Os Párias da Nação
Por Ubirajara Gomes de Sá | 17/08/2009 | PoesiasUma carcaça de peixe jogada na praia
Uma arraia mijona sem gosto, fétida,
No prato dos esfomeados que vasculham
A lama do mangue
Sangue lavado na água do córrego
Que atravessa o quintal da palafita
Corpo deixado na fita do asfalto
Um alto índice de tortura cerebral
Mal de cidade grande
Ainda que ande, mande, mancha
Infernal, ciranda de vermes
Uma carcaça de peixe jogada na areia da praia
Uma vaia para os párias da nação
Mãos que corrompem a multidão, sem ética...
No prato dos esfomeados que vasculham
A lama do mangue
Gangue de cipriotas nas poltronas do senado
Queimado está o rei, o soberano...
O soprano canta com harmonia
Uma ária de fantasia policia, “Roseana”...
O filho manda, o pai concorda, profana.
O peixe já foi arrastado da areia da praia
Vaia à vanguarda palaciana
Todos em cana! Todos em cana!
Os esfomeados que vasculham
A lama do mangue
Já não estão lá, estão aqui
Colibri que canta baixinho
O ninho dos abutres está repleto de urubus
Baús de vime, crime que se esconde
Onde o rei não sabe, onde ele não cabe
Viva o rei de sabre! Viva o rei bastardo!
Dardo envenenado no peito do senado.