Perfil Vocal Dos Professores Do Ensino Fundamental Do Município De Ilha Solteira E Itapura /sp
Por Priscilla Garcia | 06/05/2008 | Resumos1.1 - A importância da Fonoaudiologia para a saúde vocal do Professor
De acordo com Souza e Ferreira (2000) os profissionais da voz, estão cada vez mais próximos dos fonoaudiólogos, essa aproximação é feita quando os mesmos vêem a necessidade de um bom acompanhamento fonoaudiológico, com orientações e preparação vocal, fazendo com que melhorem seu desempenho no dia a dia, seja ele professor, radialista, operador de telemarketing, repórter entre outros.
As autoras relatam que no século XX com o avanço de novos meios de comunicação, outras profissões originaram os profissionais da voz, com isso ganharam oralidade e uma grande importância, relacionada ao uso da mesma, assim passou a ser de grande importância neste século, acarretando outras formas de comunicação como à invenção do telefone, rádio e televisão, tendo a voz como principal instrumento de atuação.
Souza e Ferreira ainda ressaltam sobre a necessidade do conhecimento de técnicas vocais para pessoas que falam em público, onde serão ensinadas as formas de compreensão das técnicas faladas, ao qual permitam ao profissional um bom desenvolvimento para uma voz audível, com boa dicção e sem fadigas.
Para as autoras os professores que utilizam a voz como instrumento de trabalho, apresentam um vínculo bom na transmissão de seus conhecimentos para seus alunos. É relatado também que em cursos de magistérios e pedagogia não aparecem orientações vocais como disciplinas.
Ainda na visão das autoras os professores constituem do ponto de vista fonoaudiológico, um modelo experimental, apresentando fatores de um distúrbio vocal, submetidos a esforços vocais sob tensão permanente, e muitos nunca passaram por algum tipo de preparo prévio sobre o uso da voz.
Para Souza e Ferreira, a vivência profissional juntamente com os educadores levaria a um estudo para buscar características relacionadas aos processos vocais dos professores das redes municipais, atuando em Unidades Básicas de Saúde (UBS), tendo um trabalho voltado para professores, coordenadores e pedagogos de escolas municipais da região.
Fabron, Sebastião e Omete (2000) dizem que os fonoaudiólogos que trabalham com atos preventivos, muito presentes no Brasil, têm como principal papel ações curativas, a qual é a mais praticada. Já em cursos de graduação em fonoaudiologia foram integradas na grade curricular, disciplinas e estágios que apontam na formação profissional, atuações tanto em níveis curativos quanto em níveis preventivos.
Assim os autores citam que novas propostas de trabalho estão sendo englobadas tendo como objetivo principal, interceptar processos de doenças fonoaudiológicas, enfatizando a prevenção primária na fonoaudiologia composta pela promoção da saúde e proteção específica.
Para os autores a proteção específica à saúde fonoaudiológica compreende em ações que buscam causas de uma determinada patologia ou mesmo de um grupo característico, antes que os indivíduos sejam atingidos. Para a fonoaudiologia esse nível é caracterizado pelas ações de caráter educativo, apresentando um grande papel nas áreas da educação e da saúde.
Segundo Fabron, Sebastião e Omete é também na escola, um dos locais mais adequados para as propostas de atuação preventiva fonoaudiológica. De acordo com o Jornal do Conselho Regional de Fonoaudiologia 2° região, essas propostas aconteceram nos meses de novembro e dezembro no ano de 1997 tendo como principal papel a atuação do fonoaudiólogo nas escolas, visando à promoção da saúde nas crianças e nos educadores.
Os autores falam que no curso de fonoaudiologia da UNESP na cidade de Marília, foi realizado um projeto pensando na formação dos fonoaudiólogos, tendo como preocupação questões educacionais e psicossociais, assim várias disciplinas e atividades práticas do curso apresentaram um diferencial aos futuros fonoaudiólogos no que se refere à importância sobre ações educativas para o campo fonoaudiológico.
Diante dos autores, para garantir a formação do profissional, capaz de atuar na promoção da saúde fonoaudiológica e na proteção específica, os docentes e discentes do curso de fonoaudiologia da UNESP do campus de Marília, desenvolveram em 1993 atividades curriculares em escolas de 1° grau e em escolas municipais de educação infantil (EMEIS), atividades extracurriculares junto com a Secretaria de Educação da Prefeitura Municipal de Marília.
Para Fabron, Sebastião e Omete o objetivo do trabalho foi elaborado a partir de um programa preventivo sobre a voz, que contou como horas de atividades de estágios supervisionados por alunas do 3° e 4° ano em fonoaudiologia educacional. A principal importância desse trabalho está relacionada a fatores com grande demanda de professores que estariam apresentando disfonias já instaladas, onde procurariam por atendimento clínico como em Grupos de Distúrbios da Voz, na clinica fonoaudiológica da UNESP no Campus de Marília.
Com isso os autores concluem que esses professores constituem uma classe de profissionais que apresentam em sua voz um principal meio de trabalho, ao qual se não forem bem trabalhados, poderão ter várias alterações vocais. Foi realizado um projeto pioneiro sobre a promoção da saúde vocal do professor de rede municipal de ensino, realizada na cidade de São Paulo, tendo como objetivo principal diminuir e prevenir possíveis patologias da voz em professores.
Os autores, ainda afirmam que na cidade de Marília, nenhum trabalho desse tipo havia sido desenvolvido, apenas houve desenvolvimento em atividades nos estágios de fonoaudiologia educacional, ao qual foram elaborados os programas de saúde vocal para professores de EMEIS, assim ficou evidente a dificuldade de se desenvolver esse projeto durante o período de aulas, em função das atividades escolares que não podiam ser suspensas.
Diante de Fabron, Sebastião e Omete, esse programa passou a ser desenvolvido junto com a Secretaria de Educação do Município de Marilia, em horários noturnos, tendo a participação dos professores que mostravam interesse sobre o assunto, incluindo os mesmos que já tinham apresentado alterações vocais.
Os autores relatam que o Programa de Saúde Vocal do Professor foi desenvolvido em 1994 tendo carga horária de 30h/aula, sob a coordenação e supervisão das docentes responsáveis pelos estágios de fonoaudiologia educacional e terapias fonoaudiológicas, também contou com a participação das alunas do 4° ano.
O objetivo geral do trabalho era fornecer subsídios teórico-práticos aos professores, capacitando-os a proteger sua voz, os objetivos específicos seriam construir conhecimentos sobre anatomia e fisiologia da fonação, vivenciar a construção de conhecimento sobre higiene vocal, fornecer subsídios teórico-práticos que permitiriam a incorporação de padrões vocais adequado,por meio de atividades de aquecimento e desaquecimento vocal, identificando os professores com queixas e manifestações de distúrbio vocais, logo após esses professores seriam encaminhados para atendimento especializado.
Segundo Fabron e Omete (2000) a voz é o meio mais importante para a comunicação entre os indivíduos, é por meio dela que podemos transmitir intenções comunicativas e emocionais.
Pedroso (2000) diz, que a voz tem um papel ideal na comunicação e no relacionamento humano, ao estudá-la aprende-se o quanto é importante saber sobre equilíbrio e sensibilidade, adequando condições orgânicas e funcionais do aparelho fonador, para que de maneira harmoniosa ele funcione corretamente.
O autor diz que com o avanço das tecnologias e dos meios de comunicação, houve uma necessidade de conhecimentos relacionados ao mecanismo de produção e utilização correta da voz, um fator decisivo na obtenção dos resultados seria pretendido através dos profissionais que usam sua voz como instrumento de trabalho, demonstrando grande interesse na busca de conhecimentos quando conscientizados.
Pedroso cita que o profissional da voz procura na fonoaudiologia informações necessárias para os usos saudáveis e adequados da voz, ao qual a mesma irá enriquecer o campo de estudo e atuação em seu trabalho através de técnicas vocais apropriadas, aperfeiçoando a qualidade vocal desses profissionais.
Para Costa, Duprat, Eckley e Silva (2000) há um vasto campo de atuação fonoaudiológico e otorrinolaringológico, tendo um reconhecimento das pessoas que fazem uso da fala como principal vínculo de atividades profissionais. Certas dificuldades estão relacionadas a definições da profissão apresentando necessidades de subclassificações para melhor compreensão.
Chun (2002) cita que a saúde vocal está cada vez mais reconhecida como uma peça fundamental para o desenvolvimento de propostas de promoção de saúde vocal para a fonoaudiologia, mostrando maior interesse na 4° Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde de Reconhecer a ampla gama de recursos para enfrentar determinantes da saúde no século XXI.
Segundo Herrero, Migrone, Cavalcanti, Svezzia (2002) nos anos de 1991 a 1993 a secretaria da saúde da prefeitura de São Paulo ofereceram supervisões a vários grupos de estudos, juntamente com a equipe de Saúde Mental tendo como parceiros fonoaudiólogos, psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais entre outros profissionais.
Para os autores, esses profissionais poderiam optar por uma abordagem de trabalho a qual eles se identificariam, tendo opções como, terapia corporal ou psicanálise. Os autores dizem que na cidade de São Paulo no Distrito de Tucuruvi – Jaçanã optou-se por uma abordagem corporal, atendendo aos interesses dos participantes. No trabalho mostrou-se como seria realizados o Grupo de Movimento ao qual seria voltado para o autoconhecimento e aperfeiçoamento teórico-prático dos participantes.
Na visão desses autores, esses grupos serviram de referencial teórico, para fonoaudiólogos que desenvolveriam trabalhos de ações coletivas em saúde vocal. Essas ações coletivas seriam realizadas através de oficinas, coordenadas por fonoaudiólogos e outros profissionais que entendessem do assunto. Os trabalhos seriam realizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), instituições educacionais ou sociais, manifestando interesse nesta proposta.
Ainda Herrero, Migrone, Cavalcanti, Svezzia, dizem que no ano de 1996, os fonoaudiólogos se reuniram e reorganizaram propostas de trabalho com outras secretarias, então procuraram a Secretaria de Educação e a Secretaria do Bem Estar Social, onde foi estruturada uma nova equipe de saúde composta por fonoaudiólogos e psicólogos, dentre outras atividades foi retomada as Oficinas de Voz, nos horário de estudo dos professores.
Para os autores em 1997, esse trabalho teria uma dimensão atingida, nas oficinas que foram oficializadas como cursos tendo uma pontuação válida para as evoluções funcionais dos educadores, que acontece até hoje.
1.2 - Profissionais da Voz Falada
Souza e Ferreira (2000) dizem que os indivíduos considerados profissionais da voz falada atuam em profissões novas como operador de bolsa de valor, leiloeiros, operador de telemarketing. Como cresce o número de profissionais da voz e os fonoaudiólogos em conseqüência reagem os distúrbios, onde estão investindo nesse campo de trabalho.
Para as autoras os profissionais que dependem da voz, ou de determinada qualidade vocal, para seu sustento, podendo incluir cantores, padres, vendedores, advogados, locutores de rodeio, radialistas, professores, instrutores de academia dentre outros profissionais, podem perder seus empregos ou até mesmo sua carreira devido aos distúrbios vocais que podem persistir.
Behlau, Dragone e Nagano (2004) dizem que a meta de ensinar leva o professor a ter uma boa relação com o aluno para viabilizar o aprendizado deste, e a voz é muito importante, para que o indivíduo tenha interesse sobre o assunto que seja falado pelos professores em sala de aula.
As autoras dizem que é através da voz que o indivíduo demonstra sua personalidade e seus sentimentos de forma positiva ou negativa, passando para as pessoas que estão ouvindo uma imagem verdadeira ou falsa sobre o que somos ou alguma coisa que estamos querendo, é também por meio dela que geramos simpatia ou antipatia para os ouvintes, um exemplo seria uma pessoa que apresenta uma voz que passa uma impressão desagradável, uma voz rouca ou áspera para o ouvinte.
As autoras perceberam que a voz do professor em sala de aula é importante, quando se pensa em uma voz de boa qualidade, assim os alunos terão interesse pela matéria que o educador é encarregado de ensinar, fazendo com que esse aluno tenha simpatia pelo professor, caso isso não ocorra os alunos irão se distanciando, perdendo a vontade de estudar e de gostar daquela matéria, com isso os fonoaudiólogos perceberam o quanto é importante a psicodinâmica vocal nas salas de aulas, sendo importante em escolas de ensino infantil.
Behlau, Dragone e Nagano, dizem que assim o sucesso profissional do professor pode estar diretamente unido à capacidade de promover a relação interpessoal positiva com os alunos, onde se descobre à verdadeira necessidade para prepará-los diante de relações interpessoais que eles encontrarão no dia a dia.
Assim as autoras relatam que os próprios professores apontam que seu maior instrumento de trabalho é a própria voz, e que eles não têm nenhum tipo de treinamento vocal e condições favoráveis de trabalho antes e após as aulas, podendo tornar-se um profissional de risco, tendo conseqüências sérias. Os autores observaram que educadores precisam passar por orientações vocais, onde serão discutidos assuntos sobre como a voz é produzida, qual a maneira correta de usá-la na comunicação, cuidados para mantê-la com boa qualidade, orientações sobre o uso da voz para não ocorrer desgaste vocal e também para não ocorrer estresse corporal.
Para Behlau, Dragone e Nagano, os professores têm um papel importante em transmitir seus conhecimentos para os alunos e de cumprir os planejamentos escolares, onde muitas vezes deixam para segundo plano o problema vocal, eles só irão buscar ajuda quando o problema estiver difícil de resolver, ou quando se tornar impossível produzir uma voz audível. Os professores que apresentam problemas vocais utilizam a voz com mesma demanda, assim providências não são tomadas e esses profissionais não tem nenhum conhecimento sobre o que fazer para diminuir os problemas ou interromper o ciclo de abuso vocal.
Os autores falam que o professor precisa de uma habilidade vocal para realizar diferentes ajustes motores pelos órgãos envolvidos na produção da voz, para os diversos tipos de vozes e de modulação exigidas nas diversas atividades que eles fazem no seu dia a dia.
Diante dos autores acima citados se a voz não estiver bem adaptada a exigências vocais, a situação e o contexto de comunicação poderão ser desagradáveis ao falar e a habilidade vocal é muito importante para que o indivíduo tenha ou possa adquiri-la através de trabalhos vocais bem orientados. Quando a voz é bem trabalhada ela suporta a demanda vocal sem apresentar nenhum problema, se mantém saudável e durante as atividades profissionais não se alteram.
Diante Behlau, Dragone e Nagano, as principais alterações vocais mais freqüentes que os professores relatam são: fadiga vocal ocupacional, é um cansaço devido ao uso prolongado da voz, podendo ter sérios problemas como apresentar cansaço vocal não apenas por uso incorreto da voz, mas também pelo uso excessivo, mesmo que esse professor saiba sobre técnicas vocais para disfarçar o sintoma. Os sinais mais comuns são, enfraquecimento e cansaço ao falar que pode ser referente a um problema vocal em fase inicial.
Para as autoras a síndrome de tensão musculoesquelética, é ocasionada a partir da agitação do dia a dia do indivíduo, onde ocorre uma centralização de tensões na região do pescoço, ombros e costa, isso depende muito da personalidade e da postura do indivíduo, assim essa tensão musculoesquelética faz com que a voz fique tensa, exigindo maior esforço para falar, resultando em uma voz comprimida ou abafada. Dores musculares também aparecem junto com os problemas vocais como dor na fase, pescoço e nuca dando a impressão que a voz está presa e apresenta sensação de bolo na garganta.
Já os nódulos (calos) das pregas vocais, é uma lesão associada a comportamentos vocais abusivos e prolongada, ocasionados apenas em mulheres e crianças. Se o indivíduo desenvolver um nódulo, um em cada uma das pregas vocais, ele deverá ter uma predisposição anatômica para isso. Essas lesões são inflamatórias e podem ser reversíveis com fonoterapia, esse indivíduo terá que ter mudanças de hábitos e com o seu comportamento vocal. Esses nódulos dificilmente são tratados com cirurgia. Os sintomas mais freqüentes dentre os professores são falhas na voz, dificuldades para emitir sons, força para falar e rouquidão.
Behlau, Dragone e Nagano relatam que os pólipos de prega vocal são diferentes dos nódulos que são bilaterais e os pólipos normalmente são unilaterais. Os pólipos resultam de fatores, como a produção de voz com esforço, o cigarro em contato com substâncias irritantes é prejudicial às pregas vocais. Essa alteração são encontrada mais em homens e na maioria dos casos requerem tratamento cirúrgico, os sintomas mais freqüentes são, rouquidão constante, falhas na voz e cansaço ao falar.
As autoras dizem que o edema de reinke, não é uma lesão concentrada como nos nódulos e pólipos, sendo em toda a extensão das pregas vocais, acometem as duas pregas vocais, tendo conseqüências associadas ao fumo em longo prazo e uso abusivo da voz. O tratamento inicial é fonoterápico, mas em casos mais graves o tratamento é cirúrgico, nesses dois tipos de tratamento é importante que o indivíduo pare de fumar imediatamente, os sintomas mais freqüentes são, voz muito grave; em mulheres a voz pode ser confundida com a de um homem por ficar muito masculinizada, e pigarros constantes aparecem nesses casos.
Behlau, Dragone e Nagano, dizem que as alterações estruturais mínimas (AEM) são pequenos desvios de estrutura anatômica que estão presentes desde o nascimento do indivíduo, tendo uma manifestação na voz quando seu uso é mais intenso, essas alterações são separadas por categorias como, assimetria de laringe, é uma prega vocal mais longa que a outra, ocasionando dificuldades para emissão vocal equilibrada, que ocasiona cansaço ao falar. O tratamento pode ser com fonoterapia ou cirurgia, os sintomas mais freqüentes são, fadigas vocais, poucas resistências ao uso contínuo da voz e rouquidão.
As autoras também citam, que o cisto é uma lesão pequena circular, fácil de ser confundida com os nódulos (calos), que acometem somente um lado das pregas vocais, o tratamento pode ser feito por fonoterapia ou cirurgia em casos mais complicados de serem tratados, e os sintomas mais freqüentes são, voz grossa ou áspera, fadiga vocal e ar na voz.
Diante das autoras o sulco vocal, é uma reentrância na prega vocal, que se torna mais rígida e fina, o tratamento pode ser fonoterápico ou cirúrgico quando necessário, os sintomas mais freqüentes são vozes ásperas, agudas (podendo ser desagradável para o ouvinte), dificuldades para falar em forte intensidade não conseguindo manter o uso contínuo da voz.
Para Behlau, Dragone e Nagano o câncer de laringe são alterações que se desenvolvem independente do mau uso da voz, ou seja, o indivíduo apresenta uma predisposição orgânica associada ao uso do cigarro e álcool. Essas alterações ocorrem nos tecidos da laringe, tendo uma desorganização celular diferente das outras alterações citadas.
Ainda na visão das autoras, diversos professores acham que nódulos evoluem para um câncer, eles são de etiologias diferentes em uma avaliação e no tratamento médico, o que se pode encontrar em comum nos nódulos e no câncer é apenas o sintoma da rouquidão, por isso esses educadores devem valorizar qualquer alteração que ocorra com suas vozes.
1.3 – Considerações gerais sobre a Voz
Souza e Ferreira (2000) falam que a voz é um instrumento onde são combinados fatores, psicológicos, biológicos e sociais, tendo como inserção do sujeito em seu meio. Para sujeitos que desempenham várias profissões apresentando uma voz chamada de "Profissional" podem ter determinadas condições de produção do seu cotidiano profissional que podem prejudicar a emissão vocal.
Segundo Pinto e Furck (1988) relatam sobre o processo fonatório que é automático nos indivíduos e deve ser livre de qualquer de esforços, assim as cordas vocais vibre com o máximo de eficiência e o som sai limpo, inteligível e se mantém por muito tempo.
Chun (2002), diz que a promoção da saúde vocal não poderia ser a mesma abordada nas práticas clínicas, pois o que seria esperado dos indivíduos seria um tipo de intervenção onde eles deveriam apresentar uma voz sem alterações, o que implicariam rever formas de abordagem sobre o fenômeno vocal.
Para a autora, a voz é um dom inato herdado desde o nascimento, e não é possível modificá-la, é plausível apenas mudar a sua qualidade e os indivíduos acabam conquistando mudanças por meio de explorações de potencialidades vocais adormecidas ou mesmo pouco exploradas durante o desenvolvimento do trabalho com suas vozes, a voz não pode ser vista apenas como um produto acabado, algo dado, ela deve ser vista como um processo dinâmico e flexível.
Segundo Chun, outro aspecto deve ser considerado, como a condição de produção da voz, ou seja, a influência do contexto, um exemplo seria situações, o interlocutor e o estado de humor do falante, apresentando componentes individuais e sociais relacionadas à voz, não podendo desconsiderar trabalhos com indivíduos normais.A autora relata que para trabalhar com esses aspectos deve-se compreender que a voz e seu uso, seu funcionamento, têm uma visão compreensiva da materialidade fônica, onde se busquem abordagens positivistas da linguagem e conseqüentemente da própria voz.
A autora diz que houve um grande impacto nos estudos da fonética na década de 80, propondo um modelo de análise na qualidade da voz, com isso apareceram críticas de rótulos impressionistas nas classificações das vozes como "voz aveludada" com uma consideração vaga pensando-se do ponto de vista do significado, tirando o sentido metafórico ou mesmo como título arbitrário de imitação.
Chun ainda relata que a principal coisa a se pensar é que a voz pode ser descrita pelos seus componentes, tendo uma descrição com base fonética podendo suprir conceitos para uma descrição fisiológica e significativa de cada componente, com isso temos um elemento importante, quando pensamos na unidade analítica que é a postura articulatória. Podemos perceber que há uma necessidade de compreensão da relação entre as características físicas e a percepção do estado e de atitudes do indivíduo, ao qual se propõe uma estrutura teórica que direcione várias dimensões na interação verbal.
A autora diz que a primeira dimensão seria a física cuja necessidade seria de um modelo fonético, centrado na voz do indivíduo, essa perspectiva conduziria as dimensões seguintes, como a perceptual, referindo-se as relações entre medidas físicas da voz e percepção do outro e a terceira dimensão que é a social, nas quais é abordado que o mais importante eram o marcador social da fala, tendo como função principal à identidade do individuo, assim seu estudo movia-se da percepção da voz para inferências e atribuições sobre a mesma.
Na visão de Chun, diversos especialistas, entre fonoaudiólogos e foneticistas buscavam o conceito de "qualidade de voz ideal", deste modo observa-se que os mesmos não fazem definições, e quando definem mostram uma lista do que não é esperado para a qualidade de voz ideal, com isso o atributo da mesma é um dos aspectos primordiais para analisá-la, mas também é um dos mais difíceis para ser abordado, portanto a fonoaudiologia é fundamental para tratar de aspectos fundamentais deparados em trabalhos futuros.
1.4 – Disfonias
Pereira, Santos e Viola (2000) falam sobre a alta incidência de problemas vocais em professores, causados pela necessidade de readaptações bem conhecidas pelos mesmos, como é o caso da disfonia que é considerado um problema social, pode acarretar a fadiga vocal podendo ter um aparecimento de um nódulo que são as patologias mais freqüentes em educadores.
Segundo Fabron, Sebastião e Omete (2000) há uma grande freqüência dos professores brasileiros que desenvolvem algum tipo de alteração vocal, e esses educadores foram procurar o núcleo de estudos e pesquisas da faculdade Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em outubro de 1997, por meio do seminário sobre A Disfonia como Doença Profissional, tendo um enfoque fonoaudiológico.
Os autores dizem também que os profissionais que participaram desse seminário reconheceram a existência das alterações vocais neles mesmos, defenderam também que as mesmas são vindas de fatores múltiplos, que devem ser estudados e compreendidos para que possam classificar as disfonias em professores como doenças profissionais.
Diante de Fabron e Omete (2000) o aparecimento de uma disfonia deve-se ao uso inadequado da laringe, onde se compromete o parelho fonador e as emissões vocais em indivíduos que usam muito a voz de forma inadequada, sem nenhuma técnica, além dos problemas emocionais que contribuem para o aparecimento dessas disfonias.
Para Behlau (2001) não se tem o conceito sobre a voz normal e disfônica exatamente, as mesmas não apresentam padrões, nem limites e definições. Então o conceito de voz normal e alterada foi sendo modificado, influenciada pelo meio e pela cultura.
Para a autora, a voz depende da atividade de todos os músculos para a produção vocal, tendo uma integridade dos tecidos do aparelho fonador. A fonação tem uma função importante que é a neurofisiológica inata, ou seja, o indivíduo já nasce com ela, e pode também desenvolver uma voz orgânica, podendo ter uma formação psicológica e se expressar mostrando extensões de sua personalidade.
Behlau também diz que quando a harmonia muscular é mantida, obtém-se um som de boa qualidade para os ouvintes, já para os falantes uma produção sem dificuldades ou desconfortos é importante, assim esses atributos caracterizam a eufonia. A autora ressalta que na oposição, quando características mínimas de harmonia e conforto não são mantidas tem-se uma disfonia. A voz normal e a disfonia são conceitos que podem ser ajustados no sujeito, ou seja, voz normal tem o significado relacionado ao comportamento humano na qual oferecem resistências imediatas no momento em que as normas comportamentais são influenciadas a fatores culturais de interpretação ideológica.
Ainda Behlau diz que, a normalidade vocal tem alguns padrões a serem seguidos como: a qualidade vocal deve ser bem agradável, sugerindo a presença da qualidade musical e ausência do ruído. Já a freqüência vocal deve ser apropriada ao sexo e à idade do falante, assim a intensidade deve ser adequada, a voz não deve ser tão fraca a ponto de não ser ouvida, pensando-se nas condições de fala, também não deve ser tão forte a ponto de chamar a atenção.
A autora cita que a flexibilidade vocal deve estar ajustada ao indivíduo, relacionada ao uso de variações em freqüências e intensidades que necessariamente estão ligadas a ênfase do falante, no significado e na sutiliza que expressam sentimentos.
Para Behlau, a voz normal é definida como uma voz comum, que não apresenta nenhum tipo de alteração em seu som, para essa mesma ser aceita ela precisa ser forte para ser ouvida e agradável para os ouvintes, modulada, clara, apropriada ao contexto e não muito intensa não apresentar nenhum desvio de ressonância, entre outros. Assim a autora coloca que não existe um som específico que possa ser referido como voz normal, mas existem vários tipos de vozes, como de crianças, de meninos, de meninas, de homens, de mulheres, de idosos, entre tantas outras.
O que separa voz "normal" e "não normal" são os ouvintes que determinam, sendo que desordens vocais são culturalmente baseadas e socialmente determinadas, indivíduos que apresentam voz normal conseguem variá-las, de acordo com a situação do contexto e do discurso, esse sujeito apresenta diversas vozes, e ele a utiliza em combinação com o interlocutor e em situações de comunicação.
Diante de Behlau, esse indivíduo tem essa possibilidade de variação vocal, devido a uma demanda voluntária que ele apresenta, consciente ou não, tendo um dos melhores atestados de saúde vocal que possa ter uma normalidade anatomofuncional do aparelho fonador. Uma voz adaptada nem sempre é neutra, ela deve ser produzida pelo falante, de modo adaptado, não apresentando nenhum tipo de esforço, lembrando que é importante ter um conforto vocal, onde poderia ser identificado o sexo e a faixa etária do sujeito da voz a quem pertenceria, ela também deve ser adaptada ao grupo social, profissional e cultural desse indivíduo.
Behlau afirma que a voz também pode ser considerada como adequada e após ser avaliada ela pode apresentar uma percepção ao ouvinte e ao falante. A autora refere-se voz profissional ao termo de "voz adaptada" parecendo ser insuficiente, então é usado o conceito de "voz preferida", que completam questões culturais e de modismo.
Para a autora, quando se integram informações de diversas análises é muito importante interpretar o fenômeno vocal, relacionado à consideração de valor e demanda vocal do sujeito, tendo uma necessidade ou não de reabilitação vocal, pode apresentar comprometimentos na qualidade de vida do indivíduo, onde se pode pensar nas funções da própria disfonia.
Behlau diz que as alterações vocais podem fazer com que os falantes ou os ouvintes não considerem emissões como adaptadas isso pode ser observado quando eles realizam desvios vocais durante a comunicação, principalmente em relação a situações e ao contexto, o que pode refletir alterações que não são aceitas como marcadores sociais e culturais, constituindo uma disfonia.
Para a autora, o conceito de disfonia nada mais é que um distúrbio da comunicação oral, cuja voz não consegue cumprir seu papel básico na transmissão da mensagem verbal e emocional do sujeito. A disfonia representa dificuldades ou alterações na emissão vocal impedindo a produção natural da voz, não somente as alterações vocais, mas também as sinestésicas podem estar presentes sem um marcador auditivo específico.
Behlau diz que uma disfonia pode se manifestar a partir de uma série de alterações tais como, desvios na qualidade vocal, fadiga, perda de potência, esforço, variações descontroladas de freqüência fundamental, perda da eficiência, falta de volume, projeção de baixa resistência e sensações desagradáveis relacionadas à emissão. Mostra que uma voz profissional bem adaptada tem seus pré-requisitos e devem apresentar uma boa eficiência nas diferentes exigências vocais do sujeito.
Diante da autora as classificações de disfonias têm vários critérios a serem observados, a qual irá ser usada em momentos que a voz é muldimensional a diversos aspectos e podem ser contemplados pelo sujeito. Os critérios são relatados como classificação, baseada na duração do sintoma, na dicotomia funcional e orgânica, por avaliação clínica, no uso vocal hipofuncional e hiperfuncional, e também a etiológica das desordens vocais.
Behlau, fala também que as disfonias podem ser classificadas de dois jeitos, agudas e crônicas de acordo com a duração do sintoma tendo um limite de 15 dias entre essas duas classificações. As disfonias causadas por processos inflamatórios agudos são laringites, gripes, resfriados não ultrapassando um período de 15 dias. Caso isso ocorra, provavelmente pode haver um desequilíbrio funcional, ou um quadro de aviso que essas situações devem passar por uma avaliação detalhada.
1.5 - Higiene Vocal
De acordo com Souza e Ferreira (2000) a higiene vocal, poder ser um hábito diário de cuidar de sua própria voz, de prevenir problemas que possam afetá-la, e não somente limitar os cuidados com o aparelho vocal, mas também com os outros órgãos e as funções que ali estão presentes.
Na visão de Fabron, Sebastião e Omete (2000) os professores podem apresentar sintomas como rouquidão, fadiga, voz de qualidade abafada ou estridente e tensões na região cervical, devido ao abuso vocal nas salas de aula onde se tem um número muito grande de alunos. Geralmente esses espaços não apresentam uma boa acústica, então há concorrência de ruídos ambientais internos e externos com a voz do educador, na maioria dos casos eles apresentam esses problemas pela falta de informação sobre bons hábitos vocais em cursos de formação profissional.
As autoras analisando as respostas dos professores em relação a seus conhecimentos a respeito de hábitos de higiene e práticas vocais, eles informaram que tinham algum tipo de conhecimento sobre atitudes inadequadas ao uso da voz, porém não evitavam essa prática. Um exemplo fácil dessas atitudes era o "gritar" dentro das salas de aula com os alunos.
Já para Fabron e Omete, (2000) os professores são os mais afetados devido à jornada de trabalho extensa que eles têm. Orientações deveriam ser passadas a esses profissionais pelos fonoaudiólogos falando sobre as técnicas vocais, hidratação de pregas, uso inadequado da respiração, pigarros, tosses, para que os educadores consigam passar a mensagem aos alunos de forma agradável.
Os autores dizem que há uma necessidade de orientações vocais para esses profissionais, que podem ser feitas por meio de cursos, palestras, cartazes e seminários para quem trabalha diretamente com a voz como professores, advogados, cantores, juízes, telefonistas, balconistas, radialistas entre outros que a usam como principal instrumento de trabalho.
Segundo Gayotto (2000), fonoaudiólogos preparadores de profissionais da voz são bastante procurados por causa de diversas alterações vocais que podem ser relacionados aos cuidados com a saúde vocal, auxílio na higiene ou em tratamentos de disfonias indesejáveis, um exemplo a ser citado é um indivíduo que está prestes a uma apresentação de teatro onde ele usará sua voz exclusivamente para essa ocasião.
De acordo com Souza e Ferreira (2000) as atuações mais freqüentes pelas escolas são as palestras, que tem como foco informativo, o objetivo de mover professores para as características vocais, transmitindo assim conhecimentos sobre a produção da mesma. Foram realizados cursos de saúde vocal nas escolas com duração de 8 a 10 encontros sendo opcionais para os professores.
As autoras reatam que nesses cursos foi trabalhado a sensibilização do professor para a característica vocal do mesmo, de maneira aprofundada, procurando fazer com que esse educador tornar-se-ia um agente de sua própria saúde, então por meio de discussões teóricas e práticas de relaxamento, respiração, ressonância e articulação, obteve-se orientações sobre higiene vocal. Esse curso não teve como objetivo principal um foco terapêutico, mas sim a observação de modificações na produção vocal dos professores após os encontros.
Souza e Ferreira citam que além do enfoque preventivo que o curso proporcionou, alguns professores apresentaram algum tipo de distúrbio vocal, onde foram atendidos nas clínicas de Unidades Básicas de Saúde.
Pinto e Furck (1988), dizem que indivíduos que trabalham com a voz devem saber tirar o máximo de seu potencial vocal, não comprometendo seu aparelho fonador. Os professores são os maiores exemplos de abusos vocais, eles falam muito, gritam e mantêm a intensidade da voz sempre aumentada devido aos barulhos ambientais, esses profissionais geralmente apresentam tensões na musculatura da região cervical, postura inadequada e seu padrão respiratório fica alterado, distorcendo o tom de voz, agonizando repentinamente no momento do grito e apresentam a voz abafada e presa, sem projeção.
Para Chun (2002) a promoção da saúde tem um investimento fundamental sendo considerado como um direito eficaz para um bom desenvolvimento social e econômico, existindo problemas para serem resolvidos relacionados ao potencial da voz para a promoção da saúde, na qual afetam vários setores da sociedade, então o que se pode perceber é a importância de ações coletivas, e um dos exemplos a ser citado são as propostas de saúde vocal.
Para a autora a promoção da saúde vocal tem um aspecto prático para a obtenção de maior qualidade em bem-estar, com isso criam-se maiores benefícios para indivíduos que reduzem a expectativa da mesma entre países e grupos. A autora mostra que a voz do professor e suas relações com o trabalho apontam que a saúde e a qualidade de vida no ambiente escolar podem ser percebidas. A escola é um lugar importantíssimo para o desenvolvimento de ações de saúde vocal, porque envolve muitas pessoas de diferentes faixas etárias e atraem vários grupos profissionais, familiares e toda comunidade em geral.
A autora também diz, que outros espaços vão sendo ocupados cada vez mais por fonoaudiólogos em suas ações coletivas para a saúde, como clubes, unidades básicas de saúde, academias de ginásticas, empresas, creches, universidades de terceira idade entre outros.
Chun relata que a produção vocal de cada indivíduo estará relacionada às condições de necessidade e exigência do cotidiano e da vida profissional de cada um, refletindo sobre os significados atribuídos à voz, com conseqüências do trabalho dos fonoaudiólogos para a promoção da saúde.
Diante da autora, o trabalho fonoaudiológico tem um foco voltado para os cuidados com a voz, esses trabalhos são direcionados principalmente para a higiene vocal. Um exemplo a ser relatado seria a hidratação das pregas vocais, um vestuário adequado, uma alimentação adequada, uma noite de sono tranqüila e algumas coisas que devem ser evitadas, tais como cigarros, uso abusivo de álcool, bebidas geladas, dentre outros fatores que colocam em risco á saúde desse indivíduo.
No que se refere á importância do conhecimento do professor sabe os cuidados com a voz, Battisti (2002) refere que vários professores freqüentavam os consultórios fonoaudiológicos por razões da disfonia, a maioria realizava uma jornada de trabalho extensa, prejudicando assim sua voz, que é a principal ferramenta para o exercício ocupacional, esses professores desconhecem os cuidados que devem ter com sua voz, como ter um sono adequado, uma alimentação balanceada, evitar usar roupas apertadas, assim é importante que esses professores saibam usar recursos vocais que auxiliam na manutenção da boa qualidade vocal.
A autora diz que muitos dos professores não associavam os abusos vocais com o cigarro e o álcool, que são fatores que contribuem para a existência dos sintomas de dor, secura, ardência, cansaço vocal entre outros. Esses aspectos devem ser muito bem trabalhado para que o indivíduo saiba refletir as transformações que serão necessárias.
As autoras abordaram vários dados levantados em uma palestra com professores da rede municipal de educação infantil na cidade de Itu no estado de São Paulo, onde se trabalhava a idéia de que existiam fatores que antecederam ao uso ou abuso da voz, que quando repensados aparecem muitas mudanças significativas na postura dos educadores perante aos alunos em relação à comunicação. A autora ressalta que o professor tem acesso a informações sobre à aquisição da comunicação oral das crianças, relacionadas a faixa etária de cada uma, onde se pode entender o comportamento de algumas delas.
Battisti nesse caso, afirma que o educador deve saber que a criança, ainda não usa sua comunicação oral, mas nessa fase eles usam gestos, sons e berros, para chamarem a atenção. Assim o professor pode elaborar um planejamento adequado para a faixa etária de cada crianças, e com isso o professor não estará realizando abusos vocais, que normalmente ele o faz, quando dão aulas em salas barulhentas.
De acordo com Battisti os professores podem mudar no seu planejamento as atividades, incluindo as rodas de conversa. Em pouco tempo as crianças passariam a gostar de falar, uma de cada vez, e perceberiam que todas teriam seu momento de conversar e de serem ouvidas, por isso o professor deve saber que essas mudanças precisam de perseverança e muita determinação a fim de melhorar sua saúde vocal.
1.6 – Ruído
Pereira, Santos e Viola (2000) falam que um fator importante a ser comentado é o ruído, ao qual ele apresenta sons desagradáveis e indesejáveis, caracterizados como um sinal acústico, tendo origem na superposição de vários movimentos de vibrações vocais com diferentes freqüências, que não se relacionam.
As autoras relatam os valores de intensidade de ruído, onde eles são separados em três níveis, tranqüilo, moderado e barulhento. Para uma "sala ideal" seria necessário ter um ruído de 40 dBNA considerando um nível tranqüilo, já no moderado, estaria a conversação entre os indivíduos com um nível que atinge 60 dBNA e o grito relacionado a ruídos de nível barulhento chegando em torno de 80 dBNA.
Pereira, Santos e Viola, dizem que as salas de aulas muito barulhentas afetam a capacidade de discriminação da fala dos alunos, sendo que o efeito maior seria nas freqüências de 500 a 5.000 Hz. Falam ainda que a intensidade de fala dos professores em sala de aula, foi medido a 2 metros de distância, apresentando 57,5 dBNA com uma intensidade de 40 e 70 dBNA cujo nível de voz dos alunos apresentaram 52,9 dBNA com uma intensidade de 45 e 67 dBNA . Nas mesmas salas a média do nível de ruído foi de 46,1 dBNA cujo o barulho era quase estacionário em 76,5 dBNA e era de curta duração.
Ainda as autoras afirmam que é na escola que o barulho tem um efeito nocivo, em relação à compreensão da mensagem transmitida para os alunos, causando modificações vocais e psíquicas nos professores, sendo assim, quanto mais à freqüência do ruído se aproximar da voz do educador mais ele deverá aumentar sua intensidade vocal. Diante das autoras, a quantidade de fala contínua para todos os professores deveria ser entre 12 e 25 horas por semana.
De acordo com Fabron e Omete (2000) esse abuso vocal ocorre devido ao grande número de alunos nas salas de aulas, falta de acústica e ruídos ambientais como barulho de ventilador, ar condicionado e barulhos internos.
Assim Gayotto (2000) coloca que, existem outros momentos na preparação vocal, nas quais as fonoaudiólogas são chamadas para elaborarem técnicas básicas, para que não ocorra nenhum tipo de alteração vocal aos professores, primeiramente os professores devem ser ouvidos e entendidos, pelas fonoaudiologas onde esses professores colocariam o que eles sabem sobre os cuidados com sua voz e os abusos que eles mesmo cometem Assim é importante que as fonoaudiólogas façam uma boa inspeção na qualidade acústica do ambiente, verificando o ambiente de trabalho desse profissional que usa sua voz para trabalhar.
Gayotto fala que é importante lembrar que o profissional, saiba quais são os pontos estratégicos para a projeção de sua voz, ao qual o som é absorvido ou onde o retorno da mesma é mais percebido, assim quando o público estiver presente o profissional terá que projetá-la melhor.
De acordo com Costa, Duprat, Eckley e Silva (2000), a intensidade vocal sofreu a mesma divisão sendo que é considerado leve aquele que não abusa da voz na intensidade usada no ato da consulta fonoaudiológica, cerca de 60dbs ou que apresenta períodos de descanso vocal de mais de 2 horas. Moderado é aquele que precisa exceder a intensidade da conversa por períodos curtos ou tem descansos de 1 a 2 horas. Severo é o que conserva a intensidade vocal acima do nível da conversa de maneira ordenada ou que apresenta períodos de descanso menores que 1hora.
Pinto e Furck (1988), afirmam que os professores que falam ao ar livre ou em más condições acústicas abusam da voz, forçam a musculatura, produzem enfraquecimento e fadiga vocal (a hipofunção aparece no final de uma hiperfunção prolongada).
Segundo os autores outro ponto importante a ser falado, é sobre a mudança do espaço de trabalho dos professores, onde seria interessante ocorrer estratégias que levariam ao conforto vocal do professor, tendo uma eficiência e habilidade em comunicar-se no local de trabalho e não apenas em alguns momentos do dia, mas essa forma para alguns educadores se torna inviável devido aos problemas vocais já instalados e muitos desses professores nem sabem que já estão com alterações vocais e abusam cada dia mais de sua voz.
Battisti (2002, p. 25) apresenta alguns depoimentos de professores sobre barulho nas classes, uma delas o professor diz, "Ah! Então não adianta, pois na minha escola nunca vou conseguir silêncio, a rua é barulhenta".No outro o professor propõe, "Por que não realizar um rodízio trimestral com os professores, nas classes mais barulhentas? Ou pedir a aquisição de microfones para o uso em situações que houver necessidades".
1.7 – Demanda de uso da Voz
Para Pereira, Santos e Viola (2000), o tempo de fonação dos professores deveria ser entre 12 e 25 horas/ semanais, observando que o período de 8 horas de trabalho de professor de pré-escola é de 95, 2, ou seja, mais ou menos de 17,4 minutos. Já os professores de escola primária, apresentaram um nível de fonação de 103, 6, ou seja, mais ou menos de 28,0 minutos, enquanto que para indivíduos que trabalham em escritório o nível de fonação foi de 33,0, ou seja, mais ou menos 13,6 minutos. Assim o tempo de fonação dos professores é um terço maior do que as pessoas que trabalham em escritórios.
Segundo Fabron e Omete (2000) descreveram sobre a fadiga vocal que é também componente do desempenho vocal dos professores. Alguns professores apresentam boa conduta vocal, porém foram expostos ao estresse do dia a dia, e as condições de saúde física e emocional podem afetar a laringe.
Os autores dizem que há necessidade de orientações vocais através de cursos, palestras e seminários para quem trabalha com a voz diariamente, como professores, advogados, cantores, juízes, telefonistas, balconistas, radialistas, entre outros.
De acordo com Costa, Duprat, Eckley e Silva (2000), de um lado está o fator tempo e do outro a intensidade de uso da fala, esses fatores nós mostra facetas importantes, como habilidade vocal específica, bem como controle, potência e qualidade. Por outro lado se for levado em conta somente o uso da voz, estarão deixando de dar atenção para características importantes como grau de solicitação profissional, nível de habitação, repercussões e impactos da fala sobre atividades.
Esses autores procuraram dar enfoque para a prática de avaliação de cada indivíduo, levando em conta todo o universo vocal das pessoas. Assim ao invés de estabelecer se, o indivíduo se encaixa em alguma classificação por seu título profissional, fazendo a categorização por características de uso vocal.
Os autores citam algumas categorias de uso vocal que são elas: Demanda é o tempo de uso vocal, ele é dividido em leve, moderado e severo, dependendo do número de horas de uso contínuo da voz, considerando indivíduos que fazem uso da voz por menos que 30 minutos de repouso vocal entre uma tarefa e outra é chamadas de leve, indivíduos que fazem uso de sua voz menos de 4 horas por dia é considerado moderado, e o severo é aquele que faz uso da sua voz mais que 6 horas por dia.
Requinte é a necessidade das modificações do padrão vocal, como organização específica e conhecimentos de técnicas vocais. Dependência é considerada quando o indivíduo pode não ter condições de trabalho se houver protrusão no padrão vocal.
Repercussão é o impacto (choque) positivo ou negativo da fala nas atividades do indivíduo, que pode ser marcante quando é determinante para o sucesso profissional, por exemplo, locutores ou professores.
Ainda Costa, Duprat, Eckley e Silva relatam que os quatro aspectos acima citados estabelecem os níveis da categoria profissional: demanda leve ou repercussão indiferente, demanda moderada ou dependência, demanda severa e requinte.
Pinto e Furck (1988) falam dos problemas vocais que interferem na vida pessoal e social do indivíduo, essa alteração é vivida com uma certa ansiedade e angústia, a falta de informação sobre a importância de cuidados para preservar a voz evitando assim os abusos e os maus hábitos é o fator mais comum e podem ter conseqüências desastrosas no futuro, gerando uma afonia.
As autoras afirmam que a prática vocal se for bem realizada não acarreta problemas, o homem necessita de uma boa comunicação para sua sobrevivência e interação com a sociedade, do mesmo modo que seu corpo necessita de água e alimentos para um bom funcionamento.
As autoras falam que é pela voz que nos expressamos, tendo emoções, sentimentos e a nossa personalidade, enriquecemos e transmitimos a mensagem articulada, desse modo quando falamos acrescentamos nas palavras um conteúdo emocional, colorido e com muita expressividade.
Pinto e Furck relatam que é por meio da voz que podemos identificar um indivíduo, pensando em sua fisionomia e expressões emocionais, os músculos e os órgãos vocais bem trabalhados se desenvolvem e se enrijecem com exercícios.
1.8 – Água
De acordo com Battisti (2002), um trabalho de conscientização é importantíssimo para que o professor esteja inserido na escola de uma maneira adequada; mas muitas vezes eles não têm um controle sobre os problemas escolares, um exemplo seria as salas de aulas superlotadas as quais os professores têm que se submeter, a dar aulas por um longo período do dia e não a existência de água nas salas de aula ou ainda o controle sobre o abuso vocal.
Essas reflexões entre o fonoaudiólogo e o professor segundo a autora podem ser realizadas, pois eles buscariam de forma conjunta soluções para os problemas vocais, sem apresentar desânimo frente às condições do uso profissional da voz nas escolas.
Para Battisti o que poderia ser mudado, se o processo de alterar os fatores dependesse do meio em que atuam? Seria eficaz tornando-se assim centro de mudanças a sua volta, como, por exemplo, a situação do consumo de água, se cada professor levasse para as salas de aula uma garrafa d'água e deixasse sobre a mesa à sua disposição já ajudaria muito.
1.9 – Patologias da Voz em Professores
Fabron, Sebastião e Omete (2000) relataram que na cidade de Marília, foi realizado programas de orientações vocais para os professores, onde se mostrou que a rouquidão, o pigarro, o esforço e o cansaço ao falar são os principais problemas entre os profissionais que usam sua voz. Relatam também que foi feito um estudo sobre as queixas de alterações vocais e de sintomas negativos na região cervical e na região laríngea, em professores de 1° e 2° grau e em profissionais não docentes também da cidade de Marília.
Os autores apontam que neste estudo, foi observadas as queixas vocais, que ocorreram em maior freqüência em grupos de professores que apresentaram pouco conhecimento sobre hábitos de higiene vocal, assim eles mesmos praticavam a automedicação para tentar aliviar os sintomas negativos laríngeos e cervicais.
Segundo Pinto e Furck (1988) relatam que a preocupação com a disfonia desses profissionais que necessitam da voz para trabalhar, é relacionada com a incidência de problemas vocais que tem atingido níveis alarmantes, os sintomas mais comuns são cansaço e fadiga vocal, perda da intensidade, ensurdecimento do timbre, no qual o indivíduo tenta superar provocando ainda mais um esforço da musculatura faríngea, em relação aos fatores psicológicos, causando rouquidões, podendo levar até uma afonia.
Assim Pinto e Furck citam que com o passar do tempo, esses profissionais realizam exames otorrinolaringológicos nos quais podem ser encontrados nódulos, edemas e pólipos, com isso podemos pensar porque tantos professores são afastados por problemas vocais, quando é identificado algum problema, eles passam a exercerem outras funções dentro da escola.
1.10 – Treinamento Vocal em Professores
Segundo Herrero, Migrone, Cavalcanti, Svezzia (2002), o objetivo das oficinas vocais, é voltado para os aspectos preventivos da saúde, e também para o bem estar geral dos professores expostos a diversas situações de estresse físico e mental, gerando um alto índice de licenças e readaptações. A idéia desse trabalho é desenvolver ao outro no caso o educador a capacidade de reconhecer, detectar e modificar, aspectos ligados á qualidade vocal, a respiração, a consciência do corpo, e ao estresse.
As autoras relatam que as oficinas foram realizadas em oito encontros, com duração de 2 horas cada uma, sendo desempenhadas em escolas da região onde o espaço físico e os recursos audiovisuais eram acessíveis com as necessidades, as salas eram amplas e arejadas, o piso era de madeira, tinha televisão, vídeo, retroprojetor e colchonetes a disposição.
Para as autoras os conteúdos abordados nas oficinas eram sobre anatomia e fisiologia do trato vocal e do sistema sensoriomotor oral, os cuidados gerais com a higiene, reflexões sobre os abusos e influências do ambiente sobre a qualidade vocal. Os materiais utilizados eram fitas de vídeo, desenhos e figuras da anatomia da cabeça e do pescoço e textos falando sobre a higiene vocal.
Assim as autoras citam, que além de todos esses materiais que as fonoaudiólogas levaram, acorreu uma troca de experiências e conhecimentos adquiridos nas atividades clínicas diárias. O trabalho estava vinculado a técnicas de impostação vocal, que nada mais é que "aquecimento e desaquecimento vocal", foram passados exercícios associados de mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios, emissão áfona e sonora, variações de freqüência e intensidade, buscando-se a percepção dos próprios professores para os mecanismos de produção da voz, permitindo uma melhor utilização do seu potencial em seu desempenho nas suas atividades diárias.
Para as autoras, as fonoaudiólogas destacaram em seus trabalhos a relação corpo, mente e voz mostrando dessa forma a importância da mesma como expressão do ser humano, tendo vivências envolvendo consciência e expressão de si mesmo, por meio de técnicas para relaxamento, de respiração, de alongamento, de movimentos e de automassagem, que são recursos principais para se chegar a esse objetivo.
Herrero, Migrone, Cavalcanti, Svezzia afirmam que desta forma observou-se que essas técnicas provocavam um grande interesse nos grupos e auxiliavam as fonoaudiólogas a despertar nos próprios participantes uma atenção maior para cada um deles, assim teriam um reencontro com alegria, expressados na leveza dos movimentos realizados com a voz.
Na visão dessas autoras para cada tema ou conteúdo trabalhado com os professores, o papel do terapeuta é atuar como facilitador de um processo de aprendizagem ou do autoconhecimento, sendo interessante ressaltar que a cada oficina seria adquirida um aspecto estratégico particular, seguindo as características e experiências de cada profissional acompanhando a configuração de cada grupo.
Para as autoras, na realização de algumas oficinas utilizou-se a dança junto com estímulos musicais ritmados, como a dança do ventre, música afro, o samba e o axé, para resgatar movimentos de expressão do ser humano, além de se criar um vínculo trabalhando com a região da bacia nessas danças. Com isso foram avaliados os resultados das oficinas, ouvindo os relados de cada participante, os professores notaram alguma mudança depois desse trabalho, ou seja, mudanças posturais e de atitudes diante do grupo.
Assim as autoras citaram que os participantes puderam contar com algumas mudanças conscientizadas pelos professores em relação ao corpo, a voz, e seu ambiente de trabalho e suas necessidades pessoais, procurando não dissociar os vários ângulos da questão saúde, percebe-se que esses resultados são observados nas oficinas até hoje.
Segundo Herrero, Migrone, Cavalcanti, Svezzia as oficinas cumprem um papel de oferecer aos professores novas possibilidades de pensamento e expressão, tendo a voz como principal meio dessa relação, cuja onda emocional estava contida sob a forma de tensões musculares, refletindo-se de maneira negativa sobre o corpo humano, adquirindo a forma de um sintoma físico, sendo a voz um instrumento de expressão, a qual estava impossibilitada de se fluir, e a qualidade vocal estaria afetada igualmente.
Canciam, Passos, Martins e Perez (2002) falam sobre um projeto que foi realizado em uma escola especial, Recanto da Esperança (APAE), na cidade de Poços de Caldas realizada no ano de 2000, teve como objetivo a sensibilização dos professores em relação ao uso da voz, estimulando hábitos saudáveis prevenindo ocorrências da natureza.
Para os autores a iniciativa desse trabalho incluiu professores dessa escola que apresentaram queixas constantes relacionadas à produção vocal, rouquidão, perda da voz, necessidade de elevá-la com os alunos, tendo um grande esforço e muitos prejuízos; e eles foram direcionados para o setor de fonoaudiologia da APAE de Polços de Calda. O projeto teve inicio na semana que se comemora o Dia da Voz (16 de abril), tendo um total de quatro encontros, um a cada mês, com duas horas cada, contando com a presença de 67 professores divididos em dois grupos, sendo coordenados pelas fonoaudiólogas da unidade.
No primeiro encontro, Canciam, Passos, Martins e Perez, usaram a estratégia de sensibilizar o tema com cartazes chamando a atenção para a produção vocal e os cuidados que devem ser tomados com a voz. Logo após os professores dividiu-se em sete subgrupos, e cada grupo deveria montar uma dramatização pequena de alguma situação de abuso vocal.
Dizem as autoras que cada grupo montaria sua dramatização com as sugestões dadas pelas fonoaudiólogas para a apresentação, as fonoaudiólogas deram como sugestões aos grupos alguns temas, destacando-se alguns diálogos: uma professora dando aula tendo uma atitude de abuso vocal, como má postura, gritos, incoordenação pneumofonoarticulatoria; um grupo de amigos fazendo mau uso da voz através de gargalhadas, cigarros e ruídos de fundo (ex: boate e barzinhos); um locutor de rádio AM e outro de FM transmitindo uma notícia dentre outras situações.
As autoras relataram que conforme cada grupo apresentava as informações sobre a diversidade do uso vocal, surgiam discussões sobre curiosidades de psicodinâmica vocal, conceitos de produção sadia e alterada. Foram utilizados também nesse trabalho desenhos e gravuras do aparelho fonador e gravações de vozes adulteradas, para que os professores pudessem entender a diferença entre voz, fala e linguagem que gerava uma grande confusão no uso desses termos por parte deles.
Canciam, Passos, Martins e Perez com a finalização do encontro, os professores eram convidados a observarem em suas vidas diárias, atividades de uso vocal que faziam, se estavam corretas ou se havia alguma alteração. Assim esses educadores poderiam entender, analisar e passar para outras pessoas seus conhecimentos. Uma proposta feita pelas fonoaudiólogas era que os professores tivessem atenção ao contexto ambiental vivenciado pelos falantes, com sensações proprioceptivas corporais e de todo trato vocal, o que seria a auto-observação que eles mesmos deveriam perceber.
Canciam, Passos, Martins e Perez no segundo encontro com os participantes, foi discutido sobre as vivências pessoais, os aspectos e atitudes que faziam bem para a voz ou não do indivíduo. Logo após os participantes, iriam fazer colocações verbais a respeito das discussões citadas acima.
Para os autores, um exemplo sobre o assunto foi dado por uma professora formada em teatro, onde ela apresentou uma mímica rápida de cada fator que afeta a voz, salientando o cigarro, as drogas, o álcool, medicamentos e automedicação, uso de sprays e pastilhas, alimentação inadequada, presença de refluxo gastroesofágico, postura, desequilíbrios, incoordenação respiratória, sono comprometido, alergias, o uso contínuo e prolongado da voz, grito, competições sonoras, gargalhadas, choque térmico, alterações hormonais, vestuário, estresse e sedentarismo.
Canciam, Passos, Martins e Perez diz que a fonoaudióloga ao referir-se sobre a alimentação comentava com os professores sobre os riscos para a voz em uma alimentação pesada, salgada ou apimentada e mal mastigada. As fonoaudiológas orientavam sobre a adequação de fatores que seriam feitos nos momentos de apresentação dos hábitos favoráveis para a adequada produção vocal.
Os autores citam, que para atrativo visual dos participantes, a fonoaudióloga que falou sobre maus hábitos vocais usava roupa preta, que a fonoaudióloga que falou dos bons hábitos vocais usava roupa branca, a professora que fez a mímica usava um macacão de um lado branco e do outro preto, incluindo a pintura no rosto que seguia o mesmo padrão.
Os autores relatam que os materiais utilizados para dar clareza a mímica foram cigarros, copos, chocolates, leite, cinto e lenço de pescoço. Foi utilizada também, música de fundo acompanhando a mímica, sendo um estilo mais rápido para os aspectos negativos e mais lentos para os positivos. Após a explicação dos fatores agressivos da voz, passou-se para os bons hábitos favorecendo a voz, nos quais os grupos eram comunicados da mudança.
Para os autores os bons hábitos também foram apresentados em forma de mímica e explicados logo após, salientando-se a alimentação sadia, postura e respiração adequadas, hidratação oral, boa qualidade de sono, exercícios físicos, lazer e hábitos de ouvir a própria voz.
Diante de Canciam, Passos, Martins e Perez no encerramento desse encontro foram entregues folhetos explicativos sobre principais cuidados com a voz, tendo uma abertura para comentários do grupo sobre alguma dúvida que tenha ficado para traz relacionados aos temas trabalhados.
Os autores no terceiro encontro destacaram a prática vivida pelos participantes do grupo de algumas técnicas para favorecer a produção vocal, o mesmo foi informado que exercícios estariam servindo como um sensibilizador, tendo objetivo de aquecer a voz e os participantes poderiam experimentar algumas manobras para impostação vocal, a reabilitação em alguns casos deveria ser orientada pessoalmente com a necessidade de acompanhamento do terapeuta e do médico.
Canciam, Passos, Martins e Perez falam que no encontro as fonoaudiólogas realizaram um relaxamento com os participantes, tendo o auxilio de uma música lenta e suave e comandos verbais. Foi realizado também exercício de respiração, utilizando-se o auxílio das mãos para o treino, exercícios para a respiração também foram feitos durante os encontros.
Os autores falam que alguns exercícios de ressonância foram feitos ao decorrer dos encontros, como bocejo, vibração de língua e de lábio, assim a emissão de variações melódicas foram sendo trabalhadas, como por exemplo falar a mesma palavra ou frase mudando sua entonação e a intenção do discurso.
Afirmam os autores que as fonoaudiólogas enfocaram técnicas utilizadas para a coordenação pneumofonoarticulatória, onde mostravam um modelo aos professores, em seguida eles o repetia, à medida que os professores foram entendendo as técnicas, se soltavam e o grupo passou a sugerir e criar variações dos exercícios propostos.
Os autores relatam que no quarto e ultimo encontro, os professores escolheram algumas frases e figuras sobre a voz, que foram descritas em cartazes e espalhadas pela escola em lugares onde os mesmos passavam diariamente, em seguida o grupo assistiu a um vídeo "O que é bom para o Dono... é bom para a Voz" (SINPRO; APROPUC) permitindo a eles uma retomada dos aspectos trabalhados nos encontros anteriores.
Segundo Vaz, et all (2002) vários estudos foram feitos e diversos programas de intervenção foram elaborados, tendo como objetivo que os professores tivessem um conhecimento sobre a etiologia dos sintomas e seus fatores agravantes, buscando-se uma melhor forma para a prevenção.
Os autores relatam que fonoaudiólogas fizeram um trabalho na Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP), onde elas observaram incidências de queixas vocais dos professores desde a atuação fonoaudiológica do antigo Departamento de Saúde Escolar (DSE). Houve então várias mudanças na organização dos recursos de saúde produzidas pelas administrações, sendo possível observar que a demanda dos educadores permaneceu.
Vaz, et all citam que esse trabalho teve inicio no ano de 1996, decorrente da transferência, ocasionada pela existência do programa de Atuação à Saúde (PAS), tendo a oportunidade de elaborar um curso de prevenção aos professores, com o apoio da Diretoria de Orientação Técnica (DOT).
Para os autores, o curso foi validado no ano de 1997 e a sua divulgação foi feita por meio de um anúncio no jornal, publicado no Diário Oficial do Município de São Paulo, tendo como titulo "Oficina: A Voz do Professor" com um caráter preventivo (teórico /prático) com carga horária de 20 horas, separadas em 8 aulas de 2 horas de duração cada uma e 4 horas para as práticas de atividades propostas, tendo a elaboração de relatórios, contendo impressões das possíveis mudanças observadas pelos próprios professores ao decorrer do curso.
De acordo com os autores, o objetivo do curso, era estar conscientizando os professores quanto aos mecanismos de produção da voz, visando à prevenção das alterações vocais e otimizando os potenciais nas performances de cada indivíduo.
Vaz, et all dizem que o curso seguiu da mesma forma que os outros anteriores, assim as fonoaudiólogas tinham autonomia para adequar formas de se ministrar os conteúdos de acordo com o grupo de professores, aplicando diferentes técnicas de acordo com o que cada educador dominava.
Para os autores, esse curso teve grande aceitação por parte dos docentes especialistas em educação, tendo um grande sucesso. As fonoaudiólogas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ministraram um curso com o mesmo conteúdo, sugerindo a união de atuação com esses profissionais, dessa maneira em 1998 essas fonoaudiólogas passaram a ministrar o mesmo curso.
Vaz, et all, dizem que na pesquisa prevaleceu o contato com os professores, e as fonoaudiólogas na Secretaria Municipal de Educação (SME). Elas verificavam um alto índice de queixas vocais variadas, independentes do nível de atuação de cada um, sendo na educação infantil ou mesmo no ensino fundamental.
Os autores citam que as fonoaudiólogas sentiram uma necessidade de conhecer mais as queixas vocais trazidas pelos professores, buscando saber como eram os ambientes de trabalho. Elas perceberam que não existiam afazeres especializados falando sobre esses assuntos relacionados ao público alvo (os professores do Município de São Paulo).
Segundo os autores as fonoaudiológas tiveram a idéia de realizar uma pesquisa falando sobre o assunto das queixas vocais, e levantaram hipóteses de um melhor conhecimento das características do grupo atendido, fornecendo dados para estabelecer novas estratégias para a prevenção dos problemas da voz.
Vaz, et all relatam que os professores que participaram da pesquisa eram na maioria do sexo feminino representado por 95,91% com faixa etária de 25 a 65 anos de idade, e a maioria deles dava aulas em classes de Educação infantil ou no Ensino Fundamental.
Os autores dizem que foram analisados as características do ambiente de trabalho e diferentes itens apareceram na pesquisa como ambiente silencioso, empoeirado, arejado, ruidoso, com ventiladores e úmidos. Dentre os itens apontados pelos próprios professores foram citados ambiente empoeirado com maior porcentagem totalizando 30,28%, e ambiente com ruído com 29,36%, com isso observou-se que 475 referências foram sobre ambientes empoeirados e 466 para ambientes ruidosos.
Vaz, et all citam que um ambiente empoeirado propicia um excesso de coriza e edemas na cavidade nasal, alterando todo o padrão vocal do indivíduo. O ruído também interfere na produção vocal, levando o sujeito a um aumento automático da voz em função do feedback auditivo, tendo uma necessidade de sobrepor o ruído externo e interno levando a produzir maiores esforços vocais.
Segundo os autores os sintomas negativos e as queixas mais comuns relatadas por 150 professores, conforme apresentamos em ordem decrescente: (1) pigarro; (2) cansaço vocal e (3) rouquidão. Também relatam que indivíduos que citaram mais de uma queixa, sendo as mais freqüentes entre os professores da pesquisa foram: (1) Pigarro, 185 professores; (2) Cansaço Vocal, 303 professores e (3) rouquidão, 191 professores.
Vaz, et all citam que outros sintomas relatados pelos professores foram tosse e a perda da voz, onde se observou que esse tipo de queixa estaria relacionada ao mau uso da voz aumentando a probabilidade de uma possível patologia laríngea.
Os autores observaram também que houve um grande numero de indivíduos que não apresentaram um diagnóstico de alterações vocais sendo 532 professores representados por 83,65% citados por otorrinolaringologistas. Já os 104 professores representados por 16,35% responderam afirmativamente essa questão, sendo que 19 educadores não souberam falar o tipo de alteração encontrada e dos 65 professores apenas uma das alterações foi citada na pesquisa.
Vaz, et all relatam que outras alterações freqüentes apareceram na pesquisa foram as disfonias funcionais onde 38 professores apresentaram essa queixa, o que representava 56%, seguida por nódulos 17 professores representados por 25% e as fendas 10 professores representados por 14,70% dos casos.
Os autores relatam que diante disso o baixo índice de diagnóstico pode ser explicado pela falta de recursos assistenciais, tendo longas filas de espera para um atendimento médico do tratamento na rede pública, assim o professor trabalha com um padrão vocal inadequado, o que pode vir a levar a um fator agravante de alterações orgânicas.
Um assunto abordado pelos autores foi sobre o uso do cigarro, álcool e as drogas onde 532 professores não fazem o uso dos mesmos, mas 104 disseram que fazer uso de algum desses consumos, sendo representados por 16,35% que usam o cigarro, 15,09% fazem uso do álcool e 0,94% usam algum tipo de droga, prejudiciais à mucosa das pregas vocais.
Segundo Vaz et all fala sobre a percepção da voz, que foi pesquisada com 211 professores e observou uma imagem vocal positiva, 33,18% apontaram apenas um item da questão, já 42 professores classificaram sua voz como agradável e representaram 19,90%, 30 professores disseram que suas vozes eram claras, representadas por 14,22%, e 28 dos professores disseram ter uma voz forte, representada por 13,27% dos indivíduos.
Assim Vaz, et all citam que os professores que assinalaram mais de um item, as características mais freqüentes foram: voz forte, 195 professores; voz clara, 190 professores e voz agradável, 171 professores.Com isso os professores puderam se conscientizar dos problemas vocais e corporais que cada um apresentou na pesquisa.
Fga. Priscilla Garcia de Oliveira