Pais-Parte II
Por Suely Bischoff Machado de Oliveira | 07/08/2009 | PsicologiaPAIS/Parte II
Dentro da Psicanálise, o pai tem uma função que é a de proibir, de interceder, de ser e de representar, de limitar (como pensa Lacan, grande psicanalista, que haja três diferenciais:-
(1) PAI REAL como pai genético, funcional, o não dito, o não expressado, simplesmente é,
(2) PAI IMAGINÁRIO no desejo de passar ao filho o seu âmago, o seu mais íntimo, exerce influencia no concreto e favorece a interação social do filho, e
(3) PAI SIMBÓLICO aonde primeiro vem à lei, seus dogmas, depois a emoção, pai com um significado semântico de que ele é que determina a lei dentro da família (“pátrio poder” nos meios jurídicos)
Você viu a Sonia que se separou do marido, agora diz ser mãe e pai ao mesmo tempo, e tem que ser forte e rígida com o filho. É de pai para filho. Nossa você viu só o que fez a Lourdinha?Depois que ela se separou do marido, ficou em uma situação difícil, pois ele não tem pagado a pensão aos dois filhos, e seu advogado lhe aconselhou a entrar na justiça e a pedir a sua prisão.
Podemos observar que muitos pais modernos, não se esquivando de suas obrigações de provedores, buscam nos dias de hoje por um bom senso no trato com suas ex-esposas e assim, se empenham mais, numa busca e na preparação de projetos profissionais, relações amorosas e afetivas, enfim um bom desenvolvimento educacional ao filho.
Mas sabemos também, que são poucas as mulheres separadas que se superam em suas mágoas, seus conflitos pessoais relacionados ao seu ex-marido, na maior parte das vezes, elas por se sentirem diminuídas, transmitem um sentimento hostil, um fracasso, denegrindo para os seus filhos a figura do pai.
E para a Psicologia, a função paterna, portanto é uma determinante frente à identidade como um todo do indivíduo.
E num contexto de busca pelo melhor ao filho, que é comum aos dois genitores e que sempre vai permanecer, pois o casal pode se separar, porém jamais de seus filhos, devem-se compartilhar idéias, afetos, novos relacionamentos, sendo a tônica um viver satisfatoriamente com diminutos conflitos
É complexo este estado SER PAI, onde estão em jogo muitos aspectos como presença, ausência, apoio, carinho, referencia, exemplo, angústia, dúvidas, sofrimentos, frustrações, afetividade, identificação, abandono; e assim também temos que considerar aspectos sutis deste estado, como seja:
(1)-PAIS PRINCIPIANTES, ou melhor, dizendo, pais de primeira viagem, pois realmente o ser pai pela primeira vez, é nada mais, nada menos do que um transportar-se, um viajar numa nova emoção,
(2) PAI DIVERSAS VEZES, já é mestre no assunto!
(3) PAI ADOTIVO, aquele que aceita,
(4) PAI SEPARADO, como algo que se rompeu que se quebrou que perdeu o encanto de ser,
(5) PAI QUE SE CASA OUTRA VEZ, ele pai troca um núcleo familiar por outro, será que amanhã ele vai trocar esta família por outra? E aqui muito amiúde existe uma competição afetiva e desmoralizante, como mães que usam seus filhos para obterem mais atenção de seus ex-maridos, ou para distorcerem atitudes; e vice-versa
Pesquisas realizadas nos EUA mostram que filhos criados com pouco contato com os pais, podem desenvolver comportamentos depressivos, comportamentos de baixo rendimento escolar e outros, contudo deve-se notar que, só a presença física não é garantia de boa função paterna, assim como a falta não significa necessariamente ausência afetiva e emocional
Sabemos que a figura de pai tradicionalmente, inclui a tarefa de garantia do sustento físico e econômico dos filhos, ele é e continua sendo, pelo menos na teoria, um provedor da família.. Contudo nos dias atuais é grande a estimativa nos núcleos familiares, onde mãe e pai trabalham e em comum gerenciam a casa, suas despesas, suas aplicações financeiras, suas idealizações para um futuro tranqüilo
Atualmente em casos de separação dos cônjuges, tem-se observado um quadro por demais singular, onde o número de pedidos de guarda paterna tem-se mostrado bastante expressivo.
Em termos existenciais estamos diante de muitas perguntas e de muitas respostas em aberto, mas temos concretamente que buscar respeitar diferenças e realidades distintas, assim minimizando e rechaçando atitudes mesquinhas que sem sombra de dúvida, aprisionam os filhos em conflitos muito angustiantes.
A Psicoterapia vem a campo num sentido de ajudar a buscar referenciais sólidos e concretos num relacionamento mãe-pai-filhos.
Suely Bischoff Machado de Oliveira
Psicóloga CRP 06/8495 pela UNESP/BAURU
Psico-oncologista pelo Hospital do Câncer A.C.Camargo