PASSATEMPO
Por Sandra de Santa Rosa | 06/07/2013 | CrônicasPASSATEMPO
Pusilânime biltre efusivo sacripanta pernóstico hodierno rotundo víspora perspicaz algibebe idiossincrasia vítreo solilóquio hediondo melífluo perscrutar inquirir insigne sorumbático misantropo tíbio zorrilho sofisma arcabouço macambúzio rábula cabedal mequetrefe saloia perfunctório paracoccidioidomicose ...
... foi a última de uma extensa lista que já se prolongava por minutos de diálogo-embate acirrado.
Era o papo que rolava entre dois irmãos. Não havia consenso ou mesmo coerência. Não havia vencedor. Só dúvidas, palavras difíceis jogadas na jogada. Explodiam no ar como as pipocas a estourar na panela – sentiram fome durante exercício mental tão exaustivo!
Tudo começou porque o primeiro foi desafiado pelo segundo: duvido você conhecer mais palavras difíceis que eu. Desafio aceito, já não havia primeiro ou segundo. O filme a que assistiam perdeu o valor. Havia agora palavras incompreensíveis para muito, talvez até para eles.
Batalha obstinada, já avançada, suspensa por sonoro PAREM! BASTA!
Era o pai que estava por perto ouvindo perto ouvindo tudo, desde que o desafio foi lançado. Ficou admirado com tantas palavras que os filhos em final de adolescência conheciam. Sentiu-se valorizado pelos investimentos feitos na educação deles. Mas cansou de ouvi-los. Aonde queriam chegar? Onde iam parar?
Suas duas palavras foram simples, práticas, ditas com autoridade e ... vencedoras. Houve um empate entre os dois que com olhar divertido prometiam revanche logo que possível.