OS ROUBADORES

Por Rev. AUGUSTO CÉSAR CAMPOS MENDES | 01/09/2013 | Religião

OS ROUBADORES

Malaquias 3:8 “Roubará o homem a Deus?...”

Quando ouvimos dizer que alguém subtraiu alguma coisa de alguém, a primeira reação é de desaprovação e comumente esse repúdio nos leva desenvolver sentimentos de natureza jurássica. Mas existe uma diferença diametral entre o ladrão e o Roubador, apesar de não parecer. Um subtrai coisas ou bens seculares adquiridos pelo homem, o outro se apodera ou se locupleta das coisas de Deus, ou seja, daquilo que angariamos para o serviço de Deus através do ensinamento e do aprendizado advindo da sua poderosa e inerrante Palavra. Um é ladrão ou outro é roubador e a gravidade de suas praticas, norteiam o seu destino, afinal sua sentença já esta prolatada: não herdarão o Reino de Deus.

 Por vezes a atitude de roubar a Deus acontece em nossas vidas por falta de conhecimento, mas isso não nos torna inocentes, pois Deus não tem o pecador por inocente. Roubamos a Deus quando deixamos de devolver o que é de Deus. Essa prática se verifica quando não devolvemos os dízimos e as ofertas, e não está atrelado somente na materialidade daquilo que se arrecada, mas também na omissão do que deixamos de fazer em prol do Reino. Deus requer o dizimo não só do que ganhamos em termos monetários, mas do nosso tempo e disposição, assim como de tudo o que fores beneficiado em relação aos seus favores. O certo é que é muito Difícil um negociante ou um patrão ou mesmo um pai que investe cem e requerer de volta somente dez por cento daquilo que aplicou. Deus faz tudo isso, Deus é esse Pai, porém a nossa negligência em relação a nossa contrapartida nos coloca automaticamente na alça de mira da sua infalível justiça.

Podemos afirmar categoricamente que o conhecimento nos aproxima de Deus e negligenciar a oportunidade de conhecê-lo constitui-se em uma perda irreparável do ponto de vista da espiritualidade. O certo é que uma grande maioria só vai a igreja aos domingos ou em ocasiões especiais, e o que é pior, chegam quase sempre atrasados e querem sair cedo. Só lembram de Deus quando a adversidade bate em suas portas ou quando influenciados por exemplos nada ortodoxos de modismos e sincretismos puramente religiosos. Essa gente só ora, adora ou reverencia a Deus quando se beneficiam ou quando querem um beneficio, de outra forma se quer respeitam os limites bíblicos no que tange ao tempo ou dedicação na presença do Altíssimo. Ocupam o tempo e suas mentes com superfluidades e não se esmeram no temor e na reverencia a quem merece toda honra, toda gloria, todo louvor e toda adoração. Isso também é roubar a Deus.

Uma prática que se tornou recorrente em nossos dias é a locupletação. Se locupletar das coisas de Deus, se constitui em um roubo e da maior gravidade, pois a pessoa usa o que foi arrecadado em nome de Deus para esbanjar com esquisitices e para satisfazer de modo irresponsável seus desejos pessoais e suas excentricidades que por vezes beiram a sandice. Dias passados vi nos noticiários o casamento do filho de um dos lideres de uma igreja, em que os custos chegaram a quatro milhões de reais. Se o dinheiro fosse dele, nada demais, mas não era, era advindo da arrecadação entre os fieis e isso se constitui em uma pratica descabida, pois enquanto uns poucos se fartam outros muitos passam fome. Tenho a convicção de que enquanto servos a serviço do Reino, precisamos nos manter em pé e para isso temos que estar alimentados e comendo do bom desta terra, mas ter em mente que outros precisam ser alimentados.

Hoje é comum vermos determinados lideres, que são responsáveis pela boa aplicabilidade dos recursos advindos da contribuição dos fieis enveredarem por praticas escusas esquecendo-se do que pregam. Usam esses reursos para adquirirem fazendas, carrões, helicópteros, jatinhos, satisfazendo desejos puramente pessoais e alimentando esquisitices insólitas. Essas pessoas apropriam-se de algo que não é seu e o verdadeiro objetivo que seria ajudar a minorar o sofrimento daqueles que realmente necessitam, este não foi atingido. Essas pessoas praticam toda sorte de desatinos em nome de Deus, enganam em nome de Deus, aliciam em nome de Deus, constroem fortunas pessoais em nome de Deus e tem uma capacidade impar de manobrar multidões transformando-se em ídolos, e o que é mais grave, não veem nenhum problema em serem adorados. Triste será o dia em que seus ouvidos ouvirem a celebre e contundente afirmativa do Senhor escrita no livro de Malaquias 3:8 “Todavia voz me roubais...”

Outra maneira que o homem encontrou de furtar a Deus, esta no aparecimento das “estrelas gospel”. Conferencistas, pregadores, cantores e seus empresários, promotores de grandes eventos gospel, se esmeram em aparecer na mídia, jornais e outros veículos de propaganda. Transitam de um lado para o outro arrebanhando multidões incautas, ensinando o que não aprenderam, contribuindo em muito para que essas pessoas tenham um bloqueio espiritual e se conformem apenas em viver o superficial das emoções em detrimento de uma espiritualidade eficaz e que certamente o levaria a presença do Altíssimo. Assistir ou participar de algum evento evangélico na atualidade, requer sacrifício e renuncia até mesmo da mais elementar necessidade humana, o alimento. Sabemos todos que a glória de Deus é intocável ou intransferível, mas o que estamos presenciando é uma mudança de foco, o “toda honra e toda glória” mudou de endereço, está ficando aqui na terra mesmo, enfeitando os cartazes e luzes fulgurantes de mortais que não se preocupam em continuar mortos. Posso afirmar com toda convicção, essa é uma forma gravíssima de roubar a Deus, ou de tentar se apossar do que é de Deus.

A figura do pastor que visitava e que se sacrificava pelos rincões, pelos valados e pelos guetos da vida, deu lugar ao pastor motivacional e quase sempre aquinhoado com um templo confortável e espaçoso, e o caminhar por esses lugares hoje é sinônimo de derrota ou de castigo. Não estou afirmando que a motivação seja danosa, mas sacrifícios precisam ser vividos, e no que pese aos exemplos deixados pelo nosso mestre, comparar a realidade de hoje ao passado vivido por Ele, se torna piada de mau gosto, pois nem de longe essa gente quer se sacrificar para alcançar quem realmente necessita. Nem de longe exercitam o que diz Mateus 10:8 “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça daí.” . Estão roubando a oportunidade de salvação daqueles que realmente precisam ser alcançados. Roubar oportunidades, prevaricar um direito que é de todos, afinal o sacrifício não foi nosso, foi de Jesus, é uma maneira gravíssima de roubar a Deus e certamente estas pessoas estão passiveis de ouvir da boca de Deus “Com maldição sois amaldiçoados.” Malaquias 3:9a.

A Palavra de Deus nos alerta quanto estas práticas alvissareiras, quando diz que “...e por avareza, farão de voz negócios com palavras fingida;...” 2 Pedro 2:3a. Cobram absurdos para exercer o que ganharam de graça, negligenciam suas incumbências ministeriais e não tem nenhum problema em se engalfinharem em disputas sórdidas entre si, para ver quem lucra mais ou mesmo para eliminar opositores. Esquecem que são soldados a serviço do Reino e transformam-se em instrumento de cobiça, avareza e de tentativa de roubo da Glória de Deus Pai, exemplos nada recomendável para quem almeja morar no céu.  Assisti com tristeza a atitude de um pregador eloquente que em meio a sua mensagem, abriu espaço para consultar o quanto tinha rendido a oferta, afinal o seu trato com o pastor da igreja estava na divisão do que os fieis ofertassem. O que dizer de atitudes dessa natureza? Quando nos colocamos a serviço do Reino, o mínimo que podemos fazer é temer e reverenciar a Deus, respeitar o próximo e fazer o que nos compete, pregar, viver o que pregamos e abençoar, as demais coisas Deus se encarrega.

Deus abençoe a todos!