Os Horrores de Uma Guerra Opcional

Por Leôncio de Aguiar Vasconcellos Filho | 25/03/2025 | Política

Nos últimos três anos, o mundo assiste aterrorizado às potenciais consequências, que hão de vir, da guerra na Ucrânia. Já sabemos que as elites políticas do Ocidente e da Rússia decidiram que ocorrerá, sim, a Terceira Guerra Mundial. Falam a respeito como se tão catastrófica hecatombe fosse inevitável, e não uma vontade de seus próprios entornos de psicopatas. Por exemplo, nesta última semana um dos ministros do gabinete do Reino Unido disse que os britânicos devem se preparar para uma “nova era de conflitos”. Claro, desde que ele e seus descendentes mimados não tenham de lutar diretamente. E não foi apenas ele quem o fez: altas autoridades da Suécia, da Alemanha e da própria cúpula da União Europeia outrora assim se expressaram.

Se a guerra fosse apenas uma questão jurídica, e não política, já teria começado. Afinal, mísseis e drones russos caem continuamente no território da União Europeia sem que haja uma contundente resposta militar da OTAN, pois o artigo 5º de seus estatutos, que determina a defesa coletiva dos seus membros (e como qualquer norma) tem sua eficácia dependente da emissão de ordens de quem tem o Poder. Drones e mísseis caem aqui e acolá, e nada acontece. Que ótimo, mas, como dito no parágrafo anterior, já decidiram, tácita e inevitavelmente, pela guerra mundial que em breve virá. E estão esperando apenas um ataque mais robusto do carniceiro do Kremlin para decretar o início da carnificina que alimentará a indústria bélica ocidental, eis que a de Putin já está a todo vapor.

Putin não precisa esconder que mata sem um propósito moralmente escusável. Um drone, também há poucos dias, caiu no Cazaquistão, pais da Ásia Central que, como todas as ex-repúblicas soviéticas daquela região, Putin controla sem invadir, exibindo isso ao mundo mediante a humilhação do governo cazaque, que diplomaticamente não reagiu a tão grave violação e deu, assim, mostras da sua submissão. O domínio do Cazaquistão e das outras ex-república soviéticas de seu entorno (Uzbequistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Quirguistão) por Moscou já é meio caminho concluído para a restauração da URSS, pretendida por Putin. Mas a OTAN e seus aliados da Ásia agem como a Russia, e de um modo cinicamente mais cruel: como evidência, recentemente um caça sul-coreano bombardeou o próprio território, na fronteira com a Coreia do Norte, ferindo cerca de onze de seus próprios cidadãos. É patético que o governo sul-coreano queira, mesmo, que acreditemos que foi um acidente, e não um crime doloso a fim de “alertar” a Coreia do Norte. Alertar de que, se seus comandos do ocidente já decidiram pela guerra, ainda que Putin não tenha planos de, na Europa, ir além dos países que, naquele continente, faziam parte da URSS (Ucrânia, Lituânia, Letônia, Estônia e Moldávia, eis que a Belarus já sua aliada na eventual reanexação)? E essa futura reanexação é o que incomoda a União Europeia, pois uma nova ordem continental, como a de antes, custaria, e muito, aos seus cofres. É, assim, uma questão tanto econômica, quanto jurídica e política. Por isso, a decisão, antecipada, pela guerra, que sairia mais barata que o “lidar” com uma nova Cortina de Ferro.

Rússia e OTAN (e Coreia do Sul). Seus governos são a mesma hipocrisia, o mesmo lixo e a maior prova da falência moral da espécie humana.