Os Sistemas de Tradução Automática
Por Andreia Monteiro | 29/07/2009 | EducaçãoOs sistemas de tradução automática surgiram pela primeira vez na década de 40.
Na altura, acreditava-se que podiam vir a substituir a tradução humana, que com a crescente complexidade dos sistemas computacionais, também a tradução automática poderia atingir um grau de perfeição capaz de rivalizar com as traduções feitas pelos seres humanos. Acreditava-se que a língua poderia ser decifrada por meros circuitos lógicos informáticos, organizados numa forma de inteligência artificial, que traçariam a ponte entre a linguagem e o contexto desejado para determinada tradução.A linguagem tem, porém, características especiais e indeterminações e tornou-se óbvio que os problemas resultantes dos trabalhos das máquinas, que se multiplicavam, não eram de resolução fácil.
O estado actual da técnica é porém muito deficiente. Não sabemos o que o futuro nos reserva, pois vemos, por exemplo, naves espaciais pilotadas por computadores e, cada vez maior número de actividades totalmente controladas por sistemas de inteligência artificial. E máquinas que jogam xadrez e batem campeões humanos, exemplo mais mundano.
Vejamos o exemplo de um excerto do jornal The Times sobre o festival de cinema de Cannes do ano passado, traduzido pelo Power Translator 11, um programa profissional e o Google Translator.
The apocalypse came early to the Cannes Film Festival this year, filling screening rooms with snarling dogs, bursting bombs, shouting men and screaming women.
Power Translator 11:
O apocalipse veio cedo ao Cannes Filme Festival este ano, enquanto enchendo quartos de blindagem de cachorros rosnando, bombas congestionantes, gritando os homens e as mulheres agudas.
Google Translator:
O apocalipse chegou cedo para o Festival de Cinema de Cannes deste ano, enchendo rastreio quartos com snarling cães, explodindo bombas, gritos homens e mulheres gritando.
Repare-se como o Google Translator apresenta problemas de léxico, não reconhecendo, inclusivamente, uma das palavras por não constar do seu dicionário interno. A frase não faz qualquer sentido para quem não tenha o original.
O programa profissional também não apresenta melhores resultados. Os problemas de contexto são os de mais difícil resolução embora os de léxico também se façam notar, o que também coloca em causa o entendimento da frase.
Se os sistemas de tradução automática não evoluíram assim tanto, se continuam a apresentar os mesmos problemas, qual poderá ser a sua utilidade?
Uma vez que a máquina dificilmente virá a ser capaz de perceber os cambiantes de significado de uma palavra consoante o contexto em que se encontra e também nunca poderá conter informação suficiente (não por limitações de espaço) para poder efectuar traduções sobre todos os temas que poderão ser submetidos à tradução, a única verdadeira utilidade destes sistemas será veicular alguma informação a pessoas que desconheçam a língua de partida e que ficam, assim, com uma ideia muito geral da temática do texto submetido ao tradutor automático.
Para nós, tradutores de determinada língua, o tradutor automático não terá grande utilidade a nível profissional. Não poderá agir como mais do que um dicionário, e mesmo assim, com as limitações de oferecer apenas um par para cada palavra.
A tradução, essa complexa ponte entre dois sistemas linguísticos diferentes, continuará a ser uma actividade reservada aos cérebros humanos.
Andreia Monteiro