PERDÃO - NA VISÃO DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
Por CLÁUDIO DE OLIVEIRA LIMA | 18/11/2010 | PsicologiaPERDÃO NA VISÃO DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL
Se não há culpa, não precisa de perdão.
O perdão pedido não corrige o acontecido e nem tira o sofrimento provocado. Seja responsável nas suas atitudes e comportamentos.
INTRODUÇÃO:
Mágoa, rancor, ressentimento e ódio são sentimentos que podemos vivenciar ou não, diante de agressões, ofensas, frustrações, decepções, etc, sofridas por nós.
Perdoar é construir, dentro de nós, uma lógica vivencial, diante do acontecido, capaz de superar as mágoas,os rancores, os ressentimentos, as decepções, as culpas ou os desejos de vingança, provenientes dos atritos e das contrariedades experimentados em nosso dia-a-dia.
Enquanto existirem tais sentimentos, dentro de nós, não haverá condições de perdoar. Haverá no máximo uma acomodação à determinada situação, por mera conveniência ou necessidade, mas essa não será a melhor solução para os nossos problemas.
Para o autogerenciamento vivencial, o perdão está além do ato de pedir ou dar perdão.
DESENVOLVIMENTO:
O perdão, em sua essência, é pouco compreendido. Somos educados para crer que perdoar se resume em aceitar o desrespeito dos outros, em prol de uma recompensa maior, vinda de Deus. E quando ele não acontece, infringem-se os códigos religiosos, morais e sociais. Somos, por isso, passíveis de alguma condenação.
Desse modo, o perdão, tão valorizado nos círculos religiosos, tem como elemento motivador, o SENTIMENTO DE AUTOCONDENAÇÃO, que fustiga não só a alma do agressor como também a do agredido.
Na alma do agredido, brota o sentimento de medo de ser condenado por não ter perdoado; na do agressor, o medo de ser condenado por não ter pedido perdão.
No fundo, ambos estão tentando fugir de uma condenação, que acreditam que seria severa, imposta por Deus.
"A motivação do pedido de perdão e do perdão é o medo da punição maior".
Quanta grandiosidade !!!!!!!!
Somos educados a entender o perdão sobre dois pontos de vista:
1. Em relação ao mal que o outro (o autor) fez contra nós (vítima). Perdoando-o.
2. Em relação ao mal que fizemos (autor) ao outro (vítima). Sendo perdoado.
Nessas duas maneiras de se entender o perdão, os causadores do desrespeito é que são perdoados pelas vítimas, para que fiquem com as suas consciências tranqüilas, em paz consigo e com Deus.
E o agredido como fica? Quem o perdoa pelo que sofreu ? Deus!! Será?
Pensando bem, Deus nos deu o livre arbítrio, logo quem decide sobre si, é a própria pessoa; conseqüentemente, ela só pode se perdoar. Terá ela poder para perdoar o outro?
Se Deus nos fez responsável apenas pelos nossos atos e não pelos dos outros, é coerente pensar que só podemos perdoar os nossos erros; os dos outros , não.
Não somos responsáveis pelo que os outros fazem. Cada um é responsabilizado pelos próprios atos e atitudes; donde se conclui que cada um só tem a condição de perdoar a si mesmo.
Assumir sofrimento pelo erro do outro é uma demonstração clara de falta de auto-amor.
Acordaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!
"Perdoar é assumir os próprios atos".
Na visão ortodoxa do perdão, o que, na verdade, acontece é o seguinte: o outro comete atos de desrespeito contra mim e eu ainda tenho que perdoá-lo. Assumo a causa, a culpa, a dor, o sofrimento e ainda o perdôo. Nesse caso, o ato de perdoar apresenta um aspecto a ser analisado, ou seja, tenho que aceitar o ato injusto do outro contra mim e também suas conseqüências. Sou obrigado a engolir algo que eu não queria engolir. E ainda, tiro a culpa, a responsabilidade do outro sobre o seu ato para que ele fique bem consigo mesmo. E eu como fico?
Segundo a ótica do autogerenciamento vivencial, cada um é responsável pelos seus atos, logo pelo seu perdão. Ninguém tem o poder de perdoar o outro, somente o próprio é que poderá se perdoar, se assim o quiser. A responsabilidade do ato e´ do autor, de mais ninguém.
Se aceito o ato injusto do outro contra mim, não o estou perdoando e sim me perdoando, ao superá-lo. É como se dissesse: Eu me perdôo no instante em que já não mais me perturbo com o que o outro fez comigo. Só a própria pessoa pode tirar o sentimento negativo do ato que a atingiu ou que praticou.
Seria tão bom se tivéssemos o poder de perdoar o outro, de tirar-lhe a culpa, o mundo seria uma maravilha e os terapeutas teriam uma única função, a de perdoar os seus pacientes.
Na realidade, o perdão aos outros, nada mais é, que um modo de dizermos a eles, que já nos perdoamos, ao transcender o que fizeram conosco.
Num ato de traição, por exemplo, o traído se perdoa, quando deixa de odiar o traidor, mas não lhe cabe o poder de perdoar a traição em si.
O ato de traição pertence ao traidor, é um problema dele, e não do traído. Ao perdoar, o traído se perdoa pelo sofrimento que impingiu a si mesmo, por causa de um ato praticado pelo outro. Isso nos conduz a um raciocínio de que não existe o perdão ao outro, mas somente o autoperdão.
O poder de responder por si, é só seu.
Na realidade, quando concordo sem aceitar (sem autoperdão) o que o outro fez ou faz comigo, ou é porque existem motivos pessoais, tais como: apego, dependência, insegurança, medo das conseqüências, autopiedade,culpa etc; ou estou em busca de reconhecimento, por parte do outro, da sociedade ou de Deus, de um valor que em mim não reconheço. Vivo com a dor e o sofrimento em prol de algo maior, talvez o amor de Deus, o reino do céu.
Enfim, o que vejo na maioria das pessoas é que, no fundo, no fundo, a pessoa concorda, mas não transcende, pois a mágoa continua, logo não houve o verdadeiro perdão. A pessoa apenas se acomodou a uma situação. Volta e meia, as mágoas vêm à tona, produzindo dor e sofrimento, impedindo a pessoa de ser feliz no presente.
Atenção:
O verdadeiro perdão ocorre quando há uma mudança de pensamento, de comportamento, de atitude na vida da pessoa. Quando já não existe nenhuma emoção negativa ligada ao que aconteceu.O que foi feito, está feito; a única solução é buscar novos significados que engrandeçam a si mesmo.
Concluindo:
O perdão, na visão do autogerenciamento vivencial, é pessoal e intransferível e de extrema importância para o nosso crescimento interior. Ele nos alivia, retirando de nossas mentes pensamentos que só nos envenenam pois possui um poder inigualável na nossa libertação, no nosso crescimento. Livra-nos das amarras da mágoa, do ressentimento, da culpa, da perfeição, do orgulho, da vingança, do passado, e em vez de tornarmos escravos, nos tornamos senhores das nossas vidas. Daí a sua importância no gerenciamento das nossas vidas.Um mau gerenciamento do perdão nos aprisionará ao mundo da culpa, da dor, do sofrimento e da vingança.
Perdões
Byafra
Composição: Biafra / Nilo Pinto
Perdoar, não vai adiantar
Fugiu das mãos, não dá para segurar
Quando a gente não suporta mais nem se falar
Quando falta aquele brilho no olhar
É porque o amor deixou de ter sentido
E a gente só está junto por ficar
Insistir não vai adiantar o coração não ama por amar
Se o amor quebrasse e desse pra consertar
Era só pedir desculpas, nada mais
Era só fazer de conta que era mentira
E fingir que tudo um dia vai mudar
Se todo amor tivesse perdão
Não haveriam tantas canções
Se todo amor ficasse resolvido
Não teriam tantos corações partidos
Se todo amor tivesse perdão
Não haveriam separações
O tédio venceria o conflito
E não teriam novas paixões
Só perdões
Drº Cláudio de Oliveira Lima ? psicólogo
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