Pedagogia da Educação Física: O brincar como elemento de formação integral da criança.
Por Leidimara Ines Mariani Sartori | 03/01/2011 | EducaçãoPEDAGOGIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA: O BRINCAR COMO ELEMENTO DE FORMAÇÃO INTEGRAL DA CRIANÇA.
Leidimara Ines Mariani Sartori
Patricia Carlesso Marcelino Siqueira
Resumo
Este tem como objetivo, discutir sobre a Educação Física para crianças em idade escolar, utilizando-se de bases bibliográficas.Nele apresentamos as fases, as etapas, e como se dá o desenvolvimento de cada criança, enfatizando a importância do brincar, tendo em vista os processos de aprendizagem, que norteiam o aprendizado de forma mais segura, autônoma e saudável, tendo como premissa fundamental nesse processo de ensino e aprendizagem, a formação humana, de uma forma totalizadora e integradora.
Palavras-chaves: Educação Física. Criança. Desenvolvimento. Brincar.
Introdução
A criança no decorrer de sua infância passa por várias fases de desenvolvimento e aprendizagem. Através de brincadeiras e jogos a criança desenvolve os aspectos físicos, cognitivo, motor, social, nas idades iniciais, ela aprende a função de promover a construção do conhecimento.
A brincadeira, conforme os PCNS (1997), é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que é o "não - brincar". Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se.
O brincar de uma criança tem função essencial no processo do desenvolvimento motor, principalmente nos primeiros anos de vida nos quais ela tem de realizar grande tarefa de compreender e se inserir em seu grupo. Constitui a função de desenvolver a linguagem, explorar e conhecer o mundo físico. Desde bebê a criança dedica grande parte de seu tempo a exploração do mundo material no qual esta inserida de forma que o possa compreender e utilizar.
De acordo com Krienger( 2008) a brincadeira possibilita a criança a vivenciar, de forma lúdica, de algumas situação do mundo dos adultos que com sua pouca idade, não lhe é permitido vivenciar. No ato de brincar, a criança tem a possibilidade de construir e desconstruir, de organizar e desorganizar, de representar papeis e melhor elaborar, através da situação que cria, seus conceitos e aprendizados. Brincar permite aprender a conviver com o outro.
A ludicidade é um assunto que tem conquistado espaço na educação infantil, por ser o brincar, a essência da infância e o seu uso, permitirem um trabalho pedagógico que possibilita o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças de forma integradora e totalizadora.
Brincando com a Educação Física: experiências motoras na escola
De acordo com Mattos; Neira (2008), os movimentos que a criança vem aprimorando desde quando nasce: engatinhando, caminhando, manuseando objetos, saltando, as brincadeiras em grupo ou sozinhas, sempre tentando melhorar ou descobrir algo novo, algum movimento que ainda não conhece. É através do movimento que as crianças se expressam, seja por meio de gestos ou mímicas, mostrando seus sentimentos, suas emoções.
A primeira infância considera-se esta com iniciando a partir de um mês até o final de um ano de idade. Com a maturação rápida do infante, padrões de comportamento mais complexos e sofisticados começam a aparecer, correspondendo ao desenvolvimento anatômico e histológico de áreas especifica e, numa totalidade inter-reacional de estruturas neurais. Aumentam das fibras de associação e a plasticidade de tecido neural é responsáveis pela complexificação, respostas cada vez mais especificas. O eletro encefalograma tem importância no acompanhamento desse crescimento. (MATTOS; NEIRA,2008f).
A segunda infância corresponde ao período compreendido entre um e seis anos de idade. A formação dos padrões anatômicos específicos e de mielinização do sistema nervoso central (SNC) continua durante toda esta fase. Mudanças morfológicas e neurofisiológicas tomam lugar concomitantemente com o desenvolvimento de muitas habilidades, incluindo as capacidades espaciais de práxis especiais e de linguagem (GADDS; EDGELL,1994, APUD, RODRIGUES,2001).
Segundo os autores Gdgell, Spreen, Risser(1995) apud Rodrigues (2001) ao nascer o mais importante fator do ponto de vista psiconerológico num infante são os seus reflexos: de sucção, de deglutição, de segurar algum objeto ou o dedo do pediatra, o reflexo de moro e o piscar com a luz no olho. Em seis semanas o nenê pode estender e girar o pescoço para ver a mãe e seguir objetos.
Tem já capacidade para sorrir ao ser solicitado. Aos três meses já pode observar suas mãos e modificar seus reflexos iniciais pela vontade; responder aos sons segue visualmente objetivo mantém a cabeça alta. Aos seis meses, o infante já seguro objetos com ambas as mãos, ri altamente mostrando prazer, emite alguns sons, senta brevemente. Aos nove meses há uma grande modificação social, pois a mielinização e a maioria dos núcleos cerebrais já estão formadas: abana para as pessoas, imita sons e inicia pronunciamento de palavras simples com "baba", "dada", etc. Já senta e engatinha.(GADDS; EDGELL,1994, APUD, RODRIGUES, 2001)
As fases do desenvolvimento infantil e suas características lúdicas e motoras
Aos 12 meses já pronuncia de duas a quatro palavras com significado, entende alguns nomes próprios dos pais ou irmão, pode beijar em resposta, caminha quando apoiado na mão de um dos pais, já tem o reflexo plantar flexor de Babinski. Já com 2 anos de idade, a criança caminha bem, sobe s desce escadas, inclina-se e pega objetos sem cair, pode vestir-se parcialmente, reflexo de Babinski em 100%, obedece comandos, pode enunciar curtas frases, brinca e joga parcialmente, identifica-se com "eu" e já sabe o "tu" e o "nós".
Aos três anos adquire plena acuidade visual, sobe e desce escadas com um pé de cada vez, veste-se com exceção de abotoar e amarrar os cordões dos sapatos emite numerosas questões, segue já os hábitos intestinais e urinários, tem a capacidade de limpeza, joga e brinca com as pessoas pode copiar círculos, fazer casas com cubos.
Aos 5 anos, suas atividades aumenta muito, estando o mesmo quase apto para a escola formal. Pula, brinca e joga habilmente, copia triângulos, amarra cordões dos sapatos, coloca o cinto, repete ate quatro dígitos, diz corretamente sua idade, dá nome as cores, conta historias reais e fantasias.
Segundo Moraes (2002) aos 6 anos de idade a criança usa o lápis com desenvoltura, toca, manipula e explora todos os objetos que percebe; começa seus desenhos, mas ainda precisa de ajuda; usa ferramentas como martelo e alicate; sabe usar cola e fita adesiva, organizando um álbum de figuras;a menina gosta de costurar co agulhas bem grandes e o menino consegue martelar bem uma tabua, embora mantenha o martelo próximo a cabeça.
O processo do desenvolvimento motor revela-se, primeiramente, através das mudanças no comportamento motor.(MORAES,2002)
Crianças, em idade pré-escolar, estão primeiramente envolvidas na aprendizagem de como mover-se eficientemente. (BORGES, 1998)
O desenvolvimento motor pode ser visto, primeiramente, através do desenvolvimento progressivo da capacidades motoras. ( BORGES,1998)
O trabalho de movimento feito com as crianças contempla as várias funções e manifestações corporais, ampliando seu desenvolvimento em aspectos específicos da motricidade, abrangendo uma reflexão acerca das posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas, bem como atividades voltadas para a ampliação da cultura corporal de cada criança (MATTOS; NEIRA, 2007).
De acordo com Mattos; Neira (2007), no começo do desenvolvimento da criança existe uma dimensão subjetiva da motricidade, que encontra sua eficácia e sentido principalmente na interação com o meio social, junto às pessoas com quem a criança interage diretamente. É somente aos poucos que se desenvolve a dimensão objetiva do movimento, que corresponde às competências instrumentais para agir sobre o espaço físico e o meio físico
O controle do movimento corporal está, evidentemente, localizado no córtex motor, com cada hemisfério dominante ou controlador dos movimentos corporais no lado contralateral. Nos destros, a dominância desse movimento normalmente é encontrada no hemisfério esquerdo. A capacidade de realizar movimentos quando dirigido para fazê-los pode estar prejudicada mesmo nos indivíduos que podem realizar os mesmos movimentos reflexivamente ou numa base involuntária. (MATTOS; NEIRA, 2007).
A existência de uma apraxia específica constitui uma linha de evidência de uma inteligência corporal-cinestésica. A evolução dos movimentos especializados do corpo é uma vantagem óbvia para as espécies, e nos seres humanos esta adaptação é ampliada através do uso de ferramentas. O movimento corporal passa por um programa desenvolvi mental claramente definido nas crianças. (GARDNER, 1995).
Assim, parece que o "conhecimento" corporal-cinestésico satisfaz muitos critérios de uma inteligência. A consideração do conhecimento corporal-cinestésico como "solucionador de problemas" talvez seja menos intuitivo. Certamente, executar uma seqüência mímica ou bater numa bola de tênis não é resolver uma equação matemática. E, no entanto, a capacidade de usar o próprio corpo para expressar uma emoção (como na dança), jogar um jogo (como num esporte) ou criar um novo produto (como no planejamento de uma invenção) é uma evidência dos aspectos cognitivos do uso do corpo. (GARDNER, 1995).
Existem diversas bases teóricas a respeito da educação psicomotora, porém, iremos apresentar as idéias de dois estudiosos: Le Boulch e Airton Negrine. Le Boulch entende que a educação psicomotora atende ao desenvolvimento funcional infantil; sendo assim, todas as crianças deveriam ter acesso a esse tipo de atendimento. Já Negrine, entende que através do lúdico a criança expressa seus sentimentos de acordo com suas motivações, o que leva a um desenvolvimento global. (OLIVEIRA, 2008).
"Negrine diz que, quando o lúdico é o elemento central do ato pedagógico, torna-se difícil identificar se o trabalho é terapêutico ou educativo, pois o brincar seja na idade que for sempre terá finalidades terapêuticas." (OLIVEIRA, 2008).
Estimular nas crianças os aspectos inerentes ao desenvolvimento da consciência corporal, por meio das atividades lúdicas que exploravam a noção de lateralidade e reforçavam a dominância lateral, orientação espacial, coordenação dinâmica geral, estímulos visuais, táteis, auditivos, coordenação óculo-manual, conhecimento das partes do corpo, equilíbrio, socialização e afetividade, entre outros aspectos. (MELO, 1997).
Segundo Le Boulch (1983) apud Melo (1997) distingue quatro fases na estrutura da imagem do corpo, assim distribuídas:
1. Etapa do corpo submisso ( de zero a dois anos de idade): "os movimentos são estritamente automáticos, depende da bagagem inata ( reflexos e automatismos de alimentação, de defesa e de equilíbrio). Daí resulta um comportamento inteiramente dominante pelas necessidades orgânicas e ritmada pela alternância alimentação-sono".
2. Etapa do corpo vivido ( ate três anos de idade):" nesta fase a atividade do corpo traduz a expressão de uma necessidade fundamental de movimento e de movimento e de investigação. Pela experiência vivida do movimento global, enquanto distingue seu próprio corpo do mundo dos objetivos e que estabelece um primeiro esboço da imagem do seu corpo, a criança parte a descoberta do mundo exterior".
3. Etapa do corpo descoberto ( até sete anos de idade): " Durante a fase do corpo vivido, a experiência emocional do corpo e do espaço resulta na aquisição de vários práxis que permitem a criança sentir seu corpo como objetivo total no mecanismo do relacionamento.
Segundo Melo (1997) a ação corporal torna-se uma referencia permanente no desenvolvimento da criança e uma necessidade iminente na dinâmica da educação, sendo fundamental importância a atuação da educação física nesse contexto.
A todo o momento, o professor devera tomar consciência da timidez, liderança, criatividade, inteligência dos alunos. Assim sendo, os jogos deverão trabalhar esta característica para atingir o objetivo da Educação Física Escolar. O professor não deve expor os alunos a jogos para os quais não estejam capacitados. ( JUNIOR, 2005)
A criança já nasce com a necessidade de brincar. Hoje, infelizmente, as crianças não possuem o mesmo privilegio que as crianças de alguns anos atrás possuíam. Elas podiam brincar tranquilamente na rua, até uma certa hora da noite, sem problema. As brincadeiras eram transmitidas pelos pais a avos, e criadas pelas próprias crianças. Elas brincavam intensamente todos os dias. A vivencia era rica e muito importante. (JUNIOR, 2005)
De acordo com Junior (2005) a criança na pré-escola deve ser orientada sobre a existência do seu corpo. A descoberta do próprio corpo é fundamental para trabalho de psicomotricidade, pois uma boa consciência do corpo levara ao ótimo desenvolvimento do equilíbrio, da coordenação, alem disso, levara a uma boa aquisição na aprendizagem da escrita e leitura.
A interação do brincar com as crianças são vista com fundamental importância, pois é através desta etapa da vida que acontece o aprendizado, a educação e o crescimento e desenvolvimento da criança.
Na escola a educação é formal porque supõe um grupo de profissionais especialmente instituído para exercer determinadas funções e elaborar um projeto de ação efetiva. A instituição escola não existiu sempre, e sua natureza e importante variaram com o tempo, dependendo das necessidades socioeconômico dos grupos que ela está inseridas. (BALESTRO, 2001)
Segundo Balestro (2001) se fala muito em inovar, criar, recriar e assim por diante, mas nenhum autor que se tenha sabido tem expressado em acabar com as coisas boas que sempre aconteceram nas escolas do passado, vamos relembrar algumas, cantar brincar de roda, pular com saco de linhagem, jogar bolitas, jogar peteca, brincar gata cega, brincar com biboques, pular corda, ouvir musicas, andar com pernas de pau, corrida do ovo, brincar de se esconder, pular dentro e fora do pneus, jogar bola, brincadeiras com saco de areia, brincadeiras com bambolês e elásticos, enfim, tantas brincadeiras e jogos vem perdendo espaço na escola e fundamental na vida da crianças que em fase de desenvolvimento. É o entendimento de estudiosos no assunto que brincar é um alimento tão importante quanto o alimento que comemos.
Educação voltada para o prazer do movimento corporal por meio de atividades lúdicas, recreativas e psicomotoras, usando o folclore, os jogos, brincadeiras, rodas cantadas e outras ferramentas para melhorar o trabalho na educação infantil. (BALESTRO, 2001)
De acordo com Santos (1997) apud Balestro (2001) a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal social e cultural, colabora para os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.
Do ponto de vista físico o folclore melhora as funções orgânicas do corpo humano, aperfeiçoa o sistema muscular e nervoso, proporcionando crescimento normal, a saber: danças, brinquedos e cirandas, se incorporam as atividades recreativas e são representativas da cultura de uma sociedade. (BALESTRO, 2001)
As atividades recreativas e psicomotoras visam ao desenvolvimento pessoal, ao domínio do próprio corpo; o que se pode realizar com o corpo todo e com cada uma das partes. O domínio das coisas que nos cercam, com utilizá-las como se situar no tempo e no espaço, bem como o desenvolvimento das qualidades sócias de cooperação, solidariedade e comunicação. (BALESTRO, 2001)
Segundo Dinello (1983) apud Balestro (2001) o elemento essencial da atividade lúdica é sua magia, onde tudo pode se representar para a criança sem nenhum outro limite que o da sua imaginação e a consistência de alguns objetivos transformados em brinquedos.
O desenvolvimento psicológico engloba o afetivo-emocional, cognitivo: perceptivo-motor-raciocinio lógico, proporciona ás crianças experiência variadas envolvendo a linguagem, o raciocínio lógico e a coordenação motora a fim de construir saberes, nas diferentes áreas do conhecimento e possibilitar a compreensão de si e do outro, assegurando o desenvolvimento motor, afetivo e emocional. (MAYER, 1972).
Ser professor é saber que a mudança é possível, é saber que cada criança pode fazer a diferença neste mundo, na sociedade e para que isso aconteça depende dos futuros professores começarmos a fazer a diferença pelas nossas aulas, ensinando de uma forma diferente. Esta forma diferente é fazer que a criança cinta o prazer de brincar oferecendo a elas diversidades para que não percam o sentido da estimulação nas atividades ofertadas.
Brincar é um ato de conhecimento em si. No brincar, o indivíduo, o espaço e possíveis objetos da brincadeira saem da esfera exclusivamente utilitária, e esta situação inclui diferentes graus de subjetividade. O mundo interno das crianças emprega parâmetros de uma realidade percebida por ela, que não coincidem necessariamente com as leis que governam a materialidade do objeto externo. (MILNER, 1957)
Esses efeitos externos são atenuados e o objeto revela uma vitalidade mais profunda por seu calor subjetivo, pela interação imaginativa e corporal entre a criança e o objeto. Nesse justo momento há um relaxamento das defesas conscientes e se dão passos para experiências subjetivas que se encontram em níveis mais profundos, dissolvendo as divisões entre o que está dentro e o que está fora, comunicando a experiência do ser. O brincar opera nesta unidade subjetiva. O brincar, entendido como atitude do corpo e da mente determina uma conduta pensante.
Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das idéias, de uma realidade anteriormente vivenciada.
Um exemplo citado pelos PCNS é uma criança que bate ritmicamente com os pés no chão e imagina-se cavalgando um cavalo, está orientando sua ação pelo significado da situação e por uma atitude mental e não somente pela percepção imediata dos objetos e situações.
É o adulto, na figura do professor, portanto, que, na instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Conseqüentemente, segundo os PCNS(1997), é ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar.
Nesse sentido, os PCNS(1997), orientam que é preciso que o professor tenha consciência que na brincadeira as crianças recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginativa. Nessa perspectiva não se deve confundir situações nas quais se objetiva determinadas aprendizagens relativas a conceitos, procedimentos ou atitudes explicitas com aquelas nas quais os conhecimentos são experimentados de uma maneira espontânea e destituída de objetivos imediatos pelas crianças.
Pode-se, entretanto, utilizar jogos, especialmente aqueles que possuem regras, como atividade didáticas. É preciso, porem, que o professor tenha consciência que as crianças não estarão brincando livremente nestas situações, pois há objetivos didáticos em questão.
Maria Monteiro, apud Krieger (2008) em seu método pedagógico, utilizou aos elementos essenciais da brincadeira natural das crianças e, a partir deles sistematizou um método educativo.
Essas atividades foram criadas a partir da observação das brincadeiras livres de crianças e, mesmo que não fossem formas de brinquedos livres, envolveram a manipulação. (KRIEGER, 2008).
Segundo Krieger (2008) somente no século XX a brincadeira livre foi aceita com forma de aprendizagem e passou a ser estimulada por ser considerada pedagogicamente educativa em si própria, embora não considerada o único meio de aprendizagem das crianças.
O brincar para a criança é fundamental para seu desenvolvimento. E através da brincadeira que ela, com o uso imaginação e da criatividade, lida com sua ansiedade, seus medos e frustrações. (KRIEGER, 2008)
Através do brincar, a criança compartilha pontos de vista diferentes dos seus, percebe como os outros a vêem, possibilitam a experiência de governar e Sr governada e, acima de tudo governar a si mesma. Essas experiências permitem a criança pensar sobre seus feitos, sobre suas falas e ações estas são capazes de provocar-nos outros. Aprendem o que é necessário fazer ou de que modo interagir para que a brincadeira continue acontecendo. (KRIEGER, 2008).
Através da brincadeira, as crianças, em cada geração, renovam a cultura infantil. Brincar a repetir a brincadeira fazem com que ala aprende, alem de saber, sentir o gosto e apoderar-se da vitoria do conseguir. (KRIEGER, 2008).
Segundo oliveira (2004) o brincar da criança do nascimento aos seis anos, tem uma significação especial para a psicologia do desenvolvimento e para a educação, em suas múltiplas ramificações e imbricações, uma vez que:
-é condição de todo o processo evolutivo neuropsicológico saudável, que se alicerça neste começo;
-manifestação a forma como a criança esta organizando sua realidade e lidando com suas possibilidades, limitação e conflitos, já que, muitas vezes, ela não sabe, ou não pode, falar a respeito deles;
-introduz a criança de forma gradativa, prazerosa e eficiente ao universo soco-historico-cultural;
-abre caminho e embasa o processo de ensino/ aprendizagem favorecendo a construção da reflexão, da autonomia e da criatividade.
A força, originalidade e criatividade da brincadeira simbólica, também chamada de faz-de-conta, ou, ainda de jogos dramáticos, provem de suas raízes que se afirmam e tiram sua seiva do chão-terra. De fato,são as brincadeiras do bebe com seu corpo, quando rola, engatinha, tira e pões vezes sem conta, objetivos uns dentro dos outros, numa cadencia rítmica, que altera movimento oposto com os de abaixar e levantar, puxar e empurrar, abrir e fechar, esconder e achar, que dão condição a passagem da vida ainda muito próximo dos instintos, alicerçada nos reflexos, à lente, gradual e batalhado ingresso no universo humano propriamente dito, o simbólico. (OLIVEIRA, 2004).
O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e ate quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura materna, mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos, e de ser mãe boa, forte e confiável. (OLIVEIRA, 2004).
Segundo Oliveira (2004) no faz-de-conta solitário, em que a criança de dois a quatro anos vive vários papeis sociais, como o da mãe, do pai ou do irmão, por exemplo, ela já se exercita para brincar com as outras crianças, aprende a ceder e a compartilhar mais tarde, numa brincadeira simbólica coletiva, onde as regras sócias já se esboçam e começam a ser internalizadas.
No faz-de-conta coletivo ainda ao há a colaboração e/ou competição manifestas que surgirão no jogo de regras, mais tarde, mas já este presente sem duvidas, a necessidade de respeitar, pelo menos parcialmente, o outro, para podes ser aceito no grupo. Paralelamente a essa descoberta, sente o grande prazer de aprender a brincar com os outros numa situação imaginaria. (OLIVEIRA, 2004).
Diante disso, Oliveira (2004) enfatiza que as brincadeiras em conjunto vêm a ser melhor experiência de sociabilização, uma vez que, para fazer parte do grupo, é preciso aprender gradativamente a tomar conta dos próprios impulsos de hostilidade e desagregação, já que estes também podem ser identificados pelas outras crianças que passarão a poder vir a excluir ou menosprezar aqueles que não se integra bem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo teve como principais objetivos fazer um estudo bibliográfico sobre o desenvolvimento da criança de 0 a 6 anos, Educação Física escolar e enfatizou na importância do brincar na educação infantil.
Segundo Melo (1997) a ação corporal torna-se uma referencia permanente no desenvolvimento da criança e uma necessidade iminente na dinâmica da educação, sendo fundamental importância a atuação da Educação Física nesse contexto.
A educação compreende entre outros aspectos que a Educação Física faz parte do currículo, sendo de suma importância para o crescimento e desenvolvimento do aluno, está assegurado à criança, o direito e o dever de cumprir todas as exigências, bem como desfrutar da aprendizagem que lhe é oferecida.
Educação voltada para o prazer do movimento corporal por meio de atividades lúdicas, recreativas e psicomotoras, usando o folclore, os jogos, brincadeiras, rodas cantadas e outras ferramentas para melhorar o trabalho na educação infantil. (BALESTRO, 2001)
As atividades lúdicas são de vital importância na vida da criança, contribui para seu desenvolvimento motor e para uma aprendizagem efetivas e prazerosa, pois a partir desse brincar que elas têm condições de trabalhar melhor suas necessidades de socialização e afetividade. É a partir dessas necessidades, nem sempre percebida no brincar, que podemos junto com as crianças e a partir delas, realizar as brincadeiras que irão auxiliá-las na sua própria construção.
Pensar na atividade lúdica, enquanto um meio educacional significa pensar que a ludicidade pode criar situação e de ensino aprendizagem e cabe ao educador Físico conhecer as fases do desenvolvimento da criança, promovendo integração social e o compromisso de desenvolvimento as habilidades das crianças, proporcionando condições para que possa desenvolver suas potencialidades, afetividades, sensibilidades em ambiente adequado para a pratica das atividades lúdicas.
Segundo Oliveira (2004) no faz-de-conta solitário, em que a criança de dois a quatro anos vive vários papeis sociais, como o da mãe, do pai ou do irmão, por exemplo, ela já se exercita para brincar com as outras crianças, aprende a ceder e a compartilhar mais tarde, numa brincadeira simbólica coletiva, onde as regras sócias já se esboçam e começam a ser internalizadas.
Nessa fase é de suma importância o educador estimular a criança, é o estagio de desenvolvimento em que a criança se encontra, as experiências vividas constituir-se em aprendizagens ricas e duradouras construindo o comportamento infantil, buscando a autonomia da criança e valorizando a afetividade que envolve o processo de aprender.
Com base nesse estudo, percebe-se que um bom educador é aquele que é capaz de descobrir a criança que existe dentro dele, que entra na brincadeira. Ser professor da pré-escola é saber "brincar brincando".Essa é a Educação Física que queremos, pois somente assim mudaremos e transformaremos nosso contexto escolar, dando mais significação ás nossas práticas pedagógicas, interagindo com mais segurança, qualidade e humanização no atendimento das nossas crianças.
REFERÊNCIAS
BALESTRO, Margarida. Recreação na escola: um espaço necessário para educação infantil. IN:ROMAN, Eurilda Dias; STEYER, Vivian Edite. A criança de 0 A 6 anos e a Educação Infantil: um retrato multifacetado. Canoas:Editora da ULBRA, 2001
BORGES, Célio José. Educação Física para o pré- Escolar. Rio de Janeiro, Sprint, 1987.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas. A teoria na prática. Porto Alegre, Atmed, 1995.
JUNIOR, Afonso. Aprendizagem por meio da ludicidade. Rio de Janeiro, Sprint, 2005.
MATTOS, Mauro Mattos, NEIRA, Marcos Garcia. Educação Física infantil: construindo o movimento na escola. São Paulo, Phorte, 2008.
MELO, Jose Pereira. Desenvolvimento da consciência corporal. Campinas SP, Unicamp. 1997
MORAES, Flávia Teixeira. Trabalhando com a educação infantil. Canoas, Afiliada, 2002.
RODRIGUES, Roberto. Psiconeurologia do desenvolvimento da criança de 0 a 6 anos.IN:ROMAN, Eurilda Dias; STEYER, Vivian Edite. A criança de 0 A 6 anos e a Educação Infantil: um retrato multifacetado. Canoas:Editora da ULBRA, 2001.
OLIVEIRA, Aniê Coutinho de. As linhas e as vertentes da psicomotricidade. In: ULBRA, Universidade Luterana do Brasil. Ludicidade e Psicomotricidade. Curitiba: Ibpex, 2008.
OLIVEIRA, Vera Barros de. O brincar e a criança do Nascimento aos seis anos.IN: ANTUNHA, Elsa Lima Gonçalves; RAMOS, Aidyl Macedo de Queiroz Perez; BOMTEMPO, Edda; NOFFS, Neide de Aquino. O brincar e a criança do nascimento aos sei anos. Petrópolis: Vozes, 2004.
KRIEGER, Maria da Graça Taffarel. O brincar na educação infantil. In: ULBRA, Universidade Luterana do Brasil. Fundamentos Teóricos e metodológicos da Educação Infantil. Curitiba: Ibpex, 2008.