PARA UM BOM INÍCIO DE (HISTÓRIA)

Por cristiano sousa nogueira | 06/04/2011 | História

FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS ? FIP
CURSO DE HISTÓRIA

02 DEZ. 2010
CRISTIANO SOUSA NOGUEIRA

RESENHA: PARA UM BOM INÍCIO (DE HISTÓRIA)

JENKINS, Keith. A História repensada. Tradução de Mario Vilela, 3.ed.2ºreimpressão. São Paulo: contexto, 2009.

Keith Jenkins é professor-adjunto de História na University College Chichester, um dos mais renomados centros ingleses para formação de professores. Também escreveu On "What is History?: from Carr and Elton to Rorty and Write (1995) e organizou a coletânea The Postmodern history reader (1997). Este é seu primeiro livro publicado no Brasil.
A obra de Jenkins, "A História repensada" tem como principal destino alunos que estão iniciando os estudos históricos, como o mesmo propõe na introdução, "Este livro destina-se primordialmente aos estudantes que estão começando o estudo da questão: "O que é a História?"foi escrito tanto como introdução [...], quanto como polêmica" [p.17], além disso, o livro traz essas duas características (introdução e polêmica), porque o autor questiona que a maioria dos textos de introdução são "ingleses" e isso tem ajudado a isolar a história de alguns desdobramentos intelectuais, o livro é dividido em três capítulos, no primeiro o autor discutir a questão, "O que é a História"?, sem copiar formulações inglesas, respondendo o que seja história na teoria e na prática, no segundo capítulo, o autor responde a certas perguntas que se referem a natureza da história, e no terceiro capítulo, Jenkins discutir de onde vem essa questão de mundo pós-moderno e como a história pode conviver nesse novo período.
No primeiro capítulo, intitulado de, "O que é a História?", o autor trabalha o que é a história na teoria e na prática, (na teoria) ele começa primeiramente por mostra que a história é um entre vários discursos a respeito do mundo e que esses discursos Forman os significados que o mundo tem, depois explica que o objeto de estudo da história é o passado, mas que história e passado não são juntos, unidos, e o autor vem afirmar isso, já que, "[...] o passado e a história não estão unidos um ao outro", por isso é importante segundo o autor fazer a "[...] distinção entre passado e história", para melhor se, "[...] esclarecer o que a história é na teoria [...]" [p.24], além do mais saber que o "O passado já aconteceu. Ele já passou, [...] e a história é o que os historiadores fazem com ele quando põem mãos à obra" [p.25]; continuando, o autor coloca que existir outros problemas que são nas "[...] áreas da epistemologia, metodologia e da ideologia [...]" [p.30], na epistemologia o problema é, "Em primeiro lugar [...] nenhum historiador [...] recuperar a totalidade dos acontecimentos passados" [p.31], "Em segundo lugar, nenhum relato [...] recuperar o passado tal qual ele era," na "[...] terceira razão [...]. Não importa o quanto a história seja autentica [...], ela está fadada a ser um constructo pessoal," [p.32], já na "[...]quarta razão [...]. A história sempre dá novas feição as coisas" [p.34]; na metodologia, o autor coloca que para alguns historiadores os "[...] procedimentos metodológicos rígidos.[...] limita a liberdade interpretativa [...]"mas que para ele (o autor) não é o método que determina a interpretação e sim a "[...] ideologia. Porque, embora a maioria [...] concorde que um método rigoroso é importante, existir o problema de saber qual método [...] eles se referem [...]"[p.36]; já na prática o autor coloca que a história "[...]é e será produzida em muitos lugares e por muitas razões [...] e que um desses tipos de história é a profissional, [...] produzida por historiadores [...] assalariados" [p.43]; segundo o autor o trabalho do historiador com a história na prática tem seis influências que são: "Em primeiro lugar, levam a si mesmos: seus valores posições , perspectivas ideológica", no "Segundo lugar, levam seus pressupostos epistemológicos" [p.45], no "terceiro lugar, os historiadores têm rotinas e procedimentos", no "quarto lugar [...] os historiadores vão e vem entre obras [...] de outros historiadores" [p.46], no "quinto lugar" (o historiador) terminando sua pesquisa precisam "colocá-la por escrito. E ai que os fatores epistemológicos, metodológicos e ideológicos voltam a entrar" [p.47], já o "sexto lugar" os textos são lidos e assim [...] o consumo de um texto se dá em contextos que igualmente não vão se repetir.[...]"[p.49], fechando este primeiro capítulo o autor definir que: "a história é o que historiadores fazem"[p.51].
No segundo capítulo, "Algumas perguntas e respostas", o autor tratar de dar respostas a certas perguntas, com objetivo de que "[...] apontem tanto uma direção quanto uma maneira para que surjam outras respostas, mais sofisticadas, nuançadas e adequadas" [p.53]; a primeira pergunta é "Qual é a situação de verdade nos discursos históricos?", primeiro o autor coloca que segundo outros autores "[...] a meta do estudo histórico é obter um conhecimento real (verdadeiro)", só que a opinião dele é que, "é impossível", a outra reposta é, se "Existir história objetiva? ([...] "fatos" objetivos etc.?) ou a história não passa de interpretação?", segundo Jenkins os fatos são coisas sem sentido para o historiador, "são verdadeiros, mas banais no âmbito das questões [...] que [...] discutem", pois, são individualizantes e "os historiadores têm ambições, desejam descobrir não apenas o que aconteceu, mas [...] porque aconteceu e o que as coisas significavam e significam", que só é possível através de uma interpretação feita pelo historiador que, "[...] transformam os acontecimentos do passado em padrões significantes", [p.60]; a outra é "O que é parcialidade? E quais as dificuldades para erradicá-las?", para responder a esta pergunta o autor recorrer a um argumento dividido em cinco partes, que são: "Em primeiro lugar, "parcial" só tem sentido se usado em oposição a "imparcial"", já no "segundo lugar, a parcialidade" esta muito presente "na história empirista", na "[...] terceira parte" o autor coloca que a história pode ser escrita por diferentes correntes ou grupos, na "quarta parte" o autor afirma que, vendo a história "[...] como uma série de interpretações" , e que os fatos e as fontes "são mudas", e o historiador é quem formula o que as fontes dizem, na "[...] quinta parte" Jenkins afirma que " A parcialidade é fundamental [...] para a prática empirista" [p.66-67]; a outra é para "O que é empatia", aqui o autor discutir que a empatia no conhecimento histórico é quando "[...] precisamos nos pôr no lugar das pessoas do passado, [...] suas dificuldades e pontos de vista," já o autor afirmar que "acho que ela seja impossível", [p.68]; na outra "Quais as diferenças entre fontes primárias e secundárias?", o autor vem mostra que "[...] fontes primárias (vestígios do passado) e os textos secundários", são usadas pelo historiador que "[...] elaboram seus relatos", só que segundo o autor denominam textos de "originais", dando "a entender que, se fomos aos originais, podemos adquirir conhecimento verdadeiro" [p.79]; a penúltima resposta é, "O que é que a gente faz com pareamentos [...]?", os pareamentos são: "[...] causa e efeito,continuidade e mudança, semelhança e diferença", nesta resposta o autor discutir se "esses conceitos podem mesmo ser usados de maneira não-problemática", [p.83];finalizando este capítulo com respostas para a questão, se "A História é Ciência ou Arte", segundo o autor, "foi produto da ideologia oitocentista", acredita "que a ciência constituía o caminho para a verdade", absorvendo a história "desde de Ranke até Conte?, mas quando o "Socialismo marxista começou a denominar a si mesmo", então "os teóricos burgueses" cortaram " pela raiz as pretensões científicas", ocasionando a "antipatia dos artistas românticos pela ciência, a história passou cada vez mais a ser, considerada uma "arte"" [p.87].
No ultimo capítulo, "Construindo a História no mundo pós-moderno", o autor discutir em "três segmentos", nos quais discutir, a "definição [...] de pós-modernismo e logo depois "mostrar não só como esse tipo de pós-modernismo produziu uma situação [...] mas também quais os corolários disso para a natureza [...] e para o trabalho com a história", finalizando, por "esboçar um argumento sobre o que a história deveria fazer, [...]" sugerindo "uma forma positiva de conviver com ele",[p.93]; Jenkins finalizar este capítulo afirmando que o "pós-modernismo [...] nos ajudam a situar todos os atuais debates", a respeito da questão, "O que é a história" ("para quem é a história")",[p.108].
A obra tem o objetivo de realmente se pensar a história, de forma que surjam debates futuros, que é uma de suas contribuições, além disso, o autor usa uma discussão clara, onde todos os seus argumentos são breves e não muitos longos numa seqüência para melhor entendimento da coisa, com uma abordagem moderna, que como o mesmo afirma "não existimos no vácuo. Pode muito bem ser que o período que me produziu [...] já produziu você também e continuará a fazê-lo", [p.21], tem uma linguagem também clara, e o autor também usa no segundo capítulo, no argumento dos "fatos de interpretação", ilustrações para explicar as posições ideológicas.
A obra é recomendada "primordialmente", como afirma o autor, para estudantes, que estão iniciando os estudos históricos, e também para professores que gostem de debater textos de introdução histórica.