PARTE CCXV - “A SÉTIMA FUSÃO E O FATOR 'H'"

Por Felipe Genovez | 25/04/2018 | História

PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 07.07.99 – “A sétima fusão?”:

Deus criou o mundo em sete dias; sete dias na semana; sete sacramentos; sete apóstolos (que eram doze); sete vidas; sete cores do arco-íris; sete de setembro; sete anões; as tese maravilhas do mundo antigo..., os sete de Amin (52):

E do outro lado: um mundo tão próximo e tão distante, de certa forma lembrava a verborragia solta em outros tempos não muito longínquos e que remontavam ainda à época da “sala de reuniões” da Delegacia-Geral, ou o “Salão Vermelho”,  a sala da “Galeria dos ex-Chefes de Polícia” e, também, com os ecos causados pelo palavriado chulo e indômito de alguns “Litões”:

Frases:

“Ele é sujo que só pau de galinheiro”

Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, ex-ministro da Fazenda, ex-tucano que voou para o ninho do PPS e candidato derrotado à Presidência da República, sobre o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL/BA)

“Ciro Gomes é o próprio galinheiro. Ele é a galinha inservível da política nacional”.

Antônio Carlos Magalhães, senador (PFL/BA), presidente do Senado, sobre Ciro Gomes, encarando mais um daqueles arranca-rabos em que é mestre inconteste.

(Diário Catarinense, 07.07.99)

O comentarista político da vez Paulo Alceu completou esse cenário:

Fazendo escola

Santa Catarina está despertando o interesse de outros estados na busca por recursos federais. Também, pudera, depois que o governo catarinense transformou um calote na Instituto de Previdência em letras do Tesouro Nacional, todo mundo passou a interessar-se por essa apetitosa operação financeira. Tratei desse assunto ontem no Jornal do Almoço, destacando que alguns deputados federais estão procurando colegas catarinenses, tentando conseguir a fórmula utilizada para a federalização da dívida do Ipesc. Querem o pulo do gato, que passa pela reedição da Medida Provisória 1.900. Um deles é o deputado Federal Pedro Novaes, do Maranhão, relator do Projeto de Responsabilidade Civil. Se todos aproveitarem a oportunidade, abrindo espaços legais que atualmente atendem apenas Santa Catarina, o rombo no Tesouro, segundo cálculos dos petistas, poderá chegar aos R$ 30 bilhões. E você sabe quem vai pagar a conta depois?

(...)

Pensando em voz alta

Será que reduzindo secretarias o governo Amin não teria uma economia mais significativa? Reforma a vista?

(Diário Catarinense, 07.07.99, pág. 8)

 E o Diário Catarinense registrou na mesma página:

Precatórios

Boqueados os bens de Paulo Afonso

Lúcia Helena Vieira

Florianópolis

O juiz Clóvis Marcelino dos Santos, em exercício na 1a Vara da Fazenda Pública da Capital, decretou ontem a indisponibilidade dos bens do ex-governador  Paulo Afonso Vieira, seus ex-colaboradores Paulo Prisco Paraíso, João Carlos Von Hohendorff, Marco Aurélio Dutra, Oscar Falk, Francisco Grossl e Fernando Ferreira de Mello, além do Banco Vetor e das corretoras e distribuidoras Perfil, Eplit, Konta, Valor, Tibagi e Boa Safra. O pedido de bloqueio dos bens foi feito pela Procuradoria-Geral do Estado numa ação cautelar inominada incidental à ação civil pública proposta pelo Ministério Público estadual em 1998.

(...)

(Diário Catarinense, 07.07.99, pág. 8)

A “Folha” de São Paulo estampou a foto do Governador Amin, com uma frase logo abaixo: “O governador de Santa Catarina, Esperidião Amin, do PPB, aliado de Fernando Henrique Cardoso”. A seguir a matéria:

Contas Públicas: No dia seguinte, FHC criticou endividamentos estaduais

GOVERNO ASSUME DÍVIDA DE R$ 670 MILHÕES DE SC

Daniel Bramatti da Sucursal de Brasília

O governo federal lançou uma edição extra do “Diário Oficial” na semana passada para permitir a federalização de uma dívida de R$ 670 milhões do governo de Santa Catarina.

A operação foi feita no dia 30 de junho, um dia antes de o presidente Fernando Henrique Cardoso discursar contra “esses endividamentos sem fim que, no passado, alguns Estados e algumas prefeituras fizeram e que terminam sempre por ser pagos pelo Tesouro Nacional”.

A federalização atendeu às pressões do governador de Santa Catarina, Esperidião Amin PPB), e do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC).

Para evitar que a medida seja barrada por parlamentares de outros partidos, o dinheiro deve ser repassado aos cofres do Estado até 31 de julho – antes, portanto, do reinício das atividades do Congresso, que está em recesso.

Os R$ 670 milhões se referem  a uma dívida do governo catarinense com o Ipesc (Instituto de Previdência dos Servidores Estaduais). Ao receber valor equivalente da União, Amin pretende criar um fundo para custear as despesas com inativos.

Outra opção para capitalizar o fundo era a federalização de cerca de R$ 540 milhões em títulos emitidos irregularmente e que ainda não haviam chegado ao mercado. O senado vetou a ideia.

A federalização da dívida com o Ipesc foi incluída na 39a  reedição de uma MP (medida provisória) que trata da “redução da presença do setor público estadual na atividade financeira bancária”.

A edição extra foi impressa, segundo o governo, porque a MP foi publicada “com incorreção” na edição normal. A única diferença entre as publicações é o parágrafo que beneficia Santa Catarina.

O parágrafo abre uma brecha para outras federalizações, ou autorizar a União a assumir “empréstimos tomados pelos Estados e pelo Distrito Federal junto à Caixa Econômica Federal”.

(Folha de São Paulo, 07.07.99, pág. Brasil 1-5)

E no universo policial:

Diário do Leitor

Placas Frias

No dia 30 de junho, estavam estacionados dois veículos sobre a calçada em frente ao prédio onde funciona o Departamento Anti-sequestro da Polícia Civil, na Rua Padre Roma, centro da Capital: um Chevette verde e um Corsa branco. (Uma placa sinaliza que ali é proibido o estacionamento, exceto para veículos da Polícia, imagino eu, devidamente identificados.). Logo adiante estava um PM do trânsito. Indaguei-lhe sobre a irregularidade. Fato visto, apurado e confirmado, veio a (minha) surpresa: Pois os dois carros tinham placas frias e seus proprietários eram funcionários da Polícia Civil. Sob a alegação de que os automóveis são para “investigtação”, eses funcionários se sentem no direito de cometer infrações.

Mas o mais grave ainda estava por vir. Liguei pra o Detran, que confirmou a utilização das placas frias, sem nenhum conhecimento ou autorização deste órgão. E mais: uma das placas é pertencente a um veículo de marca e modelo diferentes. As placas do Chevette – TRU 5115, de Florianópolis – não constam no Renavam, e as do Corsa branco – ICG 4653, de Lajeado-RS -, segundo o Renavam pertencem a um Fiat Uno azul de Porto Alegre-RS.

Rosvita Hersog Brandt – Florianópolis

(Diário Catarinense, 07.07.99, pág. 42)

Para contrastar mais ainda..., nossos heróis sob o olhar da sociedade... e o foco da mídia...:

Polícia faz apreensão de crack, maconha e coca

Setenta quilos de maconha foram recolhidos na Capital, na Segunda maior operação do ano

Luiz Machado

Florianópolis

Agentes da 9a Delegacia de Polícia da Capital e da Diretoria de Polícia do Litoral (DPL) realizaram ontem a Segunda maior apreensão de maconha da Grande Florianópolis neste ano. Foram encontrados 70 quilos da droga na residência da cozinheira R.B. 31 anos, no bairro Monte Cristo, em Florianópolis. A quantidade só fica abaixo dos 110 quilos aprendidos pela 2a DP da Capital no dia 17 de junho na comunidade de Morro das Pedras.

A delegada titular da 9a DP, Madge Branco, disse que uma informação anônima recebida pela equipe de investigações alertou sobre a existência da droga (...).

(Diário Catarinense, 07.07.99, pág. 30)

 Há um grande contraste entre a polícia dita operacional e seus policiais formatados como apêndice do poder que de certa forma nos faz lembrar Vautrin” de Balzac (personagem principal na “Comédia Humana” que mostrou  já na primeira metade do século XVIII que as portas do futuro estavam abertas ao domínio do capital e da mídia sobre os destinos dos homens) e que saiu do mundo do crime para se transformar no Chefe de Polícia;  e uma outra polícia que poderíamos denominar de “Estado”, mas utópica, isso sob a mesma perspectiva de poder. Mas o Governador Amin que também deveria ter suas fadas e bruxas angelicais nunca esteve tão forte politicamente, além do “H” de Helou tem na família o “H” de Heinzen. Tudo indica que haveria um terceiro “H” conspirando, com apoio de parlamentares fortes, de homens com nome de meses do ano, que emprestariam seu nomes para  a nossa epopeia, que poderia se chamar de a “Reforma Juliana” acompanhada por vários “agás”: “H” de fazer História; “H” de Homem e tantos outros agás em sua vida. Certamente que  o tempo se encarregaria de dar o seu devido valor a esse fator “H”, e fosse muito positivo.