Paisagens Impassíveis
Por Ide Ramacini Betonico | 21/03/2009 | PoesiasFilho da rua, feito do que a vida apura,
Junta latas, papéis manchados, caixas de
papelão, o catre da noite inflexível.
A vida sem segunda via, vai embora.
O muro desgastado e grafado evoca
os quadrinhos dos gibis que um dia
figurou seus sonhos de menino.
Vala negra, um misto de céu e terra.
Exausto, entrega o corpo, aquieta a alma.
Com boca definhada masca o pão adormecido,
olhos fixos a interpretar os garranchos sem marcas,
sem direitos autorais.Um alvo único.O muro.
.O Terreno baldio, o catre, plásticos pretos.
Ali,na paisagem impassível, rente aos passantes,
o cavalo branco e alado salta obstáculos
a galope,ondulando em equilíbrio em cima do muro.
Ora corre,ora voa,salta montanhas e mares sem a
placidez dos que colhem latas como se flores fossem.
No meio-fio, à beira do trânsito, ao pé do muro, no sol posto.
Desperta para a vida cinzenta.E o cavalo alado?