PEDRINHAS É CULPA DE TODOS

Por Thiago Silva Rodrigues | 24/09/2014 | Filosofia

 O que sustenta a violência no Brasil? A pobreza? A falta de oportunidade? O desemprego? O que? Qual a causa. Sociólogos apontam as desigualdades entre classes e toda essa história que já estamos cansados de ler. O que dizem os antropólogos? E os psicólogos? Economistas, enfim, o que dizem os filósofos especialistas que vivem criando teoria inútil sobre coisas inúteis. O que dizem os religiosos? Esses estão muito ocupados em nos preparar para uma vida além-morte, e essa vida? Como fica? Vamos continuar a nossa vida inteira entregando tudo a Deus? Problemas, dificuldades, angustias etc. Bem típico do homem covarde de Nietzsche, criar realidades eternas no intuito de esquecer os problemas da vida real.

O que causa a violência não seriam a nossa própria omissão e individualismo? Somos nós mesmos os criadores de Frankenstein, criamos o mostro que um dia será o nosso executor. Isso é tão difícil de enxergar? Seria eu alguma espécie de aliem? Pois vejo isso claro todos os dias quando acordo e quando vou a trabalho e da janela de meu carro dou uma esmola a uma criança ou a um jovem que limpa meu para-brisa com água comum. Somos omissos não? Sempre que vou a sala de aula e passo a maior parte do tempo passando textos ou atividades a crianças que mal sabem ler e escrever de maneira correta. Somos omissos todos os dias.

Essa mesma criança que nunca foi desejada pelos seus pais, que nasceu do fruto de uma noite muito quente depois de uma festa e de umas cervejas. Essa criança que nasce sem carinho, sem atenção, encontra na escola um refugio para não encarar a realidade de que ela não foi desejada e não terá muitas expectativas de vida dependendo da família e do bairro de onde mora. Talvez essa mesma criança que vimos todos os dias da escola seja o marginal de amanhã. Esse mesmo garoto transforma no mostro que só reconhecemos por fotos nos noticiários e fazemos aquela velha cara de Amélia “meu Deus é fulano, não acredito”.

O caso do presidio de pedrinhas não deveria ser um espanto. Isso porque é somente a consequência de nossa omissão e indiferença diante do próximo realmente necessitado. Os que realmente precisam de ajuda, na verdade estão sós. Quantas vezes eu vejo religiosos de varias denominações só chover no molhado e não ir de frente para a boca do leão. Os poucos que se arriscaram estão mortos, mas não seria esse o caminho dos justos no meio dos ímpios? Veja o caso de Sócrates, acusado a beber de veneno por dizer a verdade, e Jesus cristo? Não levou o mesmo fim pelo mesmo motivo, a verdade.

É sempre muito fácil você ficar atrás de uma mesa e escrever de como deve ser e como se deve agir. O fazer é sempre a parte mais difícil. Porém, eu fui e vi a realidade, nua e crua e não gostei do que vi. Homens e animais não estiveram tão próximos. A mais pura irracionalidade estampada na cara de seres que de longe poderiam ser considerados humanos. a pura selvageria gritava pelos corredores sujos e apertados. Celas com o ar de ódio estampados nos rostos que não tinham mais nem uma expressão. A mais pura e cruel realidade do vazio.

Mais esses homens hoje enjaulados como homens, não chegaram ao fundo do poço sozinhos. Teve a contribuição de todos nós. Nós falhamos e essa é a realidade. se só não podemos salvar o mundo, sozinhos também não podemos destruí-lo, tem um favor n´so ai envolvido. Se o governo falhou, eu também falhei, pois um governante em um país democrático não só ao poder. Eu o elegi por ‘n’ motivos. Se a educação falhou, nós também falhamos isso por que ao se detectar a decadência do ensino publico busca-se refugio no privado deixando o problema de lado, é sempre mais fácil achar alternativas, do que consertar o que se tem.

Quando digo que Pedrinha é culpa nossa, digo que todos nós temos nossa parcela de culpa e enquanto continuarmos a buscar sempre uma alternativa e não findarmos em resolver o que temos, amanhã pode ser tarde e pode ser que se tenha mais força o suficiente de lutar contra um monstro que superou o seu mestre e agora para a sua própria sobrevivência quer tira-lo do seu caminho. Deve-se começar a não somente pensar no problema e nas possíveis soluções. O fato é que sociólogos, psicólogos, políticos e filósofos devem começar a por a mão na massa.

O caminho para salvar pedrinhas é o futuro. Quantos jovens não estão olhando para esses foras da lei e os venerando como deuses? Acha isso um absurdo? Mas isso não é. A juventude não encontra mais exemplos dentro de casa, nem na igreja, nem nos desenhos animados, vão encontrar seus heróis nas ruas. Daí se gera problemas maiores, daqui a pouco terão mais e mais presídios como pedrinhas do que escolas. Se continuarmos a fechar os olhos para a realidade e ficarmos olhando para o céu pedindo ajuda, um dia iremos nos deparar em um assalto e com um pouco de sorte perderemos o que tem valor (sociedade) o carro, a carteira, o dinheiro nos sobrando o que não vale nada, a vida.