PARTE CCLXCI – “SENHAS E CÓDIGOS: ‘EREMILDO’ ACREDITA EM MÁGICAS E O INVESTIGADOR MARCOS ANTONIO CORDEIRO MOSTRA SUA CARTOLA ROSA!”

Por Felipe Genovez | 11/05/2018 | História

PROJETO DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

Data: 29.10.2001, horário: 17:00 horas:

Havia deixado meu carro no estacionamento do Supermercado Angeloni e resolvi vir a pé até ao Conjunto Comercial “Ceisa Center” (centro de Florianópolis) para tomar um café. Quando estavau próximo ao prédio da Secretaria da Segurança Pública alguém que vinha em sentido contrário tocou no meu braço. Eu que estava tão absorvido nos meus pensamentos logo me virei para trás para identificar a pessoa que certamente era conhecida. Não deu outra, era “Marquinhos” que retornava ao meu encontro fazendo gestos (mostrava o relógio e bate com a palma direita da mão aberta no estômago) que tinha pressa pois estava com fome:

- "Eu estou com pressa. Estou indo ali fazer um lanche. olha o pessoal lá voltou atrás naquele negócio!”

“Marquinhos” estava se referindo à contabilização dos períodos de licenças-médicas para fins de aquisição de períodos de férias.  Comentei:

- “É ‘Marquinhos’, é aquilo que eu te disse, eles não têm como negar”. 

“Marquinhos esboçou que iria embora, mas não foi: :

- “...Eu tenho uma prá falar sobre a Delegada Regional lá de Joinville, só que agora estou com pressa, depois eu conto, agora não dá!”

Como vi que ele deveria estar mesmo com pressa disse:

- “Então tá, mas vê se conta mesmo, não fica só fazendo onda”.

Marquinhos resolveu permanecer e contar tudo nos mínimos detalhes:

- “Não tem aquela D. lá de Joinville? A M., todo mundo sabe que ela é uma v., o pessoal fala h., diz que está tudo uma e. lá em Joinville.  Outro dia eu recebi a averbação dela, para voltar ao nome de solteira, ela é separada, não gosta de h., dizem que v. com outra m., e que o negócio dela é m., sabe como é que é esse pessoal.  Mas eu procurei o Anselmo e perguntei para ele se era para tirar o sobrenome do marido, deixar o nome de solteira.  O Anselmo ainda disse rindo: ‘tira, tira, Marquinhos, essa daí n. g. de h.’.  Todo mundo sabe, aí resolveram dar férias para ela, só que ela me ligou para saber como é que estava a situação das férias, ela queria entrar.  Eu olhei lá no sistema, sou eu que cuido disso na Secretaria, olha só, eu puxei no sistema e ela já tinha gozado dois meses de férias. Ela insistiu e eu olhei bem. Ela não tinha mais direito a férias nenhuma. Eu disse para ela que no ano de 1999 ela gozou em 2000 e o de 2000 ela gozou em maio de 2001. Ela não tinha mais nada. Então eu disse: ‘doutora a senhora não tem mais direito a férias, já gastou tudo’. Ela agradeceu. Esse assunto é reservado, heim, ó não vai...  Bom, aí aquele Delegado que está lá em cima no lugar do Paulo Koerich, como é mesmo o nome dele, não sabe? Ele é alto, usa óculos, veio lá do sul,  ele está no lugar do Paulo Koerich, veio falar comigo, eu dei a mesma informação que ela não tinha mais direito a férias.  Passou uns dias e esse Delegado que está lá no lugar do Paulo Koerich desceu e foi falar com o A., se trancaram lá no gabinete dele e ficaram conversando sobre a situação das férias dela. Não tem quando a gente sente quando estão fazendo alguma coisa errada, todo mundo viu, sabia do que eles estavam conversando, não tem, a gente sabe e todo mundo lá estava ligado, a Raquel, todo mundo no setor já sabia,   por isso que eu não acredito em mais ninguém, eu que ainda achava que tinha algumas pessoas sérias nesta administração.  Sabe o que o A. fez? Eu não sei como, a M.  tinha gozado as férias dela de 2000 em maio de 2001 e o A. puxou no sistema a pasta dela, mexeu em alguma coisa lá, algum código que eu não conheço e ela ficou como se não tivesse gozado as férias ainda, ora eu tinha certeza que ela já tinha gozado, fui eu que digitei as férias dela na época.  Olha, eu não sei o que ele fez, todo mundo lá no setor ficou sabendo, o pessoal ficou de olho para ver se ela vai receber um terço das férias novamente,  eu acho não. Eu não sei se colocaram como se as férias de maio dela foram interrompidas,  e agora ela vai gozá-las integralmente, não entendi ainda o que eles fizeram, só sei que fui verificar e não aparece mais as férias dela como gozadas...”. 

Fiquei ouvindo atentamente a narrativa do “Marquinhos”, deixei-o falar à vontade e apenas procurei registrar os fatos para a posteridade, pensando no Comissário Brasil, no Delegado Ilson Silva... e tantos outros que não têm padrinhos políticos, são vulneráveis como o Delegado Alcino Silva... Quanto a Delegada de Joinville não tinha nada a comentar sobre o assunto porque desconhecia os fatos. Evidente que o Gerente de Recursos Humanos da Secretaria de Segurança Pública, bastante conceituado, experiente, preparado, servidor de carreira da Secretaria de Estado de Administração não iria tomar uma iniciativa dessas por vontade própria... Só não saberia dizer se cumprindo ordens superiores... "Marquinhos" era o responsável pelas inclusões no sistema das férias de todos os servidores e certamente que ele e seus colegas não iriam se equivocar... Soube que essa Delegada estava passando por uma situação política adversa na cidade de Joinville e que dias antes esteve com o Governador Amin circulando de carro oficial pela cidade, inclusive, que ela teria derramado lágrimas em razão da sua exoneração... Sei que essa Delegada, se realmente estivesse passando por problemas políticos ou pessoais poderia ter optado por um afastamento médico... Me perguntei o que o nosso Delegado-Geral diria sobre o esquema que fizeram (segundo "Marquinhos") para que - num passe de mágica - restaurassem férias da referida pessoa? E se ela não fosse protegida e viessem a descobrir essa "mágica", certamente que teríamos comissão de processo disciplinar em ação e o Delegado-Geral, mais seu Corregedor-Geral indo para Joinville apurar responsabilidades, dar entrevistas... Pensei na comissão disciplinar, digamos que fossem designados os Delegados Paulo Matte, Hilton Vieira e Rubem Garcez para presidirem o processo disciplinar, como agiriam esses três defensores da moralidade pública cega, surda e muda? Sim, esses três juntos formariam três elementos altamente explosivos, incendiários... em termos de defender a vontade de quem? Só muita magia para salvar um simples mortal que caíssem em desgraça...? Depois fiquei pensando no Delegado Paulo Matte, cantor e guitarrista nas festividades anuais promovidas pela Adpesc, mas encarnava a função de corregedor cega e religiosamente, de acordo com a vontade do comando correcional... Hilton Vieira me lembrava a sua ex-Glória, os tempos de faculdade, antes de fazer sua cirurgia facial (retração da mandíbula inferior...). Ela foi o seu porto seguro. Depois, veio a separação, sua aprovação no concurso para Delegado e uma nova vida... Garcez, nosso filósofo querido...

O colunista “Cacau Menezes” invocou na sua coluna do dia vinte e nove de outubro a figura do tal “Eremildo”, aquele personagem do sensacional jornalista de renome nacional (Elio Gaspari), para lançar uma nota sobre o aumento das taxas cobradas pelas autoescolas e a fiscalização que o Detran diz fazer. “Eremildo”, segundo “Cacau”, acreditava piamente nessa fiscalização e nos seus resultados.  Com relação ao “jogo do bicho”... “Eremildo” também acreditava que um volume muito grande de denúncias chegavam ao conhecimento do Delegado-Geral  que “inclusive”  chamou para si as atribuições da Gerências de Jogos e Diversões (leia-se: Lauro Braga), razão porque achou que nem gerente para dirigir oficialmente esse órgão era preciso, bastaria designar alguém para estar:

“Petista protegia o jogo do bicho – Olívio Dutra investigará banda podre da Polícia – O presidente do Clube de Seguros da Cidadania, o petista Diógenes Oliveira, admitiu que pediu ao ex-chefe de Polícia gaúcho, Luiz Fernando Tubino, que não reprimisse o jogo do bicho, mas disse que tudo não passou de uma ‘bravata’  para testar o comportamento do delegado. No diálogo gravado no início  de 1999, o petista – uma espécie de tesoureiro da campanha em 1998 – fala em nome do governador Olívio Dutra e diz que o partido mantém  ‘relações muito estreitas’  com os bicheiros e os empresários do Carnaval. ‘Dei um carteiraço, falei indevidamente em nome do governador, que não tinha me autorizado a isso. Fiz uma sondagem para ver até onde iriam as intenções do delegado’, afirmou Diógenes, em entrevista concedida no último sábado, no escritório de seus advogados. Segundo ele, a iniciativa deveu-se à sua amizade com apontadores do jogo do bicho. Olívio Dutra afirmou ontem que a Secretaria de Justiça e Segurança deverá encaminhar imediatamente à CPI informações das investigações sobre o envolvimento da banda podre da Polícia gaúcha com a contravenção. ‘Não há nenhuma chantagem que nos impeça de desmontar a banda podre’, afirmou o governador, sugerindo que as denúncias apresentadas contra o PT tenham o dedo de delegados que estão sendo investigados. De acordo com Olívio, ‘não há nenhuma pessoa séria que possa fazer essa relação, nem remota, nem presente, do nosso governado com a contravenção’. Ele considerou reprovável a atitude de Diógenes de Oliveira, que usou seu nome, e disse que o partido deve tomar providências a respeito desse filiado”  (DC, 29.10.2001).