OS DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS

Por Henrique Araújo | 06/09/2010 | Educação

OS DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS

4.CRÔNICA- É uma narração direta, enfocando um fato corriqueiro do cotidiano. O texto não pode ser longo, apenas mostrar o fato acontecido e pronto. Não se prende a personagens. A linguagem deve ser simples para que haja entendimento de todos. Na verdade é um comunicado rápido, com um certo tom humorístico. Geralmente destaca-se a narração, mas pode conter também um pouco de descrição e dissertação.
É o único gênero literário produzido para ser vinculado na imprensa, seja nas páginas de uma revista ou de um jornal. É feita para agradar aos leitores dentro de um espaço sempre igual e com a mesma localização, criando uma familiaridade entre escritor e leitor. É um comentário breve e sobre um fato do cotidiano. É dar valor a um fato praticamente sem valor, às vezes criticando esta ou aquela pessoa. Ex: Quem passa pela Avenida Fernando da Costa observa uma série de buracos, todos de boca pra cima, sorridentes, esperando água do céu ou algum transeunte descuidado para quebrar-lhes as canelas, aguçando a ira de todos contra a administração do senhor prefeito. No Brasil tivemos ótimos cronistas como Antônio Cãndido, Fernando Sabino, Millor Fernandes, Carlos Drummond de Andrade e outros.
Exemplo de uma crônica:
VIAGENS
Autran Dourado
Olímpio tinha negócios em Belém. Pelo menos uma vez por semana ia a Belém. As viagens eram longas e cansativas, sobretudo para ele, que não conseguia dormir no avião. Ficava inteiramente insone, prestava atenção nos outros passageiros dormindo, e tinha inveja daquela segurança, daquele destemor que os fazia dormir. Conscientemente não sentia medo, só que não conseguia dormir. Encostava a cabeça no vidro frio da janela e olhava a escuridão da noite lá fora. O barulho dos motores varando o mundo fechado e sem fim da noite.
Exercícios:
1.Faça uma crônica a respeito de uma nave marciana que desceu no seu bairro com 3 tripulantes. Fale como eles eram, o que procuravam e como saíram do local.
2.Faça uma crônica sobre o sapo. Como ele é, o que ele faz, como vive, seu sintoma de feiura, sua transformação em príncipe nos contos, sua relação como mundo animal.

5.CONTO - Pode ter narração ou descrição. Também deve ter todos ou quase todos os elementos da narração como: tempo, lugar, ação, enredo, personagens, ápice e conflito. O conto não deve ser extenso. Pode também conter diálogo. A trama deve ser bem trabalhada.
Exemplo de um conto:
O VAIVÉM
Lindolfo Gomes
Era um dia um velho chamado Zusa, que trabalhava pelo ofício de carapina. A sua oficina era um brinco, sempre muito asseada, a ferramenta muito limpa, tudo nos seus lugares.
Mas a mania do velho era batizar cada ferramenta com um nome apropriado. O martelo chamava-se Toc Toc, o formão, Rompe-Ferro, o serrote,Vaivém.
Quando um carapina do lugar precisava de uma ferramenta corria logo à oficina do Zusa, a pedir-lhe de empréstimo.
Mas, tantas lhe fizeram, demorando a entrega, ou ficando com as ferramentas algumas vezes, que o velho resolveu parar com os empréstimos.
Certo dia foi à oficina um menino, de mando do pai, e disse:
- Papai manda-lhe muitas lembranças e também pedir-lhe emprestado o Vaivém. Mestre Zusa pôs as cangalhas no nariz e respondeu:
- Menino, volta e dize a teu pai que se Vaivém fosse e viesse, Vaivém ia,
mas, como Vaivém vai e não vem, Vaivém não vai.

Exercícios:
1.Faça um conto sobre uma pescaria que você fez em um rio e acabou pegando um tubarão. Não era muito grande, mas deu para assustar. Tubarão em água doce, lembre-se.
2.Faça um conto sobre um acontecimento com um animal de estimação que você tinha em sua casa. O que aconteceu com ele e como você se arranjou?

6.DIÁRIO - é o que a pessoa escreve sobre si mesma. No diário só deve conter os fatos principais que ocorrem em nossas vidas. Os dias também não precisam ser um após o outro sucessivamente, mas deve ter uma sequência lógica como 5/10, 8/10, 11/10 etc.
Exemplo de diário:
DIÁRIO DE UM COLEGIAL
Paulo Mendes Campos
26 de setembro - O cônego Rafael está pregando o Retiro. Só podemos falar no almoço e no jantar. Ontem, o Abílio acabou de ler "Nos montes rochosos". Creio que não vamos ter este ano o chá do Retiro.
27 de setembro - O seu Vicente, pôs em minha cama "O último dos Moicanos". Comecei a ler, mas o Pe. Alcides tomou. Seu Fábio já me chateou duas vezes. O Edson me emprestou "No mar da Vida", um livro de Paulo Chagas. Vou lê-lo.
1 de outubro - O Pe. Bené está chateando o pessoal. Agora é o seu Duarte. O Pe. Bené chateou-me. Amanhã vou escrever a máquina uma carta para casa. O estudo já está cheio de bichinhos de luz. Faltam dois meses.

7.CARTA - É a conversa por escrito entre duas pessoas que se encontram distantes. As cartas não devem conter erros, pois quem escreve tem todo o tempo disponível para escrevê-la. Deve-se escrever claramente para que a pessoa entenda tudo.
A carta deve começar com o local e a data, em seguida o chamamento, depois conter as três partes: introdução, desenvolvimento e fecho. Depois de tudo isto ela deve ser assinada.
Exemplo de uma carta:
Rio, 18 de junho de 1928
Regina,
Minha bênção e muitos beijos, tudo para regar a lembrança que você teve do papai. Por aqui todos vão passando bem. A Sulamita chegou com saúde, muito alegre. Agora o coração do papai vive suspirando com saudade da Regina. Mas deixe que a mamãe resolva estas coisas, e a mamãe acha que, para a saúde, é melhor você ficar por aí até as férias do fim de ano. O Rio tem sido atacado pela gripe e pela febre amarela. Enfim a mamãe é quem sabe destas coisas. O papai só sabe ter saudade.
Seus irmãozinhos estão muito interessantes. O Luis, como lhe digo sempre, é um engenheiro mecânico que sabe quebrar tudo quanto lhe cai nas mãos. A Tãotão pensa como uma abelha. Realmente ela parece uma abelha nos cabelos da mamãe. E a pequenininha - esta é ainda um pintinho mas saído da casca do ovo. Você, quando chegar vai ter muito que fazer com ela, pois sei que você é uma menina muito boa e ajuizada, que vai ajudar muito a mamãe.
Você dê um abraço na Irmã Helena e outro na Luci. Peça à irmã Superiora que sempre reze pelo papai. E você reze sempre também por ele.
E como paga, não só vou-lhe mandar os doces, mas também aqui lhe envio mais um beijo, do coração, com muita saudade.
Do papai
Jackson

Exercícios:
l. Escreva uma carta a um seu amigo, convidando-o para o seu casamento. Fale sobre sua noiva e suas metas para o futuro. Fale também do que vai haver na festa.
2.Escreva uma carta à sua mãe, falando que você está estudando, tirando notas boas, e vai começar a trabalhar num banco no ano que vem. Transmita que você está bem e pergunte como ela está passando com o restante da família.

8.DIÁLOGO - É uma conversa entre duas pessoas, portanto a forma usada é o discurso direto, usando travessão e os verbos devem estar na 1a. pessoa do singular ou do plural. As frases não podem ser compridas. É uma conversa normal, apenas escrita. Geralmente um fala e o outro responde, explica, complementa e pergunta também.
Exemplo de um diálogo:
O DESTINO
Millôr Fernandes
Encontraram-se os dois chineses:
- Olá, Shen-Tau, por onde andou?
- Ah, passei seis meses no hospital, Shin-Fon.
- Eh, isso é mau!
- Nada. Isso é bom: casei com um enfermeira bacaninha.
- Ah, isso é bom!
- Que o que - isso é mau. Ela tem um gênio dos diabos.
- É, isso é mau.
- Não, não, isso é bom: o avô dela deixou uma herança e eu não preciso trabalhar porque ela acha que só eu sei cuidar do gênio dela.
- Oh, oh, isso é que é bom!
- Oh, oh, isso é que é mau! Com o gênio dela, às vezes não me dá um níquel. E como eu não trabalho, não tenho o que comer.
- Xi, isso é mau!
- Engano, isso é bom. Eu estava ficando gordo e mole - vê só, agora, o corpinho com que eu estou.
- É mesmo - isso é bom!
- Que bom! Isso é mau. As pequenas não me deixam e acabei gostando de
outra.
- Epa, isso é mau mesmo.
- Mau nada, isso é bom. Essa outra mora num verdadeiro palácio e me
trata como um príncipe.
- Então isso é bom!
- Bom? Isso é mau: o palácio pegou fogo e foi tudo embora.
- Acha, que isso é realmente mau?
- Mau nada: isso é bom. O palácio pegou fogo porque minha mulher foi lá brigar com a outra, virou um lampião e as duas morreram no incêndio. Eu fiquei rico e só.
- Isso...é bom...ou é mau, Shen-Tau?
- Isso é muito bom, Shin-Fon.

Exercícios
1.Faça um diálogo com sua mãe a respeito de sua casa que acabou de ser incendiada. Não sobrou nada. Entre em conversação com ela sobre o ocorrido, como se livrou, já que só ela estava na casa quando houve o incêndio. Você deve formular e responder às questões.
2.Faça um diálogo com seu colega que acabou de ganhar na loteria sozinho. O que o amigo vai fazer, se vai mudar sua rotina de vida, se vai ajudar todos os amigos, se vai mudar de lugar.

9.MONÓLOGO - É uma conversa consigo mesmo. Toda pessoa conversa consigo mesma: no banheiro, quando cometeu um erro, quando perdeu o ônibus, quando perdeu o emprego, etc. Geralmente é uma espécie de desabafo. Conversamos duas vezes mais conosco mesmo, do que com os outros.
Exemplo de um diálogo:

NA REDAÇÃO DE UM JORNAL
Marcus Zarini

Como estou cansado hoje! Também pudera! Aqui ninguém trabalha, só eu. Faço as colunas de esportes, criminais, sociais e política. Os outros ficam com uma parte jornalística, literatura, curiosidade, reportagens. Estou ficando exausto. Qualquer dia toco fogo no jornal. No outro dia o jornal queimado é notícia. Mas será a última. E depois? Onde é que vou trabalhar? Sei lá. Vou ser coveiro no cemitério. Quero ser coveiro em cemitério de japonês. Lá eles tratam bem os defuntos. Levam presentes, carne assada, vinho, dinheiro, etc. Os defuntos não passam fome. Vivem bem. Não trabalham. Deve ser divertido. Dizem que vão pro Japão. Só que nunca chegam lá. Não sei não. Não sei se os defuntos vivem bem. Os coveiros engordam.

Exercícios:
1. Faça um monólogo a respeito do ônibus que você acabou de perder. Como chegará agora no emprego? Como se portará o patrão, o que você dirá, já que não é a primeira vez que isto acontece.
2.Faça um monólogo a respeito de um namorado (a) que você acabou de arrumar. Era tudo o que você queria. O que você fará agora? Vão viver felizes? Pretendem se casar e ter muitos filhos? E os amigos, o que dirão?

10.POESIA - Fazer poesia, todo mundo pelo menos já tentou. Pelo menos alguma vez. Alguns viraram poetas, outros continuaram vendendo banana para sempre. Os poemas devem ser escritos em forma de versos, portanto de orações curtas, simples, figurativa, mas que transmitem alguma coisa. Não é necessário ser poeta para fazer algum poema, basta apenas interesse e força de vontade. É claro que não vai sair logo um Manuel Bandeira, nem um Carlos Drummond, mas se não houver a 1a. vez, não haverá nenhuma chance, nunca.
Exemplo de uma poesia:

DEUS
Casimiro de Abreu
Eu me lembro! Eu me lembro! Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramia
E erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca escuma para o céu sereno.

E eu disse a minha mãe nesse momento;
"Que dura orquestra! Que furor insano!
"Que pode haver maior do que o oceano,
Ou que seja mais forte do que o vento?!

Minha mãe a sorrir olhou p?r?os céus
E respondeu: "Um ser que nós não vemos
É maior do que o mar que nós tememos,
Mais forte que o tufão! Meu filho, é - Deus!"

Exercícios:
1.Faça um poema agradecendo por tudo o que a sua mãe fez em sua vida, já que a mãe é a maior merecedora do nosso amor.

2.Faça um poema a sua amada, descrevendo-a fisicamente e mostrando todo o seu amor.