é a base para ter uma leitura compreensível, pois o leitor deve demonstrar sensibilidade e espírito de busca. Assim, estudar não é simplesmente assumir uma postura de consumidor de idéias, mas ser o próprio autor, mantendo a humildade de perceber que quanto mais sabemos mais percebemos que há muito a aprender.
Por isso, entendemos a leitura como um verdadeiro espelho daquilo que se é apresentado como a bagagem cultura de cada pessoa. Dessa forma, o leitor tentará refletir toda bagagem informativa de cada um, e tentar compreender as diversas entidades que a promovem, pois sem a leitura não haveria acúmulo de conhecimento e nem evolução do saber.
2- A leitura numa perspectiva crítico-social
Com sabemos a leitura é um instrumento de conscientização e criticidade para a conquista de direitos e deveres tanto individuais como também coletivos dentro da sociedade.
Segundo Luckesi et al (2000, p. 133):
No mundo das escolas, a leitura ainda continua com honrosas exceções na linha do verbalismo, da repetição, da memorização e retenção de conteúdos sem que os mesmos sejam submetidos a um processo crítico de avaliação quer pelo confronto do seu eu com a realidade
É verdade, o perfil do aluno hoje, em conseqüência das diferenças sociais, dificilmente conseguirão ver o processo educacional como algo motivador, pois a satisfação destes aspectos é fundamental para a elaboração de um projeto de vida vinculado a formação escolar. É preciso que os educadores façam um papel de criar um clima motivacional nas escolas, uma forma especial para que os estudantes sintam algo motivador. Este novo aluno requer um novo estilo de professor, uma nova organização da escola, com projetos dinâmicos, em fim diferente de ensinar e aprender.
No que afirma Luckesi et al (2000, p. 139):
O ato de estudar diretamente a realidade será crítico na medida em que busque uma elucidação compatível com a mesma. O critério será a objetividade da expressão enquanto explicite as características próprias da realidade, sem subterfúgios e obscurecimentos, proveniente de interesses pessoais, de tabus emocionais ou mesmo de desvios na percepção.
A citação acima mostra que para ser um leitor crítico não é a partir de projeções psicossociológicas do sujeito, mas de descrição da realidade a partir de suas manifestações. Contudo, " a-crítica será a atitude de aceitação pura e simples da mensagem e sua retenção mnemônica, sem perguntar pela sua validade objetiva"(Luckesi et al, idem, ibidem).
Hoje em dia, pode-se afirmar que o conteúdo de nossas leituras é alienante, por se situar por fora da realidade, com objetivos de manipular aqueles que recebem a serviço dos que o impõem.
Um exemplo bem claro disto está no exemplo asseguir dado por Luckesi et al (2000, p.132):
O cinema e a televisão, com seus enlatados, importados na sua maioria dos países que nos dominam, veiculam o conteúdo de " leitura da realidade" que a eles interessa para nos manipular e instrumentalizar, sub-repticamente, a cada dia que passa.
Feita esta rápida análise, sobre a prática de leitura, chegamos a conclusão de que ainda resta muito a fazer para sua democratização, para que ela seja, um direito de todos; tanto tomado do ponto de vista de análise da própria realidade, quanto na leitura realizada através dos textos.
No entanto, a realidade que hoje vivenciamos é somente, de uma realidade diferente, mas justa e humana que virá. Tanto que sinais desta realidade já começam a surgir, de forma pequena é verdade, mas grande em seus projetos e perspectivas.
3- Sugestões de como ser um leitor- crítico na universidade
Nas universidades encontram-se muitos acadêmicos que se importam apenas em conseguir um diploma superior, que não procuram questionamentos, copiam textos da internet e não têm postura de avaliar o que lê. Então neste momento, pretendemos dar atenção propriamente ao leitor universitário, dando sugestões de como ser um leitor crítico na universidade.
Luckesi et al (2000) abordam que o universitário tem a precisão de encarar as dificuldades de compreensão dependendo de uma postura crítica, assumindo de frente o texto sobre o qual processa o seu ato de estudar. Deste modo, torna-se indispensável que cada um se conscientize de suas limitações e necessidades de atira-se de corpo e alma num treinamento contínuo e gradativo com vistas à melhoria da sua leitura, por meio de uma compreensão crítica.
Segundo Luckesi et al (2000, p. 190):
"A vida universitária, mas que qualquer outra situação existencial é o lugar onde o leitor se apresente como figura constante: universitário em alentada parte de seu tempo, é vivenciado junto aos textos de leitura."
Por essa afirmação, o universitário deve ter força de vontade para seguir o plano de estudo desenvolvendo novas abordagens e transmitindo novas idéias. Assim, um universitário crítico que estuda todos os dias, mesmo que seja um estudante fera, terá a capacidade de redobrar seus conhecimentos. Só apartir do hábito de estudar, o estudante vai percebendo que gradativamente o estudo vai lhe assegurando uma maior segurança no seu eu, possibilitando que este assuma o seu papel de sujeito na sua história com maior motivação.
O leitor sujeito dever compreender o texto e não memorizar a mensagem, assumindo uma postura crítica de avaliação ao texto lido. Vale ressaltar, que "muitas vezes o leitor julga, inadequadamente, uma mensagem devido ao fato de sua má compreensão da temática abordada" (Luckesi et al, 2000, p. 142). Portanto, o acadêmico após compreender o texto a partir do auxílio dos elementos subsidiários, cabe a ele processar um juízo crítico daquilo que foi lido, avaliando o texto em perspectiva externa ou interna. Além disso, o sujeito deve-se engajar as proposições, assumindo um julgamento de retornamos a posição.
Segundo Luckesi et al (2000, p. 141):
"(...) será sujeito da leitura o leitor que, ao invés de só reter a informação, fizer o esforço de compreensão da mensagem, verificando se expressa e elucida a realidade em suas características específicas."
Percebemos, portanto, que a leitura nos oferece a possibilidade de atuarmos como sujeitos ativos, construtivos e formadores da nossa própria realidade. E para que possamos ser leitores críticos é imprescindível que nós esforcemos para compreender a mensagem, buscando observar se ela de fato esclarece expressa a realidade.
Deste modo, podemos observar que leitor- sujeito ou crítico é aquele que compreende o objetivo da mensagem e não a memoriza. Ele avalia o que lê, tendo como critério de julgamento a compatibilidade da expressão com a realidade. Assim, ele tem uma atitude de constante questionamento, buscando sempre dialogar com o autor do texto. Além disso, é preciso também que se leia o texto observando, aquilo que de fato é importante para o autor, verificando também aquilo que é importante para nós, enquanto leitores. É deste dialogo com autor que compreendemos sua mensagem, avaliando-a, questionando-a, podendo caminhar para a criação de novas mensagens.
Aquele aluno que não assume essa postura de leitor-sujeito é chamado de leitor-objeto. Este tipo de leitor "não tem condições de capacitar para a criação de uma nova mensagem e transmiti-la a outras pessoas" (Luckesi, 2000, p. 142). Portanto, o leitor-objeto se coloca tão somente como instrumento de armazenamento da informação, sem capacitação nenhuma de criar e transmitir novas idéias.
Portanto, para que a universidade possa formar leitores críticos, é preciso que haja um maior incentivo para as práticas leitoras, pois só assim, ela poderá levar a sociedade ao esclarecimento do que ocorre em seu anterior.
4- Considerações finais
Todo estudo no seu desenvolvimento refletiu de forma notória, no estudo e concepções sobre o ato de ler.
Dentro desses limites, pode-se encontrar novos aspectos conceituais, em face do procedimento na prática da leitura. A vista disso, podemos verificar com isso, que assim como outros problemas sócio-culturais, a leitura, também tem sua raiz na própria conjuntura social e ao longo dos tempos.
Vimos também que é necessário, principalmente na universidade, que assumamos uma postura crítica frente aos textos, para que possamos ser leitores sujeitos da leitura.
Portanto, deve-se dar mais liberdade no que diz respeito ao ato de ler, mais ligações entre o que se lê e que, se vive, afinal estes também podemos ser o caminho pra uma leitura conscientizadora, tão necessária a nossa sociedade. Vale, ainda, destacar que os discentes têm que demonstrarem compromisso e seriedade nas suas ações para que sejam chamados de "acadêmicos".
Referência Bibliográfica
LUCKESI, Cipriano et al. Fazer Universidade: uma proposta metodológica. São Paulo, Cortez, 2000.