PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA VIDA ESCOLAR DOS ALUNOS

Por CRISLAYNE G FONTES ALVES | 26/08/2017 | Educação

PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA VIDA ESCOLAR DOS ALUNOS

 

ALVES, Crislayne Giovana Fontes

ANJOS, Rosa Gonzaga

DEBRAWOLHY, Terezinha

RESUMO:

A relação entre a família e a escola traz relação enriquecedora para o bom desenvolvimento da aprendizagem do aluno e dessa forma tanto o aluno como a escola ganham. O presente estudo busca investigar a influência da família no processo de ensino-aprendizagem dos alunos, bem como contribuir sobre a importância da relação família e escola, buscando aprofundar conhecimentos sobre a influência da família para o desenvolvimento educacional dos alunos. Ao final da pesquisa pode-se perceber que a participação da família é importante, visto que influencia no processo de ensino-aprendizagem. Constatou-se ainda que o nível de relacionamento existente entre a escola e a participação da família é regular.

Palavras- Chave: Escola. Família. Aprendizagem.

ABSTRACT:

The relationship between the family and the school brings enriching relationship for the good development of student learning and thus both the student and the school wins. This study investigates the influence of the family in teaching and student learning process and contribute to the importance of family and school relationship, seeking to deepen knowledge on family influence to the educational development of students. At the end of the survey it can be seen that family participation is important as it influences the teaching-learning process. It was noted that the existing level of relationship between the school and family participation is received.

Keywords: School. Family. Learning.

1 INTRODUÇÃO

Sabe-se que a educação pública gratuita é direito de todos e é dever do estado e da família. A escola tem como função formar cidadãos para o trabalho e o exercício da cidadania para que ele seja capaz de pensar e ter autonomia para tomar decisões.

Para a escola desempenhar o seu papel na aprendizagem dos alunos precisa do apoio constante e infalível dos pais ou responsáveis, visto que depois da família é na escola que as crianças permanecem mais tempo e a conduta delas é diferenciada pela maneira de reagir, pelas regras estabelecidas em cada família.

Surge então a necessidade de uma relação entre família e escola, objetivando evitar dificuldades e empecilhos para o bom desenvolvimento das crianças na escola.

A participação da família na vida escolar dos alunos, tema deste estudo, é de grande importância para o desenvolvimento no processo de aprendizagem. É necessário que os pais tenham consciência, de que a participação na vida escolar dos seus filhos possibilita que o processo educacional tenha um ganho de qualidade.

Com a participação dos pais, aluno passa a perceber que existe uma concreta e forte ligação entre a sua escola e a família, de modo que estas tenham uma grande sintonia a fim de que lhes cobrem igualmente, responsabilidade, compromisso, respeito e organização.

O fato do responsável não participar da vida escolar do filho tem acarretado muitos problemas para escola e desta forma os professores não estão conseguindo ter respaldo para concluir um trabalho com qualidade. A família deverá acompanhar de perto seus filhos, pois, é nela que se forma o caráter.

O diálogo entre a escola e a família tende cooperar para um equilíbrio no desenvolvimento escolar, que é possível considerar que a criança e os pais trazem entre si uma forte e íntima ligação com o desenvolvimento escolar. Muitos pais atribuem somente aos filhos e a escola as causas do fracasso escolar.

Sendo assim, cabe aos professores, procurar fazer uma grande aliança com os pais e seus alunos para que dessa forma a qualidade da educação seja diferente do que estamos vendo nos dias atuais.

Presencia-se sempre um jogo de empurra, empurra e isso deve ser mudado. Será que se o pai começasse a ser mais atuante, participando das reuniões, das festas na escola, conhecendo melhor os professores de seus filhos,  incentivando-o a leitura, orientando, e não fazendo as tarefas escolares dos filhos, não deixando-os faltarem as aulas,   valorizando a escrita, apoiando os professores, e na condição de agente educacional exigir uma educação de qualidade envolvendo-se na luta da escola, por uma aprendizagem  construída a partir do interesse e do envolvimento do próprio aluno não mudaria este quadro tão desanimador da educação brasileira? Por estes e outros questionamentos acredita-se que esta pesquisa trará contribuições significativas para os pais, alunos e professores em busca de uma educação voltada para a construção de laços de amizade e comprometimento entre a escola e a família.

Nesta perspectiva, esta pesquisa objetiva investigar a influência da família no processo de ensino-aprendizagem dos alunos, bem como contribuir sobre a importância da relação família e escola, buscando aprofundar conhecimentos sobre a influência da família para o desenvolvimento educacional dos alunos.

 

2 A RELAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS

 

López (2009), afirma que a relação entre pais e filhos mudou muito nas últimas gerações, sendo mais racionalizada e menos afetiva. O afeto na vida da criança se faz necessário, tanto para o desenvolvimento escolar, quanto para o desenvolvimento social. Através da afetividade as realizações pessoais, psicológicas e sociais, tornam-se possíveis. Assim, o dinheiro e o conforto não são tão importantes para os filhos do      que a presença, o diálogo, o corrigir, o alertar que é o que os farão se sentirem amados. “Muitos pais participam de forma errônea na escola, isso acontece, quando transferem a ela essas responsabilidades que eles deveriam ter” (LÓPEZ, 2009, p.36).

Portanto, segundo López (2009), os pais não devem abandonar as responsabilidades que lhes competem no dia-a-dia dos seus filhos. Quando acompanham, orientam e apoiam as atividades escolares, se envolvem no desenvolvimento da criança para com isso fortificar as relações no seio familiar e, consequentemente, na escola. Realizar esse trabalho, desde cedo com as crianças, pode-se perceber o resultado no processo de aprendizagem, onde, a responsabilidade e a liberdade farão parte da vida do aluno sem grandes sofrimentos e frustrações.

Sabe-se que, tanto a criança quanto o adolescente, procuram uma referência na figura de um adulto e essa busca acontece, na maioria das vezes, nos pais. Mas muitas vezes, eles não encontram no seio familiar, pessoas envolvidas e com autoridade suficiente para negar-lhes os excessos, pois, educar também exige “nãos”.

Vale lembrar, que os pais são os maiores responsáveis pelo bom desenvolvimento dos seus filhos na aprendizagem.

Quando a escola e a família mantêm um relacionamento direcionado ao bem estar da  criança, com valores semelhantes, propiciando o bom aprendizado da criança, as dificuldades  que eventualmente surgirem, poderão ser amenizadas. “um  diálogo verdadeiro entre pais e professor é [...] indispensável, porque o desenvolvimento harmonioso das crianças implica uma complementaridade entre a educação escolar e educação familiar (PILETTI, 2003, p. 111).

Para Piletti (2003), a família e a escola devem caminhar juntas e unidas. Esse trabalho conjunto pode evitar problemas como a indisciplina, má conduta e baixa aprendizagem causadas por essa falta de compromisso que alguns pais deixam de ter com seus filhos.

 

2.1 FAMÍLIA E ESCOLA

A família, de modo geral, segundo López (2009) é à base de toda formação do ser humano, dela decorre toda a formação moral, espiritual e intelectual, o indivíduo aprende a reconhecer diferenças, a realizar trocas afetivo-emocionais e a construir sua identidade.  

É a família que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais. (KALOUSTIAN, 1988, p. 22)

Apesar de todas segundo López (2009), as mudanças sociais, as famílias demonstram uma grande capacidade de sobrevivência e adaptação, e a prova disso é que permanecem como principal núcleo social sob múltiplas formas.

Kaloustian (1988) ressalta que como toda instituição social, a família, possui aspectos positivos, sendo eles, o encontro da afetividade, do apoio e da solidariedade. Mas apresenta também, ao lado destes, aspectos negativos, como a imposição de leis, valores e costumes, que envolvem autoritarismo e rigidez. Torna-se então, muitas vezes, elemento de constrangimento social, geradora de conflitos e incertezas.

Para López (2009), a escola é uma instituição constituída por alunos, professores, direção, coordenação, corpo discente, pais e representantes da comunidade local que sejam capazes de organizar e responder adequadamente aos seus problemas num clima de cooperação e ajuda, visando a melhoria no processo educativo. A escola é um local onde os profissionais da educação devem trabalhar a afetividade, valores sociais, ética e cidadania na busca de uma sociedade justa e ciente de sua força política.

Para Freire (1987, p. 68) um passo importante para a construção de uma parceria entre a escola e a família é, sem dúvida, a identificação desta como instituição educadora, tendo sempre o que transmitir e o que aprender. “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.

Segundo López (2009), sendo um local onde se desenvolve estratégias que deverão proporcionar à criança, a oportunidade de realizar as experiências de suas aprendizagens que serão significativas, diversificadas, integradas e socializadoras, a escola será capaz de levar à aquisição progressiva de conhecimentos, valorizando o desenvolvimento de capacidades de pensamento e de atitudes favoráveis à sua aprendizagem, tornando a criança cada vez mais autônoma e criando assim o gosto pelo saber.

Sabe-se que durante séculos, a família educava as crianças dentro de seus valores costumes e tradições. Segundo Medeiros (2012), a escola somente transmitia conhecimentos acadêmicos e formava os jovens para a vida profissional. Entre a família e a escola existia uma cumplicidade onde uma dava aval às decisões e posturas da outra.

Com o passar dos anos, esses papéis se misturaram, ou até mesmo, se inverteram, pois já não se consegue mais perceber qual é o papel de uma e qual o papel de outra. Entretanto, uma coisa é certa: a escola e a família têm um único dever: educar as crianças para a vida. A família deve fazer esse trabalho juntamente com a escola, pois a criança passa a maior parte da sua vida dentro de casa.

A educação não começa na escola ela começa muito antes e é influenciada por muitos fatores. Ao longo do seu desenvolvimento físico e intelectual a criança passa por várias fases nas quais a escola da vida, isto é, o ambiente familiar, as condições socioeconômicas da família, o lugar onde se mora, o acesso a meios de informação, têm uma importância muito grande (PERRENOUD, 2000, p. 79).

Para López (2009), a educação não começa na escola ela começa muito antes e é influenciada por muitos fatores. Ao longo do seu desenvolvimento físico e intelectual a criança passa por várias fases nas quais a escola da vida, isto é, o ambiente familiar, as condições socioeconômicas da família, o lugar onde se mora, o acesso a meios de informação, têm uma importância muito grande

Segundo Medeiros (2012), muitos pais colocam a responsabilidade de dar continuidade na educação familiar de seus filhos na escola, o que é difícil de acontecer, sendo que, seria necessária uma atenção individual, mas com turmas grandes e heterogêneas as cobranças e comprometimentos são iguais para todos.

A família e escola precisam juntas, criar uma força de trabalho para superarem as suas dificuldades, construindo uma identidade própria e coletiva; para isto, é fundamental que se encarem como parceiras de caminhada, pois ambas são responsáveis pelo que produzem - podendo reforçar ou contrariar a influência uma da outra (PERRENOUD, 2000, p. 84).

 

Conforme López (2009), quando a interação entre a família e a escola é percebida pela criança, o processo educacional torna-se mais significativo. Então, a criança se sentirá segura e apoiada tanto por um lado quanto pelo outro e compreenderá com maior facilidade que a escola e a família são sinônimos de cumplicidade.

 

 

2.2 A  PRESENÇA DA ESCOLA E DA FAMÍLIA DO ALUNO

Segundo Prado (2002), para algumas famílias a escola tem grande valor na vida dos seus filhos, sendo fonte de importantes valores morais e de aquisição de conhecimento e cidadania, referência esta, mais importante que ter uma vida econômica estável, conhecer pessoas influentes na sociedade, ser bem sucedido profissionalmente.

Já para muitos pais em melhor posição social, seus filhos percorrem a vida escolar sob o pretexto único de que eles precisam dela para dar continuidade à sua ascensão social ou para entrar no mercado de trabalho. Com isso, para muitas famílias buscar a escola é mais um mecanismo de ascensão social e o ato de estudar passa ser apenas para manter um padrão econômico.

De acordo com Nérici (1992, p. 106), “os pais devem agir de maneira como gostariam que seus filhos agissem, pois o exemplo ainda é técnica válida e eficiente para motivar formas de comportamento”. O autor afirma que através do convívio familiar se estabelece uma relação, onde a educação que os pais passam aos filhos desenvolve ou não, uma consciência de responsabilidades pelos seus atos e sobre as escolhas que fazem. Para que isso se estabeleça, é importante que os pais transmitam segurança aos filhos sendo justos calmos e firmes, já que atitudes oscilantes podem passar falta de confiança e insegurança. Portanto, no convívio familiar aprende-se bem mais observando o comportamento do outro do que escutando o que se deve fazer.

Sendo assim, a influência da família pode cristalizar determinadas atitudes nas crianças que poderão ajudá-lo socialmente ou prejudicar o seu desenvolvimento nas relações interpessoais. Piletti (2003, p. 14). “considera de fundamental importância para o desenvolvimento posterior da criança e para sua aprendizagem escolar, os sentimentos que os pais nutrem por ela durante os anos anteriores à escola”.

Portanto, quando há distúrbios, é impossível evitar que muitos problemas venham se manifestar na vida escolar, devido à pluralidade de culturas familiares e pela intervenção que a escola vai fazer durante o processo.

Nérici (1992, p.189) aponta a abstração da família para as tentativas e intervenções da escola em procurar as causas de alguns comportamentos que atrapalham o aprendizado dos alunos: “Pouco são os pais que acompanham a educação de seus filhos, prestigiando e entrando em contato com a escola, a fim de colaborar com ela na tarefa em que ambos são responsáveis”.

Muito ganharia o aluno se os pais, ao invés de olharem para a escola, como uma rival que ratifica as carências familiares, buscassem agir como colaboradores e cúmplices na formação dos seus filhos.

Com certeza os resultados da aprendizagem seriam melhores e o cotidiano escolar dos alunos também, resgatando valores importantes como a autoestima, o respeito e a persistência. Sendo assim, tanto a família quanto a escola construiriam um ser humano cheio de possibilidades (WEIL, 2001, p. 22).

Assim, fica claro que o comportamento do aluno é reflexo dos pais, da relação que ele tem com sua família e até mesmo, fisiológica ou hereditária, o que nos dá a certeza, de que a escola sozinha não é capaz de formar estes indivíduos.

Entretanto, a realidade é outra. Os pais matriculam seus filhos transferindo toda a responsabilidade na educação destes, unicamente, à escola e voltam no final do ano para culpá-la pelos resultados “exigem tudo da escola: que seus filhos aprendam, que a escola os eduque, que lhes ensine a comer [...]” (SALVADOR, 1999, p. 185).

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), art. 4°, é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação e à convivência familiar e comunitária. Portanto, a participação dos pais, além de ser um direito, é um dever, pois eles são os responsáveis legais e naturais na educação do filho.           

O sucesso do processo educacional depende muito, da atuação e participação da família, que não pode estar alheia aos aspectos do desenvolvimento dos seus filhos. Transferir para a escola a responsabilidade pela formação ampla dos alunos pode desviar a função principal de transmitir os conteúdos curriculares, especialmente os de natureza cognitiva. Com isso, ao invés das famílias se aliarem, acabam se  afastando ainda mais do ambiente escolar. E todos perdem.

Segundo Tiba (2004), não se pode negar que é, primeiramente na família, onde se recebe os ensinamentos e a preparação para a vida em sociedade e, até mesmo, para a reprodução, conservação e confirmação dos valores recebidos que são necessários no processo de interação em suas relações sociais. Tendo a família esse papel principal de formação e educação, deveria saber quanto à educação dada a seus filhos pela escola é importante e o quanto sua parceria com ela pode ajudar no desenvolvimento desse processo.

A relação família e escola vêm, a cada dia, perdendo o seu espaço que é o de oferecer encontros por meio de reuniões e até mesmo atendimento individualizado. Observa-se que muitas pessoas, sem perceber, estão se tornando, cada vez mais, individualistas, o que afasta qualquer possibilidade de se manter diálogos e relações interpessoais. Sendo assim, pode-se entender que houve grandes mudanças nas relações humanas dentro das famílias, e com isso, a escola é a primeira a sentir esta realidade de perto.

Diante dessas mudanças nas famílias, pode-se observar com frequência, no dia a dia escolar, muitos problemas de comportamento dos alunos como: falta de atenção, desinteresse, agressividade, falta de compromisso com as atividades, instabilidade, indisciplina.

Tais transtornos causam prejuízos a ele e a classe como um todo. Surge então o antagonismo entre o aluno e aqueles que desempenham o papel educador. Posicionando-se em lados extremos, de um lado a escola, se torna indiferente a aprendizagem destes alunos, pois, o corpo docente passa a nutrir sentimentos negativos. De outro lado, tais alunos passam a enxergar a escola como um local de oposição, um obstáculo para sua vida (WEIL, 2001, p. 26).

Entretanto, se faz importante considerar que cabe ao educador captar estes sintomas e sinais, antes que se instale um quadro de repulsa mútua, entre aluno-escola, já que na maioria das vezes o aluno tido como “problema” é na verdade a maior vítima de um quadro social perverso.

Pode-se dizer que o meio familiar em que a criança vive, certamente, interfere no desenvolvimento da sua aprendizagem como um fator importante para a sua realização pessoal.

 

2.3 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA APRENDIZAGEM

A participação dos pais na educação dos filhos se torna cada vez mais distante das escolas, são muitas as justificativas dadas pelos pais e até mesmo pelos filhos. As mais frequentes são: trabalho, viagens, separação dos pais, com isso, os familiares se distanciam uns dos outros dentro de seus próprios lares e os filhos, em muitos casos, ficam sem o devido acompanhamento escolar, alguns alunos se justificam dizendo que não são mais crianças para que os pais venham à escola.

Segundo Medeiros (2002), a atenção e acompanhamento que os pais devem ter para com os seus filhos na escola, também devem se estender ao lar seja relacionado ao ambiente em que vivem ou aos cuidados que dão, para que a aprendizagem aconteça naturalmente. Não se esquecendo que através dos diálogos, do incentivo, das leituras sobre atualidades e de tudo o que acontece no mundo traz contribuições significativas para os alunos, pois, desenvolve seu senso crítico diante dos acontecimentos, o que, também não deixa de ser mais uma forma de aprendizagem.

A escola, com a certeza de que em muitos momentos não conseguirá resolver determinados problemas ou dificuldades dos seus alunos, sem a participação dos pais, busca, como de costume, atraí-los para que participem de reuniões ou diálogos individuais. Porém, também é verdade que a família nem sempre vê com bons olhos essa chamada que a escola faz, muitas vezes não têm interesse se apresentarem na escola para dialogar sobre o filho.

É fundamental que as escolas busquem o convívio escolar das famílias para que ajudem a planejar suas atividades e seus projetos pedagógicos como forma de acreditar na interação dos pais com a escola. Mesmo que nem todas as atividades e projetos possam ser desenvolvidos a partir da presença da família, devem selecionar os momentos viáveis e oportunos para que isso aconteça (LÓPEZ, 2009, p. 75).

A escola precisa utilizar das oportunidades que tem para entrar em contato com os pais, transmitindo-lhes informações importantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e sobre as questões pedagógicas, relacionadas aos seus filhos. Desta forma, as famílias vão se sentir comprometidas com a melhoria na qualidade de ensino da escola e também da educação que seus filhos recebem.

A visão que a escola deve ter das famílias também irá servir como mediadora para que a comunicação seja eficiente entre elas. O grande número de famílias desestruturadas, de filhos que têm os pais separados, que moram com os avós, os tios, os padrinhos pode gerar crianças sem vínculos, com problemas psicológicos e de difícil adaptação à vida escolar.

[...] se torna difícil para muitos pais dar opiniões na vida de seus filhos. Para que isso não aconteça ao ponto de se tornar frequente, é necessário agir com autenticidade desde o berço. Pais e mães precisam ser espelhos para seus filhos, procurar sempre se manter bem estruturados, bem educados, seguros em suas decisões, sensíveis às diversas atitudes do dia-a-dia. Assim os nossos filhos ou futuros filhos serão apreciadores e bem iluminados de reflexos bem claros. Terão uma estrutura para erguer seus descendentes (MEDEIROS, 2002, p.16).

Diante desta consideração, surge uma questão: como esperar independência, autonomia, sensibilidade de famílias carentes, com pais alcoólatras, histórico de violência familiar, drogas, prostituição, abandono?

Este é o caso de muitas crianças que estão matriculadas nas escolas públicas e também nas privadas. Essas crianças chegam às escolas e dividem as salas de aulas com outras provenientes de lares planejados, cujos pais são responsáveis e participantes na vida delas, em todos os sentidos. Sendo assim, é possível avaliar todas essas crianças igualmente e esperar delas desempenhos semelhantes? (GIACAGLIA, 2006, p. 51).

Certamente a resposta para essas perguntas é “não”. O dia a dia dentro das escolas tem mostrado que essas crianças necessitam de uma atenção e acompanhamento escolar maior. Entretanto, muitas escolas públicas, mesmo com poucos recursos e encarregada de receber todo ano uma grande clientela cada vez mais problemática e advinda de lares desestruturados, tenta cumprir com o objetivo de aproximar das famílias a fim trazê-las a participar das atividades escolares dos seus filhos, mas não tem conseguido efetivamente cumprir esta árdua missão.

Segundo Tiba (2004), os “bons pais” participam ativamente da vida escolar de seus filhos. Estão sempre presentes nas reuniões, nos eventos, participam em casa das lições escolares, aconselham seus filhos e os criam em um ambiente harmonioso. As crianças, advindas desses lares, demonstram mais segurança, autonomia, identidade própria. Por outro lado, as crianças que não possuem uma estrutura familiar definida, demonstram insegurança, são dependentes, carentes afetiva e emocionalmente. E são os pais dessas últimas crianças que nunca participam das atividades escolares e nunca vêem a escola.

Portanto, essa ausência da participação dos pais na vida escolar dos seus filhos pode afetá-los psicologicamente, colaborando para reafirmar traumas, ascender o sentimento de abandono, pela indiferença dos pais para com elas contribuindo assim para que essas crianças se tornem “problemas” dentro das escolas.

 

 

3 ANÁLISE DOS DADOS

Conforme análise dos dados coletados através dos questionários respondidos pelos professores, da Escola Municipal de Alta Floresta-MT, chegou-se aos seguintes resultados:

Segundo os pesquisados 100% são do sexo feminino; 47% têm entre 34 a 41 anos; 80% são casados, conforme respostas dadas as perguntas n.os 1, 2 e 3 respectivamente.

De acordo com os professores, 54% responderam que têm renda de 1 a 3 salários mínimos e 33% trabalham na escola de 1a 5 anos e 33% trabalham há  menos de 1 ano, conforme respostas dadas nas perguntas n.os 4 e 5 respectivamente.

66% dos pesquisados têm especialização como formação; 100% afirmaram que a participação da família na vida escolar do filho é importante; 39% afirmaram que a família é a base do ensino e 100% responderam que a participação da família influencia no processo de ensino-aprendizagem, conforme respostas dadas nas perguntas n.os  6, 7, 8 e 9 respectivamente.

De acordo com os pesquisados 61% responderam que a participação dos pais das crianças na escola é razoável; 93% responderam que os pais às vezes procuram o professor para saber sobre o filho; 100% afirmaram que há diferença no rendimento escolar dos alunos que tem a participação da família na escola com os alunos que as famílias não participam, conforme respostas dadas as perguntas ° 10, 11 e 12.

De acordo com os pesquisados 39%% responderam que  quando a família participa o aluno tem mais responsabilidade e 73% afirmaram que o nível de relacionamento existente entre a escola e a participação da família é razoável, conforme respostas dadas às perguntas 13 e 14 respectivamente.

40% dos pesquisados responderam que o ponto positivo da participação da família no processo de ensino é o bom rendimento na aprendizagem; 40% afirmaram que o ponto negativo é o baixo rendimento e 26% dos pesquisados deram como sugestão que o pais participem mais do processo de ensino aprendizagem, conforme respostas dadas as perguntas 15, 16 e 17 respectivamente.

 

3.1 DISCUSSÃO DOS DADOS

A pesquisa tem origem na seguinte problemática: será que a participação da família na escola influencia no processo de ensino-aprendizagem do aluno? Diante desta problemática levantaram-se hipóteses, chegando aos seguintes resultados:

A hipótese básica “a participação da família influencia no processo de ensino-aprendizagem” foi confirmada de acordo com as respostas dadas na pergunta nº 9, a participação da família influencia no processo de ensino-aprendizagem, visto que 100% dos pesquisados afirmaram sim.

Segundo López (2009, p. 34), “a escola por sua vez, afirma que o êxito do processo educacional depende, e muito da atuação e participação da família, que deve estar atenta à todos os aspectos do desenvolvimento do educando”

Os pais devem estar cientes que a participação na vida escolar de seus filhos é fundamental para o desenvolvimento cognitivo dos mesmos, pois segundo Lopéz (2009), se os pais não participam da vida escolar dos filhos, não se pode alcançar uma educação  coordenada e eficaz dos mesmos.

Não é possível enfrentar seriamente um tema de educação sem que as duas mais importantes instituições educacionais da sociedade atual, a família e a escola unam esforços em busca de objetivos e estratégias comuns.

 

A hipótese secundária “a”, “a participação das famílias na vida escolar das crianças é regular”, foi confirmada de acordo com as respostas dadas na pergunta n° 10, como é a participação da família na vida escolar das crianças, em que 61% dos pesquisados responderam que a participação da família é regular.

Segundo Dias (2005, p. 81) “os pais podem e devem envolver-se com o processo escolar de seus filhos e exigir que a escola cumpra o papel que lhe cabe na educação das crianças sem descaracterizar a especificidade dos papeis que cada instância deve exercer”.

Segundo Lòpez (2009) a tarefa de casa deve ser vistos como uma oportunidade de aplicação dos conhecimentos adquiridos na sala de aula, mas, também como  possibilidade de adquirir aprendizados que por diversas razões não foram bem sucedidos na escola, os pais tem nos deveres de casa oportunidade de dialogar com os filhos e ajudá-los sem que isso implique isentá-los do esforço de prender por conta própria.

A responsabilidade em educar não é de competência apenas da escola, mas também da família.

 

A hipótese secundária “b”, “a participação da família é importante”, foi confirmada de acordo com as respostas dadas na pergunta n° 7, a participação da família na vida escolar do filho é importante, em que 100% dos pesquisados responderam que sim.

López (2009), afirma que a participação dos pais na vida escolar dos filhos deve apresentar um papel importante no desempenho escolar, pois sabe-se que o diálogo entre a família e a escola, tende a colaborar para um equilíbrio no desempenho escolar, o que é possível considerar que a criança e os pais trazem consigo uma ligação íntima com o desempenho.

Segundo Osório (1996, p. 81-82), “não se deve delegar a escola tarefas que continuam sendo da família e ainda cabe a mesma oferecer a criança e ao adolescentes a pauta ética para vida em sociedade”.  A responsabilidade em educar não é de competência apenas da escola, mas também da família.

 

A hipótese secundária “c”, “o nível de relacionamento existente entre a escola e a participação da família é considerado como regular”, foi confirmada de acordo com as respostas dadas na pergunta n° 14, nível de relacionamento existente entre escola e a participação da família, em que 73% dos pesquisados responderam que o nível de relacionamento existente entre a escola e a participação da família é regular.

A escola reclama bastante da responsabilidade pela formação ampla dos alunos que os pais transferiram para ela, e esta postura disciplinar a desviou da função de transmitir os conteúdos curriculares, sobretudo de natureza cognitiva. Com isso ao invés de ter as famílias como aliadas, acabou afastando–as ainda mais do ambiente escolar (PAROLIN, 2005, p. 45).

Os pesquisados deram como principal sugestão para melhorar a participação da família no processo de ensino que os pais participem mais da aprendizagem.

Envolver a família na educação escolar dos filhos pode significar, para a escola, que ela tenha que conhecer melhor os pais dos alunos e realizar um trabalho conjunto com eles para criar entre outras coisas, uma atmosfera que fortaleça o desenvolvimento  e a aprendizagem das crianças nesses dois ambientes socializadores. Entretanto é possível que isso represente para alguns professores, uma ameaça a sua profissionalidade, pois poderiam sentir que estão sendo destituídos de sua competência e de seu papel de ensinar (MEDEIROS, 2002, p. 65).

Sabe-se que na relação família e educadores, um sujeito sempre espera algo do outro e para que isso de fato ocorra è preciso que sejam capazes de construir de modo coletivo uma relação de dialogo mútuo, onde cada parte envolvida tenha o seu momento de fala, onde  exista uma efetiva troca de saberes.

Dentro do exposto, atingiu-se os objetivos propostos no trabalho, pois percebeu-se que imprescindível que pais estejam em sintonia com a vivência escolar e social de seus filhos, se habituando a estarem sempre presentes na escola, pois essa integração tende a enriquecer e facilitar o desempenho escolar do educando.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

 

Ao término deste estudo percebe-se que a participação da família influencia no processo de ensino-aprendizagem. Constatou-se ainda que a participação da família é importante e que o nível de relacionamento existente entre a escola e a participação da família é considerado regular.

Os filhos precisam perceber que sua família, seja ela adequada ou não ao modelo que se conhece, está comprometida e preocupada com o seu desenvolvimento escolar como aluno e como ser social perante a sociedade.

É fundamental que se chame a atenção dos pais sobre a qualidade da sua participação na vida dos filhos já que, por trabalharem e não terem tempo suficiente para acompanhar e participar adequadamente das atividades escolares, que utilizem o pouco tempo com os filhos para conversar, intervir e verificar o seu cotidiano, pois as atribuições profissionais jamais serão uma justificativa, na cabeça dos filhos, a falta de tempo para conversar e conhecer sua vida. Poucos pais realmente se envolvem e participam efetivamente das decisões e da vida escolar. A maioria, só comparece à escola quando são convocados.

Sabe-se, que os alunos que fazem parte de uma família que participa de forma direta do dia a dia escolar dos filhos, apresentam desempenho superior em relação aos demais. Essa participação se dá de modo simples, com acompanhamento do dever de casa e incentivo a leitura. Portanto, a família é a base da educação.

A escola e a família precisam caminhar de mãos dadas compartilhando as responsabilidades para formar verdadeiros cidadãos.

Ainda que seja motivo de grandes estudos, entende-se que a participação de todos é fundamental, ao lado da família, a escola permanece sendo um espaço de formação, mas, que deve repensar a sua ação formadora, preocupando-se em atrair a comunidade e os pais para uma participação mais efetiva na vida dos filhos. 

Finalizando, acredita-se que esta pesquisa contribuirá muito, pois aprender a viver em sociedade não é dever só da família, é também compromisso da escola, igreja, condomínio e o bairro que contribuem significativamente com essa aprendizagem.

O trabalho atingiu os objetivos propostos e espera-se que outras pesquisas sejam feitas sobre a relação família/escola, pois o saber consiste em ensinar e aprender. O saber não é só o acúmulo de informações, mas um conjunto de capacidades adquiridas e desenvolvidas na escola que tornam a criança apta a enfrentar desafios; por isso o professor, a família e a escola devem cumprir seu importante papel social: educação para o futuro.

 

REFERÊNCIAS

 

DIAS, Maria Luíza. Vivendo em família. São Paulo: Moderna, 2005.

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo, Paz e Terra, 1987.

 

GIACAGLIA, Lia Renata Angelini. Orientação educacional na prática. 5.ed. São Paulo: Thomson Learning, 2006.

 

KALOUSTIAN, S. M. (org.) Família brasileira, a base de tudo. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 1988.

 

LEI FEDERAL 8069/1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Santa Maria: Palloti, 1996.

 

López, Jaime Sarramona. Educação na família e na escola: o que é, como se faz. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2002.

 

MEDEIROS, Aline Carla de. Pais autônomos, um passo para formar identidades. Mundo Jovem, São Paulo. v. 1, n. 184, set., 2002.

 

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