Percepções de alunos adolescentes sobre comportamentos e atitudes de professores na sala de aula
Por MIREIA APARECIDA ALVES DO VALE | 17/06/2011 | EducaçãoMiréia Aparecida Alves do Vale
Percepções de alunos adolescentes sobre comportamentos e atitudes de professores em sala de aula
Londrina
2010
Miréia Aparecida Alves do Vale
Percepções de alunos adolescentes sobre comportamentos e atitudes de professores em sala de aula
Trabalho apresentado à Disciplina 6Est106 ? Estágio em Língua Inglesa II, do curso Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial para a conclusão do curso de Licenciatura em Língua Inglesa e Respectivas Literaturas.
Professora: Denise Ismênia Bossa Grassano Ortenzi
Londrina
2010
VALE, Miréia Aparecida Alves. Percepções de alunos adolescentes sobre comportamentos e atitudes de professores em sala de aula. 2010. XX folhas. Artigo (Licenciatura em Letras Estrangeiras Modernas) ? Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2010.
RESUMO:
O presente trabalho foi elaborado com o objetivo investigar as percepções de alunos adolescentes em relação a atitudes e comportamentos de professores na sala de aula e como isso pode marcar suas vidas ao longo dos anos. Para tanto foi elaborada uma pesquisa onde 31 alunos do 1º ano do ensino médio de um colégio estadual apontaram situações que consideram inadequadas enquanto postura de um professor na sala de aula. A pesquisa foi fundamentada com base nas idéias de Paulo Freire que apresenta a educação como prática libertadora e que isso de dá através da concretização das relações por meio de diálogo e a hipótese do filtro afetivo elaborada por Krashen, que aponta que um aluno pode absorver mais ou menos o conhecimentos que é passado tendo em vista a relação mantida com o professora e o ambiente criado no contexto da sala de aula. Os dados apontaram para percepções implícitas na idéias dos alunos investigados, bem como o discernimento que muitos apresentaram ao sugerir o que seria adequado fazer enquanto professor, além de relatos de experiências negativas que mostram que algumas situações ficam registradas na memória daqueles que se sentem de alguma maneira prejudicados.
Palavras-chave: Afetividade. Percepções. Diálogo. Comportamento. Inadequado.
VALE, Mireia Aparecida Alves. Perceptions of adolescents students on behaviors and attitudes of teachers in the classroom. 2010. 24 sheets. Article (letters degree in modern foreign and respective literatures) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2010.
ABSTRACT:
This study was designed with the objective to investigate adolescents students' perceptions in relation to attitudes and behaviors of teachers in the classroom and how it can mark their lives over the years. This way a survey was conducted through a focus group with students / teachers and 31 students after the 1st year of high school in a state college indicated that they consider inappropriate situations such as posture of a teacher in the classroom. The research was founded based on the ideas of Paulo Freire that presents education as a liberating practice and that it is done through the implementation of relations through dialogue and the affective filter hypothesis developed by Krashen, which indicates that a student can absorb more or less the knowledge that is passed in the view of the relationship with the teacher and the environment created in the context of the classroom. The data indicated that perceptions implicit in the ideas of the students surveyed, as well as the insight that many had to suggest what would be appropriate to do as a teacher, besides reports of negative experiences that show that some situations are recorded in memory of those who feel some way prejudiced.
Keywords: Affectivity. Perceptions. Dialogue. Behavior. Inadequacy
DEDICATÓRIA
Á minha mãe Leonora Alves da Silva, que tem sido meu anjo desde que partiu para o lado de Deus. E que nunca me deixou desanimar mesmo quando desistir parecia ser a única solução
AGRADECIMENTOS:
Agradeço a Deus por ser sempre presente na minha vida, mesmo nos momentos mais difíceis.
Ao meu pai Aparecido do Vale, meu amigo que dedicou toda a sua vida à minha felicidade.
Aos meus amados irmãos Alex, Izabelle e Edvaldo e a toda a minha, por existirem e significarem tanto para mim.
Aos meus grandes amigos Ana Maria Timóteo e Luiz Henrique Aguiar que mesmo distante nunca deixaram de me apoiar em cada passo que eu dei durante toda essa caminhada.
À Rafaella, Luana, Adriana e Natália que eu tive a alegria de ter como amigas, sempre presentes, mesmo em momentos difíceis.
Ao Vinicius Mendes por ser meu parceiro, meu amigo e meu companheiro em todos os momentos.
À minha orientadora Denise Ismênia Bossa Grassano Ortenzi, pelo carinho, pela compreensão e direcionamento durante toda a execução desse trabalho.
SUMÁRIO:
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................8
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA .....................................9
2.1 A ADOLESCÊNCIA .......................................................................................9
2.2 A AFETIVIDADE E O APRENDIZADO ........................................................10
2.3 CONCEPÇÕES DE PAULO FREIRE SOBRE EDUCAÇÃO ........................11
3. METODOLOGIA ...........................................................................................14
3.1 CONTEXTO .................................................................................................14
3.2 SUJEITOS-PARTICIPANTES ......................................................................15
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ..................................................15
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA .................................................................15
3.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE ................................................................16
3.6 RESULTADOS ...............................................................................................16
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................23
ANEXOS ............................................................................................................. 24
1. INTRODUÇÃO:
O presente trabalho foi elaborado como objetivo investigar as percepções de alunos adolescentes em relação a atitudes e comportamentos de professores na sala de aula na busca por estabelecer uma relação amigável.
Tal estudo é relevante uma vez que, ao lidar com diversos indivíduos no ambiente da sala de aula, os professores tendem a buscar maneiras de se aproximar dos mesmos e muitas vezes isso acontece de maneira que afasta os alunos do professor, criando muitas vezes situações de conflito.
Na década de 80, Krashen iniciou os estudos tratando da questão do filtro afetivo, apontando para a melhor aprendizagem conforme a boa relação existente entre professor/aluno. A hipótese do filtro afetivo incorpora a visão de que um número significativo de variáveis afetivas desempenha papel fundamental na aquisição da aprendizagem. A teoria desenvolvida por Krashen (1987) compreende cinco hipóteses: a distinção entre aquisição e aprendizagem, a ordem natural, o monitor, o insumo e o filtro afetivo, sendo que, para ele, as duas últimas hipóteses seriam as responsáveis pela aquisição de conhecimento.
Nesse trabalho vamos tratar da percepção de alunos adolescentes. Para tanto, é fundamental levar em consideração a fase de transição da infância para a vida adulta que é vivida por esses indivíduos. De acordo Basso (apud Piaget, 1967), a adolescência é o período marcado por profundas mudanças cognitivas e afetivas que culminam quando o jovem é capaz de se organizar, de estruturar sua personalidade e de ingressar definitivamente no mercado de trabalho.
Conforme traz Basso (2008) é em função de tais mudanças tão intensas que alunos adolescentes apresentam, em vários momentos, desenvolvimento muito aquém das expectativas dos professores. Além disso, passam por crises que se manifestam nos níveis físico, psíquico-cognitivo e social.
É no meio dessa grande transição que o filtro afetivo pode interferir imensamente no aprendizado, levando-se em consideração que adolescentes têm uma intensa necessidade de serem notados em meio a esse turbilhão de conflitos internos que estão vivenciando.
E é nesse momento que muitas vezes ele se mostram desinteressados, agressivos com os demais, inclusive com o professor. Ele não aceita que o professor se mostre superior a ele ou que tente comandá-lo diante dos colegas, expondo-o ao ridículo de acordo com as suas interpretações.
Considerando essas teorias e levando em consideração uma experiência pessoal que tive com uma professora de literatura, que após atitudes que considerei totalmente inadequadas, fizeram com que eu passasse a ter grande dificuldade em aprender o conteúdo que até então era a área pela qual mais sentia interesse, passei a pensar sobre a relação professor /aluno nas aulas do estágio, onde atuava com alunos adolescentes no primeiro ano do ensino médio. Resolvi investigar a percepção que eles têm sobre determinados comportamentos e atitudes que o professores apresentam em sala de aula na busca da criação de um bom relacionamento professor / aluno.
A elaboração desse estudo tem como objetivo contribuir para os estudos sobre afetividade e diálogo na relação professor/aluno. As pesquisas feitas nessa área apontam para a importância da afetividade no universo da sala de aula e do professor compreender cada aluno como uma pessoal única, além de mostrar como o diálogo tem papel fundamental na criação de tais laços afetivos.
Pretendo ao final do estudo responder as seguintes perguntas de pesquisa:
Qual a percepção de alunos adolescentes sobre determinados comportamentos e atitudes de professores na sala de aula?
Como se caracterizam as experiências negativas dos alunos na interação com os professores?
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA
A apresentação da seção está organizada em três partes, sendo que na primeira faço a apresentação do conceito de adolescência trazido por Basso, em seguida são apresentadas as teorias de Krashen sobre filtro afetivo e aprendizagem e, finalmente, as concepções de Paulo Freire sobre educação, que a considera como prática de liberdade, além de trazer os malefícios do aluno oprimido em sala de aula.
2.1 A ADOLESCÊNCIA
Para Basso (2008) o conceito de adolescência é entendido como uma fase de amadurecimento, transição, onde o indivíduo se vê deixando de ser criança, mas, no entanto ainda não se considera um adulto. Portanto se encontra diante de grandes conflitos internos que tendem a influenciar as pessoas e o ambiente em que se encontra.
Segundo a definição encontrada no dicionário Houssais (2001), a palavra adolescência tem origem no verbo latim adolescere, que significa crescer, ou crescer até a maturidade, resultando em transformação de ordem social, psicológica e filosófica.
E devido a tais mudanças que acontecem nessa fase da vida, muitas vezes estar em sala de aula com alunos adolescentes é um desafio para o professor, pois o mesmo busca afirmações, aceitações, e por repetidas vezes age de maneira desinteressada e até mesmo com certa afronta em relação a quem tenta participar do mundo que está sendo recriado por ele.
No meio desse processo de transição da infância para a fase adulta o adolescente passa a ter sua percepção cada vez mais crítica em relação às pessoas e a como elas agem em relação a ele.
Tendo em vista o termo percepção, nos deparamos com várias definições, porém aqui iremos nos deter a percepção de acordo com a idéia estabelecida pela área da psicologia conhecida como Psicologia Social que trabalha com o conceito de percepção social.
Segundo Matos (2006, p.46):
Uma interação social começa quando uma pessoa percebe a outra. A percepção de pessoas (percepção social) envolve julgamento ou juízo avaliativo. Essa avaliação que fazemos dos outros é importante para ajudar a decidir como se comportar com as outras pessoas. (MATOS 2006, p.46)
É aí que está a imagem que um aluno adolescente irá ter sobre a forma de um professor se comportar em sala de aula. A partir desse conceito de percepção, o aluno desenvolve suas idéias sobre uma pessoa, nesse caso o professor, e como esse age em relação a ele.
No entanto, aqui é importante ressaltar que de acordo com Pisani (1994) podem existir várias fontes de erros na percepção social, já que o estado do percebedor é um fator determinante na percepção social e o mesmo pode tornar-se mais ou menos exato devido a expectativas, sentimentos e necessidades que esse indivíduo possui.
2.2 A AFETIVIDADE E A APRENDIZAGEM
Quanto á relação entre afetividade e aprendizagem, nos remetemos para a hipótese do filtro afetivo estabelecida por Krashen, que se considerada de acordo com o contexto vivido em sala de aula aponta para as seguintes situações como fundamental para o ensino: 1) encorajar o aluno a quebrar suas barreiras de medo, ansiedade, inibição e insegura; 2) motivar o maior número possível de alunos; 3) desenvolver a autoconfiança e a receptividade em feedbacks para a evolução do seu aprendizado.
Aqui é importante ressaltar que Krashen tem seu trabalho voltado para questões de aquisição de uma segunda língua em sala de aula e suas considerações são importantes para que o professor estabeleça um ambiente favorável à aprendizagem, levando-se em consideração, principalmente a relação professor/aluno que surge no ambiente em questão. Tendo em mente tais condições que favorecem a aprendizagem, passo a abordar as idéias de Freire que se inserem em um plano maior da educação, já que o autor vai além da relação estabelecida em sala de aula, ao conceber educação como possibilidade de libertação e emancipação.
2.3 PERSPECTIVAS DE PAULO FREIRE SOBRE EDUCAÇÃO
De acordo com Freire, existem duas formas de se comportar enquanto professor na sala de aula, a bancária e a libertadora.
A primeira seria a forma bancária de ensinar, onde o aluno seria apenas um receptor das informações que seriam, posteriormente, arquivadas. De acordo com Freire (1987, p.33), "em lugar de comunicar-se, o educador faz "comunicados" e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem". Ele ainda acrescenta que:
Na visão "bancária" da educação, o "saber é uma doação dos que se julgam sábios aos que julgam nada saber. Doação que se funda numa das manifestações instrumentais da ideologia da opressão ? a absolutização da ignorância, que constitui o que chamamos de alienação da ignorância, segundo a qual, esta se encontra sempre no outro. (FREIRE, 1987, p.33)
A educação bancária tende a reprimir os educandos, tornando-os alienados ao que é passado, além de desmotivá-los em sua aprendizagem, já que os mesmo já tidos apenas como meros ouvintes e receptores do conhecimento de um professor que se julga o detentor absoluto do saber, causando aí a opressão nos alunos que tende a deixá-los cada vez mais fechados e reprimidos em seu universo interior.
De acordo com Freire (1987, p.37), "a opressão é um controle esmagador, é necrófila. Nutre-se do amor à morte e não do amor à vida". É importante ressaltar que o aluno se sente oprimido quando o professor não se preocupa em exercer o processo de comunicação com a sala. E uma vez oprimidos, os alunos podem se revoltar e passar a se sentir revoltados de maneira que ataquem o opressor, que são geralmente desumanizados, não se importando com aqueles que sofrem opressão.
Os oprimidos por sua vez na luta por sua libertação, lutam contra quem os fez menos, contra quem os fez sentirem-se pequenos e oprimidos. Nessa luta, eles esperam tornar-se novos homens, mas geralmente, acabam se tornando novos opressores, muitas vezes piores do que aqueles dos quais foram vítimas. Freire (1987, p.17) faz tal afirmação ao dizer que "quase sempre, num primeiro momento deste descobrimento, os oprimidos, em lugar de buscar a libertação, na luta por ela, tendem a ser opressores também, ou subopressores".
Freire acrescenta ainda:
O "homem novo", em tal caso, para os oprimidos, não é o homem a nascer da superação da contradição, com a transformação da velha situação concreta opressora, que cede seu lugar a uma nova, de libertação. Para eles, o novo homem são eles mesmos, tornando-se opressores de outros. (FREIRE, 1987, p.18)
Esse conceito de opressão está intimamente ligado à idéia da educação bancária, que segundo o próprio Freire, acontece quando o educador sente-se detentor de todo o conhecimento, não permitindo que aconteça o diálogo com seus alunos, que são tidos como meros receptores do conhecimento e devem armazená-lo. Dessa maneira, o indivíduo vítima da educação bancária não conseguiria de maneira alguma ter qualquer relação de afetividade com seu educador, pois além de todos os conflitos vivenciados por ele, especialmente o adolescente, ainda enfrentaria a opressão vinda do professor.
Por outro lado, o que seria adequado tendo em vista um educador que busca a aproximação com seus alunos, bem como o estabelecimento de um diálogo saudável em sala de aula, seria a educação em sua forma libertadora, que conforme é apresentada por Freire (1987), negaria os comunicados e existência à comunicação. Dessa maneira, os educandos não são apenas o "depósito" do conhecimento e sim uma parte que age com participação direta na aquisição desse conhecimento, já que o mesmo acontece através de uma troca, que acontece por ambas as partes, tanto é passado pelo educador, como também pelo educando. Sendo assim, a meu ver, o conhecimento flui de maneira saudável, tendo em vista a valorização do diálogo no ambiente da sala de aula.
Ainda seguindo a idéia estabelecida por Freire:
O diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidariza o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias de um sujeito no outro, nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes. (FREIRE 1987, p.45).
Dessa maneira, através da educação libertadora seria possível estabelecer uma relação de aproximação com os alunos em sala de aula, valorizando cada indivíduo como um ser único com suas particularidades e, a partir daí, seria possível aplicar a hipótese do filtro afetivo como facilitador da aquisição do conhecimento. E para que a libertação possa acontecer é preciso que o diálogo se dê na sua forma mais absoluta e concreta.
Freire (1987) afirma que "não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia do mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há amor que a infunda". Essa idéia nos remete novamente à valorização de cada aluno adolescente enquanto pessoa na sala de aula, sendo necessário levarmos em consideração o que cada um sente e a forma como está enfrentando as mudanças naturais da idade. Considerando- se que a libertação que se espera almejar seria segundo Freire (1987), dolorosa e não poderia acontecer de forma individual, necessitando da comunhão com os demais para sua realização. Sendo, então, imprescindível a realização de um diálogo crítico e libertador para que isso seja possível.
Com base nas considerações de Freire, acredito que, para que um professor possa motivar um aluno e manter o filtro afetivo baixo de maneira que venha a contribuir com a aprendizagem, é importante que a relação seja no estilo "libertadora" e não "bancária". Focando o ensino em uma relação dialógica que aconteça de forma saudável e tendo o amor como fundamento, não existindo dominação por nenhuma das partes, pois segundo Freire (1987):
Sendo fundamento do diálogo, o amor é, também, diálogo. Daí que seja essencialmente tarefa dos sujeitos e que não possa verificar-se na relação de dominação. Nesta, o que há é patologia de amor: sadismo em quem domina; masoquismo nos dominados. Amor, não, porque é um ato de coragem, nunca de medo, o amor é compromisso com os homens. Onde quer que estejam eles, oprimidos, o ato de amor está em comprometer-se com sua causa. A causa de sua libertação. Mas, este compromisso, porque é amoroso, é dialógico. (FREIRE, 1987, p.45)
Compreendendo a hipótese do filtro afetivo, entendendo a complexidade de cada um, levando-se em consideração a fase de transição da infância para a vida adulta e buscando estabelecer a educação libertadora e não "bancária" enquanto educador, a aprendizagem poderia ser mais fácil e eficiente, pois, segundo Freire (1987, p.69) o importante, do ponto de vista de uma educação libertadora, e não "bancária", é que, em qualquer dos casos, os homens se sintam sujeitos de seu pensar, discutindo o seu pensar, sua própria visão do mundo, manifestada implícita ou explicitamente, nas suas sugestões e nas de seus companheiros.
Por concordar que a educação deva promover a liberdade e a aprendizagem passa pelo modo como um professor estabelece uma relação em sala de aula, tendo em vista a valorização do diálogo focando no aluno enquanto pessoa única com suas expectativas e medos, é que me propus a realizar uma investigação a fim de compreender como os alunos entendem cada atitude e de que maneira essas impressões se tornam presente na vida de cada um deles. Passo a seguir a informar o modo como a pesquisa foi conduzida.
3. METODOLOGIA
3.1 CONTEXTO
A pesquisa foi elaborada a partir da minha participação no Programa Institucional de Iniciação à Docência ? PIBID , onde o estágio veio se desenvolvendo de maneira colaborativa com a professora titular da turma, além de reuniões semanais com todos os participantes do projeto, juntamente com a professora titular, a professora supervisora e também uma professora pesquisadora.
Nessas reuniões semanais eram discutidas idéias e propostas buscando melhorar o ensino de Língua Inglesa no contexto público, além de tentarmos compreender alguns dos motivos pelos quais os alunos e, muitas vezes os professores da rede pública de ensino, não tem interesse ou motivação para o aprendizado de inglês.
3.2 SUJEITOS-PARTICIPANTES
Participaram da pesquisa 31 alunos do 1º ano do ensino médio de um colégio estadual na cidade de Londrina. Esses alunos faziam parte da turma onde eu e uma companheira de sala desenvolvemos nosso estágio durante todo o ano letivo de 2010.
3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Para responder as perguntas propostas nesse estudo foi desenvolvido um questionário a partir de um grupo focal, que segundo Neto et al. (2002):
É uma técnica de Pesquisa na qual o Pesquisador reúne, num mesmo local e durante um certo período, uma determinada quantidade de pessoas que fazem parte do público-alvo de suas investigações, tendo como objetivo coletar, a partir do diálogo e do debate com e entre eles, informações acerca de um tema específico.
Nesse encontro para a coleta de dados com participantes do projeto PIBID, estávamos em um total de 10 participantes, sendo seis alunos/professores, uma professora colaboradora, uma professora pesquisadora e uma professora formadora, e eu atuando como moderadora. Nessa reunião foram apresentadas possíveis situações vivenciadas em sala de aula e os participantes responderam como se comportariam diante de cada uma delas (anexo I).
A partir daí foi criado um questionário com quatro questões de múltipla escolha nas quais o aluno deveria indicar o que consideraria inadequado como atitude do professor e uma questão onde os alunos participantes poderiam relatar alguma experiência negativa que vivenciaram com professores (anexo II).
3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA
O questionário foi aplicado a 31 alunos do 1º ano do ensino médio de um colégio estadual, que se identificaram usando nomes fictícios. A partir das respostas foi possível organizar os comportamentos considerados mais inadequados por parte de um professor em sala de aula, além de poder analisar comentários feitos pelos participantes da pesquisa.
3.5 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE
A análise foi feita em duas etapas, sendo uma quantitativa identificando o percentual de alunos que acha determinado comportamento inadequado e a segunda etapa qualitativa, onde os comentários e as narrativas são agrupados em categorias que emergiram dos dados.
3.6 RESULTADOS
A primeira questão do questionário tratava do modo como os professores chamam a atenção de uma sala de aula agitada. Os alunos deveriam apontar que comportamentos do professor considerariam inadequado nessa situação. A alternativa "gritar, não deixar ninguém falar e dar bronca" foi a mais apontada como inadequada pelos alunos, com indicação de 80,6% dos respondentes. Em seguida, com 79,9%, apareceu "Ir até o aluno mais popular e começar a conversar com ele para ver se os demais prestam atenção", a terceira opção mais votada pelos alunos ficou empatada entre as respostas "chamar atenção da turma brincando" e "fazer um discurso para mostrar que não está certo atrapalhar a aula", ambas com 38,7%. "Chamar a atenção de cada aluno pelo nome" foi apontada com 35,4%, e por último, considerado o comportamento menos inadequado, com 16% apareceu a opção "bater palmas, ficar quieto e esperar a turma prestar atenção".
Nessa questão os alunos se posicionam enquanto contrários a atitudes tomadas por alguns professores, enquanto outros fazem sugestões daquilo que acreditam que seria a forma adequada de comportamento, além de apoio de alguns alunos em relação a postura mantida pelos professores.
De maneira geral eles concordam que professores devem manter uma postura séria quando é necessário chamar atenção, porém isso deve acontecer sem que o aluno se sinta exposto e humilhado diante dos colegas de sala; pois acreditam que o professor deve se manter amigável, mas sem perder o controle da turma.
A partir dos comentários dos alunos, percebe-se uma associação desse tipo de comportamento com humilhação, estresse do professor; há, ainda, sugestões sobre como lidar com essa situação. Os comentários aqui foram agrupados em quatro categorias, sendo elas:
Apoio a ações do professor:
? Chegar na sala e ver que está muito agitada, daí chamar atenção brincando.
? Fazer um discurso sim, desde que não seja tão longo.
Crítica da ação do professor:
? Os alunos só dão ouvidos a qualquer ação quando ela acontece.
? A única coisa inadequada é expor o aluno ao ridículo.
? Na sala de aula podem acontecer muitas coisas, mas o professor que grita com o aluno e às vezes xinga só porque o aluno vira para falar alguma coisa rápido e o professor nem sabe o que aconteceu, isso eu não acho certo.
? Alguns professores ficam muito estressados e até xingam.
? O professor não precisa nos humilhar para ficarmos quietos.
? Muitos professores exageram na hora de chamar a atenção, eles gritam além de outras coisas.
Exemplos de outros comportamentos inadequados:
? Vários professores gritam demais, ficam dando tapa na mesa, batendo o apagador, sem necessidade disso.
Sugestões de como lidar com o problema:
? Acho que o melhor jeito de chamar a atenção seria continuando a matéria.
? Apenas chamar a atenção, sem brincadeira nem nada, teria uma repercussão melhor.
? Se uma pessoa notar que a professora está quieta, vai ficar quieta.
? Não é bom gritar com alunos e nem dar bronca.
? Não é adequado gritar com todos na sala.
? Acho que não deve chamar a atenção brincando porque os alunos terão posse sobre o professor.
Na segunda questão, os alunos deveriam responder o que seria inadequado quando toda a turma está realizando uma atividade em silêncio, mas um determinado grupo insiste em atrapalhar a aula com conversas. O que foi apontado com sendo o comportamento mais inadequado foi "criar um contrato de regras na sala de aula" com 54,8%. A resposta que veio em seguida, com 41,9% foi "chamar a atenção da frente da sala pelos nomes das pessoas que estão atrapalhando a aula". Em terceiro lugar apareceu "trocar de lugar os alunos que estão atrapalhando a aula" com 35,4%. E a opção menos assinalada, com 22,5% foi "ir conversar com o grupo que está atrapalhando, de forma amigável".
Os comentários que apareceram nessa questão chamam a atenção, pois os alunos se posicionam em relação a se sentirem também prejudicados pelos colegas em uma situação dessas, mas mesmo assim, acreditam que a melhor maneira do professor agir seria de forma amigável, conversando com os alunos. Nesse caso, os comentários foram agrupados em três categorias: sugestões de como o professor deve agir, sugestões do que não deve ser feito e apoio as atitudes do professor:
Sugestões de como o professor deve agir:
? O professor deve sempre tentar entrar em acordo com os alunos com regras e depois demonstrar gratidão quando o acordo for cumprido.
? O professor não deve ficar gritando mas conversar calmamente com os alunos.
? O professor deve continuar a matéria de um jeito que até os tagarelas se interessem.
? O que mais funciona é mudar os alunos de lugar.
? A melhor forma é conversar amigavelmente.
? O professor tem que ser amigo dos alunos.
Sugestões do que não deve ser feito:
? Um contrato de regras seria desnecessários pois iria envergonhar o grupo de alunos.
? O professor não deve gritar nem falar alto.
? Criar um contrato de regras para falar o que tem que fazer na sala não dá pra agüentar também.
Apoio as atitudes do professor:
? Não acho errado nenhuma das reações, pois além de atrapalhar o professor, atrapalham os outros alunos.
? Vários professores trocam os alunos de lugar.
? O aluno que tem consciência que o professor está chamando atenção dele, esse aluno vai parar de atrapalhar a aula.
Na terceira questão proposta no questionário, os alunos deveriam falar como um professor não deveria agir quando os alunos não terminam uma atividade valendo nota dentro do prazo estabelecido em sala de aula porque estavam conversando. Nesse item se destacou, com 70,9%, "retomar a atividade com o mesmo valor"; em seguida "não retomar" com 45% e o item menos apontado, com 32,2%, "retomar com menor valor".
Os comentários dos alunos deixaram muito clara a noção de justiça e injustiça que eles têm quanto ao comportamento do professor, pois muitos se sentiriam injustiçados caso a atividade fosse retomada com o valor igual ao daqueles que conseguiram terminar no tempo previsto, porque não conversaram durante a execução da tarefa.
Essa percepção apareceu de maneira natural, por parte de vários alunos que comentaram, embora a questão não sugerisse em seu enunciado os termos justo e injusto. O que nos levar a perceber que os alunos já carregam consigo idéias pré estabelecidas de coisas que consideram certas e erradas, justas e injustas. Nesse caso, os comentários foram divididos entre: o que seria justo e o que seria injusto.
O que seria justo:
? Só devolveria o trabalho para aqueles que não conversaram.
? Não retomar é a melhor maneira dos alunos aprenderem a fazer suas atividades sem brincadeiras, sem conversas e aprender a trabalhar na hora que tem que trabalhar.
? O professor não deve retomar a matéria, pois o aluno não terminou a atividade não por não ter entendido a matéria e sim porque estava conversando.
? Tem que retomar com o mesmo valor, pois se estavam conversando era dever do professor chamar a atenção.
? As pessoas merecem uma segunda chance.
O que seria injusto:
? Quem estava conversando não merece, pois atrapalha o andamento da aula.
? Se um aluno não está fazendo não pode retomar a atividade.
? Retomar não seria justo com as pessoas que fizeram dentro do prazo.
? O aluno que não terminou por causa de conversa não deveria retomar a atividade com o mesmo valor, isso seria injusto com os outros.
? Não deve retomar, pois não seria justo com quem estava quieto tentando fazer a atividade.
A última questão de múltipla escolha que foi proposta aos participantes dizia respeito a relação professor/aluno de forma mais impessoal. Eles deveriam assinalar as opções que considerassem inadequadas quando um aluno pede o MSN ou Orkut do professor. A opção que de destacou de maneira muito significativa foi "dizer que só passa para os alunos especiais, aqueles que merecem", sendo apontada com 90,3% de reprovação pelos participantes da pesquisa. Em seguida, com 25,8%, apareceram duas opções "dizer que não passa para nenhum aluno" e "pedir de todos da sala e adicionar todo mundo". E a opção considerada menos inadequada, com 9,6%, foi "passar para quem pedir.
Nessa última questão, os comentários variaram entre aqueles que acham que aluno e professor não devem manter esse tipo de relação, fora da sala de aula e outros que acham que alguns professores humilham os alunos, escolhendo apenas alguns para manter uma relação de amizade fora da escola. Para demonstrar isso, os comentários foram divididos em: como o professor não deve agir, sugestão de como o professor deveria agir e apoio a decisão do professor.
Como o professor não deve agir:
? Muitos professores dizem que só vão passar para os alunos que eles gostam isso não é certo.
? Seria uma humilhação dizer que o aluno não merece.
? O professor não pode desmerecer os alunos.
? Tem professores que só querem manter contato com um aluno por ser mais inteligente, enquanto os outros ele ignora.
? Eu acho que o professor não pode excluir os piores alunos.
Sugestão de como o professor deveria agir:
? Se o professor passa MSN para um aluno que pede, deve passar para os demais senão os alunos podem se sentir mal.
? Já que o professor vai passar o email, que passe então para todos, não para alguns.
? Dependendo da situação, ele deve passar.
? O professor tem que ser amigo de todos os alunos.
? Professor é apenas professor em sala, pois fora pode acabar criando um vínculo muito pessoal e íntimo.
Apoio a decisão do professor:
? É uma escolha pessoal do professor.
Após a etapa de questões com múltiplas escolhas, os alunos poderiam relatar alguma experiência negativa que tiveram com um professor e que teria marcado sua memória. Os relatos feitos foram agrupados em: agressão física, agressão verbal, ameaças, desrespeito e humilhação em público.
Agressão física:
? "A minha experiência ruim foi quando, sem querer, cochilei na sala de aula e a professora de matemática tacou um giz no meu olho." DIO
? "Um professor chegou chutando a minha carteira e puxando meu cabelo para tirar o boné da cabeça". HENRY
? "Uma vez um professor puxou meu cabelo junto com o boné." LADY
? "Uma vez um professor de Ed. Física, aconteceu que eu estava no portão da quadra quando e aí quando eu o fechei achou que eu estava brincando e me agrediu." ALEXANDRE
Agressão verbal:
? "Um professor na 6ª série quando a sala estava agitada, ele jogava a mesa no chão, chutava a porta e xingava os alunos." ANTÔNIO NUNES
? "Teve um ano que uma professora tinha o costume de chamar a gente de vagabundo se não fizéssemos a tarefa ou se conversássemos". CAMILA ALVES
? "Uma professora de português tem o costume de brigar com todos os alunos e chamá-los de tontos." F. MISSI
? "Tinha uma professora na 8ª série que estava com os pais doentes e descontava a raiva nos alunos, xingando todo mundo." PELÉ
Ameaças:
? "No ano passado, nas aulas de matemática teve uma prova no último trimestre e eu fui muito mal, tirei 5,0 e eu precisava ter tirado 9,2 pontos. Teve a prova de recuperação, mas antes a professora me chamou fora da sala e disse que eu era a única aluna que não ia passar em matemática e que se eu não fosse bem na recuperação eu não conseguiria terminar o ensino fundamental. Eu fiz a prova chorando porque eu não queria ser a única aluna a reprovar, então eu tirei 10,0 e todos me disseram que foi sorte. Eu sei que consegui, mas não esqueci que todos os alunos deram risada de mim porque eu fiz a prova chorando pelo que a professora tinha me dito." VITÓRIA
Desrespeito:
? "Uma vez um professor mandou eu e alguns outros alunos chisparem da sala. Isso foi uma falta de respeito e nos constrangeu diante dos colegas." ALICE
? "Tem professores que levam o trabalho para corrigir, mas não devolvem e não passam a nota e quando perguntamos eles mandam a gente voltar pro lugar. Respeito tem que ser recíproco." BRENDA GOMES
Humilhação em público:
? "Uma professora me chamou atenção em voz alta porque eu tinha faltado no dia da prova. Aí ela me chamou pra ir na diretoria fazer a prova e quando ela voltou ela ficou falando: "menina que não vem na aula", bem alto para todo mundo ouvir. Eu acho que ela deveria ter me chamado em particular e falar para não faltar mais." BELLA
? "Uma professora de português veio chamar minha atenção, aí eu virei para frente. Ela foi para frente da sala e me chamou de irônica e que eu me achava a gostosona da sala, falou também que eu não servia para nada e que não sabia porque eu estava lá. Eu não entendi porque sempre fui boa aluna e com boas notas em português." MARIA JÚLIA
? "Tem um professor que por ser novo na escola, chama muito minha atenção por achar que eu estou conversando. Ele fica tirando sarro de mim e me chamando de santinha. Zombando de mim na frente dos alunos, me expondo ao ridículo." KATHY
? "Eu fiz uma pergunta para uma professora, eu sei que não foi a hora certa para fazer aquela pergunta e então quando eu perguntei ela começou a gritar comigo na frente da sala. Eu fiquei muito chateado com ela porque não sendo uma boa hora ela poderia ter falado que iria ver aquilo depois." CRISTIANO RONALDO
? "Quando eu estudava na 3ª série, uma professora mandou eu ir para o quadro fazer um exercício, mas eu não sabia fazer. Aí ela me chamou de burra e eu comecei a chorar na sala. E na 8ª série uma professora já tinha corrigido todas as provas só que eu ainda não tinha feito a minha, quando eu terminei e entreguei a prova para ela; ela me olhou com desprezo e disse: "nossa, eu nem estou com apetite de corrigir a sua prova"." CLÁUDIA
? "Tinha uma professora que às vezes estava explicando a matéria e eu ia pegar alguma coisa na bolsa ou no chão e ela dizia que eu estava fazendo algazarra e conversando." TOMÁZ SANTOS
? "Eu me sinto envergonhado quando o professor fala nossas notas para toda a sala". CARLOS DOS SANTOS
? "Na 4ª série a professora de Ed. Física me humilhou na frente da sala toda porque eu não sabia virar estrela." JOSÉ MARCIANO
Observando os comentários deixados pelos alunos e as idéias que eles desenvolveram a partir das questões apresentadas, fica visível a questão da importância do diálogo no ambiente da sala de aula, além de como atitudes impensadas podem causar marcas profundas que são carregas por eles durante toda a vida.
O filtro afetivo também merece destaque nos comentários, já que os mesmos em vários momentos dizem que o professor tem que ser amigo do aluno. E em nenhum relato apresentado, verifica-se o aparecimento de uma situação onde o aluno venceu a opressão causada. Embora não tenha sido perguntado, eles também não relataram nada como, por exemplo, ao sofrerem uma agressão, fizeram uma denúncia do professor ao núcleo de educação e o professor foi punido, o que seria segundo Freire (1987) a libertação da opressão sofrida pelo aluno, onde o mesmo se revolta contra isso e busca por justiça afim de não mais se sentir oprimido.
Tais dados são muito relevantes para repensarmos nossas atitudes enquanto professores e como isso se reflete no ambiente da sala de aula. E também como uma atitude que pode nos parecer inofensiva pode causar trauma em um aluno, deixando marcas profundas em sua lembrança.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Neste trabalho foi proposta a investigação da percepção de alunos sobre como professores agem e se comportam em sala de aula. Para tanto, foram tratadas questões apresentadas por Paulo Freire como a importância do diálogo e da educação como prática libertadora e as idéias de Krashen sobre a relação entre afetividade e aprendizagem sobre a relação entre afetividade e aprendizagem.
As perguntas de pesquisa propostas foram respondidas de acordo com o esperado, tendo em vista o comprometimento apresentado pelos participantes e os relatos feitos por eles. Através das respostas obtidas foi possível verificar que alunos adolescentes têm implícito em suas idéias questões de justiça e injustiça, humilhação e como um professor deve ser amigo dos alunos sem se deixar dominar por eles, mantendo a relação de hierarquia e respeito que se espera em sala de aula.
Observou-se nas respostas em forme de narrativa que a postura dos professores é marcante para alunos, já que eles percebem casa atitude e comportamento vivenciado em sala de aula e, quando isso acontece de forma negativa, os alunos carregam a experiência por muitos anos.
A pesquisa realizada não apresentou se o comportamento inadequado dos professores em sala de aula pode influenciar diretamente o aprendizado do aluno, que absorveria mais ou menos conhecimento de acordo com o ambiente e as circunstâncias em que o ensino acontece. Limita-se, portanto, apenas em investigar como os alunos percebem os professores e como isso marca a vida de cada um, não se aprofundando na questão do aprendizado influenciado pela afetividade.
Aqui foram respondidas as perguntas de pesquisa: qual a percepção de alunos adolescentes sobre determinados comportamentos e atitudes de professores na sala de aula? E como se caracterizam as experiências negativas dos alunos na interação com os professores?
Dessa maneira é possível, enquanto professores, percebermos que nosso comportamento pode afetar diretamente nossos alunos, podendo gerar neles marcas negativas que nunca se apagam, e que determinados comportamentos são vistos com reprovação pelos educandos, já que eles esperam uma postura correta daqueles que estão ali como educadores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Basso, E. A. (2008). Adolescentes e aprendizagem de uma língua estrangeira: características, percepções e estratégias. Ensinar e aprender língua estrangeira nas diferentes idades: reflexões para professores e formadores / Claudia Hilsdorf Rocha e Edcléia Aparecida Basso, organizadoras. São Carlos: Claraluz.
Freire, P. (1987). Pedagogia do Oprimido. 17. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Krashen, S. D. (1987). Principles and practice in Second Language Aquisition. Prentice ? Hall International.
Neto, O. C. Moreira, M. R. Sucena, L. F. M. (2002). Grupos Focais e Pesquisa Social Qualitativa: o debate orientado como técnica de investigação. Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002.
Piaget, J. Seis estudos de Psicologia. 6. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1967, 163p.
Pisani, E.M. & Rizon, L.A. (1994). Temas de Psicologia Social. Petrópolis: Vozes.