Perfeitos estranhos
Por Luiz Alberto da Silva Barreto | 07/02/2012 | FamíliaPERFEITOS ESTRANHOS
Dr. Luiz Barreto Fisioterapeuta e Fisiologista do Exercício
Homens e mulheres se unem em matrimonio sem saber que não passam de perfeitos estranhos durante todo o tempo de suas vidas.
A princípio quando duas pessoas se casam, parecem ter interesses em comum, mas, na verdade, os interesses são totalmente diferentes. A família construída a partir do casamento deveria ser estruturada em: Interesses em comum, em união, respeito, auxílio mútuo, a defesa dos interesses do outro. Um dedicar-se outro na saúde, na doença, na alegria na tristeza, na riqueza e na pobreza até que a morte os separe. Na verdade o que se observa por ai é o oposto. São poucos os casais que seguem essas normas matrimoniais. Alguns chegam a ser inimigos declarados, mas permanecem ali em prol dos seus interesses individuais. É bem verdade que são duas pessoas totalmente diferentes, mas deveriam ter a mesma linha de pensamento, os mesmos interesses, seguir o mesmo caminho. É a metade da laranja encontrando a metade de um limão.
O casamento pressupõe não só o prazer, mas também responsabilidades que se tornam muito pesadas e desagradáveis aos desavisados ou quando são carregadas apenas por um dos cônjuges. A disputa pelo comando também pode se tornar um problema. Não há democracia num lar, mas sim um regime ditatorial que impõe uma série de cobranças inclusive de fidelidade. Não há liberdade. As pessoas passam a não tem mais vida própria. O governado não tem mais tempo para si próprio. O ditador toma cada vez mais o tempo, as energias, a vida do governado. Estreita todos os espaços para que ele não consiga cuidar de si, tornando-o um prisioneiro. Alguns até pensam que isto é amor. Na realidade é posse! Se o ditador se sente seguro, o governado está sob seus olhos, ele relaxa e não se preocupa nem um pouco e não cuida do seu comandado. É como se fosse um estranho. Na verdade é um estranho.
As cobranças mais comuns são as da ordem financeira. Se não está faltando nada, o comandado é deixado de lado como se fosse um estranho. Esse estranho só voltará a ser lembrado se algo faltar. A culpa por essa atitude é sempre da correria do dia a dia, das responsabilidades e de um suposto cansaço. E quando não há mais inspiração para inventar desculpas, usa-se o artifício de atribuir ao outro a culpa de querer ficar brigando. Nunca se tem tempo para dar atenção a um estranho.
As Pessoas não estão preparadas e, muitas vezes, nem dispostas a assumirem responsabilidades. O que importa é o prazer e o bem estar próprios. O amor e o companheirismo não mais existem. Será que ainda é possível esse resgate? Será que os casais continuarão a ser perfeitos estranhos?
Rio de Janeiro, 07/02/2012