Pensamentos consequentes de um suicídio

Por Ana Carolina Marques | 02/10/2009 | Filosofia

    Faz pouco tempo, me deparei com uma situação que até então era inconcebível em minha percepção de realidade. Admito não ter muita experiência de vida, mas o fato de ter conhecido um jovem suicida me fez crescer em diversos aspectos.
    Não éramos íntimos, na verdade nem sabia seu nome e acredito que ocorria o mesmo da parte dele, mas quando soube da notícia, lembrei-me do seu rosto e de tê-lo visto algumas vezes na escola. Apesar de não conhecê-lo, foi um grande choque saber que um menino aparentemente tão normal poderia tomar tão séria atitude.
    Muitos pensamentos brotaram em minha cabeça, não conseguia entender porque alguém tão jovem e rodeado pelos mais diversos caminhos poderia escolher justamente o único irreversível. Alguém que não encontrou no mundo algo ou alguém que o fizesse ter forças para lutar contra seus próprios fantasmas. Quantas vezes passamos por situações que nos fazem perder a vontade de viver, e é sempre nesses momentos que pensamos nas nossas mais valiosas conquistas, são elas que nos devolvem a força para lutar e vencer seja o que for.
    Quando alguém decide se matar logo pensamos em suas possíveis angústias, como devem tê-lo feito sofrer e nos solidarizamos com a situação. Volto a dizer que não tenho grandes experiências de vida e não soube como agir de forma madura nessa situação, só conseguia pensar no porquê. Como alguém resolve acabar com tudo sem pensar nas pessoas que deixaria com um imenso vazio no peito por sua morte. Quantos de seus amigos eu vi chorar, amigos que se pudessem, teriam feito qualquer coisa para impedir que ele se fosse. A família, com um lamento progressivo e interno, nunca mais voltará a ser a mesma, não importa quanto tempo passe.
    É preciso muita coragem para acabar com a própria vida, e ao mesmo tempo, covardia por desistir de lutar por ela. Considero adiantar o processo natural da morte ser o último ato corajoso de uma vida covarde.
    Certa vez ouvi uma frase que me fez refletir, ela dizia que “só vale a pena viver pelo que vale a pena morrer”. E é em tudo isso pelo qual nos sacrificaríamos um dia, que devemos buscar nossas forças, precisamos lutar pela preservação da fonte de nossas esperanças. Não há problema que não possa ser suportado se temos conosco quem amamos. A vida é um dom que merece ser defendido e respeitado até o último momento onde nossas forças mortais atingem seu limite final.