PARTE CDXLII – “FESTA NO BORDEL (O CASO ‘MARLENE RICA’  -28.11.2003): “A ENTREVISTA DO PROMOTOR CÉSAR AUGUSTO GRUBBA?”

Por Felipe Genovez | 11/06/2018 | História

PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 18.02.2004, horário -  “É, a impressão era que o “dossiê” a que se referiu Pamplona já estava na Assembleia”:

Embate - No primeiro dia como líder da bancada do PMDB, o deputado Ronaldo Benedet, ao defender o secretário João Henrique Blasi, acabou provocando a ira do progressista Antônio Carlos Vieira, que o considerou ‘leviano’. Benedet deu a entender que os parlamentares não tinham moral para fazer acusações, pois, de repente, também freqüentaram um bordel. Vieira exigiu os nomes, enquanto Benedet retirava-se do plenário” (DC, Paulo Alceu, 18.2.2004).

“Festa no ‘bordel’ virou gozação na Alesc”:

“Piadinha - Enquanto o deputado Nelson Goetten vociferava na tribuna, apedrejando o PT por conta dos ‘deslizes’ do ex-assessor do Planalto, Waldomiro Diniz, o comentário no plenário, em tom de gozação, era de que o pessoal que ‘visitou’ o bordel em Joinville apenas estava seguindo uma orientação do próprio governo: praticava o "ócio criativo", tão difundido pelo sociólogo italiano Domenico Di Masi, garoto-propaganda do Estado. Está virando piada...” (DC, Paulo Alceu, 18.2.2004).

Promotor Grubba ouviu a Comissária Rafaela Furtado”:

Testemunha-chave no caso - Joinville - Uma testemunha-chave do que ocorreu na madrugada do dia 29 na frente da casa noturna da "Marlene rica" depôs ontem ao promotor de Justiça César Augusto Grubba. Trata-se da comissária da Infância e Juventude Rafaela Furtado, que participou da força-tarefa que teria sido obstruída pelo ex-comandante da PM. A comissária pode confirmar a versão do comissário Milton Francisco Ramos de que o coronel Paulo Conceição Caminha teria impedido a entrada da fiscalização na boate. A presença da comissária na força-tarefa só foi informada à promotoria na segunda-feira nos interrogatórios de policiais militares. O comissário Milton disse ontem que pretendia mantê-la fora do caso até os depoimentos em juízo. A comissária Rafaela foi ouvida ontem à tarde pelo promotor. Compareceu com advogado e não quis falar com a imprensa. Grubba disse que ela estava no local (‘Marlene-rica’) e próxima no momento dos fatos. O promotor, no entanto, não divulgou se ela confirmou ou não a versão de Milton. Ontem de manhã Grubba interrogou o PM que dirigiu a viatura policial naquela noite, mas o depoimento pouco acrescentou” (A Notícia, 18.2.2004).

“Em entrevista o Promotor Grubba disse que garante transparência na apuração do fatos”:

“Promotor nega privilégio a dona de boate - Joinville - O promotor César Augusto Grubba garantiu ontem que não deu privilégios à empresária Marlene Luy (a "Marlene rica") na semana passada ao ouvi-la sobre o escândalo da Segurança antes do horário agendado e avisado à imprensa. A audiência estava marcada para as 16 horas do dia 12, mas Marlene apresentou-se de manhã ao Ministério Público Estadual, alegando compromissos à tarde. Pediu para ser ouvida antes e foi atendida. Com isso, evitou a imprensa e conseguiu manter-se longe dos questionamentos que ainda persistem, como o se havia mais integrantes da cúpula da Segurança Pública em sua casa na madrugada do dia 29. O promotor falou sobre a atitude que resolveu tomar logo após anunciar o adiamento do depoimento do coronel Caminha. A Notícia - Há um descontentamento da opinião pública em relação ao depoimento da empresária Marlene Luy, que o senhor ouviu fora do horário de atendimento ao público externo (pela manhã, o expediente no Fórum é apenas interno). Como o senhor analisa isso? César Augusto Grubba - Não, não é horário externo. Pelo contrário. Trabalho todo dia aqui de manhã. Às 9 horas, eu estou no Fórum. Já ouvi hoje (ontem), às 9 horas, um policial militar. Então está dentro do meu horário de trabalho. AN - Há quem entenda que o senhor teria obstruído o trabalho da imprensa que não pôde conversar com a empresária Marlene devido à mudança de horário. Grubba - Absolutamente, pelo contrário. Tenho sempre acessado o trabalho da imprensa em todos os momentos, só não no mérito dos depoimentos e naturalmente se naquele dia houve uma solicitação por parte dela de adiantamento da ouvida dela eu não vi nenhum problema. Como também houve a solicitação agora do advogado que me ligou, solicitando o adiamento da ouvida do coronel Caminha de amanhã para quinta-feira que vem (26). AN - É normal esse tipo de procedimento de transferir horários de depoimentos? Grubba - Isso é normal, acontece nas audiências judiciais também. Isso é uma coisa que acontece pela impossibilidade de comparecimento. Às vezes, o advogado atende a mais de uma pessoa na mesma situação, tem compromissos em outra comarca, como é o caso. AN - Há um temor também em relação ao depoimento do coronel Caminha, que marque outro horário e escape do contato com a imprensa. Isso pode se repetir? Grubba - Não, o horário dele está marcado para quinta-feira da semana que vem (26), às 17 horas. É o horário já previamente agendado. Naturalmente que, se na próxima semana ele não comparecer, o que eu não acredito que ocorra, nada impede de então eu encaminhar. Assim como eu disse e já expliquei: ninguém é obrigado a vir aqui. Se ele não comparecer na semana que vem, eu encaminho a carta precatória para Florianópolis e um promotor de lá toma o depoimento dele e manda de volta. Não há problema nenhum. AN - Com relação aos depoentes até agora, se ficar comprovado que algum deles mentiu no processo do ministério público pode haver algum tipo de punição? Grubba - Sim. Se ficar comprovado que alguém mentiu no processo, tem crime de falso testemunho que será encaminhado aos órgãos competentes. AN - O adiamento do depoimento do coronel Caminha pode retardar as investigações do ministério público? Grubba - É, na verdade, retarda as investigações para depois do Carnaval, mas concluo o que tem para concluir esta semana e aí fica pendente apenas o depoimento do coronel na semana que vem” (A Notícia, 18.2.2004).

Data: 19.02.2004, horário: 12:30 horas:

Fui almoçar na Churrascaria Viapiana (Araquari), quando estava retornando de São Francisco para Florianópolis. Logo que entrei no estabelecimento já avistei o policial Adelson-  Westrupp com aqueles seus olhos do tamanho de uma laranja. Como ele estava sentado com alguém na mesa resolvi sentar na sua frente e aguardar o melhor momento para conversarmos. Depois do almoço acabamos nos encontrando próximo ao caixa e ele afirmou:

- “Pois é, o pessoal está dizendo em Joinville que tem dois nomes para assumir o comando da Polícia Civil. O senhor está sabendo de alguma coisa? Dizem que o Luiz Henrique logo depois do carnaval vai começar a tesourar todo mundo que estava no esquema do ‘bordel’”.

Fiz uma cara de que não sabia das cogitações e Adelson prosseguiu:

- “Estão falando no nome do Eskudlark e tem um outro, como é mesmo o nome dele, deixa eu pensar..., ah, lembrei, é o Feijó, doutor é o Feijó, conhece ele?”

Argumentei:

- “Sim, dizem que ele também estava na festa com o pessoal da cúpula”. 

Adelson deu uma gargalhada e acabamos pegando o caminho do caixa porque eu estava com pressa de chegar em Floripa.

Enquanto isso:

“Pressão – ‘Santa Catarina não quer policiais em bordéis! Lugar de policial é na rua! Fazemos parte dos 6 mil policiais de que o Estado carece! A criminalidade dobrou e continuamos em casa querendo trabalhar! Queremos nomeação imediata! O povo catarinense precisa de nós!’ A mobilização, desencadeada por aprovados no último concurso da Polícia Civil de Santa Catarina, encerrado ainda no ano de 2002, ganha contornos de uma campanha publicitária” (A Notícia, Cláudio Prisco, 18.2.2004).

“Reflexões 1 – ‘Depois do escândalo e da proibição da entrada da força-tarefa no dia 29 de novembro, o zeloso comissário Mílton Francisco da Silva não tentou mais voltar à referida casa de prostituição? Nenhuma outra fiscalização sobre a presença de menores na boate foi feita? Ou será que o assunto tornou-se irrelevante diante dos fatos que vêm sendo explorados politicamente?’ Reflexões 2 - As indagações são do leitor e também jornalista Roberto Ravali, que assinala: ‘Não quero, de maneira nenhuma, justificar a presença, ou não, das autoridades, mas também acho que a fiscalização contra a prostituição de menores não pode ficar em segundo plano enquanto durar a polêmica. Quem sabe, se questionadas, as autoridades da área não nos brindam com boas notícias sobre o prosseguimento do trabalho. A não ser que este não fosse o objetivo prioritário naquela noite...’" (A Notícia, Cláudio Prisco, 20.2.2004).

“Nomeação - Vai ser logo depois do Carnaval que o secretário João Henrique Blasi cumprirá com a promessa de nomear os delegados de Polícia concursados em dezembro de 2002? Blasi garantiu, durante visita à OAB, tempos atrás, a nomeação de 18 delegados” (DC, Paulo Alceu, 19.2.2004).