Passivos ocultos

Por Keila Alves Godinho | 02/04/2012 | Adm

Passivos Ocultos

 

Passivo oculto é a atitude gerencial desenvolvida por gerentes e diretores da empresa e que poderá gerar no futuro, um encargo financeiro não previsto e indesejado.  Passivo porque representa uma obrigação decorrente de atos culposos. Oculto porque não é possível ser detectado pela simples análise de demonstrativos. 

Um exemplo de passivo oculto é a colocação de pessoa não suficientemente treinada para a emissão de documentos fiscais. Documentos emitidos com erro poderão ser detectados pela autoridade fazendária e a empresa poderá ser autuada, por vezes em elevados valores. Ao contrário do que se pode imaginar, essa é uma ocorrência bem freqüente e os erros comumente detectados pelos postos fiscais de rodovias, portos e aeroportos, durante o transporte de mercadorias.

Outro exemplo pode ser a atitude de um gerente ou de um capataz, na administração de pessoas. Por vezes, práticas como permitir que o empregado trabalhe durante suas férias, mesmo que pago por isso, poderá gerar no futuro uma reclamatória com conseqüências desastrosas para a empresa.

Na mesma linha, a prática de assédio moral, materializada por perseguição ao empregado indesejado, com vistas a que o mesmo peça sua demissão, poderá ensejar uma indenização por danos. Ainda pagamentos extra folha, ofensas à moral do empregado, assédio sexual, xingamentos, telefonemas fora de hora, poderão gerar conseqüências financeiras indesejadas para a empresa. O pagamento de valores sem que seja exigido o devido recibo, também poderá ser contestado no futuro pelo credor e a empresa pagadora poderá ser compelida a pagar novamente o valor que já foi pago, sem a devida comprovação. Contratos negociados e não firmados, poderão ser necessários e não servirem para nada. Nesse norte, coloco também os contratos firmados por pessoas sem competência para firmá-los.

Atitudes como as descritas acima, dificilmente serão identificadas por auditores e toda a vez que suas conseqüências ocorrerem, a empresa estará diante da possibilidade de um passivo, desconhecido, indesejado e para o qual não havia previsão orçamentária.

Dependendo da atitude gerencial, os passivos podem chegar a elevadas montas e por vezes até mesmo colocar em risco a continuidade da empresa que se vê afogada em dificuldades financeiras decorrentes de atitudes gerenciais inadequadas e comprometedoras.

Portanto, detectar e corrigir atitudes que conduzam a passivos ocultos, é uma tarefa dos administradores. A eles compete, não somente evitar atitudes que potencialmente possam gerar passivos no futuro, como detectá-las e tomar as medidas necessárias para que não ocorram.

Conclusão – Deve ser combatido.

Passivos ocultos não existem no presente. São passivos potenciais. Poderão tornar-se encargos no futuro. Todos na empresa devem estar conscientes de sua potencialidade danosa e tomar todas as atitudes necessárias para evitá-los, preservando a saúde econômica e financeira da organização.

Keila Alves Godinho – Administradora e Consultora Societária da Godinho Consultores Associados – Joinville/SC.