Para Estudar Melhor: Graduação E Pós-graduação

Por Alfredo Passos | 23/06/2008 | Educação

Pedro M., me escreve perguntando o que fazer agora que entrou em um curso de pós-graduação Lato sensu, ou seja, um programa de especialização. Por estar há algum tempo longe da escola ainda não pegou o ritmo dos estudos, ou seja, das várias leituras e aulas que já está inserido.

Bom momento para retomar a definição do MEC e os instrumentos de trabalho para um curso.

Segundo o MEC, os cursos de especialização em nível de pós-graduação lato sensu são direcionados à área de exercício profissional, tanto do docente como de outros profissionais inseridos no mercado de trabalho, na perspectiva de educação continuada. Têm carga horária mínima de 360 horas, não computando o tempo de estudo individual ou em grupo sem assistência docente nem o tempo destinado à elaboração de monografia ou trabalho de conclusão de curso. Dependendo do objeto de estudo descrito no projeto pedagógico, o curso de especialização poderá ter carga horária bem maior do que 360 horas.

Nesta categoria estão os cursos de especialização e os cursos designados como MBA (Master Business Administration) ou equivalentes, oferecidos por instituições de ensino superior ou por instituições especialmente credenciadas pelo poder público para atuarem nesse nível educacional.

Os cursos de especialização em nível de pós-graduação lato sensu geralmente têm um formato semelhante ao dos cursos tradicionais, com aulas, seminários e conferência, ao lado de trabalhos de pesquisa sobre os temas concernentes ao curso. Todos os procedimentos pedagógicos, conteúdos, avaliação e demais requisitos devem estar previstos no projeto pedagógico detalhado, aprovado pelo conselho superior da instituição.

Tais cursos têm finalidades muito variadas, que podem incluir desde o aprofundamento da formação da graduação em determinada área - como as especializações dos profissionais da área de saúde - ou temas mais gerais que proporcionam um diferencial na formação acadêmica e profissional.

Embora já com experiência do curso de graduação, nem sempre os estudantes lembram da "Metodologia do Trabalho Científico", que mesmo tendo um trabalho voltado ao mundo corporativo ou dos negócios, exige a utilização de instrumentos de trabalho, bem definidos.

Aprendizagem e os instrumentos de trabalho

Antônio Joaquim Severino, professor de Filosofia da Educação da USP, com longa e intensa experiência docência como professor de Filosofia e Filosofia da Educação em cursos de graduação, bem como de pós-graduação, pesquisa há muito, no âmbito da filosofia e da filosofia da educação, versando sobre temáticas relacionadas com a educação brasileira e com o pensamento filosófico e sua expressão na cultura brasileira, além de autor de um livro obrigatório para estudantes que voltam ao estudo, após alguns "anos longe da escola".

Trata-se de Metologia do Trabalho Científico (Cortez, 2007), onde o Prof. Severino aponta caminhos para facilitar o estudo no período compreendido entre 12 e 24 meses.

  1. Biblioteca pessoal - adquirir de forma paulatina os livros fundamentais para o desenvolvimento de seu estudo. Essa biblioteca deve ser especializada e qualificada;
  2. Textos básicos para o estudo de sua área específica, tais como um dicionário, um texto introdutório, um texto de história, algum possível tratado mais amplo, revistas especializadas, obras específicas à sua área de estudo e a áreas afins. Esses textos básicos na opinião do Prof. Antônio Joaquim Severino, têm por finalidade única criar um contexto, um quadro teórico geral a partir do qual se pode desenvolver a aprendizagem, assim como a maturação do próprio pensamento. Portanto, nada de restringir o estudo aos manuais, apostilas, (ou acrescento...slides em power point) ;
  3. Textos especializados - estudos monográficos resultantes das pesquisas elaboradas pelos vários especialistas com os quais o estudante deverá conviver por muito tempo;
  4. Revistas - a assinatura de periódicos especializados é hábito elementar para qualquer estudante exigente. Tais revistas mantém atualizada a informação sobre as pesquisas que se realizam nas várias áreas do saber, assim como sobre a bibliografia referente às mesmas. Em algumas áreas, acompanham essas revistas repertórios bibliográficos, outro indispensável instrumento do trabalho científico;
  5. Recursos eletrônicos - Internet, DVD´s.

O projeto de pesquisa

Em um curso de pós-graduação Lato Sensu, o trabalho de conclusão, é baseado em um roteiro fornecido pela Instituição de Ensino Superior, e voltado à especialização do curso.

No entanto, para melhor realizar este trabalho monográfico, seja ele didático ou científico, é necessário se inserir antes num "universo familiar de problemas", afirma o Prof. Severino.

Para isso, o estudante tem muito a ganhar se desenvolver um projeto de pesquisa e assim poder estabelecer "um pensamento lógico" para seu trabalho.

Roteiro para projeto de pesquisa:

  1. Título do projeto
  2. Delimitação do tema e do problema
  3. Apresentação das hipóteses
  4. Explicitação do quadro teórico
  5. Indicação dos procedimentos metodológicos e técnicos
  6. Cronograma de desenvolvimento
  7. Referências bibliográficas

1. Título do projeto: trata-se de indicar, mediante um título, o assunto do trabalho.

2. Determinação e Delimitação do Tema e do Problema da Pesquisa: Trata-se do momento fundamental do projeto de pesquisa. É o momento de se caracterizar de maneira mais desdobrada o conteúdo da problemática que vai se pesquisar e estudar.

3. A Formulação das Hipóteses: a idéia central que o trabalho se propõe demonstrar.

4. Explicitação do Quadro Teórico: constitui o universo de princípios, categorias e conceitos, formando sistematicamente um conjunto logicamente coerente, dentro do qual o trabalho do pesquisador se fundamenta e se desenvolver.

5. Indicação dos procedimentos metodológicos e técnicos: o autor anuncia o tipo de pesquisa que desenvolverá. Explicitar se se trata de pesquisa empírica, com trabalho de campo ou de laboratório, de pesquisa teórica ou de pesquisa histórica.

6. Estabelecimento do Cronograma de Pesquisa: distribuição das tarefas nos períodos do calendário.

7. Indicação da Bibliografia: textos fundamentais, leituras, websites, livros.

O Prof. Severino, na conclusão, afirma que o objetivo do seu livro é apresentar diretrizes que ajudem o universitário a disciplinar o seu trabalho de estudo. Sem isso, o aproveitamento de seu estudo e de suas pesquisas ficará muito prejudicado.

O autor, ainda lembra que nas condições universitárias brasileiras, em que a grande maioria dos estudantes não dispõe de tempo integral para seus cursos, exige-se deles rígida organização de tempo integral para seus cursos, rígida organização do pouco tempo disponível para o estudo "em casa", indispensável para um aproveitamento inteligente do curso para seqüência de seus estudos, como para o exercício de suas atividades profissionais.

Fonte texto sobre cursos de especialização: SESu - Secretaria de Educação Superior/Ministério da Educação, clique aqui.

Fonte texto estudo e projeto de pesquisa: Severino, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23.ed.rev. e ampl. de acordo com a ABNT - São Paulo: Cortez, 2007. Maiores informações, clique aqui.

Sinopse deste livro:

Este livro tem por objetivo apresentar aos estudantes e universitários alguns subsídios teóricos e práticos para o enfrentamento das várias tarefas que lhes serão solicitadas ao longo do desenvolvimento do processo ensino/aprendizagem de sua formação acadêmica. Trata-se, pois, de uma iniciação teórica, metodológica e prática ao trabalho científico a ser desencadeado desde o início de sua vida universitária. Mas, pela sua própria natureza é também eficiente ferramenta para o trabalho docente em sua interface com a aprendizagem dos alunos, podendo configurar-se como um bom roteiro para a intervenção didático-pedagógica dos professores, quaisquer que sejam suas áreas ou matérias de ensino. Além dos elementos conceituais que definem e explicam a natureza do conhecimento científico, são apresentadas diretrizes para o entendimento e a aplicação das atividades lógicas e técnicas relacionadas com a prática científica.