Os parentes mão de vaca não pagam os 10%

Por creumir guerra | 01/02/2012 | Contos

OS PARENTES MÃO DE VACA NAO PAGAM OS 10%
Hoje em dia quem vê um dos meus parentes torrando uma grana nos aparelhos de som da Bose e outros andando de carro novo, não imaginam o quão mão de vaca eles já foram. Houve um tempo em que a gente conseguia casas de amigos para descolar uns dias na praia de Guriri. Desta vez me parece que a casa foi cedida pelo Célio Venturim.  Levantávamos cedo para ir para a praia. Lá pelas onze horas as mulheres retornavam à casa para fazer o almoço. Os homens poderiam ficar mais um tempinho até que o rango ficasse pronto. A compra do supermercado era rateada e se fazia a comida em casa pra economizar. De manhã todo dia um homem ficava encarregado de buscar o pão. Tem gente que é tão mão de vaca que dava para dormir até mais tarde justamente no dia dele buscar o pão. Eu, por exemplo, que sempre levantava cedo acabava perdendo a paciência e indo a padaria. Quando estou numa casa em que há dez pessoas eu compro no mínimo quinze pães. O pão duro, na sua vez, vai lá e traz justos dez pães. Se alguém se atreve a comer mais meio pão, quem levantou tarde fica sem nada. Um belo dia resolvemos dar um refresco para as mulheres e saímos para jantar fora. Entramos e ocupamos uma mesa grande do restaurante para comer moqueca e tomar suco ou refrigerante. Crente não toma cerveja, com exceção do Eneir, que neste dia tomou foi cerveja mesmo. Na hora de pagar a conta cada um foi fazendo os seus cálculos. O valor da moqueca dividido por tanto da tanto, deixando de fora as crianças. Soma-se o consumo de bebidas e chicletes de cada um à sua conta e chega ao valor a pagar. O garçom diz que não pode receber separado de cada um e sim a conta toda. Soma daqui e soma de lá e o valor não bate. Eu falei: vocês somaram os dez por cento? Que dez por cento? Todo restaurante cobra dez por cento sobre o valor da conta. Não! Isto é um roubo. Um deles, não vou falar o nome para não perder a amizade, levanta e vai até o gerente reclamar. Eu vi que a coisa iria ficar feia e resolvi agir. Chamei o homem do restaurante do lado e falei: recebe deles sem os dez por cento. Deixa que eu pago por fora. Achei melhor gastar mais a ter que passar vergonha em Guriri.