Os Lusíadas Através dos Tempos

Por César Vaz Ângelo | 31/05/2017 | Resumos

Os Lusíadas Através dos Tempos 1
César Henrique Vaz Ângelo 2 

Escrito durante anos e publicado em 1572, Os Lusíadas, obra máxima da literatura de língua portuguesa, é um monumento documental e artístico inestimável, e representa com força inquestionável o espírito Renascentista da época, além mostrar-se heterodoxa quando comparada a outras epopeias clássicas. Muitos leem Os Lusíadas nos dias de hoje por obrigação, como por exemplo, para algum trabalho escolar ou acadêmico. Essa falta de espontaneidade na leitura d’Os Lusíadas talvez se deva à dificuldade de compreensão, pois é, sem dúvidas, uma obra complexa; ou também pelo fato de a obra remeter a um nacionalismo, para muitos jovens de hoje, fora de moda. O livro aborda a glória e a crise portuguesa. Ela vai do nacionalismo ufanista à crítica severa; e Camões se serve da realidade, que lhe dá matéria para criar sua epopeia. Ao passar por muitos percalços durante toda a vida, o autor escreveu tudo o que observou de seu país com olhar crítico e sensibilidade singular, adicionando inclusive passagens sacrílegas sem que isso lhe impedisse de publicar a obra, passando pelo Santo Ofício sem que este impusesse barreiras. Vale destacar entre os personagens o Velho do Restelo que entrou para o imaginário do povo e que pode representar o conservadorismo, o medo de arriscar ou uma voz de alerta para todos os riscos que os navegadores corriam em alto mar, exprimindo uma posição racional. E Vasco da Gama que, ao contrário do que muitos possam pensar, não é o herói da história e sim um porta-voz de todos aqueles que enfrentaram os perigos do mar na empreitada por descobertas e conquistas. Esses navegantes como um todo, ‘ou mesmo Portugal como terra de “armas e barões assinalados”, é que representam o papel de herói no poema.’ (MOISÉS, 1999, p. 58) A presença de Camões em toda a obra é notória mesmo que de forma indireta ou quando transfere para os personagens seus próprios sentimentos. Sem, contudo, fugir a verdade, “a sua verdade íntima, profunda e intransferível de homem e poeta.” (MOISÉS, 1999, p. 59). Utiliza para isso toda força de sua inspiração poética, especialmente nos episódios líricos, que são os momentos de maior elevação do ponto de vista estético: Inês de Castro, A Ilha dos Amores, o Gigante Adamastor, entre outros. Momentos e personagens

REFERÊNCIAS

1. LUCAS, Fábio. “Notícia sobre Camões e Os Lusíadas”. In: Fontes Literárias Portuguesas. Campinas, SP: Pontes, São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 1991. 2. MOISÉS, Massaud. “Classicismo”. In: A literatura portuguesa. 30ª. Ed. São Paulo; Cultrix, 1999. 

1 Texto elaborado como requisito necessário para obtenção da nota referente à AP2 da disciplina Literatura Luso-Brasileira, ministrada pela Profª. MSc. Elisalene Alves.

2 Acadêmico do Curso de Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA. que unem o mito à realidade histórica de Portugal. Como Vênus, com suas ninfas, que é aliada dos navegadores lusitanos; e Baco, com os deuses do mar e o gigante Adamastor, em contrapartida, o inimigo. Sendo que os portugueses, com o auxílio da deusa, triunfam sobre todos os obstáculos e igualam-se aos deuses como se verifica na Ilha dos Amores. Mesmo com a dificuldade de compreensão d’Os Lusíadas nos dias atuais devido à língua que se modificou ao longo dos séculos assim como a estrutura das frases que não é mais a mesma, a leitura desse poema continua, apesar de tudo isso, possível, necessária e prazerosa a todos aqueles que buscam conhecer a literatura e a história de Portugal.

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