PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PORTADORES DE HANSENÍASE
Por Lorise Fausto | 07/10/2009 | SaúdeUNIVERSIDADE PARANAENSE - UNIPAR
CURSO DE ENFERMAGEM
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PORTADORES DE HANSENÍASE NOTIFICADOS PELA 8ª REGIONAL DE SAÚDE DE FRANCISCO BELTRÃO – PR DE 2000 A 2006
LORISE FAUSTO
FRANCISCO BELTRÃO – PR
2007
RESUMO
A hanseníase é uma doença milenar, estigmatizada que se configura como problema de saúde pública. A detecção de casos dessa enfermidade apresenta um significado epidemiológico importante por indicar a gravidade da endemia e precocidade de exposição da população ao bacilo o agente etiológico da hanseníase Mycobacterium leprae, configurando-se como importante elemento para avaliação da magnitude da doença. O objetivo foi descrever o Perfil Epidemiológico dos portadores de Hanseníase notificados pela 8ª Regional de Saúde de Francisco Beltrão - PR de 2000 a 2006, e tendo consciência de que o tratamento existe a tempo, porém, ainda não foi eliminada, buscou-se verificar o porquê do aumento do número de casos notificados. Analisando indicadores epidemiológicos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação Windows (SINANW). Teve como metodologia um estudo de natureza bibliográfica, exploratória de caráter quali-quantitativo. Desta forma vale ressaltar a contribuição da enfermagem na descoberta de novos casos, através da busca ativa, mídia e da capacitação dos profissionais engajados no propósito de eliminação da doença.
Palavras-Chave: Hanseníase, Perfil Epidemiológico, Enfermagem, Busca Ativa.
INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença milenar, com uma história muito conhecida pela comunidade como sendo incurável, contagiosa e com um estigma muito grande por parte da sociedade. A hanseníase parece ser uma das mais antigas doenças que acometem o homem.
Sabe-se que durante anos as pessoas portadoras da hanseníase eram marginalizadas da sociedade e viviam em leprosários onde eram esquecidos pelas famílias e pelo meio social em que viviam. Essa doença não teria a importância que tem se fosse apenas uma doença de pele contagiosa, mas, além disso, seu agente etiológico tem predileção pelos nervos periféricos, causando incapacidades e deformidades, levando ao medo e preconceito que envolve a doença, que se não tratada precocemente, irá continuar sendo transmitida (BRASIL, 2002).
No entanto, essa é uma doença que representa um importante problema de saúde pública, pois a transmissão, sua evolução crônica, sua capacidade de provocar lesões incapacitantes, se não tratada, além do estigma que a envolve, são fatores que devemos considerar.
Assim, a hanseníase, que também se encaixa no rol dessas patologias transmissíveis, possui referencias milenares (desde 600 a.C.), tendo sido devidamente analisada pelo pesquisador Gerhardt Hansen (GOUKART, 2005) que constatou, no ano de 1873, que essa doença era causada por uma bactéria (Mycobacterium Leprae) a qual era responsável pelo acometimento de nervos, provocando perda motora e sensitiva, bem como lesões dermatológicas (manchas pigmentares ou diacrônicas, placas, infiltração, tubérculo, nódulo) Sendo o domicílio é apontado como importante espaço de transmissão da doença. Esse Bacilo é Álcool Ácido Resistente (BAAR), parasito intracelular obrigatório que apresenta afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos (ROBBINS, 2000 apud BRASIL/MS, 2002)
Segundo o Ministério da Saúde (2001), ao final da década de 40, houve uma revolução no tratamento da hanseníase, as pessoas passaram a ser tratadas em ambulatórios, retirando-os dos leprosários. A doença passou a ser tratada como um problema de saúde pública, devido a sua magnitude e ao seu potencial incapacitante e por acometer a população na faixa etária economicamente ativa, e seu tratamento ficou na responsabilidade das Unidades Básicas de Saúde (UBS).
No Brasil, a hanseníase permanece como um problema de saúde que exige vigilância, o País vem desde 1995, reestruturando suas ações voltadas para este problema e, em 1999, ratificou o compromisso de eliminar a hanseníase até 2005, quando se objetiva alcançar o índice de menos de um caso em cada 10.000 habitantes. Segundo dados do Boletim epidemiológico e operacional da hanseníase, o Brasil ocupa o segundo lugar em números de casos novos no ranque mundial (OMS, 2001; DATASUS, 2005)
Neste estudo foi descrito o Perfil Epidemiológico da Hanseníase, através da estruturação e implantação do Sistema de Informação de Agravos e Notificação Windons (SINANW) nos últimos sete anos, monitorando e acompanhando a real situação endêmica da Hanseníase notificadas pela 8ª RS, nesta constará uma análise epidemiológica da evolução do programa para a eliminação da doença.
Este trabalho teve como objetivo conhecer o número de portadores de Hanseníase por sexo, idade e procedência notificados pela 8ª Regional de Saúde de Francisco Beltrão – PR entre 2000 a 2006. Objetivou-se ainda identificar e conhecer informações sobre a doença e seu comportamento epidemiológico e computar estatisticamente o número de casos de hanseníase notificados durante este período.
Sabe-se que o diagnóstico e o tratamento já existem há muito tempo, porém é desconhecida à causa, razão e circunstância da não baixa dos casos desta doença, então se pergunta: Por que o número de casos não baixa?
Este tende a contribuir para futuras pesquisas e não somente acadêmicas, mas formação de novos profissionais de saúde, bem como, cumprir o papel do acadêmico como pesquisador fornecendo subsídios a sociedade que esta inserida.
Entender que o enfermeiro tem papel fundamental nos casos notificados de hanseníase, considerando aspectos que quanto mais cedo se diagnostica a doença mais cedo se obtém a eliminação da mesma.
Neste sentido, este estudo traz um enriquecimento ao profissional de saúde na construção do conhecimento na área de epidemiologia, e se faz necessário uma vigilância epidemiológica disposta a alertar os profissionais de saúde frente à problemática que essa clientela vivência, ressaltando que ela é de suma importância para a eliminação da doença.
Vigilância Epidemiológica "corresponde a um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle das doenças e agravos" (BRASIL/ MS, 2004 p. 29).
Segundo Pereira (2002) a hanseníase tem cura quando tratada inicialmente e é de fácil diagnóstico. Para tanto, é necessário que a população esteja informada sobre os sinais e sintomas da doença (manchas com perda de sensibilidade) que tenha fácil acesso ao diagnóstico, bem como ao tratamento, que é oferecido pela rede publica de saúde (SUS).
O tratamento do paciente com hanseníase é fundamental para curá-lo, fechar a fonte de infecção interrompendo a cadeia de transmissão da doença, sendo, portanto, estratégico no controle da endemia e para controlar a Hanseníase enquanto problema de saúde publica. (PEREIRA, 2002, p. 65).
Visando a descoberta e o registro dos casos de hanseníase precocemente, o Ministério da Saúde (2002) afirma que além dos trabalhos dos profissionais e das unidades de saúde, é extremamente importante que a população esteja informada e motivada a "lutar" pelo combate da doença.
Para a operacionalização e eficácia da vigilância epidemiológica da hanseníase na obtenção e fornecimento de informações fidedignas e atualizadas sobre a doença, sobre o seu comportamento epidemiológico e sobre as atividades de controle do mesmo, é necessário um sistema de informação efetivo e ágil. (BRASIL /MS, 2002)
Sendo assim, dá-se a importância da busca ativa e a implantação do SINAN para a cura dessa doença e a eficácia do tratamento quimioterapico específico a poliquimioterapia (PQT) e terapias preventivas e reabilitação, como por exemplo, a fisioterapia (BRASIL/MS, 2002).