PERFIL IDEAL E REAL DOS ALUNOS DO ÚLTIMO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL MAIOR EM LÍNGUA INGLESA

Por Mauro Marinho da Silva | 30/01/2017 | Educação

RESUMO 

Este artigo busca traçar um perfil real do aluno concluinte do ensino fundamental, de uma escola em regime de convênio localizada na cidade de Itaituba-PA, contrastando com o perfil que os PCNs idealizam para esse aluno ao final dessa etapa de sua vida escolar, apontando para o que os espera no ensino médio, no que diz respeito à disciplina de língua inglesa. Inicialmente, são analisadas dezoito entrevistas de alunos de oitava série, com o objetivo de verificar se os objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais foram realmente atingidos por esses alunos. Depois, foi feito um levantamento de alguns princípios, variáveis e contextos institucionais, através dos quais o ensino de língua estrangeira aconteceria de forma diferente da mesmice improdutiva com que acontece nas escolas públicas pelo Brasil. Ao final, é feita uma reflexão sobre a diversidade de metodologias que podem e devem acontecer no ensino de língua inglesa, ao invés de privilegiar-se apenas uma.

INTRODUÇÃO 

O presente artigo foi pensado a partir da necessidade de os professores de língua inglesa saberem quão preparados seus alunos estão no momento da transição entre o ensino fundamental e o médio, se os objetivos preconizados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais estão realmente sendo atingidos pelos alunos ou se sua base linguística lhes dará condições de compreenderem textos autênticos no ensino médio e de se saírem bem em exames de seleção.

A partir de tal necessidade, optou-se por uma análise exploratória, com abordagem qualitativa. Considerando essa opção, torna-se pertinente analisar a concepção de Pedro Demo (1987, p. 11):

 

A percepção da qualidade não deve ser desculpa para a falta de rigor na análise, como se nas ciências sociais valesse a reflexão solta, confusa e mesmo disparatada. Pelo contrário, será um desafio a mais para apresentarmos construções científicas ainda mais cuidadosas.

 

A propósito, o próprio rigor na análise decorrerá do fato do autor deste artigo ter sido professor das turmas entrevistadas durante todo o ensino fundamental. Este trabalho contém análise de entrevistas feitas com dezoito alunos da oitava série da escola pública em regime convênio de ensino fundamental A Mão Cooperadora, município de Itaituba, Pará. É feita uma confrontação dos objetivos dos PCNs para o ensino fundamental e médio e em seguida é há o questionamento de que se não seria lógico que professores de inglês ensinassem por princípios baseados em teorias, metodologias, abordagens e técnicas que “iluminassem” sua prática docente, e que tais teorias, metodologias, abordagens e técnicas serão mal sucedidas sem cuidadosamente se considerarem os critérios que servem de base para sua aplicação bem sucedida em sala de aula. Os princípios elencados são os cognitivos, afetivos e linguísticos. Os cognitivos são: o da automatização, do aprendizado significativo, da recompensa, da motivação intrínseca e do investimento estratégico. Os princípios afetivos são o do ego idiomático, o da autoconfiança, o de assumir riscos e o da conexão da língua com a cultura.

Ao final, é feita uma reflexão sobre metodologias de ensino do inglês, não entrando em detalhes nem privilegiando nenhuma delas, mas procurando apontar para o fato de que cada metodologia tem sua utilidade, desde que utilizada pelo professor no momento certo.

 

EXPECTATIVAS DO ALUNO DE 8ª SÉRIE (PERFIL IDEAL)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino fundamental (1998) têm como objetivos a serem alcançados, ao longo dessa modalidade de ensino, os elencados abaixo:

 

- Identificar no universo que o cerca as línguas estrangeiras que cooperam nos sistemas de comunicação, percebendo-se como parte integrante de um mundo plurilíngue e compreendendo o papel hegemônico que algumas línguas desempenham em determinado momento histórico;

- Vivenciar uma experiência de comunicação humana, pelo uso de uma língua estrangeira, no que se refere a novas maneiras de se expressar e de ver o mundo, refletindo sobre os costumes e maneiras de agir e interagir e as visões de seu próprio mundo, possibilitando maior entendimento de um mundo plural e de seu próprio papel como cidadão de seu país e do mundo;

- Reconhecer que o aprendizado de uma ou mais línguas lhe possibilita o acesso a bens culturais da humanidade construídos em outras partes do mundo;

- Construir conhecimento sistêmico, sobre a organização textual e sobre como e quando utilizar a linguagem nas situações de comunicação, tendo como base os conhecimentos da língua materna;

- Construir consciência linguística e consciência crítica dos usos que se fazem da língua estrangeira que está aprendendo;

- Ler e valorizar a leitura como fonte de informação e prazer, utilizando-a como meio de acesso ao mundo do trabalho e dos estudos avançados;

- Utilizar outras habilidades comunicativas de modo a poder atuar em situações diversas.

 

Os sete objetivos acima são orientados para a sensibilização do aluno em relação à língua estrangeira, pelos seguintes focos: o mundo multilíngue e multicultural em que vive, a compreensão global (escrita e oral) e o empenho na negociação do significado e não na correção. Os PCNs ainda fazem uma reflexão sobre as condições encontradas na enorme maioria das escolas. Os parâmetros comentam também que a administração e organização do ensino da Língua Estrangeira são inadequadas em relação aos aspectos de quantidade, intensidade e exposição à língua, determinantes no nível de competência desenvolvido e na rapidez com que as metas podem ser atingidas (Brasil, 1998).

Para obtenção de dados concretos que identifiquem se os objetivos acima estão sendo atingidos, foi aplicada uma entrevista com perguntas abertas a dezoito alunos de turmas de oitava série da Escola em Regime de Convênio de Ensino Fundamental “A Mão Cooperadora”, Itaituba, Pará.

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