PEDESTRES VERSUS VEÍCULOS: O FATOR DA CAMINHABILIDADE NAS...

Por Debora Kartungas Polli | 03/10/2016 | Sociedade

PEDESTRES VERSUS VEÍCULOS: O FATOR CAMINHABILIDADE NAS TRAVESSIAS DA GLEBA PALHANO

 Débora Kartungas Polli – Centro Universitário Filadélfia – UniFil

Juana Gabriela Alves da Silva – Centro Universitário Filadélfia – UniFil

Veridiana Bozelli Gonzalez Moraes – Centro Universitário Filadélfia – UniFil

Orientador: Ivan Prado Junior – Centro Universitário Filadélfia – UniFil

 Resumo

Analisando quesitos relacionados à caminhabilidade em travessias, como os passeios públicos, rampas de acesso, faixas de travessia, sinalização e semáforos, a fim de determinar a qualidade deste conceito em uma porção inserida no Bairro Gleba Palhano em Londrina, Paraná, foi adotado o método de observação in loco e avaliação baseada nas já desenvolvidas por Bradshaw e Santos (1983 e 2003 apud GHIDINI, 2011), sendo que a realizada para o presente artigo conta com parâmetros qualitativos transformados em quantitativos para o cálculo de uma média em cada via, gerando, consequentemente, uma única para a área total em questão, concluindo a caminhabilidade da área como razoável. Cada rua ou avenida é contextualizada de acordo com o levantamento, justificando as qualificações adotadas em cada quesito abordado, informações que se encontram organizadas em tabela para uma maior organização, além de facilitar uma consulta direta de dados.

 

Considerando o termo Caminhabilidade, segundo Pacheco (2013), traduzido do inglês “walkability”, um conceito de mobilidade, e segundo Ghidini (2011), tendo a caminhada como o meio de deslocamento urbano mais sustentável, é preciso analisar as condicionantes que possibilitam e tornam convidativa a locomoção dos pedestres, podendo ser destacados elementos como as condições em que se encontram os passeios públicos e rampas de acesso, além de faixas de travessia, sinalização e semáforos.

A área analisada se encontra inserida na Gleba Palhano - que, segundo Paula (2006), tornou-se a região de Londrina com a maior concentração de edifícios verticais, com usos predominantemente residenciais e avenidas ocupadas por comércios e serviços na maioria de suas extensões, além da predominância de padrões construtivos altos – e delimitada pelas Avenidas Madre Leônia Milito e Ayrton Senna da Silva e, as Ruas João Wyclif e Bento Munhoz da Rocha Neto margeando o Lago Igapó, ocupadas, predominantemente, por comércios e serviços, sendo que esta porção foi selecionada por apresentar características marcantes que impactam na circulação de pedestres no local, como: a topografia acentuada no sentido Norte-Sul; a superdimensão das quadras; o predomínio de edifícios verticais com médias de 20 andares dividindo a paisagem com construções horizontais e terrenos vazios, e; iluminação distribuída por todo o comprimento das ruas e avenidas.

Devido ao fato de fluxo concentrado durante os horários de pico, foram implantadas faixas de travessia de pedestres e semáforos nas vias principais com a finalidade de facilitar o fluxo de pedestres. Em contrapartida, as vias secundárias, que apesar de abrigarem predominantemente usos residenciais sofreram aumento de trânsito pelos motoristas optarem como caminho para fugir dos trânsitos intensos, não apresentam os instrumentos instalados nas vias citadas anteriormente, dificultando a travessia dos pedestres.

O método a ser aplicado para mensurar a caminhabilidade nas travessias da área prevista será a observação in loco e avaliação baseada em um estudo desenvolvido por pesquisadores da PUC-PR, coordenado por Santos (2003 apud GHIDINI, 2011), sendo que a mesma foi embasada no método desenvolvido por Bradshaw (1983 apud GHIDINI, 2011).

Esta consiste na elaboração de quesitos a serem observados, como: condições dos passeios públicos; largura das faixas de travessia; segregação entre os passeios públicos e as faixas de rolamento; quantidade de faixas de travessia; local em que as faixas de travessia estão inseridas; existência de rampas ou nivelamento de piso entre os passeios públicos e as faixas de travessia; respeito dos condutores dos veículos em relação às faixas de travessia ou locais comuns para travessia; condições dos canteiros; sinalização e semáforos e; segurança; sendo que cada um recebe uma nota, derivando em uma média final que determina a qualidade da caminhabilidade na área.

Elaboração própria.

A partir do método de observação in loco e avaliação a partir de aspectos qualitativos e quantitativos desenvolvidos para este estudo, com embasamento, principalmente, nos conceitos de Bradshaw e Santos (1983 e 2003 apud GHIDINI, 2011), foi possível concluir que as avenidas e as ruas presentes na área de estudo apresentam caminhabilidade com qualidades variáveis entre ruim e bom, resultando em uma média total, qualificando a área com uma caminhabilidade razoável.

Diante do cenário encontrado atualmente na área, onde a paisagem é composta, em sua maioria, por edificações de alto padrão construtivo e vias congestionadas em horários de pico, é possível identificar uma priorização e valorização dos veículos, desestimulando a caminhabilidade, devido à falta, principalmente, de faixas de travessia, tanto na quantidade quanto no local em que são implantadas.

 Referências

Brasil. Lei Nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Código de Trânsito Brasileiro - CTB, que trata da coordenação do Sistema Nacional de Trânsito.

Conselho Nacional de Trânsito (Brasil) (CONTRAN). Sinalização horizontal / Contran-Denatran. 1ª edição – Brasília: Contran, 2007.128 p.: il. (Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito);

GHIDINI, R. A caminhabilidade: medida urbana sustentável. 2010.

PACHECO, P. Seu bairro é caminhável? 2013. Disponível em: <thecityfixbrasil.com>. Acessado em 30/05/2016.

PAULA, R. G. de. A verticalização na Gleba Palhano - Londrina-PR: uma análise da produção e consumo da habitação. (2006). Monografia (Geografia) -Universidade Estadual de Londrina,  UEL, Londrina, 2006.

SILVA, A. L. da; CARVALHO, M. S. de. A VERTICALIZAÇÃO NA GLEBA PALHANO – LONDRINA (PR)¹.