Percepção dos Gestores Escolares sobre o Papel do Psicólogo Educacional

Percepção dos Gestores Escolar sobre o Papel do Psicólogo Educacional. Caso das Escolas Secundárias da Cidade de Maputo, Distrito Municipal Kampfumo (2018 – 2019)

Wilson Luís Mbalango 

RESUMO 

Este artigo surge inicialmente devido a preocupação actual da sociedade, em relação propagação de comportamentos dos alunos considerados inadequados (agressividade, consumo de álcool e cannabis sativa no recinto escolar) e a ausência da figura do psicólogo educacional nas escolas do ensino secundário. Daí surgiu a necessidade de analisar as percepções dos gestores escolares sobre o papel do psicólogo educacional nas escolas secundárias. Este estudo foi feito nas escolas secundárias do distrito Kampfumo (Escola Secundária da Polana; Escola Secundária Francisco Manyanga; Escola Secundária Josina Machel e Escola Secundária Estrela Vermelha) e foi necessário incluir a directora distrital da educação e desenvolvimento humano. Colheram-se dados com os directores de cada escola (4) e a directora da educação e desenvolvimento humano do distrito Kampfumo (1) através de questionário e entrevista. Foi possível obter alguns resultados, tais como: somente uma única escola secundária é que beneficia de um centro de serviços de apoio psicológico; os directores reconhecem a necessidade de ter um psicólogo educacional nas escolas, mas não conhecem o papel do mesmo no recinto escolar; alguns directores acreditam que o psicólogo educacional não é suficiente para ajudar a resolver os problemas comportamentais dos alunos; a directora distrital reconhece a necessidade da inserção figura do psicólogo educacional nas escolas para melhorar a qualidade do processo de ensino aprendizagem, mediar conflitos sociais e pessoais dos alunos e entre professores. Dai que uma das sugestões do trabalho é a inserção da figura do psicólogo educacional no quadro dos funcionários das escolas no Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano. Palavra-Chave: Percepção; Gestor Escolar; Psicólogo Escolar.

  INTRODUÇÃO 

1. Objecto de estudo e contexto Na actualidade, debates sobre educação, ensino e docência, estão na esfera dos actores educativos, seja na esfera política ou da própria sociedade. Há um consenso generalizado de que o desenvolvimento de um país está intimamente ligado à qualidade da sua educação. De acordo com esse pensamento, a educação constitui um direito fundamental de cada cidadão, é o instrumento central para a melhoria das condições de vida, e a elevação do nível técnico e científico dos trabalhadores. A educação é o meio básico para a compreensão, e intervenção nas tarefas do desenvolvimento social, na luta pela paz e reconciliação nacional. A educação é parte das políticas públicas, que o Estado oferece ao cidadão, poderá sê-lo na dimensão referida por TAIMO (2010), no sentido da responsabilidade nacionalizada para o ensino primário e secundário e desnacionalizado para o ensino superior, como forma de igualdade de tratamento entre os cidadãos. Sendo assim, segundo a experiencia de vida quotidiana, permite reconhecer que, as políticas do Governo, no que concerne a educação e a igualdade de oportunidade de acesso a todos níveis de ensino, expandindo a rede das respectivas instituições, e proporcionando meios financeiros, e materiais para assistência aos cidadãos oriundos de famílias de recursos económicos escassos, e a promoção de maior participação feminina nos vários tipos, e níveis de ensino por meio de mecanismos de incentivo curricular, e material proposto no país (Taimo, 2010). Deste modo, podemos afirmar que a escola é um espaço de vivência de relacionamento e construção de aprendizagem e saberes da comunidade, por isso temos que interagir auxiliando na educação para a vida de formação do aluno. Portanto, a educação é uma forma de pensar na sociedade e repassando valores e princípios que fundamentem os modos de pensar e agir, centrada na ideia de direito, formadora de sujeitos protagonistas de desenvolvimento humano. Os professores são grandes mediadores desse processo, utilizando-se de ferramentas e didáctica para ensinar, socializando os saberes escolares. Em sua prática profissional, os psicólogos escolares possibilitam reflexões com os estudantes, promovendo a consciência crítica necessária e importante para visualizarem suas realidades inseridas na comunidade escolar. Desta forma, a educação e a Psicologia são, antes de tudo, inerentes em muitos contextos. Ao pensar nas suas contribuições no âmbito escolar, a educação vem como alicerce entre professor e o aluno, conhecimento e desenvolvimento do ser humano, da sociedade e da cultura. A Psicologia Escolar, busca desempenhar uma função que possibilite contribuir com as práticas educacionais, potencializando o desenvolvimento e a promoção de saúde da comunidade escolar. Assim, na realidade as escolas necessitam que os psicólogos escolares ocupem o seu lugar, devido a necessidade que sentem sobre a actuação deste profissional. Entretanto, a comunidade escolar na sociedade moçambicana, visualiza esta actuação de forma distorcida, como se tivesse a solução de resolver os problemas que surgem no âmbito escolar, tanto no comportamento do aluno, como nas dificuldades de aprendizagem que muitos alunos apresentam. Neste caso, o psicólogo escolar, como agente de mudança dentro da instituição escolar deverá funcionar como um elemento catalisador dos papéis representados pelos valores, e grupos que compõem as instituições escolares. [...]