Os Joões da Segurança Pública

Por Douglas Carvalho | 22/01/2009 | Filosofia

A Segurança Pública está em crise. Casos como o do menino João Hélio Fernandes, de 6 anos, que foi arrastado por sete quilômetros preso ao cinto de segurança do carro de sua mãe, que havia sido roubado, na zona norte do Rio de Janeiro, e do João Roberto, de 3 anos, morto após ser atingido por um tiro na cabeça, quando o veículo de sua mãe, onde ele estava, foi alvo de pelo menos 15 disparos feitos por dois policiais militares cariocas, impõe um paradoxo atemorizador em nossa sociedade, bandido e policiais estão matando inocentes.

Os casos dramáticos citados levam a reflexão do momento difícil que todos nós, cidadãos de bem, estamos enfrentando. A noção de direitos humanos nasce como uma tentativa de evitar os abusos cometidos pelo Estado. Se uma pessoa comete um crime contra outra, o Estado moderno dispõe, a princípio, de meios para puni-lo. Entretanto, quem defenderá o cidadão dos atropelos do próprio Estado que o deveria proteger? Os direitos humanos? Será? Com certeza não sozinho. Devemos prezar pela conscientização humana, de forma impactante, e pela mudança da cultura comodista de observar de longe a realização de interesses egoísticos por parte dos nossos políticos, pessoas estas, que têm a oportunidade de fazer muito e, na maioria das vezes, optam por satisfazerem interesses próprios.

A modernidade chega trazendo o avanço das técnicas de violência, onde seus protagonistas são culturalmente mais esclarecidos e convictos de que o crime é um bom negócio, deixando para trás a retórica de que só pessoas sem oportunidades escolhem trilhar pelos caminhos da criminalidade. O crime organizado é fato, e a necessidade de medidas proativas se faz preciso, pois, o crime está se organizando a níveis pormenorizados, podendo se deparar com ele na esquina da rua onde residimos, como, por exemplo, menores que traficam e cumprem ordens de escalões superiores, de um sistema hierárquico bem delimitado, além de códigos cada vez mais eficazes para burlar a lei, sem falarmos, dos "contatos" que com um telefonema podem resolver problemas, se caso vierem surgir.

A violência também está cada vez mais cruel. Não existe mais o amor pelas crianças nem o respeito pelos idosos que, quando vitimados, por suas características não têm condições nenhuma de oferecer resistência contra o intento criminoso, mas, mesmo assim, não são poupados da crueldade dos seus algozes, onde estes, por objetivos ignóbeis, atropelam a importância e o significados daquelas vidas, e atuam covardemente contra seres humanos indefesos.

O Estado está fraquejando e, a polícia, teoricamente seu braço forte está atrofiando. Em vez de cumprir a lei, os policiais, estão errando e colocando-se contra ela, sendo, muitas vezes por despreparo, e outras por desvios de caráter. Os servidores dos órgãos de defesa social, na sua maior parte, devem acordar para a importância da sua missão e assumi-la com responsabilidade, não se prestando a servir a sociedade apenas pelo salário no final do mês, mas sim pela grandiosidade da profissão, que tem como objetivos primários à preservação da vida e da ordem pública, tendo, desta forma, aqueles a oportunidade de serem protagonistas na conquista da tão almejada paz social.

Logo, vivemos sim um momento difícil, porém, não devemos perder a esperança, e acreditarmos que é possível reverter tal situação com bom ânimo e pela nossa conscientização perante a necessidade de assumirmos individualmente a responsabilidade de um futuro melhor, colaborando para uma vida mais saudável para nossos descendentes, preparando o mundo para que estes não passem pela dor de perder entes queridos, viverem com medo ou até mesmo ter suas vidas ceifadas por animais que deixamos à solta. Precisamos ter fé e acreditarmos que somos capazes, como disse nosso Senhor "(...) Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo."(Jo 16.33)´´. Temos que começar a fazer diferente, um bom começo é abrir as portas do coração para Deus, e aplicarmos através de ações o amor ao próximo, além, de começarmos a utilizar nossa inteligência para a conquista de um mundo melhor.