PALESTRANTE MOTIVACIONAL, DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Por Múcio Morais | 25/07/2009 | AdmNesses
últimos anos tenho observado a multiplicação de colegas que aparecem com
propostas motivacionais, muitos projetos interessantes, criativos e eficazes.
Estive recentemente em uma conferência com quatro (4) desses colegas, uma
experiência muito enriquecedora, pude me reciclar, rever alguns conceitos e
aprender com eles.
Fizemos, após nossa apresentação, uma espécie de mesa redonda onde apontamos as
principais virtudes e defeitos uns dos outros. Confesso que foi bom bater em
pontos que considero críticos no estilo de apresentação de alguns, mas, tive
também que escutar algumas críticas muito justas, revi, pensei e mudei, pelo
menos estou tentando.
Mas algo incomodava os quatro, todos haviam lido os artigos e comentários no
meio dos RH´s sobre a banalização de nossa atividade, como muitos recém
formados, profissionais de áreas diversas e até mesmo pessoas que tem uma certa
facilidade para se comunicar, estavam entrando no ramo de "Palestrante" e
ofertando ao mercado um produto sem o know-how necessário para cumprir o que se
espera dele.
E, nesses artigos e comentários a tônica sempre era a questão do "conteúdo",
claro, não adianta nada fazer uma farra, mexer com as pessoas, com suas
emoções, com seus brios, sem ter nada ou quase nada para acrescentar.
Palestra Motivacional não é "FARRA GRATUITA" é FARRA por metodologia, como no
meu caso e de outros colegas, como Augusto Gomes, Massaru Ogata, Sergio Dal
Sasso, Luiz Marins, Daniel Godri, Prof. Gretz, Rogério Martins e outros,
fazemos sim uma farra, interagimos com o público, criamos dinâmicas como
metáforas dos princípios que queremos ensinar, mudamos o ambiente, desafiamos,
despertamos emoções, mas, no centro de cada atividade deve haver conteúdo, e
isso de forma estudada, programada, dirigida e consubstanciada.
Deve-se levar em conta a capacidade intelectual e o estado emocional da equipe;
Deve-se considerar a fórmula de didática, a lição a ser contextualizada, o
momento que a empresa vive, seus conflitos e desafios internos e externos e em
especial seus objetivos práticos.
Sem esse tipo de consideração uma "Palestra Show" pode simplesmente ser um
incômodo. Uma festa de formatura do primo distante do seu ex colega de trabalho
e que por alguma razão você foi convidado, ou o casamento da filha da
presidente da associação do bairro, na qual você jamais compareceu a uma
reunião.
Recentemente fui contratado por uma empresa que me perguntou de cara: O SENHOR
NÃO VAI FAZER AQUELA DINÂMICA NÃO NÉ? E o pior, eu até que ia fazer sim. Mas
perguntei ao Diretor de MKT que estava me contratando: Porque a pergunta? Ele
me respondeu: Bem, há um mês contratamos um colega seu e ele simplesmente fez
um "Programa do Chacrinha" sem pé nem cabeça e foi embora.
Sentimo-nos lesados e nossa equipe agora está super arredia com Palestras.
Preferi não perguntar que colega era esse, deve ter tido um dia ruim, mas
certamente o despreparo e a improvisação não devem fazer parte da prática
profissional de nós Palestrantes Motivacionais, por mais tempo e experiência
que tenhamos,
cada cliente é único, cada caso é um caso, cada apresentação deve ser tratada
como se fosse a primeira. O Palestrante que diz que não sente mais aquele
friozinho, aquela ansiedade antes de se apresentar, precisa rever sua postura,
sua visão de desempenho e perceber que um pouco de stress nos coloca mais
responsabilidade no que vamos fazer. (Tenho 20 anos de Palestrante e sinto
aquele friozinho cada vez, é ai que percebo que não domino tudo, que tenho
muito a aprender...)
Outra situação que o mercado se queixa: Preço. É incrível o número de
profissionais de RH que questionam preço. Entendo que seus superiores
geralmente envolvidos na guerra do perde ganha das negociações acabam por
transferir esse conceito ao setor que trata de Recursos Humanos, não percebendo
que aqui o fator PREÇO, pode ser a diferença entre mudança e pro atividade X
indiferença e comodismo;
Um bom profissional sempre vai custar mais, (Como um carro de primeira linha
custa mais que um carro popular, porque?) a relação custo benefício é relevante
e decisiva (Não que não existam bons profissionais com baixos custos ou
profissionais ruins com alto custo) mas o conjunto de competências que leva um
profissional a custar mais deve ser considerado;
Ontem fizemos um acompanhamento com um cliente que nos pediu proposta há alguns
dias, sabe a resposta? Oh Senhor Múcio, a gente conseguiu palestrantes de graça
na instituição TAL, também um especialista da área TAL vem falar sem cobrar,
então se o senhor vier de graça também será um prazer... Falar o que?
Imagino que evento fantástico
esta empresa terá, improviso, amadorismo, falta de compromisso e claro, com boa
vontade. Certamente alguém vai surpreender, também existem bons palestrantes
fora do circuito profissional, mas a regra não é essa. Como uma empresa
pretende transmitir qualidade, seriedade, compromisso, excelência e critério
submetendo sua equipe a um evento de improviso? Com Palestrantes "Quebra
galhos"? Ou aspirantes a profissão? Você faria uma cirurgia de alto risco com
um aluno residente? OU com um vestibulando de medicina? OU ainda com um médico
sem especialização que vai "Quebrar o galho" pois seu colega especialista cobra
pelos serviços?
QUANDO
A CONVERSA É COTAÇÃO, CONFESSO QUE SINTO UM FRIO NA BARRIGA. Não por temer a
concorrência de preços (e isso é parte do problema, alguns colegas não se
valorizam ou não percebem sua responsabilidade de manter a nossa atividade como
de alto valor agregado) mas principalmente porque sei que a qualidade está
colocada em segundo plano e o profissional, seja ele quem for, não será visto
com o devido valor que tem, podendo, este comportamento, comprometer uma parte
do que será realizado.
Lembro-me da
história de Henry Ford, quando uma de suas máquinas parou (ele foi o primeiro
empresário a aplicar a montagem em série na produção de automóveis) e sua
equipe após várias tentativas resolveu chamar um mecânico experiente para
tentar resolver o problema; Contam que o homem chegou, olhou, pensou e foi
direto em um pequeno parafuso fazendo um ajuste que não demorou mais que 30
segundos. Tudo voltou a funcionar perfeitamente; A seguir foi embora e enviou a
conta: U$ 500...
Henry Ford olhou para aquela conta e perguntou ao seu encarregado o que o homem
havia feito, foi informado de que ele apenas apertara um parafuso, nem sequer
se sujou de graxa e foi embora; Henry achou o valor absurdo, por um simples
aperto de parafuso pagar U$ 500? Mandou então um recado ao mecânico, por favor
senhor, queira discriminar a cobrança para que eu faça o pagamento, imaginando
que o homem não poderia colocar U$ 500 por um aperto de parafuso; Veio então a
NOTA DISCRIMINADA:
SERVIÇOS PRESTADOS
1 - Aperto do Parafuso............................... U$ 5,00
2 - Conhecimento e experiência para saber como e qual parafuso apertar .... U$ 495,00
Total a Pagar .............................................
U$ 500,00
Henry Ford pagou imediatamente!
Parece-me que
como empresários, entre os quais eu me incluo, temos muito a aprender;
Como sempre digo em meus artigos voltados para esse tema, tem muita gente boa por ai, eu mesmo posso passar uma lista, não sou do tipo que se considera único; Indico (e sou indicado) compartilho e me relaciono com diversos colegas no ramo, isso tem sido enriquecedor. Mas, por favor, dê o melhor possível para sua equipe. Negocie valores, questione conteúdos, exija referencias, cobre profissionalismo, exponha sua real condição para contratação, mas com os bons profissionais, seja VOCÊ também comprometido com o sucesso do seu empreendimento. Fazer por fazer é o mesmo que desfazer. Porque alguém terá que fazer novamente e o preço poderá ser muito alto.
Sucesso a todos,
Múcio Morais
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