PARECE, MAS NÃO É: Blefarite pode ser confundida com outras doenças oculares

Por Ricardo Machado | 04/07/2013 | Saúde

Olho vermelho, irritado, lacrimejando, coçando e inchaço na pálpebra não são apenas sintomas de conjuntivite ou tersol. Com características semelhantes, a blefarite é facilmente confundida com essas doenças oculares, o que atrasa o diagnóstico e prejudica o tratamento. Estima-se que 15% da população mundial (mais de 1 bilhão de pessoas) seja afetada pela inflamação, que atinge mulheres e homens de todas as idades. 

“A blefarite prejudica a qualidade da visão e é agravada pela disfunção lacrimal conhecida como olho seco, que afeta um em cada cinco brasileiros. Além disso, em pacientes que serão submetidos à cirurgia refrativa (correção de grau) ou de catarata, a presença da inflamação aumenta em muito o risco de infecção corneana ou intraocular”, explica Renato Ambrósio, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa - SBCR. 

A blefarite é resultado do excesso de oleosidade nas pálpebras, que pode ocorrer devido a alterações hormonais, infecções bacterianas, excesso de gordura, dermatite seborreica (caspa), entre outras causas. É uma doença crônica, não tem cura, mas pode ser tratada com eficiência quando diagnosticada corretamente.

A inflamação atrapalha muito o dia-a-dia do portador, porque a pálpebra fica inchada e altera significativamente a qualidade de vida e a capacidade de trabalho. Nos bebês provoca desconforto e irritabilidade. Os principais sintomas são: inchaço, surgimento de “carocinho” na pálpebra, vermelhidão, irritação, ardor, escamação nos cílios, sensibilidade à luz e olho seco.

Higienização e alimentação são importantes no controle

O tratamento da blefarite é simples. A inflamação costuma responder bem à compressa com água morna e higiene ocular com xampu neutro de bebê ou produtos especializados para limpeza ocular externa, como a recém-lançada espuma Flex Clean, da Allergan. Nos casos de infecção mais grave pode ser necessária a indicação de antibiótico e anti-inflamatório.

Alimentação rica em vitamina C, A, E e em ômega 3 também  são importantes aliados na prevenção e no controle. A suplementação deve ser indicada a partir da avaliação médica. “O ômega 3 melhora a produção das glândulas de meibômio, diretamente relacionada à qualidade da lágrima e consequentemente à blefarite”, afirma Ambrósio. O ômega 3 é reconhecido também pela sua ação anti-inflamatória natural.

Síndrome pode aparecer após cirurgia ocular

A blefarite pós-operatória é uma causa de alteração da qualidade visual, que pode ocorrer mesmo em cirurgias perfeitamente realizadas, devido à alteração da lágrima provocada pela inflamação. “É essencial o levantamento do histórico do paciente, para identificar, por exemplo, a ocorrência da inflamação em algum momento da vida; de cirurgia de pálpebra; de doenças dermatológicas. Dessa forma, o médico pode ampliar prevenção de problemas pós-operatórios”, explica Marcella Salomão, diretora da SBCR.

 Cuidados no dia-a-dia

 

Para evitar a exacerbação da inflamação – redobre a atenção com: fumaça, vento, uso de lentes de contato, maquiagem e consumo de álcool.

Seborreia – pessoas que têm seborreia no cabelo ou sobracelhas devem ficar atentas ao controle e evitar coçar, para não pulverizar a caspa sobre as pálpebras.

Higienização – a limpeza diária das pálpebras é fundamental. O uso de xampu neutro ou outros produtos auxilia e o oftalmologista fará a melhor indicação para cada caso.

Compressas mornas – elas ajudam a regredir a inflamação em boa parte dos casos simples. Use um tecido umedecido limpo e macio e tenha cuidado com a temperatura da água.

Alimentação – evite alimentos gordurosos e fique atento à ingestão diária de frutas cítricas, folhas verde-escuro e legumes como ervilha, brócolis e espinafre, ricos em vitamina C; amêndoas, nozes, castanha do Pará e outras oleaginosas ricas em vitamina E; cenoura, abacate, abóbora e acelga, por exemplo, são boas fontes naturais de vitamina A. O ômega 3 é encontrado no salmão, no óleo de linhaça e de canola. Mas, no caso de suplementos, é essencial a orientação médica.

Coçar o olho – esse hábito pode agravar tanto os sintomas da blefarite como desencadear graves problemas oculares. Portanto, evite!

Cosmético – lápis, sombras, delineadores e demaquilantes de baixa qualidade; cremes, produtos para o cabelo e pomadas levados aos olhos pelas mãos podem provocar blefarite alérgica. Use produtos dermatologicamente testados e só toque os olhos com as mãos limpas.

Orientação – ao perceber o surgimento dos sintomas da blefarite, busque a orientação do oftalmologista. A negligência a esses sinais retarda o diagnóstico correto do problema e o início do tratamento.