OS GRANDES MESTRES DA MEDICINA

Por Luciano Machado | 02/07/2011 | Sociedade

OS GRANDES MESTRES DA MEDICINA

Reconhecidamente, os pais da Medicina Moderna foram o sábio grego Hipócrates e seu sucessor Claudio Galeno, médico e filósofo romano de origem grega, natural de Pérgamo, antiga cidade grega deixada em testamento pelo rei Átalo III aos romanos, sendo que o nome de Galeno virou sinônimo de Médico.

Mas também tivemos, no primeiro século depois de Cristo, a escola médica dos terapeutas de Alexandria, no Egito, sacerdotes-médicos que praticavam a alta medicina (do corpo e do espírito). Também assim, em Tebas, no Egito antigo, a medicina era praticada, lá pelo ano de 1.364 a.C., sob o reinado de Akhenaton, na chamada Casa da Vida, que era também uma faculdade de medicina que funcionava em cima do Palácio Real, enquanto no subsolo havia a Casa da Morte, onde se embalsamavam os corpos dos cadáveres, conforme nos relata o escritor finlandês Mika Waltari, em seu romance Sinuhe, baseado na história deixada pelos escribas em seus papiros e pergaminhos.

Foram, porém, os seguidores de Nestório, Arcebispo de Alexandria, que conseguiram resgatar alguns importantes manuscritos médicos ainda remanescentes do incêndio da grande Biblioteca. Os nestorianos, cujos remanescentes culturais constituem hoje no Brasil alguns dos ramos da Gnose e da Rosacruz, foram excomungados e expulsos da Alexandria pelo Concílio de Nicéia, no quarto século depois de Cristo, e se refugiaram na antiga Pérsia.

Mais tarde os árabes conquistaram a Pérsia. Porém, como o seu costume era o de preservar a ciência e a cultura de outros povos, mantiveram a boa acolhida à ciência dos Terapeutas e de seus continuadores persas quanto ao estudo, preservando as obras originais, trazidas pelos nestorianos da Alexandria e enriquecidas com novas contribuições.

Na cidade de Bagdá, que era o centro do mundo islâmico, surgiram as primeiras escolas médicas e também a chamada Casa da Sabedoria, onde se estudava a Medicina como a principal das ciências.

Um dos maiores nomes da ciência médica árabe foi Rhazes -- Abu Bakr Muhammad Ibn Zacariya Al-Razi -- que se tornou, pelo estudo pessoal e individual, um grande pesquisador. Estudava muito, de dia e de noite, à luz de velas, e acabou ficando com a sua visão prejudicada. Foi então que precisou de cuidados médicos e ficou impressionado com os poderes curativos desta ciência. Então a estudou profundamente e tornou-se também médico e professor de medicina, escrevendo um dos primeiros tratados completos da medicina árabe. Além disso, mantinha dois consultórios, um para os que podiam pagar e outro para os pobres, consoante aos princípios islâmicos de caridade que incluíam também os deserdados da sorte. Com o passar do tempo Rhases foi atacado de cataratas nos dois olhos e não quis se tratar, pois achava que estava velho demais e que já tinha visto muitas coisas. E acabou morrendo pobre e cego.

Depois vieram Avicena -- Abu Ali AL-Hussain Ibn Abdallah Ibn Sina --, grande médico e filósofo árabe, que escreveu o Cânone da Medicina em catorze volumes; Averróes (Ibn Roshd), que além de médico foi um sábio alquimista; e o judeu-árabe-espanhol Maemonides (Rabi Moshe ben Maimon), um dos últimos estudiosos e difusores da escola médica árabe antiga, o qual, juntamente com os hospitalários, a introduziu e propagou no ocidente.

A Medicina Árabe, que bebeu da fonte persa, egípcia, grega e romana, contribuiu grandemente com seus próprios estudos para o enriquecimento da Medicina Universal e Tradicional durante quatrocentos anos, entre 640 a 1.040, sendo que essa contribuição se estendeu por todo o mundo árabe, desde a Ásia Menor, Europa e norte da África.

Uma das difusoras da Medicina no ocidente foi a Ordem dos Hospitalários, que se originou como ordem militar de cavalaria durante as Cruzadas, antigamente denominada Ordem de São João de Jerusalém, constituída principalmente de guerreiros-médicos, que trouxeram e difundiram a Medicina por vários países da Europa, como Suíça, Holanda, França, Alemanha, Portugal, Espanha, Itália e Inglaterra; e de lá foi trazida para a América, principalmente pelos padres jesuítas, com sua formação multidisciplinar, tornando-a conhecida nas antigas colônias européias, entre as quais o Brasil.


Luciano Machado