Os reflexos da psicomotricidade na alfabetização

Por JEMIMA TEREZA RIBEIRO DA SILVA | 17/08/2016 | Educação

Este artigo levanta a hipótese de trabalho com maior eficácia na alfabetização de crianças pequenas* [1] com o auxílio da psicomotricidade, como se dá esse processo e como tal afetará a vida dessa criança quando esta se inserir no segmento intitulado ensino fundamental.

Para o desenvolvimento de nossa hipótese de trabalho propomos algumas atividades realizadas em pesquisas de campo dentro das salas de aula e tomamos como base a seguinte afirmação:

A psicomotricidade é sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto.

Partindo dos três conhecimentos falaremos de seus reflexos na alfabetização que posteriormente será o próximo passo dessa criança.

Alguns fatores favorecem a alfabetização com valor construtivo e significativo na vida do educando e como construir isso? mostrando letras desde o maternal? Ensinando o alfabeto? Ou até mesmo como muitos dizem alfabetizando-a?

A alfabetização da descoberta do conhecimento se dá de maneira afetuosa, atrelada ao movimento, ao expressionismo, ao jogo simbólico e as brincadeiras assim atinge o intelecto e o cognitivo do cérebro humano.

O artigo aponta também posturas, sobre o comportamento do professor perante certos acontecimentos e atitudes que o mesmo procederá em determinados momentos com a sua turma.

Por fim, inserimos uma nova tabela com novas metodologias com alguns tipos de atividades movimentos corporais dos quais as crianças pequenas

[1] Quando nos referimos a crianças pequenas, leva-se em conta crianças de 0 a 2 anos.

1 INTRODUÇÃO

Hoje cada vez mais cedo as crianças estão sendo inseridas no ambiente escolar, e é através dele que esta se habitua a novas regras, rotina, conhecimentos e vivências.

Pesquisas de campo realizadas em várias escolas revelam que as crianças de um e meio até dois anos de idade passam a ter contato com essa rotina “disciplinar” quando vão para escola.

O fato é que quando essa criança é inserida nesse ambiente, muitos educadores á vejam como “bebês” incapazes de aprender, e que sua função em quanto educador é meramente a de “cuidar”, não são só os professores que mantem essa visão e sim a equipe toda participante desse processo, ou seja, escola e família.

Esse estereótipo vem de um passado, onde o atendimento infantil nas creches era focado na guarda. Essas instituições se configuravam como um espaço assistencialista de cuidados, de direito da mãe trabalhadora, e não da criança. Evidenciavam a dicotomia dos processos de guarda e educação, que geralmente eram públicos ou filantrópicos e funcionavam em tempo integral, centrando o atendimento nos aspectos da higiene, alimentação e saúde das crianças.

Á década de 1990 foi realmente um marco para a Educação Infantil no Brasil. Além da LDB nº 9.394/96, podemos citar outros dois importantes documentos: os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (1999) ambos consolidando a concepção da criança cidadã e ainda fornecendo subsídios as práticas desenvolvidas nas creches.

Os referidos documentos iniciaram a orientação de que as creches devem promover a integração entre o educar e o cuidar, considerando os diversos aspectos (físico, cognitivo, social, motor e afetivo) e é nessa perspectiva baseada na integralidade do educando que falaremos sobre os reflexos da psicomotricidade na alfabetização.

2 AS CRIANÇAS DE 2 ANOS DE IDADE

As crianças são seres em construção, e já que estamos falando sobre idades especificas os famosos dois anos, então logo a psicomotricidade torna-se elemento essencial no ensino aprendizagem já que a mesma baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que inclui as interações cognitivas, sensórias motoras e psíquicas na compreensão das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos.” (Costa, 2002)

As crianças de entre um ano e meio para dois anos estão passando por uma fase de transição entre serem “bebês” e crescer com autonomia, é nessa idade que a mesma começa a realizar “testes” com os pais e professores, pois o cérebro está com uma disponibilidade imensa de receber e adquirir conhecimentos, pesquisas indicam que cerca de 80% do cérebro humano é desenvolvido na idade dos dois anos, por isso a importância de se colocar limites, e entre outros, o fato é que, deve-se aproveitar todo esse “espaço cerebral” de forma efetiva para que essa criança consiga atingir a sua autonomia, sociabilidade, comunicação, ou seja, sua integralidade como ser humano participativo positivo do processo ensino aprendizagem.

2.1 A POSTURA DO PROFESSOR PERANTE ESSA FAIXA ETÁRIA

Antes ainda que possamos trabalhar com a questão central deste artigo, falaremos um pouco sobre o perfil do educador que trabalha com essa faixa etária.

Muitos questionamentos se levantam perante tais afirmações, o professor muitas vezes se sente confuso no seu ambiente, não sabendo qual realmente é a sua função ali dentro, ou seja, ele deve cuidar? Levar mamadeira, fazer dormir, ensinar usar o banheiro, “não deixar essa criança cair”, ou focar em seus projetos pedagógicos embasados em teorias e atividades que vão além das diárias? , é nesse dilema e nesse impasse que muitas vezes o mesmo se sente inseguro, pois às vezes se ele tem a ideia de propor alguma atividade como, por exemplo, que envolva pular, correr etc., a criança pode cair ou se machucar o que lhe acarretará responsabilidades e consequências talvez nem tão boas; e o que temos observados em dois anos de estudos é que os mesmos acabam que “escondendo” todo conhecimento pedagógico que lhe é atribuído por medo de que “algo ruim” aconteça à criança, já que desde início estamos falando de crianças pequenas.

No prefácio do livro de Jairo de Paula, 9ª edição, 2001 página 34 “Como contornar situações difíceis dentro da sala de aula” a professora de história do ensino fundamental da Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP) Maria Helena Rosa traz uma abordagem muito interessante sobre o papel do professor dentro da sala de aula, onde ela diz que

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