PARTE CDXVI – “DELEGADOS E OFICIAIS DA PM: “CENTRO DE MONITORAMENTO DE OCORRÊNCIAS POLICIAIS CIVIS E MILITARES”.

Por Felipe Genovez | 06/06/2018 | História

PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 22.09.2003, horário: 13:00 horas:

Estava em minha residência e resolvi olhar o que estava acontecendo no programa “Roberto Salun” da Rede Record e para minha surpresa o comunicador estava falando a respeito da Polícia Civil:

“...Tem que colocar a Doutora Lúcia naquela Delegacia-Geral. Eu sei que ela já foi Secretária da Segurança Pública, mas esse time que está comandando a Delegacia-Geral não dá. Não adianta dizer que o governador Luiz Henrique da Silveira foi padrinho de casamento do Delegado-Geral, tem que trocar essa gente...”. 

Horário: 16:15 horas:

Resolvi procurar o Delegado Braga que estava na na Gerência de Fiscalização de Jogos e Diversões e Braga lembrou que corria a informação de que realmente a Delegada Lúcia Stefanovich deveria assumir à Chefia da Polícia e que Dirceu Silveira iria assumir a Delegacia Regional de Joinville. Braga lamentou o fato e argumentou que apesar de tudo preferia trabalhar com Dirceu Silveira. Concordei que também estava me relacionando bem como o estilo Dirceu Silveira, especialmente porque não existem perseguições, se respirava liberdades... 

Horário: 18:20 horas

Estava na “Assistência Jurídica” e liguei para o Delegado Tim Omar que estava na sua sala. Tim afirmou que estava livre e que não iria sair naquele horário. Peguei aquela informação acerca da proposta do Ministério Público  e logo que cheguei repasseei o documento que redigi para que Tim fizesse a sua crítica. Na medida em que ele fazia a leitura afirmava:

- “Isso está muito bom. Muito bem! Olha, é isso mesmo! Não, eu não acho que esteja muito pesado.... É isso mesmo. Que bom!  Deixa essa cópia comigo. Eu posso dar uma via para um amigo meu, posso passar adiante? Ta muito bom!”

Achei engraçado aquele jeito de Tim e disse que não tinha problema algum, muito embora estivesse temeroso ainda com a repercussão que poderia ter e argumentei:

- “Eu acho que nós temos que resistir. É preciso que o Ministério Público saiba que aqui existem Delegados com coragem, Delegados com dignidade e que não aceitem qualquer coisa. Se nós aceitarmos tudo que eles fazem aí a coisa vai ficar preta. O que eles vão pensar de nós? Não! Temos que resistir. Não se faz uma instituição com gente acovardada, omissa...”.

Depois que saí resolvi dar uma chegadinha na sala do Delegado Valquir que para variar estava mexendo no seu Laptop.  Em seguida apareceu Tim com a minha informação nas mãos para tirar cópia. Resolvi sair e ainda ouvi Tim comentando com Valquir dizer:

- “Te prepara, vais ver um trabalho de peso...”.

Tim deveria estar se referindo à minha informação, como estava saindo... Fiquei preocupado com a dimensão que o assunto poderia tomar, mesmo porque já sofri muito nas mãos do “MP” no início da década de oitenta... Agora só faltava arranjar mais inimizades por causa de minhas convicções... Mas o que importava era que sempre estive lutando por aquilo que achava justo, por princípios...

“Elogio merecido - A operação policial que culminou, no início do mês, depois de sete meses de apuração, com a prisão de mais de 50 pessoas integrantes de uma quadrilha a quem se atribui mais de 80 sequestros mereceu, para cada um dos 142 policiais envolvidos (delegados, escrivães, inspetores, comissários, investigadores, técnicos criminalísticos e escreventes) um elogio público do delegado geral da Polícia Civil, Dirceu Silveira Júnior, pela sua dedicação, eficiência e profissionalismo. A portaria, como todos os nomes, foi publicada no ‘Diário Oficial’" (A Notícia, Raul Sartori, 29.09.2003). 

Data: 30.01.2003, horário: 16:00 horas:

Fui até a sala do Delegado Tim para trocar aquela Informação Jurídica que havia encaminhado para Dirceu que tratava sobre a proposta do Ministério Público em criar uma força “multitarefa”... Argumentei que foi até bom porque assim pude dar uma revisada e ficou melhor... Tim agradeceu e eu comuniquei que agora era para valer...

Data: 01.10.2003, horário: 10:00 horas:

Recebi um telefonema da policial Suzana Halfe que avisava que estava na cidade de Porto Belo, para minha surpresa comunicou que teve que se dirigir até aquela cidade porque estava se filiando ao PMDB e houve uma solenidade especial. Avisou que à tarde talvez chegasse com um certo atraso...

Dia 02.10.2003, horário: 07:10 horas:

Estava caminhando até a Chefia de Polícia e no trajeto fiquei pensando no  “Conselho Superior da Polícia Civil”. Lipinski praticamente ignorou o colegiado... Dirceu Silveira estava fazendo o mesmo. Acabei lembrando do Coronel Sidney Pacheco que não podia nem ouvir falar nesse órgão enquanto foi Secretário da Segurança Pública (1991/1994). Era bem provável que o Secretário Blasi também não quisesse encontrar obstáculos para as suas decisões. Quanto aos Delegados, bom os comissionados na sua grande maioria sempre foram subservientes (sempre foram), se apequenaram... As entidades de classe quase que sempre procuravam ficar alheias a quase tudo... e o restante dos policiais na sua quase totalidade também se mostravam impotentes, indiferentes e conformados...

Data: 06.10.2003, horário: 09:00 horas:

Estava no computador e escutei vozes na sala ao lado (sala de reuniões). De repente alguém me surpreendeu com a mão no meu ombro esquerdo. Ao me virar percebi a presença de Dirceu olhando para a tela do computar tentando ler o e-mail que estava aberto... Parei tudo e fiquei aguardando seu comentário: “Doutor Felipe... Tu recebestes aquele documento do Coronel Marlon... Foi publicado na página da ‘Senasp’... O Coronel Marlon escreveu um documento pesado... Tu não vistes?”  Fiquei meditando e passei a pesquisar no computador para ver se encontrava alguma coisa... Entretanto, a pesquisa foi inútil... Em seguida Dirceu sempre com um sorriso engraçado na face... Mais tarde resolvi perguntar  para a policial Khristina Celly que conhece bem o Chefe de Polícia o que significa aquele sorriso na face de Dirceu e ela respondeu de maneira convicta: “Doutor Felipe o senhor não sabe? Ele ri de debochado. Meu Deus que homem debochado...”.

Data: 07.10.2003, horário: 17:00 horas:

O Delegado Valquir me telefonou pedindo que eu subisse para uma reunião com o pessoal do grupo. Ao chegar verifiquei as presenças de Valdir, Valquir e Tim. A seguir me apresentaram o documento subscrito por uma Capitã da Polícia Militar que esteve recentemente fazendo um curso nos Estados Unidos. Valquir foi explicando do que se tratava e que uma Oficial da PM estaria  propondo a criação de um “centro de monitoramento de ocorrências policiais civis e militares”, a ser realizado com a participação de Oficiais e Delegados, cujos trabalhos seriam realizados junto ao “Copom/PM” na Capital do Estado. Tim pegou o documento nas mão e começou a comentar as estatísticas da Polícia do Estado de Nova Iorque:

- “Olha só aqui, imagina o nível de estresse desses caras? Vai tudo para a ficha deles, o número de casos resolvidos e se não conseguirem justificar eles são substituídos. A substituição é feita até o rebaixamento. Então imagina o nível de estresse desses caras? E eles querem aplicar isso aqui num país como o nosso, imagina?” 

Olhei o documento e imediatamente argumentei:

- “Meu Deus, será que eles não se apercebem que o nosso sistema policial é baseado no sistema francês? Fica esse pessoal indo para os Estados Unidos e achando que descobriram o “Ovo do Colombo”? Logo os Estados Unidos que têm a maior população carcerária do mundo, que têm cidades com os maiores índices de criminalidade do mundo...”.

Sugeri que eu fosse até o computador e digitasse uma deliberação...

Delegado Valquir quer se aposentar? Ou iria entrar em evidência...:

“Portaria n. 018/GAB/CPC/SSP – O Chefe da Polícia Civil do Estado de Santa Catarina, no uso de suas atribuições, RESOLVE DESIGNAR Valquir Sgambato Costa, Delegado de Polícia Especial, matrícula n. 099.351-4; José Antônio Peixoto, Delegado de Polícia Especial/Assistente do Chefe da Polícia Civil, matrícula n. 140.035-5; e Juliano Fontoura Kazienko, Comissário de Polícia, matrícula n. 322.680-8, para sob a presidência do primeiro, comporem comissão técnica de informática, para estudar, oferecer soluções e implementar a informática na Polícia Civil – Florianópolis, 01 de outubro de 2003 – DIRCEU AUGUSTO SILVEIRA JÚNIOR – Delegado-Chefe da Polícia Civil” (DOE n. 17.257, de 09.10.2003).

Data: 30.09..2003 – “A novela da troca de partido pelo Delegado Zulmar Valverde”:

“Filiação - Ontem à tarde, era dado como certa a filiação do vereador Zulmar Valverde (PFL) no Partido dos Trabalhadores” (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mira, 30.09.2003).

Data: 01.10.2003 – “Delegada Marilisa Bohem entra no jogo político e Zulmar Valverde corre atrás de evidência?”

“Não vai - Delegada de polícia Marilisa Boehm manda recado dizendo que não vai se filiar em nenhum partido. ‘Minha responsabilidade é responder pela Delegacia da Mulher’, garante. Um dos atos de inteligência da segurança pública foi trazer de volta para aquela delegacia a competente Marilisa” (A Notícia, Antonio Neves – Alça de Mria, 30.9.2003). Pois é, Lipinski não combateu a “politicagem” na Polícia Civil, muito pelo contrário, fez uso dela para “passar”. Dirceu Silveira fez a mesma coisa... E a maioria dos antecessores que passaram pelo comando da Polícia Civil fizeram o mesmo... Então, não dá para crucificar ninguém... ou a quase todos:  “Motivação - Os progressistas e os liberais de Joinville querem saber o que há de comum, ideologicamente, entre o PFL e o PT. Estão questionando a inscrição no PT do vereador Zulmar Valverde, que era do PFL. Valverde foi indicado delegado regional no atual governo, mas ficou fora. Os adversários ligaram os radares para conferir agora o preço da transferência” (A Notícia, Moacir Pereira, 01.10.2003).

Brincadeira  - O contexto programático e ideológico tem "prevalecido" nas mudanças de endereço partidário. Em Joinville, o titular da 7 ª Delegacia da Polícia Civil trocou o PFL pelo PT. A filiação de Zulmar Valverde foi consumada na segunda-feira, elevando para cinco o número de vereadores petistas na Câmara” (A Notícia, Cláudio Prisco, 1.10.2003).

Data: 08.10.2003 – “Delegado Marcucci quer ocupar espaços políticos com seu trabalho de Delegado Regional?”

“Relatório aponta redução no crime - A Polícia Civil de Joinville divulgou relatório, ontem, apontando o fechamento de 200 pontos de venda de drogas no primeiro semestre do ano. O delegado regional, Marco Aurélio Marcucci, relaciona as ações de combate ao tráfico ao baixo número de homicídios na cidade no período - foram 18 assassinatos no primeiro semestre do ano. Nenhum deles, segundo o delegado, está relacionado com o tráfico”  (DC, 8.10.2003).