PARTE CDXXXIX – “FESTA NO BORDEL (O CASO ‘MARLENE RICA’ -28.11.2003): “CADÊ A VIGILÂNCIA ELETRÔNICA, OS SEGURANÇAS E AS DONZELAS?”
Por Felipe Genovez | 11/06/2018 | HistóriaPROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
Data: 12.02.2004,
“Marelene Rica disse reservadamente para o Promotor Grubba que sua casa era frequentada pela “nata” da sociedade:
“Dona do bordel será ouvida hoje – Apesar de ser aguardado com muita expectativa, depoimento não deverá trazer novidades - O escândalo do bordel, como foi batizado o flagrante de autoridades da cúpula da Segurança Pública, em um prostíbulo de Joinville, ocorrido em novembro passado, mas tornado público na semana passada, terá um novo capítulo hoje, a partir das 16h, com o depoimento de Marlene Luy, proprietária do estabelecimento, ao Promotor de Justiça César Augusto Grubba, responsável pela apuração o caso. Apesar de ser bastante aguardado, o encontro entre a cafetina e o promotor não deverá trazer grandes novidades. Marlene poderá repetir em depoimento o teor da conversa informal que já manteve com Grubba quando do início das investigações, em janeiro. Na época, a dona da badalada casa de prostituição de Joinville teria sustentado uma versão em consonância com as explicações do coronel Paulo Conceição Caminha - então comandante-geral da Polícia Militar -, e exonerado depois de assumir publicamente que estava na casa, quando chegou uma força-tarefa para verificar uma denúncia de exploração sexual infanto-juvenil. Marlene teria garantido ao promotor que o coronel seria a única autoridade presente ao bordel e que ele nada teria feito para obstruir o trabalho de fiscalização. Durante o encontro reservado com Grubba, a dona da casa pode ter declarado que o seu estabelecimento seria frequentado pela nata’, razão pela qual ela ‘não admitiria’ adolescentes e drogas dentro da casa. A denúncia de exploração sexual infanto-juvenil, que levou a força-tarefa até o prostíbulo, não chegou a ser verificada porque, segundo o comissário da Infância e Juventude Milton Francisco da Silva, 49 anos, o coronel Caminha teria obstruído a entrada dos agentes. O ex-comandante, que prestará depoimento na quarta-feira da semana que vem, dia 18, reconhece que estava bordel, mas garante que sozinho e nega ter barrado a fiscalização. O DC apurou, porém, que pelo menos outros três membros da cúpula da Segurança Pública também estariam acompanhando Caminha na noitada. Conforme o promotor, caso Marlene Luy não compareça para depor e não apresente uma justificativa convincente para a falta, pode ser alvo de uma condução coercitiva, ou seja, à força policial. Promotor diz que não está sob pressão - O promotor de Justiça César Augusto Grubba garantiu ontem que não está sofrendo qualquer tipo de pressão externa, em função do envolvimento de funcionários do alto escalão do governo no caso. ‘A única pressão que estou sofrendo é da imprensa’, garantiu em meio a risos” (DC, 12.02.2004).
"Promotor Grubba sob pressão..., mas só da imprensa":
“Ambiente - Estão vendo fantasmas onde não existe. Esse é o clima na Secretaria de Segurança. Qualquer comentário na imprensa é superdimensionado, como se estivessem escondendo a verdade" (DC, Paulo Alceu, 12.2.2004).
“Blasi – segundo a imprensa - que disse ter trânsito com desenvoltura entre Oficiais da PM e Delegados, afirmou que só entrega o cargo de Secretário de Segurança depois de concluída a investigação da Polícia Militar e do Promotor Grubba”? A preferência é pelo Adjunto da SSP Coronel Pedro Roberto Abel?”:
“Panorama 1 - É voz corrente nas esferas governamentais que João Henrique Blasi só entrega o chapéu depois de concluída a investigação da Polícia Militar e, especialmente, do ministério público. Inocentado em ambas, aí bate em retirada para avaliar o que fazer, já alojado na Assembleia. Panorama 2 - Blasi só vai decidir o que fazer em 2004 depois de uma minuciosa pesquisa de opinião, que, pela via quantitativa e qualitativa, serviria para aferir o desgaste acumulado neste período de bombardeio. Não pretende se meter em aventuras. Panorama 3 - Quanto à sua substituição, não parece ser assim tão pacífica. Representantes das polícias Civil e Militar fazem restrição a qualquer indicação externa. João Henrique Blasi emplacou porque circula com desenvoltura entre oOficiais e delegados. Rejeitando nomes como do deputado Ronaldo Benedet, a Polícia Civil e a PM têm preferência pela efetivação do adjunto Pedro Roberto Abel” (A Notícia, Cláudio Prisco, 12.02.2004).
Porque ninguém falou nas câmaras de segurança? Nem o Promotor Grubba...”:
“Postura 1 - A oposição está se comportando com inteligência neste episódio de Joinville. Não tem procurado explorá-lo de forma exagerada. Anda até meio quieta, pois sabe muito bem que o estrago no casco do governo e do PMDB já foi feito, com reflexos em outubro. Postura 2 - O comedimento também é providencial na medida em que a opinião pública costuma reagir quando percebe que políticos querem tirar proveito da desgraça alheia. Sintomático: nem falou mais em CPI na Assembleia. Postura 3 - Agora, não será surpresa se os oposicionistas conseguirem arrancar uma gravação estratégica entre alguns dos participantes do flagrante de Joinville. Quem sabe, trabalhadoras que não residem na cidade, que poderiam dar uma declaração bombástica, a ser veiculada a uma semana das eleições” (A Notícia, Cláudio Prisco, 12.2.2004).
Enfim, o Delegado Mauro Dutra – que segundo o Delegado Braga – e obcecado por um cargo no governo - conquistou o que estava perseguindo:
“Posse - O delegado Mauro Dutra, que assume hoje, às 10 horas, o cargo de diretor do departamento de administração penal (Deap) da Secretaria de Segurança Publica e Defesa do Cidadão, não esconde de amigos. Por onde circula, todos querem saber da lista dos freqüentadores da boate de Joinville onde se encontrava a cúpula da segurança estadual” (A Notícia, Moacir Pereira, 12.02.2004).
Data: 13.02.2004:
Marlene Rica confirmou ao Promotor Grubba que o Coronel Caminha estava na ‘festa’, mas só ele?”
“Dona de bordel depõe em Joinville – Luy confirma que Caminha esteve no prostíbulo, mas nega que tenha impedido força-tarefa - O depoimento da dona do prostíbulo onde foi flagrado o então comandante da Polícia Militar, coronel Paulo Conceição Caminha, não trouxe nada de novo ao caso. Conforme antecipou o Diário Catarinense na edição de ontem, Marlene Luy, 49 anos, confirmou ao promotor de Justiça César Augusto Grubba tudo o que já havia relatado em uma conversa informal, em janeiro, quando do início das investigações. Marlene sustentou que Caminha realmente estava no bordel, porém, sozinho, e não impediu a entrada da força-tarefa que, por ordem judicial, fiscalizava denúncia de exploração sexual infanto-juvenil. Para fugir da imprensa, Marlene pediu que seu depoimento fosse adiantada das 16h para as 11h. À tarde, o DC encontrou com a empresária, mas ela não quis conversar. O depoimento foi de encontro às denúncias do comissário da Infância e da Juventude Milton Francisco da Silva. Em representação encaminhada ao juiz da Vara da Infância de Joinville, Alexandre Moraes da Rosa, e confirmada esta semana em depoimento ao promotor Grubba, Silva afirmou que Caminha obstruiu os trabalhos da força-tarefa e evocou o nome do secretário da Segurança, João Henrique Blasi, como um dos presentes na noitada de 29 de novembro de 2003. Blasi sempre negou que estivesse naquela madrugada. Na próxima quarta-feira é a vez de ex-comandante Na próxima quarta-feira é a vez do ex-comandante da PM prestar depoimento ao Ministério Público. Caminha, que foi exonerado na semana passada, está descansando em Porto Seguro (BA) com familiares e deve retornar a Florianópolis neste fim de semana. Caso as declarações do ex-comandante sejam conflitantes com as versões já tomadas pelo promotor, não está descartada uma acareação entre os envolvidos - principalmente Caminha, Marlene, Silva e o segundo-tenente Márcio Reisdorf, que comandava os policiais militares destacados para dar segurança à força-tarefa” (DC, 13.2.2004).
"Cacau Menezes não quis ficar de fora desse imbróglio":
“Idéia - Engraçado, me deu vontade de promover uma festa em Joinville. Na casa da Marlene Rica, ao estilo do ‘Stripper Dance’ que fiz no Bokarra de Floripa e que ficou na história. Também pensei em convidar para a festa na Marlene Rica a argentina de Balneário Camboriú que foi eliminada do Big Brother Brasil. Com cachê, claro. Mas sem batida!” (DC, Cacau Menezes, 13.2.2004).
"Governador Pinho Moreira se diz confiante no Promotor Grubba, especialmente, que o Secretário Blasi não estava na ‘festa’”:
“Permanência - O governador interino Eduardo Pinho Moreira não fará qualquer alteração na Secretaria de Segurança Pública. Recebeu ontem o secretário João Henrique Blasi, que se declarou confiante na investigação do ministério público e a comprovação de que não estava na festa de Joinville. A reforma no colegiado vai acontecer no início de março, com o retorno do governador Luiz Henrique” (A Notícia, Moacir Pereira, 13.2.2004).
“Do ‘Cacildário’: ‘só foi uma passadinha após o jantar!’ ‘O Comissário e seu relatório feio!’ ‘E um relatório escrito a seis mãos’”:
“Solidariedade - O presidente de honra do PMDB, ex-senador Casildo Maldaner, levou ontem sua solidariedade ao secretário João Henrique Blasi. Acusou depois as oposições de fazerem exploração. Declarou: ‘Ninguém quis ofender o direito e a Justiça. Foi só uma passadinha após o jantar. Dentro de oito a dez dias tudo voltará ao normal’" (A Notícia, Moacir Pereira, 13.2.2004).
“Redatores - O ex-senador Casildo Maldaner denunciou ontem o relatório do comissário Mílton Francisco da Silva, que responsabilizou o coronel Paulo Caminha de obstrução da ação policial para investigação na boate de Joinville. ‘O relatório foi escrito a seis mãos. Ele foi ajudado a redigir aquele documento’, acusou” (A Notícia, Moacir Pereira, 13.2.2004).
“Governador Luiz Henrique da Silveira bem informado”:
“Respaldado - Luiz Henrique tocou o telefone para João Henrique Blasi na noite de terça-feira. A conversa durou mais de 30 minutos. Foi a primeira depois que estourou o escândalo do flagrante de Joinville. LHS hipotecou integral apoio ao secretário. Ficaram de se encontrar no Carnaval, em Florianópolis” (A Notícia, Cláudio Prisco, 13.2.2004).
“A ‘Codesc’ (dos jogos eletrônicos...) e os recursos para escolas de samba, sob os auspícios do governo”:
“Fritura? Na solenidade que marcou a entrega de recursos da Codesc para escolas de samba de Florianópolis, Eduardo Moreira teve sempre a seu lado o secretário João Henrique Blasi e o deputado Ronaldo Benedet. Enquanto o primeiro apresentava um semblante de tristeza, o outro irradiava indisfarçável alegria” (A Notícia, Cláudio Prisco, 13.2.2004).
“Os ‘dossies: para lembrar Pamplona”:
“Guerra 1 - Já circulando na Internet informações que visam a desqualificar o promotor César Augusto Grubba, por ter ocupado cargos de confiança nos governos Konder Reis e Jorge Bornhausen antes de ingressar no ministério público. Peemedebistas estariam querendo fazer um levantamento das ligações políticas de Grubba e de sua família, que é de Jaraguá do Sul. Guerra 2 - O colunista não serve para advogado de defesa de nenhum agente público, mas não poderia deixar de oferecer um testemunho sobre César Grubba, com quem se formou em estudos sociais e com quem conviveu na Faculdade de Educação, na virada da década de 70 para 80. Além de bom caráter, é cidadão competente e de postura ilibada. A propósito, não fala com ele já há alguns anos” (A Notícia, Cláudio Prisco, 13.02.2004).
“Estranhável - Absolutamente comprometedor o silêncio das cúpulas das polícias Civil e Militar no que se refere aos festejos de 29 de novembro de 2002. Quem cala, consente!” (A Notícia, Cláudio Prisco, 13.2.2004).