Patada atômica e de sorte

Por Edson Terto da Silva | 28/02/2012 | Crônicas

O mais fascinante ao escrever sobre determinado assunto é consultar, pesquisar e pescar informações que viram pérolas verdadeiras para os textos. Imaginem fazer isso com assunto que tanto nos apaixona como participação brasileira em Copas do Mundo?  O personagem de hoje deve ter sido justamente lembrado em outros textos, mas vamos abordar algo pitoresco, como cinco dos seis gols que ele marcou em três Copas disputadas foram os primeiros do Brasil nas partidas ou, em um dos jogos, o único e que deu a vitória a Seleção Brasileira. Aliás, outro fato pitoresco é que nos seis jogos de Copas em que Roberto Rivellino fez gols, em 70 (México) e 74(Alemanha), o Brasil venceu.

Rivellino jogou ainda a Copa de 78 (Argentina), mas teve poucas oportunidades, pois estava ocntudido, e não fez gols. Trouxe no curriculo o tricampeonato de 70, um quarto lugar em 74, e um terceiro lugar, invicto, em 78. Paulistano, Rivellino seria um futuro presente de Ano Novo para todos os brasileiros, naquele 1º janeiro de 1946. Começou jogar das categorias de base do Corinthians paulista, onde foi da equipe profissional de 65 a 75, época em que era conhecido como “Garoto do Parque” ou “Reizinho do Parque”, alusões, no caso do diminuto de Rei, ao soberano e incontestável Pelé, e Parque era referência ao tradicional estádio corinthiano, o Parque São Jorge.

Após 75, sem conquistar nenhum título expressivo com o Corinthians, clube que aliás ficou sequer sem títulos paulistas, entre 55 e 76, até vencer a Ponte Preta de Campinas, na final de 77, Rivellino foi para o Fluminense onde jogou três temporadas e chegou conquistando título. Em 78, Riva foi jogar no Al Hilal da Arábia Saudita e foi campeão da Copa do Rei e bicampeão nacional, voltou por desavenças com o principe Kaled.

Duas curiosidades podem ser destacadas na vida do atleta paulistano, dono de um dos mais potentes chutes de canhota do futebol mundial, que lhe rendeu o apelido de “Patada Atômica”, no México, em 70. Em 72, Rivellino vestiu a camisa rubro-verde da tradicional Portuguesa de Desportos num amistoso contra a Bósnia- Herzegovina, antiga Iugoslávia, na inauguração do estádio Canindé, da Lusa. O jogo foi 2x0, com um dos gols marcados por Rivellino, até nada demais, se o gol não fosse de pé direito, raridade tratando-se do canhoto de passes precisos, chutes fortes e magistrais cobranças de faltas.

Ah, em 1981, Riva fez um amistoso contra a seleção da Arábia Saudita, jogando pelo São Paulo. Nem é preciso  dizer que ao lado de Pelé, Gérson, Tostão, Jairzinho, Clodoaldo e outros craques, Rivellino foi um dos destaques da Seleção Brasileira tricampeã no México(70). Em 72, ele seria campeão do Torneio da Minicopa e na época conquistou um fã, no mínimo especial, o argentino Diego Maradona, que o considera ídolo de sua infância e um dos maiores jogadores que já viu atuar. Não é para menos, é atribuida ao Riva a invenção do drible maravilhoso chamado elástico, mas humildemente ele diz que aprendeu com outro jogador, Sérgio Echigo, de origem japonesa, em partidas de futsal (obrigado Wikipédia).

A verdade é que Rivellino já deixou muitos beques caidos com tais dribles e destruiu muitas barreiras com os chutes potentes e quase sempre precisos. A rebeldia ocultada pelo cabelo estilo militar, mas exposta em gestos de vibração intensa na época de chumbo de 70, explodiria em cabelos longos e comemorações ainda mais intensas em 74 e 78. Quanto aos apelidos, o de Reizinho do Parque é atribuido ao jornalista Antonio Guzmán e a Patada Atômica ao locutor Waldir Amaral. Bigode era como seus colegas futebolistas o chamavam e Riva foi adotado como uma forma carinhosa de todos nós torcedores brasileiros chamarmos um dos maiores craques de nosso futebol.