Osirak, o retorno

Por Adriano Alves Fernandes Pinto | 08/12/2010 | Política

Muito se especulou sobre possíveis datas do ataque da Hel Ha Avir (Força aérea de Israel) contra as instalações nucleares iranianas. Um ataque de tal envergadura é caracterizado pelo fator surpresa e datas e prazos limites são meramente especulativos, mesmo a cada minuto que passa a Republica Islamica do Irã estando mais perto de ter sua bomba atômica. A Hel Ha Avir já tem experiência em muitos combates ao longo de sua existência e ja participou de um ataque a uma usina nuclear, em 1981 no Iraque.
O sucesso daquele ataque foi, justamente, o inesperado. O que contou muito a favor dos israelenses foi o fato do Iraque possuir somente uma usina nuclear, até porque o outro reator que também havia sido adquirido pelos iraquianos para treinar seus cientistas havia sido destruído antes ainda empacotado num ato de sabotagem pelo Mossad. Participaram da ação contra o reator em Osirak oito F-16 cada um utilizando um tanque ventral de 1.136 litros e mais dois de 1.400 litros sob as asas e armados com duas bombas MK 84 de 2.000 libras e dois mísseis ar-ar AIM-9 Sidewinder nas pontas das asas para autodefesa. Os atacantes israelenses tiveram a escolta de seis F-15 armados com mísseis ar-ar. Os aviões voaram muito próximo do solo, cerca de 100m, durante quase todo o percurso e em total silêncio eletrônico para diminuir as chances de serem detectados pelos radares iraquianos. Os F-15 deram cobertura a grande altitude. Ao se aproximarem cerca de 6 Km da usina os atacantes subiram em duplas cerca de 2.000m para em seguida realizarem um mergulho e lançarem suas bombas que atingiu o alvo como planejado. Não houve oposição da Força Aérea Iraquiana e mesmo se seus aviões tivessem alcançado os atacantes israelenses não teriam muitas chances. O Iraque contava com Mig-21 e Mig-23 e estes aparelhos não seriam capazes de representar ameaças aos F-15 de escolta.
No Irã o cenário é bem diferente, apesar do alvo ser o mesmo. Ao contrário do Iraque o Irã espalhou suas usinas nucleares ao longo do país, o que dificulta um ataque aéreo. O complexo nuclear iraniano esta bem defendido com baterias antiareas, entre elas o sistema russo TOR-1, cada sistema conta com oito mïsseis Terra-ar que podem atingir alvos entre 1,5 e 12km. Apesar de ter um alcance curto este sistema tem uma enorme precisão sendo um dos mais letais do mundo. Outro sistema russo de mísseis Terra-ar foi especulado com já estando em operação. Não há nada que confirme que o Sistema Russo S-300 esteja em operação no Irã e mesmo um sistema similar de fabricação chinesa também não foi confirmado que foi adquirido pelo Irã. A aviação iraniana apesar de não ser numerosa é bem diversificada. Conta com tipos como F-4 Phantom, Northrop F-5, F-7(versão chinesa do Mig-21 russo), F-14 Tomcat e Mig-29. Estes aviões especificamente são aqueles que podem realizar alguma interferência em caso de violação do espaço aéreo iraniano.
Um ataque as usinas iranianas pode ser a única altenativa de Israel para por um fim, ou na pior das hipoteses, atrasar o desejo iraniano de ter seu artefato nuclear, porém, esta pode não ser a melhor das escolhas. O sucesso de Osirak, talves, não se repita no Irã. Israel sabe disso e este deve ser o motivo pelo qual o ataque ainda não ocorreu. Outras possibilidades devem estar sendo discutidas neste momento, se elas serão efetivas nós só sabaremos quando as usinas nucleares iranianas começarem a explodir.